300 Anos
300 é um número bonito. É redondo. Cheio. Imponente. Grande. Importante.
Em anos representa muita vida. Muito nascimento, muita morte, muito casamento, muito trabalho.
Muita decisão, muita indecisão. Muita lei, muita disputa, muito consenso, muita união e muito afastamento.
Representa muito, muito de bom, muito de mau, de assim-assim, de nem-por-isso.
Este 300 guarda nele muita coisa. Guarda nele muita vida. A vida da nossa região. A nossa vida.
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Esta é uma fotografia do ex-voto que se encontra no interior da capela de Nossa Senhora dos Verdes de Forninhos, invocativo do Milagre ocorrido nas searas da nossa região, destruídas pelos bichos. Era de 1720. Uma data que deve ser um marco, por isso a destacamos, para que cada um de nós faça jus, quando chegar o momento, a este acontecimento comemorativo de valor que, nesse tempo, deram à nossa aldeia.
Se não puder ser a 3 de Maio (dia de Santa Cruz) ou 1 de Junho (dia do Espirito Santo) face ao surto de Covid-19 que seja a 15 de Agosto (Dia da Assunção de Nossa Senhora).
A calendarização definitiva deverá sempre ser feita tendo em conta as orientações da DGS -Direcção-Geral de Saúde.
Agora algumas curiosidades (que encontrei com a ajuda do Google, num forum de genealogia) sobre pessoas do passado, que se calhar estiveram presentes a cumprir o Voto a Nossa Senhora dos Verdes. Nestes campos...no meio de gentes, de vontades:
22-09- 1718 foi dia de festa na aldeia. O pároco, Manuel Ribeiro celebrava o casamento de Manuel Pais e Maria da Ascensão. Com uma particularidade: o noivo era filho do Revº Padre Francisco Pais Velho, falecido à data e de Maria João, também já falecida.
É interessante esta informação porque parece que, na altura, a paternidade dos padres era encarada e assumida com alguma naturalidade!
A noiva era filha de Manuel Vaz, falecido e Maria Afonso, falecida.
Testemunhas: Geraldo de Aguiar, Manuel Fernandes, Jerónimo e João Aguiar.
Do Livro de registos mistos (1699/1761).
PT-ADLSB-PRQ-PAGB07-004-M2_m0076.tif
Em "dia e mês" de 1736 foi um dia triste na aldeia. Falecia uma filha da terra Bernarda Fernandes (nascida em Forninhos com o apelido Luís), filha de Manuel Luís (nascido na vila de Pena Verde) e Maria Luís (nascida em Forninhos com o apelido Nunes).
Tinha uma irmã, Maria Dias (nascida com o apelido Luís) e um outro irmão...
Bernarda casou-se com António Fernandes.
Dessa época, quem conhecer outros nomes, outras pessoas, por favor, deixo-nos aqui em comentário esse contributo. Agradecemos todos.
Nota final: Estamos a caminho do 1.º centenário da fundação da Irmandade de Santa Marinha, 2026 é já ali... 1 de Outubro de 1926.....1 de Outubro de 2026.
No passado existiram confrarias, mas devido ao seu progressivo declínio, tem-se por certa essa data. Vamos continuar a destacar esta data também, pois valorizamos o património legado pelos nossos egrégios avós.
300 anos são tantos. Tantos acontecimentos, nomes, tudo que por ali passou! belo resgate e comemoração! bjs, tudo de bom,chica
ResponderEliminarObrigada.
EliminarFaz-nos pensar numa vida primitiva que existiu há 300 anos (não 30!!!).
Bjs
Só um outro milagre traria a dignidade de volta.
ResponderEliminarMais uma vez trazes e partilhas um texto soberbo de pesquisa, datado, personalizado, e sente-se bem a mágoa e revolta que sentes pela indiferença de a nossa história passar ao lado dos esquecidos das nossa memórias.
Não temos pelourinhos nem castelos, tirando restos na serra de S. Pedro mas temos outras tantas coisas que seria por dever no mínimo moral e por respeito dignificar obreiros de uma aldeia ajoelhada à igreja e que cumpria e sempre com as venerações divinas com que tinham sido educados, principalmente o culto à Senhora dos Verdes e a outros preceitos que se foram perdendo no tempo e não apenas por modernidades, mas por desinteresse do clérigo em prol do pagão, apesar de volta e meia a beatice bater com a mão no peito, ficava bem...
Mas quem queria saber se meio século atrás os padres roubavam ou se séculos atrás os padres tinham filhos e mancebas se eram padres,até seria pecado de mal deles se falar? e o medo tolhia a fala.
Não somos ricos a não ser a honradez a coisas a comemorar, mas estou solidário com a Paula e tenho dúvidas, muitas, que estes três séculos do Milagre, venham a ter uma comemoração condigna que honraria a paróquia e um agradecimento às limitrofes que passadas tantas gerações, pelo Espírito Santo ali acorrem em agradecimento, não por ser Imóvel de Interesse Público, pois muitos anos antes, já estes crentes eram património imaterial.
O meu maior receio tem pelo menos um precedente, a comemoração dos 220 anos da benção da nossa igreja matriZ: Liguei ao padre, o bispo estava doente, depois me diria, até agora...
Cabe ao povo a iniciativa, mas duvido, se não comemoram a data da igreja, será que se vão redimir no centenário da Irmandade e três século do Milagre?
Gostava de acreditar...
Com o padre que lhes coube também duvido que comemorem estes 300 anos!
EliminarMuitas vezes os padres têm comportamentos inusitados!
Há 400 anos já pelos Tribunais do Santo Ofício passou um membro do Clero, um cura natural de Fornos de Algodres, mas morador em Santa Marinha de Forninhos, acusado do crime de concubinato (em 16 de Abril de 1617).
Há quem diga que a culpa é dos ares...despertam as hormonas!
Na Inquisição existem bastantes processos por concubinato e, até varios perdões reais e reconhecimento de filhos!
Seria interessante saber um pouco mais desse período e da era do "milagre" o de há 300 anos e não o de 2018!
Não podemos esquecer que existe um outro "ex-Voto" no interior da Capela!
Boa noite, muito interessante! Apesar de em miúda ir bastante a Forninhos, nunca tive grande liberdade para poder conhecer melhor a terra e as pessoas, mas fico fascinada quando leio os vossos artigos e com muita vontade de saber mais sobre as minhas raízes. Leio aí nomes que, provavelmente, fazem parte da minha árvore genealógica, mas não sei... Essa noiva, filha de Manuel Vaz será alguém da família da minha avó, Olímpia da Conceição Vaz.
ResponderEliminarTambém o Apelido Luís da Falecida Bernarda acho que será da família do meu avô, Antônio Bernardo, já que o nome do meu trisavô era Antônio Luís Fonseca, casado com Maria José, e o meu tetravô, José Luís, casado com Engrácia Maria. Serão também dessa época, Meus outros tetravôs: António Nunes, casado com Ana Gomes, José Bernardo, casado com Antônia Jesus e José Pires,casado com Margarida Nunes Matela, todos da parte do meu avô António Bernardo.
Bem haja por me ajudarem a conhecer melhor as minhas raízes e em darem a conhecer a história da terra que me deu origem.
Cumprimentos
Maria José Bernardo
Bem-haja pela visita comentada.
EliminarApreciei os nomes que fazem parte da sua árvore genealógica. Muitos mais nomes haverá para relevar, por enquanto, guardados e ocultados, outros, já perdidos.
Os jovens de hoje não se importam muito com o passado, no meu tempo eram os professores locais que ensinavan e incutiam nas crianças (nós), logo de início, a importância de conhecerem as suas origens, mas em Forninhos a escola encerrou e os professores que as poucas crianças vão tendo, sequer são da região ou não estão vocacionados para isso e, assim, se vão perdendo as ligações ao passado e o conhecimento da nossa própria terra e suas gentes; eu acredito que a maioria dos miúdos que passaram por Forninhos - como a Maria José passou - desconhece que esta terra foi habitada por Maria Luís ou Maria Nunes e pela sua filha Bernarda Luís.
Fernandes e o apelido Aguiar das testemunhas de casamento ainda perduram em Forninhos, mas ninguém sabe quem foi o Geraldo ou o Jerónimo.
E, muito gostaria eu de saber mais sobre o Manuel Vaz e se existe ligação à sua avó Olímpia Vaz!
Quem sabe mais alguém tem algo a acrescentar...
Boa semana para todos nós!
Parabéns e obrigado por dar a conhecer!!! Bj
ResponderEliminarDaqui a uns tempos, vá até Forninhos e visite o nosso Santuário. Bj
Eliminar"300 anos, um número bonito e redondo", SEM DÚVIDA!...
ResponderEliminarUm relato importante e que merece comemorações...
O meu abraço, terno carinho...
Vamos adiante, com fé, esperança e AMOR...
Tenhamos esperança...
EliminarHá 300 anos os nossos antepassados também sofreram uma praga de gafanhotos, que os levou a dirigir a suas preces para a Virgem que intercedeu às súplicas dos seus devotos, salvando-lhes as culturas.
Um abraço.
Boa tarde Paula,
ResponderEliminarNa verdade trezentos anos é uma bonita idade que merece ser relembrada, para que não se perca a memória.
A vossa terra é muito rica em acontecimentos que a Paula ao longos destes anos tem ajudado a preservar e está de Parabéns por isso.
Como já tenho dito, belíssimos e importantes trabalhos de dura investigação, segundo creio.
Beijinhos e uma semana tranquila.
Ailime
Obrigada Ailime.
EliminarTemos que conhecer e gostar da nossa história, para conhecer-nos melhor.
Eu olho para trás e parece que por lá se festeja muita coisa, mas não se festeja nada. Fazer festas por fazer não é gostar de nós é ignorar de onde viemos. Espero, sinceramente, que não ignorem estes 300!
Bjs, tudo de bom.
Boa Noite
ResponderEliminarExcelente post .
Parabéns .
Tudo a correr bem .
Sobretudo que todos possamos
ganhar algo com esta pandemia.
Abraço
MG
Obrigada.
EliminarÉ preciso ter fé, pois esta pandemia leva-nos a pensar sobre a nossa condição de seres humanos e sobre a ciência! Sabemos tanta coisa e, de repente, estamos como se tivéssemos recuado 300 anos!
Abraço, tudo a correr bem para si também.
Boa noite
ResponderEliminarLembro - me tanto dos meus avós .
Das suas vidas .
Das suas caminhadas .
Da fome que passaram .
Da emigração Atlântico abaixo para
fugir à miséria dos anos 40.
Resistiram .
Três conheci .Duas Avós. Um Avô Francisco .
Educaram - me para o não desperdício
Cheguei ao ponto de na minha vida oferecer à Casa do Gaiato , em Loures , tanta coisa que a vingança e a prepotência não quis guardar .
Demos aos bisnetos de meus avós a pior lição .
Deitar comida para o lixo .
Ignorar Natais de fartura abismal .
Excessos ..
Tudo parecia fácil .
Havia sempre uma esponja a passar no mau comportamento dos meninos ..
Não gostar de sopa .
Só gostar de Mac e Burguer ..
Nada valeu . Os avisos.
Era uma corrente muito forte .
A ideia que te "estou farto das estórias dos avós.."
" não quero saber " !!
Eles os meus avós e minha Mãe sempre avisavam . Um dia Deus castiga-vos.
E tantos outros avós por esse país acima .
Penso tanto neles .Nos meus :
Bela , Maria e Francisco .
Para eles isto do Covid19 era canja.
Para nós e para o nossos filhos a coisa está negra .
Recuámos 300 anos.
Qual ciência .?
Estratégias e Lucro ..
Aquela sopa que foi para o lixo .
Agora fará muita falta ...
Grande lição !!!
Como vai ser depois disto .??
Esperemos que isto acabe depressa .
Muitas consciências vão deprimir
com o peso do passado .
Que Deus nos ajude .
Somos todos culpados .
Cada um à sua dimensão .
Abraço
MG
É, esta situação leva-nos a pensar muito sobre tudo o que escreveu!
EliminarHá pouco mais de 100 anos os nossos antepassados (os avós dos mais velhos ou os bisavós dos mais novos) sofreram uma outra pandemia, a pneumónica, que vitimou a eito, sem escolher condições, nem idades.
Mas agora que o mundo científico fez descobertas que melhoraram a nossa qualidade de vida duma forma nunca vista (a esperança média de vida quase duplicou, por exemplo) não era previsível que estivéssemos a viver esta situação sem fim à vista!
Bom fds.
Saúde!