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terça-feira, 7 de abril de 2020

Viagem ao passado

Forninhos tem bons Largos? Sempre ouvi dizer que sim, largos onde a camioneta da carreira consegue dar a volta!!
E, acho que por serem largos, sempre desempenharam na nossa infância o papel de creche e jardim-de-infância que não tivemos, neles crescemos, brincámos, namorámos, nos divertimos, fizemos amigos, ajudamos quem pediu, gozámos uma infância única!


Cada um tem como seu, o largo mais perto da casa onde nasceu, mas o da Lameira é que era! Foi aqui que eu cresci.
Ainda hoje é o mais conhecido de quem passa. É o Largo de todas as festas. A Lameira é o nosso Rossio.
Onde pára esta gente que estava no Largo da Lameira e ficou neste retrato?
Foi há quarenta ou cinquenta anos?


Outro espaço que todos os de lá conhecem bem, onde dantes havia bailaricos:
- Largo da Fonte (da Lameira), Largo da Escola Velha (há lá mesmo uma fonte e havia lá uma escola).
E  quem ainda se lembra das árvores da Lameira?
Cortaram-nas. Pena, pois!


Datam estas fotos, dos anos 78/79 (80, no máximo).
A fonte encontrava-se a "céu aberto" e ainda não havia betão nas casas, nem alcatrão nas ruas.
Há coisas que não deveriam mudar, pela simples razão de que não são propriedade de um ou outro grupo ou outra instituição: são coisas que pertencem à memória colectiva do povo. Pensem nisso.


Presentemente é o Largo do Poder Local, mas esta foto foi tirada no dia 15 de Agosto de 1966, no Largo do Cruzeiro (dos Centenários) que foi edificado em 1940, no mesmo lugar onde terá existido um outro mais antigo. Perguntem aos pais ou avós, como era no passado, o que mudou entretanto.



Alguns anos depois, a palheira ao cimo da ladeira desapareceu e a cerejeira também.
...só que o pior ainda estava para acontecer, a fonte foi enclausurada. Foi pena. Trata-se de uma bela obra de cantaria que hoje poderia valorizar, um pouco, o património de Forninhos, que não é tão famoso assim.



No fim do povo fica o Adro da Igreja onde também se jogava à bola. Não sabemos a data da foto, mas supomos ser dos anos 50, a julgar pela vestimenta dos padres. Seria dia de confissões?
Nesse dia vinham padres ajudar e, em certos dias, passavam-se horas à espera de vez. Agora dizem que se confessam directamente a Deus!


Apesar do adro ser sagrado, nos anos sessenta também se faziam festas e reinava a mocidade!
Largo da Igreja. Sempre foi um largo pequeno, mas ainda vira lá um carro sem fazer marcha-atrás! 
Agora há casas dum lado e do outro e tem a designação Avenida da Igreja!

Fim da viagem.

13 comentários:

  1. Tão lindas as fotos daquele tempo e tantas lembranças devem ter os Forninhenses...beijos, tudo de bom,SE CUIDEM! chica

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    1. Obrigada.
      Cada um deve ter pelo menos uma recordação que lhe esteja associada - as minhas são muitas!
      Todos por ali já partilharam muitas horas de alegria e de confraternização, tenho a certeza.
      Lembranças menos boas também as há, claro, pois vieram as guerras, veio a emigração, as mortes dos entes queridos que iam partindo...
      Mas o balanço é positivo, os largos contam mais estórias boas do que más!
      Bj, tudo de bom!

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  2. Adoro estas fotos antigas.
    Antigamente os largos eram a alma das povoações. Já dizia Manuel da Fonseca "Antigamente o Largo era o centro do Mundo."
    Abraço e saúde

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    1. "Os viajantes apeavam-se da diligência e contavam novidades. Era através do Largo que o povo comunicava com o mundo. Também, à fal­ta de notícias, era aí que se inventava alguma coisa que se parecesse com a verdade. O tempo passava, e essa qualquer coisa inventada vinha a ser a verdade. Nada a destruía: tinha vindo do Largo. Assim, o Largo era o centro do mundo."
      O texto de Manuel da Fonseca é magnífico.
      Gostei de relê-lo.
      Um Abraço e continuação de boa semana com todos os cuidados!

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  3. Eu gosto de aqui viajar.
    Tem história, tem estórias, tanto de nossas memórias resgatadas no tempo.
    Tudo em mais de um década passada em que o tempo correu veloz, quem diria tanto tempo...
    Já escrevi tanta coisa, coisas de sentimentos repentinos dos quais me vou esquecendo, não dos Largos que recordo mas das vidas que eles tinham.
    Este belo Post é um bom regresso, como que um trabalho de casa ditado pela professora de que "recordar é viver".
    E recordei algo em cada uma das fotos, coisas que se me iam escapando da memória...os jogos de outrora, o bairrismo e bulhas também.
    E cada qual, puxava a brasa à sua sardinha sendo que e sem menosprezo pelos outros, a Lameira, cujo largo não tinha culpa, seria sempre a primeira e não hà volta a dar, até entendo que devemos ter orgulho nela e nela festejar. Afinal ali reside a miragem do pelourinho que jamais alcançamos, não por falta de valores.
    Mas todos os lugares são bons, largueza e felizmente, é coisa que não nos falta, em cada qual há um conto e memórias a guardar, da Lameira ao Lugar, passando por outros tantos e de modo verdadeiro, aquele de que mais gosto, é no alto do Oiteiro!



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    1. No Outeiro também há uns lugares espaçosos: à frente da casa dos teus avós, em frente à casa da tia Felisbela ou onde fizeram os tanques públicos (espaço que já lá vai...), mas então tinhamos de referir igualmente todos os outros espaços, como:
      - Em frente aos Fornos (púbicos) onde igualmente havia um larguito;
      - Em frente à Escola Nova, idem;
      - Todas as lages também eram espaços de inegável interesse;
      - O Grande Terreiro da Senhora dos Verdes.
      Acho que nessa matéria Forninhos até é uma aldeia diferente das outras terras da sua redondeza.
      Há terras que têm pelourinho, mas largos como os nossos, um adro e um terreiro como os nossos poucas terão!

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  4. Uma bela viagem pelo passado de Forninhos, gostei.
    Um abraço e continuação de uma boa semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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    1. Obrigada, sempre é mais agradável que seguir o Google Maps!
      Um abraço.

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  5. Lembranças bonitas e tão bem lembradas, com fotos e ênfases marcantes.
    Lembrar é reviver e como é gostoso trazer de volta momentos assim!
    Bjs e BOA SEMANA SANTA... Que a Mensagem da Cruz traga vivas esperanças ao nosso coração...

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    1. Obrigada Anete.
      As pessoas que têm poder de decisão, na ânsia de querer “modernizar” esquecem, por vezes, a memória colectiva dum povo. Já se fizeram muitas asneiras e não me refiro aos largos, estes, em alguns sítios até os melhoraram, mas já não digo o mesmo quanto ao património arbóreo, religioso e imaterial. Também esta mensagem a temos de levar às novas gerações, porque o passado é o único testemunho ainda presente que pode no fututo sobreviver.
      Bjs, Boa Semana Santa e Muita Saúde.

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  6. Anónimo4/10/2020

    Boa tarde, Xico e Paula.
    O isolamento pandémico a que estamos obrigados e virou a vida do avesso,faz nos reviver memórias do passado, mas nunca esquecidas, e dá-nos tempo de sobra para pôr algumas coisas em dia, lendo, revendo e volteando velhos papéis que,ao longo da nossa viagem pelo mundo, fomos escrevendo e salpicando de palavras, emoções e sentimentos.
    Ao entrar ontem no blog...as fotos do meu querido Largo da Lameira, do Largo da Fonte ou do Cruzeiro,etc, etc,transportaram-me à infância e à liberdade única vivida na nossa terra.
    Aquela liberdade da serra, que há muitos anos eu descrevi assim:

    Nasci no montes,
    outeiros
    sem pontes
    nos ribeiros...

    E quanta saudade e nostalgia!
    Quanta emoção, neste silêncio, que o afastamento social, torna mais profundo!
    Fui aos apontamentos sobre a nossa terra (bastantes) e vi que também poderia contribuir para a legenda -memória dessas fotografias, já que constituíram uma vivência inesquecível da nossa meninice.
    Em cada uma delas há um sentimento vivo de ternura e nostalgia, que se sente, aliás, por canto da nossa aldeia.
    Todas elas carregam um marco de inolvidável lembrança e liberdade pura, a que chamamos saudade.
    Partilho convosco três ou quatro salpicos das minhas memórias e saudades.

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  7. Anónimo4/10/2020

    O Largo da Lameira era o centro nevrálgico da minha terra, era onde paravam os automoveis e todo bicho careta que ali arribasse.
    Era uma espécie de Rossio, com vendas do José Bernardo, do Zé Matela, do "Chispas" e do Augusto Marques (meu pai), a barbearia do tio Pirolas e muito perto, a 50/60 metros as oficinas do tio Carlos dos Santos Guerra, meu testemunho no registo de nascimento e do ferreiro, Zé Almeida, que tudo endireitava e concertava.
    No Largo da Lameira girava toda a actividade social e lúdica, bailos do povo, festas, barulhos e jogos, malhas, pelão, macaca, xona, fito, petisca, etc, qual centro social e recreativo, à mistura com ditos e mexericos, que dali se espalhavam pelas quelhas e ruelas.
    A aldeia era constituída em dois pequenos aglomerados ou duas zonas diferentes: o Lugar com 30% de residentes e a Lameira com 70% da população, coração e centro em que pulsava 90% da vida da minha aldeia e se subdividia ainda em várias zonas: o Outeiro, o Largo da Fonte da Lameira, a Lage dos Cordeiros e da Barroca.
    A nossa casa (1ª foto) ficava na Lameira. Foi ali que eu vim ao mundo.

    A minha infância inteira
    A minha alegria de menino
    Deixei-a aos 10 anos de idade
    Entre lágrimas de saudade
    Lá, no (meu) Largo da Lameira.

    Desejo-vos uma Feliz Páscoa
    Um abraço
    IlidioGuerraMarques

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    1. Bela surpresa esta intervenção sobre o nosso Largo da Lameira. Pelo que aqui fica dito, a história da Lameira é muito mais importante de facto e tem raízes históricas que, nada tem a ver com as do Lugar.
      Obrigada por este testemunho. Faremos um dia desta prosa uma entrada e teremos todo o gosto de realçar o contributo.
      Com amizade,
      Uma Santa e Feliz Páscoa.

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