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sábado, 15 de julho de 2017

Telhados


Na aldeia de Forninhos a maior parte dos telhados eram cobertos por esta telha, "canudo, bica, vã, lusa, portuguesa" (não tenho a certeza do nome), pois eles vão sendo cada vez mais raros. Como as casas eram baixinhas e não havia electricidade, para permitir que houvesse mais entrada de luz, colocavam-se algumas telhas de vidro (muito mais caras) entre as telhas de barro.
Dedico, assim, estas poucas linhas a uma reminiscência que já mal se encontra e que só subsiste nalguma casa velha ainda não recuperada.

21 comentários:

  1. Tradições que se vão perdendo, Paula.
    Um abraço e bom fim de semana

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    1. Mas é pena, porque os que são cobertos com as telhas modernas ('mais bonitas') na maior parte dos casos têm que se mudar poucos anos depois.
      Bom fim de semana.
      Abraço.

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  2. Olhando para a foto, por cima destes telhados, lembro gentes.
    Um turbilhão de sentimentos, de quem eram, foram e de quem são, à semelhança de outras quase iguais que abundavam pelo los sítios do Lugar e por demais.
    Escassos são os registos acerca deste tema na nossa terra pois em quase nada devem diferir das outras da região e por tal me vou socorrendo dos mais velhos, nas suas lembranças já meio esquecidas, mas que vou espevitando com as minhas.
    Para eles falo em telhas e como estas mudaram ao longo dos tempos e o eterno " o queres que te diga...", eram telhas.
    "- Todas tinham telhados?".
    " - Já agora, casas havia, nem casas eram a dos mais pobrezitos com chão de terra batida e palha para a cobrir".
    Neste interlúdio, lembro de entrar numa destas casas, depois mais uma e depois outra...casas sem telhas, cobertas de ramos e palha, VIVENDO-SE COMO CALHAVA.
    Mais sorte já tinha quem no tecto tinha estas telhas canudas; eram telhas fáceis de remediar nos invernos rigorosos de ventanias em que uma meio partida daria jeito para um caleiro.
    Eram as telhas antigas, as mesmas que antes da Páscoa e nas "rezas", eram testemunhas de um amor eterno.
    Até que chegou a "vermelha"
    Quem tinha esse privilégio, tal não escondia e ostentava em jeito de pregão:
    "- O meu telhado veio da Pampilhosa"!
    E pronto, em cada telhado uma imagem diferente que a distância dos tempos dita, gentes, poucas que lembram os seus por debaixo de quase cabaniços, pais ou avós sob as telhas antigas e netos com telhas vermelhas de marca.
    Adorei o post que me faz reviver.

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    1. A telha 'vermelha' ou telha marselha vinha de várias fábricas da Pampilhosa:
      ALMIROS Ld.ª Canas de Sabugosa.
      COMPANHIA CERÂMICA DAS DEVESAS, Pampilhosa.
      MOURÃO, TEIXEIRA LOPES, Pampilhosa.
      SUCURSAL DA FABRICA DAS DEVESAS de ANTÓNIO ALMEIDA da COSTA & COMPANHIA. Pampilhosa.
      CERÂMICA EXCELSIOR, Pampilhosa.
      E também de:
      SANTA COMBA DÃO-PINHEIRO D´AZERE CERÂMICA do DÃO LIMITADA.
      Mas se formos falar da origem dos telhados, tínhamos de nos reportar também a outra origem: a da cerâmica. Mas o objectivo deste post é mesmo o 'telhado tradicional' que em Forninhos era de telha vã (telhado sem forro, apenas com as telhas canudo a servir de tecto); só depois veio a telha da Pampilhosa, mas também há quem se lembre da telha parecida com a tégula romana, de fabrico industrial claro, mas esta moda não pegou. Talvez ainda haja alguma pilha delas ou cacos delas num canto qualquer.

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    2. Olha que engraçado, estava pesquisando sobre Pampilhosa, terra do meu pai, e sobre a fábrica que meu avô paterno trabalhou e cai aqui.

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  3. Adoro telhados e esses da foto, lindos.Belas reminiscências,Paula! bjs praianos,chica

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    1. Para mim, esta foto é das mais bonitas e significativas de Forninhos.
      Um dia publico uma foto tirada do mesmo ângulo, para verem o que mudou.
      Boas férias, beijos.

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  4. Olá

    Continuo a ler e acompanhar o que vocês escrevem....
    A minha admiração e respeito.

    Abr
    MG

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  5. Postagem interessante. Sempre faz bem de vez enqundo falar de um passado distante. Bjs

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  6. Imagens do passado que cada vez são mais raras.

    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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    1. Sim, porque em nome do progresso destruiu-se o tipismo das aldeias.
      Boa noite*

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  7. Que telhado bonito, Paula! O antigo conservado, restaurado admiro muito...
    Um abraço grande neste início de semana...

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    1. Tal como em Óbidos, devia ser obrigatório em muitos lugares o uso de telhas de canudo, mas Óbidos é um caso à parte.
      Abraço.

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  9. Não conheço a telha, mas acho que deviam ser conservadas algumas para não se perderem os materiais usados nas habitações.
    Podiam ter uma casinha para ser visitada por quem visitasse Forninhos.

    Beijinhos.

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    1. Sim, não digo que seria visitada como a casa de Francisco e Jacinta Marto, mas decerto não faltariam pessoas que vivem nos grandes centros urbanos a querer também nela entrar de modo a conhecer um pouco dos hábitos das famílias serranas de Portugal, no início do século XX.
      Beijinhos, bom fs.

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  10. Já vi muitas mas a modernidade e a modernice não perdoa!
    Bj

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    1. Por isso é que era bom as autarquias e demais entidades olhassem para estas construções não como algo de “velho” e a cair, mas antes como uma mais-valia patrimonial que deveria ser preservada. Só espero que quando esse dia chegar, e se chegar, em Forninhos ainda esteja alguma de pé!
      Bj/boa noite.

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