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sábado, 28 de setembro de 2019

Menino Jesus

As imagens individuais do Menino Jesus começaram a aparecer em Portugal no século XVI. Contudo, foi nos séculos XVII e XVIII que o culto destas imagens atingiu no nosso País o seu apogeu. 
A nossa paróquia foi fundada no século XVI e também teve/tem uma imagem do Menino Jesus desde finais do século XVII.


Melhor ou pior conservada, é vista seguramente desde a primeira metade do século XVIII no altar à direita para quem entra, quando a nossa Igreja era composta de um altar mor (ao qual se acedia através de um degrau) e de dois colaterais: o altar de N. S. do Rosário e o altar do Menino Jesus.
Muitos de nós não se lembrarão de ver a N. Senhora do Rosário no seu altar, mas desde a infância lembram ver no Altar do Menino, Jesus desnudo. Tenho a certeza.
Agora vejam bem o que fizeram ao nosso Menino, à nossa memória colectiva!

Menino Jesus mostrando os seus dessous
Aos nossos olhos contemporâneos esta nova representação quase nos parece travestida.
Na vizinha localidade de Dornelas já vi um Menino Deus quase feminino, dentro duma redoma; Na Senhora da Lapa, Sernancelhe também lá está um com a sua jaquetinha e chapéu de Marialva, própia da corte joanina, conforme no-lo descreve Aquilino in "Uma luz ao Longe" (1948).
Só que o Menino de Forninhos, não é de Dornelas, nem é da Lapa, e é muito triste ver nos dias que correm estragarem o património legado e preservado, pois a imagem até foi restaurada no ano de 2013.
Eu já não sei o que fazer para mudar as mentalidades. Desisto.
Há coisas que me cansam.

22 comentários:

  1. Há coisas que realmente não temos condições de entendimento! Mas...fazer o que? beijos, chica

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    1. A mais de 300 km de distância de Forninhos «nada» e eu sei bem disso.
      Por vezes quando passamos em localidades e entramos na sua Igreja, vemos que o antigo é preservado religiosamente, achamos muito bem; ao que é nosso, ao que temos perto de nós, destruimos, desfiguramos...é triste, muito triste.
      Beijos, bom domingo

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  2. Antigamente até era vergonha meter um cravelho a trancar a porta, pois era sinal de desconfiança dos vizinhos ou outrém.
    Vivia-se na entreajuda e confiança, até mesmo naqueles que pediam pelas portas, humildemente aceitavam o que recebiam sem se deixarem cegar por alguma fartura que estivesse no interior.
    Vivi na aldeia em Agosto, o antípoda desses tempos, não para mitigar a fome, mas para sentirmos as nossas almas mais puras, um assédio constante e confrangedor do "quanto dás para a igreja, as obras foram caras e um dia vais precisar para o teu funeral e dlim, dlão...".
    Cheguei a pensar que este modo de abordagem viria de ideias de alguma seita por ali desconhecida e lhes tivessem dado estes "dons".
    No outro dia a mesma cena depois de baterem às portas de casas de maioria idosas e disse Não e expliquei os motivos. Haviam posto o carro à frente dos bois para as obras da igreja e agora andavam na "pedincha". Gostavam de ficar ilustres à conta dos outros e deles glorificados na obra feita. Conheço-os bem a todos e eles que me desculpem, são razoáveis até certo ponto mas presumo que não sabem nadar, mancos no manter memórias, apenas um mini clube de desesperados que para não irem ao fundo mandam vestir o Menino para se agarrarem ao seu saiote.
    Nada disto faz sentido, mas e no nosso modo de linguajar, que pôrra de gente é esta que tal acto ultragente para com algo que é de todos, se acha mandatado para mudar uma aldeia, ainda por cima às escondidas até dos poucos que ainda vão indo à missa dominical?
    E amanhã na missa, antevejo o padre a apresentar o milagre e aquela "muralha da China" em uníssimo, exclamar: "Tão linda a roupinha, olha o cetim que brilha, boa seda, faltam uns sapatinhos...".
    E Ele se o deixassem falar, porventura diria: "Levaram-me de Forninhos como era e volto Menina das sete Saias...tirem-me daqui".

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    1. Eu quanto mais leio documentos de antigamente, mais me convenço de que os Srs. Padres de agora são os que menos se interessam e nenhum esforço fazem por conhecer e dar a conhecer aos paroquianos a história e as memórias das suas paróquias.
      Depois dá nisto!
      Não sabem que o altar do Menino Jesus existe desde finais do século 17.
      Acordam um dia e decidem que a imagem porque há séculos é desnuda deve ser agora vestida!
      Incomoda-me bastante, que se ignorem, como ignoraram, a nossa história colectiva.
      Se o peditório fosse para simbolizar o facto de em tempos antigos o cemitério de Forninhos ter sido no adro, melhor, compôr a parte que foi do cemitério eu até dava um mês do meu salário, mas pagar um soalho novo ou cobertura que até já estavam feitos?
      Se não tinham dinheiro como é que avançaram com as obras? Fizeram um empréstimo?
      Fizeram uma hipoteca?
      Ou, pedirem-me para no futuro colocarem janelas de alumínio e comprar um vestidinho para o Menino Jesus, NÃO, não concordo, portanto, não dou para esse peditório!
      Já vi o mesmo filme em 2009 que até dinheiro gastaram em pararelos para evitar infiltrações, como se os paralelos as evitassem. Notou-se/Nota-se!
      Para não voltar a falar da abertura de uma porta que está sempre fechada e da pintura dos altares com tinta imprópria!
      O Padre Jorge concorda com tudo, desde que a cadeira presidencial fique ligeiramente à esquerda ou à direita!
      O Padre Paulo também deixou fazer tudo o que queriam e todos agora já sabem porquê!
      Os documentos antigos não deviam ser substimados.
      Há muito que deviam repôr o antigo.
      Até os confessionários os incomodava, enquanto não os retiraram não descansaram.
      Eu se voltar à missa (lá) nem no ofertório dou 1 cêntimo, só dou se a receita fôr para outras associações e missões.

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  3. Há coisas incompreensíveis minha amiga, aproveito para desejar um bom Domingo.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    Livros-Autografados

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    1. Mesmo!
      Parece anedota!
      Bom domingo também para si amigo Francisco.

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  4. Imagino o seu cansaço, Paula, mudar mentalidades não é fácil!
    O meu abraço neste domingo... Boa semana...

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    1. Para ajudar, hoje até fui ler um lindo poema de Carlos Drummond de Andrade:

      "Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.
      Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
      Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
      Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente."

      Bom domingo...boa semana.
      Um abraço.

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  5. Mentalidades, abito e fechar de olhos, males em Forninhos. Antigamente os homens, depois de um dia árduo de trabalho, iam para as vendas beberem uns copos com os amigos, conversarem e desanuviarem a sua cabeça. Hoje, pelo menos aos Domingos jogam a sua cartada, as mulheres de hoje tomaram o lugar deles, hora de fim de almoço, café e actualizaçaõ de informação não só nos cafés como no final da missa. Será que a ideia da vestimenta do Menino foi fabricada numa assembleia de cusquice em cafés? Não, se calhar foi no fim da missa no adro da Igreja. Seja como foi, foi uma má decisão, uma muito má decisão, eu não vou ficar quieto, tenho é muito receio até medo de ser como o meu falecido primo Miguel, filho do Tio Ulisses, era tolo para alguns, mas dizias certas, e até as fazia. Olha Paula, depois da vindima e o tempo mo permita e caso os administradores não reporem a imagem como estava, estou na disposização de ir ao bispado de Viseu apresentar o caso e da discórdia de parte do povo, palavra de Henrique. Bom Domingo.

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    1. O Miguel estava à frente do tempo. Se fosse vivo tenho a certeza que já tinha feito algo.
      Ficou com a fama que roubou esmolas e até que estava metido no roubo das imagens da Capela (Santa Rita e Senhora dos Verdes), mas foram outros que ficaram com o proveito.
      Já na altura ele dizia que Forninhos parecia um barco à deriva. Como estava certo!
      Pena ter enveredado pelo consumo exagerado do álcool. Quem não tem um vício?
      Há os que têm o vício de andar a estragar o que é do povo, só que a esses nada lhes acontece. Já diz o ditado "erva daninha a geada não mata".
      Esta situação, assim como aquele "ex-voto" na capela e mais coisas, quanto a mim deveriam ser comunicadas a quem de direito do Pelouro da Arte Sacra a nível Nacional da Igreja!
      O Bispado de Viseu já deu mostras que é conivente com os párocos de Forninhos. O Pe. Paulo sempre fez o que quis. O Pe. Jorge vai pelo mesmo caminho.
      Não sei...tenta.
      Mas o melhor, era tirar já o vestido, já que quando tivemos opotunidade (há +ou- 1 ano) não tiramos o quadro da capela.
      Bom domingo.
      Ah! Estás certo. Isto foi coisa de mulheres, das que vestem as calças lá em casa.

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    2. Anónimo1/29/2023

      Obrigada Paula por defender meu querido primo/irmão. Infelizmente a vida levou-o por caminhos impróprios, mas sim era muito à frente.

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    3. Uma das coisas que mais me impressiona é ir ao cemitério e ver fotografias e nomes de pessoas que conheci em vida e que tão bem conheci, como o Miguel que partiu cedo demais.
      Saudade...

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  6. Há mentalidades que sufocam o nosso entendimento!!!
    Boa semana 🌹

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    1. Mesmo!
      Nos conventos femininos dos séculos XVII ou XVIII é que os Meninos Jesus eram autênticas bonecas, mas este culto caiu rapidamente no século XIX, sobreviveu aqui e acolá, em algumas igrejas, onde a devoção se enraizou com força na população, não foi o caso de Foninhos (para bom entendedor...)
      Boa semana 🌹

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    2. Queria dizer, mas esqueci-me: Como na Sé de Miranda, onde se continua a venerar o Menino Jesus da Cartolinha, que possui um notável guarda roupa, com as mais diversas temáticas. Este Menino tem um enxoval lindíssimo.

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  7. Boa tarde Paula,
    Na verdade... Difícil entender e para a Paula mais difícil ainda fazer-se "ouvir"!
    Perante tais constatações não digo que desista, mas acredito que esteja cansada.
    Um beijinho e força para enfrentar essas mentalidades retrógradas.
    Ailime

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    1. Olá Ailime.
      Penso que despir o Menino é e será sempre a única opção, tendo os forninhenses o poder de demonstrar que estamos contra o acesso de loucura que invade aqueles pedaços de massa cinzenta.
      A ver vamos, como diz o cego!

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  8. Meu Deus. É difícil realmente lutar contra mentalidades tão tacanhas. Mas um caso assim não pode ser ignorado. Admira-me que o padre, que teoricamente deve ser uma pessoa com outra mentalidade, tenha permitido tal afronta.
    Abraço

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    1. Eu ainda vou dar-me ao trabalho de escrever ao pároco para ele solicitar uma deslocação do Departamento Responsável pelos Bens Culturais da Diocese de Viseu a Forninhos, para que se possam analisar esta e outras situações.
      Sei que em 2013 o Departamento foi contactado para o restauro das imagens, analisou as propostas e deu o parecer sobre os orçamentos apresentados. Este é o procedimento correto.
      Agora, sem qualquer parecer do Departamento, é inconcebível vestirem o Menino, quando não há um vestido primitivo! Creio que os nossos antepassados desde sempre quiseram apresentar o Menino como despojado de tudo, na sua pureza e humildade como veio ao mundo. Até era preferível ficar sem o laço. Aquele pedaço de tecido branco à volta da cintura é por mero respeito, acho eu. Mas as pessoas de Forninhos gostam muito de inventar...
      Abraço de melhoras.

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  9. Boa noite,

    A imagem foi substituida, além das roupas não é o mesmo menino Jesus...

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    1. Boa noite Carlos.
      Eu quero acreditar que a imagem é a mesma, só que como em 2013 foi restaurada o Menino voltou repintado, mas não tenho a certeza se é mesmo a nossa. Não foste a primeira pessoa a questionar tal...
      Sabes bem que o Menino Jesus tanto aparece nu como vestido e que há também esculturas com o vestido esculpido. No nosso caso, não havendo vestido(s) primitivo(s) tem de ficar sem vestes, é o que eu penso e muitas pessoas pensam igual.
      Falam em colocar janelas de alumínio. Se fôr verdade, é lamentável.
      Obrigado pelo teu interesse, é assunto que diz respeito a todos que amam Forninhos.

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  10. Perante o parecer da Dra. Fátima Eusébio, responsável pelos Bens culturais da Diocese de Viseu, já pedi ao Sr. Pe. Jorge que solicite com a maior brevidade uma deslocação do Departamento à paróquia de Forninhos, não só porque autorizou vestir o Menino Jesus, mas também para verem as obras recentes no edifício da igreja e impedir a colocação de janelas de alumínio.
    Solicitei igualmente a deslocação à Capela de Nossa Senhora dos Verdes, para parecer do quadro pagão colocado no ano passado na Sacristia da Secular Capela, também com a autorização do Sr. Pe. Jorge e como sendo um "ex-voto" sem que se conheça "a graça concedida".
    Aguardemos...
    Infelizmente, na última vez que a Dra. Fátima Eusébio visitou a nossa paróquia, não foi feito o inventário, porque o pároco anterior não aceitou, porque as paróquias tinham que contribuir com uma verba. Por isso, no concelho de Aguiar da Beira, todas as paróquias que pertenciam ao Pe. Paulo Gouveia não foram inventariadas.
    Fica esta informação também.

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