O museu de Música Portuguesa tem depositado e disponível para consulta uma parte importante do Fundo de Michel Giacometti composto por romances, provérbios, cantigas, anedotas e outros registos de expressões orais do qual faz parte o conjunto de 233 advinhas designado como advinhatário e nós encontramos duas advinhas dactilografadas (bem antigas!) recolhidas em Forninhos a 21 de Agosto de 1975 que nos vão fazer recordar os tempos em que elas faziam parte da cultura da aldeia, pois todos as sabiam e as utilizavam nas suas conversas.
A informante foi Isabel Vaz, de Forninhos não sabia ler nem escrever.
A informante foi Isabel Vaz, de Forninhos não sabia ler nem escrever.
adivinha simples |
Creio que não se dizia "Nem dinheiro há sequer para a colher", dizia-se:
Ó que lindo pucarinho,
Ó que lindo ramalhete,
Nem é cozido, nem é assado,
Nem comido com colher
Não advinhas este ano
Nem pr'o ano que vier
Só s'eu te disser...
R: Romã
adivinha maliciosa |
Brinco, brinco, brinco,
Quanto mais brinco, brinco,
Mais a barriga me cresce.
R: o fuso.
Que Isabel Vaz não caia no esquecimento, nem Michel Giacometti.
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Da Cortiçada (Aguiar da Beira, Guarda) ficou registada uma "adivinha erudita":
"Que diferença há entre a videira e a pomba?"
R: A pomba dá borrachos e a videira borrachões".
O informante foi António dos Prazeres, tinha 58 anos a 16-07-1975.
Que legais! Até as crianças ( de todos os tamanhos)aqui gostaram! legal! Belo achado! Gostei! bjs, chica
ResponderEliminarObrigada!
EliminarIsto é cultura popular.. da boa!
Bjs, boa semana.
Boa tarde Paula,
ResponderEliminarUm belo registo.
Ainda me lembro de, em miúda, brincarmos às adivinhas.
Havia imensas fruto da sabedoria popular que nos ia sendo transmitida e era um enorme desafio no tempo em que as brincadeiras eram um apelo à imaginação.
Gostei, porque além de quem o preconizou ser analfabeta, não a impediu de divulgar para memória futura a cultura popular de Forninhos.
Um beijinho e boa semana.
Ailime
Também me lembro de, em miúda, brincar às advinhas e conheço as duas, mas têm tantos anos que já nem me lembrava mais, ainda bem que as registaram, para nós recordarmos a nossa infânçia e eu a tia Isabel que conheci muito bem e que ainda me ensinou alguma coisa!
EliminarO povo, Ailime, podia ser iletrado, mas era culto!
Sem ouvirem o serviço meteorológico, sabiam se ía chover; sabiam quando era a melhor altura para semear ou para colher; sem o “precioso” auxílio da ASAE, faziam boa aguardente, jeropiga, queijos, enchidos... Haverá gente mais culta que esta?
Beijinho, cont. de boa semana.
Pena que o teu trabalho seja "escondido" por gentes que se dizem cultas, pois podia esmorecer os seus intuitos de serem proeminentes à vista de alguns...
ResponderEliminarÉ assim e tal vai continuar, nao sendo e com tu fazes, deixando cravadas memórias verdadeiras, nem que seja ao som de cantigas, elas sim, a verdade das memórias em todos os povos...
Se eu fosse a tia Isabel respondi-lhes assim:
Eliminar"-Por aqui me fico porque as minhas “letras” não me dão para mais...".
Paula,
ResponderEliminarPassando para conhecer o teu espaço na Web, qual apreciei muito e passei a seguir.
Um abraço e até breve!!!
Obrigada.
Eliminar@té breve.
Abraço.
Foi muito importante estas recolhas do Giacometti, aproveito para desejar a continuação de uma boa semana.
ResponderEliminarAndarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Para a sociedade portuguesa em geral e forninhense em particular, pois estas 2 fichas dactilografadas são muito importantes para nós.
EliminarCom certeza o Francisco conhece o museu do trabalho Michel Giacometti, em Setúbal. Sabe que a origem está na coleção etnográfica reunida em 1975 por alunos/as do Serviço Cívico Estudantil, no âmbito do plano de Trabalho e Cultura.
Um abraço, bom fds.
Olá, Paula!...
ResponderEliminarMuito legal a sua postagem, bem cultural e interessante...
Voltando das férias e seguindo adiante na rotina... Obrigada pelo comentário por lá. Bjs
Olá Anete!...
EliminarAinda bem que gostou das adivinhas da nossa terra.
Bjs e bom regresso a casa.