Este espaço nasceu para dar a conhecer a História, estórias e memórias duma aldeia chamada Forninhos (antigamente Fornos). Vem-lhe o nome certamente por lá ter havido fornos/fábrica de cozedura...assim rezam os livros de História, Lendas e Tradições de outros lugares.
Seguidores
sexta-feira, 23 de junho de 2017
Tempo de Ceifas
"Pelo São João ceifa-se o pão, o serôdio e o temporão"
Já dizia o povo antigo realmente o que é preciso é que, de qualquer modo - “haja saúde e coza o forno...e o pão que seja nosso”! Forno de cozer o pão, evidentemente (havia os outros "fornos", designados assim no plural: que eram os de cozer cerâmica, de que já falamos muitas vezes por aqui). Abraço/bom S. João.
É por esta altura que a mãe natureza começa a retribuir em proveitos, o árduo trabalho dos agricultores que ansiosamente aguardam. Pelo S. João fica o inverno para trás e a proximidade do verão, traz com ele o desafio do calor, ceifas, arranca das batatas, cura das vinhas, motores da rega a "roncar" por entre as hortas, mas nada como os primeiros frutos depois das cerejas. A cobiça em tudo que foi plantado ou semeado mais cedo (temporão) e vindo logo atrás o serôdio (tardio) e até se ia gozando com a gravidez das mulheres de modo malandreco pela celeridade ou arrasto de terem filhos em determinadas idades. O Junho sempre foi bom e bonito, tirando aquelas malvadas trovoadas calamitosas, mas ocasionais. Mas hoje, que é o arraial deste Santo, jantamos sardinha com o tal pimento assado e batatinha com casca e digo estar certo o ditado, "pelo S. João, pinga a sardinha no pão". Grande S. João!
Por isso, o velho ditado: "do cerejo ao castanho, bem me avenho. Do castanho ao cerejo, mal me vejo". Assim era nesses tempos antigos, nem tanto assim basta recuar uns 30 e poucos anos (quando não havia maquinaria, nem subsídios) a fome era real e se não se produzia, trabalhava, não se comia, passava-se fome... Hoje que tudo seria mais fácil, nem um terço daquilo que se semeava se semeia! Vamos lá compreender isto! Mas Viva o São João!
Frase e foto bonitas! Gosto muito das comidas típicas dessa fase junina... Agora mesmo, estou quase saindo a uma festa desse tipo... Abração e bom fim de semana...
Também gosto,mas acepipe (dizem) eram as comidas das ceifas, Anete, desde o mata bicho à ceia, pois era um trabalho feito desde o nascer do sol ao pôr do sol. Comiam: pão com queijo, farinheira, azeitonas; migas de alho, batatas com bacalhau, feijão com carne de porco, chícharros bem temperados com azeite e vinagre, sardinha frita; arroz doce e filhoses; refresco de água e aguardente com açúcar na bilha de barro. Bom fim de semana. Abraço.
Há muito não ouvia falar sobre migas de alho,me lembro que as comia na infância.. Uma comida feita com pão. E o que me trouxe a este blog,foi a busca pela receita da filhoses.E cá estou,gracas a voces,aprendendo muito sobre a terra dos meus pais.
Uma época para se fazer as colheiras, a recompensa pelo trabalho e isso traz muita fartura e alegria, por aqui também se colhe o feijão o milho verde, entre outros, e com o milho se faz muitas das comidas tipicas de São João. Beijos
Aqui, a colheita do milho vinha a seguir às ceifas e malhas do centeio (o nosso pão). Sempre assim foi até algumas décadas atrás, mas hoje em Forninhos já não há centeio, nem trigo, só algum milho, mas já não o utilizam para fabrico do seu pão, nem sobremesas típicas, porque hoje os padeiros trazem até à porta a farinha e o pão já pronto a comer. Bjs, bom S. João.
Também, mas não só... No caso, o ditado apela para vivências hoje distantes e até desconhecidas dos mais jovens. Só ainda se lá vai, com alguma pequena explicação de alguém mais velho (e muitas tenho pedido ao longo de anos de registo dessas coisas por aqui). Abr/cont.boa semana.
Boa tarde Paula, Uma bela foto a que o seu provérbio faz jus. Os campos dourados pelas searas são um apelo à colheita que se espera produtiva e que tantas bocas mais tarde alimentará! Um beijinho e Viva o São João! Ailime
Verdade, Ailime. Os mais novos nem sabem, mas dantes o centeio (o nosso pão) era fonte de vários produtos essenciais da vida rural: quando pequeno o pão-planta (ferrã) dava para os animais comerem; depois, quando o pão crescia, alguns colhiam o cornelho ou lenticão que se vendia e dava um dinheirito; mais tarde, quando ficava bem seco, ceifava-se e ia para a laje para malhar e então do grão de centeio moído saiam vários produtos: faziam o pão e bolos (mas para estes era sempre melhor a farinha de trigo, cereal pouco cultivado em Forninhos, mas sempre havia algum); depois a palha dava para comida dos animais, sobretudo as vacas, no inverno, e também para a cama do vivo todo na palheira e depois para estrume que servia para adubar as terras. Vinha da terra e à terra voltava... Beijinho e Viva o S. João e o S. Pedro também ;-)
Mais uma tradição! Feliz São João! bjs, chica
ResponderEliminarEm extinção, infelizmente. Esta foto foi tirada numa aldeia dum concelho vizinho.
EliminarBom S. João, beijos.
E que ele seja em fartura todo o ano.
ResponderEliminarFeliz S. João.
Um abraço
Já dizia o povo antigo realmente o que é preciso é que, de qualquer modo - “haja saúde e coza o forno...e o pão que seja nosso”!
EliminarForno de cozer o pão, evidentemente (havia os outros "fornos", designados assim no plural: que eram os de cozer cerâmica, de que já falamos muitas vezes por aqui).
Abraço/bom S. João.
É por esta altura que a mãe natureza começa a retribuir em proveitos, o árduo trabalho dos agricultores que ansiosamente aguardam.
ResponderEliminarPelo S. João fica o inverno para trás e a proximidade do verão, traz com ele o desafio do calor, ceifas, arranca das batatas, cura das vinhas, motores da rega a "roncar" por entre as hortas, mas nada como os primeiros frutos depois das cerejas.
A cobiça em tudo que foi plantado ou semeado mais cedo (temporão) e vindo logo atrás o serôdio (tardio) e até se ia gozando com a gravidez das mulheres de modo malandreco pela celeridade ou arrasto de terem filhos em determinadas idades.
O Junho sempre foi bom e bonito, tirando aquelas malvadas trovoadas calamitosas, mas ocasionais.
Mas hoje, que é o arraial deste Santo, jantamos sardinha com o tal pimento assado e batatinha com casca e digo estar certo o ditado, "pelo S. João, pinga a sardinha no pão".
Grande S. João!
Por isso, o velho ditado: "do cerejo ao castanho, bem me avenho. Do castanho ao cerejo, mal me vejo".
EliminarAssim era nesses tempos antigos, nem tanto assim basta recuar uns 30 e poucos anos (quando não havia maquinaria, nem subsídios) a fome era real e se não se produzia, trabalhava, não se comia, passava-se fome...
Hoje que tudo seria mais fácil, nem um terço daquilo que se semeava se semeia! Vamos lá compreender isto!
Mas Viva o São João!
Frase e foto bonitas!
ResponderEliminarGosto muito das comidas típicas dessa fase junina... Agora mesmo, estou quase saindo a uma festa desse tipo...
Abração e bom fim de semana...
Também gosto,mas acepipe (dizem) eram as comidas das ceifas, Anete, desde o mata bicho à ceia, pois era um trabalho feito desde o nascer do sol ao pôr do sol.
EliminarComiam: pão com queijo, farinheira, azeitonas; migas de alho, batatas com bacalhau, feijão com carne de porco, chícharros bem temperados com azeite e vinagre, sardinha frita; arroz doce e filhoses; refresco de água e aguardente com açúcar na bilha de barro.
Bom fim de semana.
Abraço.
Há muito não ouvia falar sobre migas de alho,me lembro que as comia na infância.. Uma comida feita com pão. E o que me trouxe a este blog,foi a busca pela receita da filhoses.E cá estou,gracas a voces,aprendendo muito sobre a terra dos meus pais.
EliminarSim, a base das migas de alho era o pão (centeio). Eram feitas pelas ceifas e pelas malhas.
EliminarSem artifícios, só com massa do pão, as filhoses dos nossos avós eram assim:
http://onovoblogdosforninhenses.blogspot.pt/2015/12/filhoses-de-pao.html
A mesma coisa, mas com massa diferente, com ovos:
http://onovoblogdosforninhenses.blogspot.pt/2014/12/feliz-natal-2014.html
São um doce com presença obrigatória na mesa do natal.
Beijinhos e um obrigado por ter vindo.
Uma época para se fazer as colheiras, a recompensa pelo trabalho e isso traz muita fartura e alegria, por aqui também se colhe o feijão o milho verde, entre outros, e com o milho se faz muitas das comidas tipicas de São João.
ResponderEliminarBeijos
Aqui, a colheita do milho vinha a seguir às ceifas e malhas do centeio (o nosso pão). Sempre assim foi até algumas décadas atrás, mas hoje em Forninhos já não há centeio, nem trigo, só algum milho, mas já não o utilizam para fabrico do seu pão, nem sobremesas típicas, porque hoje os padeiros trazem até à porta a farinha e o pão já pronto a comer.
EliminarBjs, bom S. João.
Viva São João e com ajuda dele bem que poderei receber sua visita na nossa www.hellowebradio.com ... você.Vem!
ResponderEliminarCadinho RoCo
Obrigada pela visita. Volte sempre: é bem-vindo.
Eliminar@té breve.
Ditados populares que vão perdendo expressão devido ás alterações climáticas.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Também, mas não só...
EliminarNo caso, o ditado apela para vivências hoje distantes e até desconhecidas dos mais jovens. Só ainda se lá vai, com alguma pequena explicação de alguém mais velho (e muitas tenho pedido ao longo de anos de registo dessas coisas por aqui).
Abr/cont.boa semana.
Boa tarde Paula,
ResponderEliminarUma bela foto a que o seu provérbio faz jus.
Os campos dourados pelas searas são um apelo à colheita que se espera produtiva e que tantas bocas mais tarde alimentará!
Um beijinho e Viva o São João!
Ailime
Verdade, Ailime.
EliminarOs mais novos nem sabem, mas dantes o centeio (o nosso pão) era fonte de vários produtos essenciais da vida rural: quando pequeno o pão-planta (ferrã) dava para os animais comerem; depois, quando o pão crescia, alguns colhiam o cornelho ou lenticão que se vendia e dava um dinheirito; mais tarde, quando ficava bem seco, ceifava-se e ia para a laje para malhar e então do grão de centeio moído saiam vários produtos: faziam o pão e bolos (mas para estes era sempre melhor a farinha de trigo, cereal pouco cultivado em Forninhos, mas sempre havia algum); depois a palha dava para comida dos animais, sobretudo as vacas, no inverno, e também para a cama do vivo todo na palheira e depois para estrume que servia para adubar as terras.
Vinha da terra e à terra voltava...
Beijinho e Viva o S. João e o S. Pedro também ;-)