Artista é quem domina uma arte. Artista é quem vive uma arte. Artista é quem vive de uma arte. Hoje quando dizemos a palavra «artista» falamos de palcos, telas pintadas, pedras esculpidas. Mas nem sempre foi assim. Dantes, em Forninhos, artistas eram os profissionais que iam às casas das pessoas resolver problemas: do telhado, duma parede, duma porta...
Homenagem ao tio Ismael Lopes - Pedreiro. Escultura do artista Laiginhas pertença de Henrique Lopes |
«É preciso arranjar a parede. Temos de chamar um artista». Ou então: «É melhor chamar cá o artista para arranjar a porta». O artista era o profissional que sabia reparar coisas e que a troco de quase nada dava um jeito no que funcionava mal. O artista era aquele que se chamava para pequenas obras, pequenas reparações. Havia artistas de vários ramos: o pedreiro vinha arranjar uma parede, o tanoeiro (hoje sei que se chama assim) arranjava tudo o que era dorna, pipo ou pipa, o carpinteiro vinha tapar um buraco do soalho.
Usavam ferramentas muito apropriadas às suas tarefas, cada artista tinha as suas ferramentas específicas, adequadas à sua arte. Por exemplo, o carpinteiro? Quem mais tinha aquele operacional serrote ou aqueles martelos feitos de madeira, para já não falar da magnífica plaina?
plaina do meu tio António Carau - carpinteiro |
Mais tarde, seguramente depois de 1959 aparece, por imposição do progresso, outro ramo de «artistas». Nesse ano foi inaugurada a electricidade nas ruas de Forninhos. A pouco e pouco, as casas foram sendo dotadas desse benefício. Aí, começam a surgir novas avarias e surge uma nova casta de «artistas»: os que sabiam mexer no chamado «quadro» e no chamado «fio».
Mas hoje quando dizemos a palavra «artista» já falamos de pedras esculpidas. Este artista chega ao local da obra e tem toda a autonomia. Faz o que precisa fazer e tem carta branca.
Tira cada apetrecho necessário, mexe-se com precisão e com exactidão. Em serviço, conversa menos do que é habitual.
Tem todo o espaço por sua conta. Toda a gente se afasta. As pessoas, mesmo que estejam a ver como é que a coisa se desenvolve, apenas conversam baixinho. É um ambiente típico.
O artista é o artista!
Outros artistas que apareciam em Forninhos 2 ou 3 vez por ano eram os artistas do circo e esta é uma imagem muito forte na minha memória, o circo e seus artistas que vinham divertir-nos a todos em Forninhos dos anos 70/80. Um pouco de música, um pouco de trapézio, umas anedotas e muita expectativa de todos e uma grande noitada de correrias dos pequenos (nós) pelo largo da aldeia (da Lameira).
Vinham numa carrinha velha.
Agora já não vem o circo, mas há mais palhaçada que nunca!, sem menosprezo pelos profissionais, claro. Esses artistas sabem melhor que ninguém que para manter o povo calmo, amorfo, basta dar-lhes diariamente panem er circenses (pão e circo).
Nota: as obras apresentadas foram feitas pelo artista José Maria Laijinhas, da Ponte do Abade e são contributo do Henrique Lopes (neto de Ismael Lopes). Bem-haja.
Mas hoje quando dizemos a palavra «artista» já falamos de pedras esculpidas. Este artista chega ao local da obra e tem toda a autonomia. Faz o que precisa fazer e tem carta branca.
Tira cada apetrecho necessário, mexe-se com precisão e com exactidão. Em serviço, conversa menos do que é habitual.
Tem todo o espaço por sua conta. Toda a gente se afasta. As pessoas, mesmo que estejam a ver como é que a coisa se desenvolve, apenas conversam baixinho. É um ambiente típico.
O artista é o artista!
S. Matias - Contributo da CF S. dos Verdes - Ano 2013 |
Monumento aos Combatentes do Ultramar, em Forninhos |
Comemorações dos 500 anos do Foral de Carapito -Aguiar da Beira |
Matança, Fornos de Algodres - Comemorações dos 500 anos do Foral |
Vinham numa carrinha velha.
Agora já não vem o circo, mas há mais palhaçada que nunca!, sem menosprezo pelos profissionais, claro. Esses artistas sabem melhor que ninguém que para manter o povo calmo, amorfo, basta dar-lhes diariamente panem er circenses (pão e circo).
Nota: as obras apresentadas foram feitas pelo artista José Maria Laijinhas, da Ponte do Abade e são contributo do Henrique Lopes (neto de Ismael Lopes). Bem-haja.
O aforismo: «As pessoas não morrem, quando nos lembramos delas», diz-nos que, quando nos lembramos das pessoas, estas não morrem. É, baseando-me e acreditando no sentido deste aforismo, que presto aqui também homenagem ao grande artista que foi o meu tio António Carau, publicando a sua plaina.
ResponderEliminarUm artista e uma bela homenagem!!!
ResponderEliminarBj amigo
O artista é o artista e o artista Laijinhas "sabe da poda". Nós se o homenageamos aqui é porque admiramos a sua arte, a habilidade, o bom gosto, a eficácia.
EliminarBjo e 1 bom domingo.
O conceito de artista mudou muito,realmente, nos últimos tempos. Hoje, a expressão tem mais amplitude.Em determinada época, quando surgiu a expressão "belas artes" , é como se apenas aqueles que pintam quadros, fazem esculturas ou algo assim, fossem considerados artistas. Ser artista, é ser criativo dentro do seu ofício. Muito importante, esse resgate dos que eram considerados artistas, de acordo com seu relato. Um bisavô meu, açoriano,da Ilha de São Miguel, veio para o Brasil em 1864 e aqui, foi considerado um artista (homem de muitos ofícios): era carpinteiro - fazia altares de igrejas, imagens de santos,fazia fotografia (daguerreótipo) ,media terras (agrimensor)..
ResponderEliminarJoão Francisco de Oliveira, meu bisavô, foi um grande artista. Estendo a ele essa homenagem. Já fiz uma postagem, há tempos, em que cito as suas qualidades de artista..
Bela matéria, Paula!
Um abraço!
Todos os artistas são merecedores das melhores homenagens. Fez muito bem estender a homenagem ao seu bisavô.
EliminarTambém tive um bisavô carpinteiro, António Coelho, que foi um Grande artista, não fazia altares de igrejas, mas fazia caixões. Sucedeu-lhe um filho que lhe aprendeu a arte, José Carau e, mais tarde o neto António Carau.
* Carau é alcunha.
Um abraço e bem-haja por comentar "Os artistas".
Que interessante ver esse outro sentido dado à palavra artista! Gostei de ver , ler e as fotos todas lindas, significativas! bjs, lindo domingo!chica
ResponderEliminarBem-haja Chica.
EliminarEm Forninhos, há 40 anos, artista eram mesmo só os profissionais que iam às casas das pessoas resolver problemas bem concretos e os tais artistas do circo, que nos deliciavam de quando em vez.
Bom domingo. Beijos**
Paula,
ResponderEliminarNão conhecia esse sentido para a palavra artista. E eram artistas mesmo. Afinal, não tinham as ferramentas que temos hoje, e eles sempre resolviam os problemas caseiros, pelo que li no post.
Lá no Brasil, quando a pessoa é chamada de ARTISTA, sem ser aquela que faz artes, e devido a algo errado que fez. Aí dizem, você é um artista! Risos.
Eu prefiro os artistas que concertavam coisas em Forninhos.
Amei as imagens antigas.
Lindo Domingo pra você e o Xico.
Beijos
Lucinha, aqui é igual. O último parágrafo até fala desses "habilidosos".
EliminarQuanto às imagens, só a da plaina é antiga. As restantes são recentes, falam da nossa História e certamente ficarão na história!
Este ano comemoram-se os 500 anos da doação dos Forais por D. Manuel I.
No ano 2011 comemoraram-se os 50 anos do início da Guerra Colonial e a Junta de Freguesia de Forninhos, em Julho de 2011, homenageou todos os Combatentes da nossa terra (e não só...) através de um monumento. Para mim foi um dia com História...foi mais um dia da minha terra, das minhas raízes, em que fiz questão de participar e para o qual contribuí o melhor que pude. Logo em Março de 2011 sobre esse assunto,deixei aqui a anotação para se lembrarem de assinalar a data!
Ainda bem que o fizeram, quanto a mim foi a melhor obra do mandato. O monumento é bonito, eu acho.
A escultura do S. Matias, foi contributo da Comissão de Festas de 2013, da qual fiz parte. Sentimos que faltava qualquer coisa no nicho e o artista Laijinhas ajudou-nos.
Mas ainda houve vozes a dizer que o Santo era muito feio! Mas se é feio, já não sei o que é bonito!
Beijos&Abraço.
Ja tinha perdido a esperança de ver um dia um monumento aos pedreiros, mas mantinha a mesma esperança que um dia esse tema fosse exposto neste bolgue, por conseguinte, obrigado Forninhos. Talvez houvesse certo "egoísmo" ao pensar so nos pedreiros, mas convenhamos que era talvez a arte mais dura, mais ingrata daquele tempo. Poder-se-ia dizer que ao nascer, já tínhamos no berço um sacholo, uma sachola e mais tarde uma enxada para trabalhar a terra, mas a hora da enxada era também a hora de optar: uns iam cavar as vinhas daquém e d'alem-tejo, (nem todos possuíam terra própria para cavar) outros íamos para a pedreira, que no meu caso, era de meu pai, outros iam por conta de outrem, porque so (na minha turma assim) vinte por cento tinham acesso ao ensino secundário. Aos vinte, íamos p'ra guerra, quanto aos cortadores de perpianho, o meu pai, assim como tantos outros quase morriam entre os penedos. Mais uma vez, obrigado pelo post e pelo monumento. FELIZ NATAL PROSPERO ANO NOVO aos administradores e leitores deste blogue. Abraço.
ResponderEliminarObrigada S. Leitão por tão comovente comentário. Só porque talvez não tenha visto, deixo-lhe o link do post que fizemos em Setembro de 2012 dedicado só aos Pedreiros:
Eliminarhttp://onovoblogdosforninhenses.blogspot.pt/2012/09/forninhos-terra-de-pedreiros.html
No entanto, esclareço que o monumento apresentado não é público. É pertença de neto de um grande artista (tio Ismael Lopes, pedreiro de profissão). Está na sua propriedade, sua casa. Um gesto muito bonito deste neto de Forninhos.
Os pedreiros e carpinteiros também, foram os Grandes artistas e foram os edificadores das nossas aldeias, mas hoje são outros artistas que ficam com os louros. Infelizmente.
Um abraço e Votos sinceros de 1 Feliz Natal e 1 Ano Novo Bom para si e todos os seus também.
Muito orgulho tenho dois meus dois avós. O paterno, ISMAEL LOPES, pedreiro desde o corte da pedra na serra até ao assentamento das paredes das casas deixadas nas freguesias do concelho. O materno, JOSE COELHO mais conhecido por ZÉ CARAU, carpinteiro, mestre da madeira, desde o corte da árvore, elaboração das madeiras quer para caros de bois, pipos e dornas, ou até para soalhos ou forros dos tetos. Dois grandes artistas, conhecidos por todo o concelho. Ambos deixaram herdeiros das suas profissões.
ResponderEliminarAo meu avô Ismael, em sua homenagem, mandei fazer uma estátua de um pedreiro colocada num penedo de uma propriedade que era sua (hoje minha). Falta só o memorando.
Ao meu avô carpinteiro, tenho um irmão que que contruiu a sua casa num terreno que era dele, talvez um dia lhe faça também uma homenagem. Quem sabe...
Vida árdua tiveram ambos os meus avôs e avós e seus filhos.
Dois grandes ARTISTAS. Obrigado avós.
Obrigado Paula e Xico pelo tema apresentado.
Obrigado a ti Artista LAIGINHAS.
Do teu avô Ismael desde o início falei dele no nosso blog. Sempre me lembro dele ouvir falar, tanto que no dia 7 Janeiro de 2010 já eu escrevi isto:
Eliminar«Eu não tenho qualquer memória, recordação, da construção do actual cemitério público de Forninhos, mas lembro-me contarem que quem o construiu foi o avô do Ismael Lopes». Por sinal, o teu irmão recebeu o nome do avô.
Quando fiz o 'post' sobre os pedreiros, esses Grandes Homens que dominavam a pedra com saber e arte, voltei a referir esse grande artista de Forninhos - Ismael Lopes.
Do tio Zé Carau, irmão da minha avó paterna, Maria 'Coelha' é que me lembro bem e guardo as melhores memórias desse outro tempo...dessa terra, embora seja a mesma, mas os homens é que são outros!
A escrita é na verdade uma boa ferramenta para comunicarmos os nossos sentimentos e tu usa-la muito bem. Parabéns Henrique!
Curiosa a forma como o mundo se reencontra no desenrolar dos anos.
ResponderEliminarSendo que o Artista genuino fica nas nossas memorias, aqui se regista tal. Curiosamente o Henrique, neto deles, delegou a homenagem noutro mestre da pedra, o escultor Laijinhas. Parabens a ambos.
Ainda nao aprendi a fazer comentarios curtos, mas nao resisto a falar daquilo que recordo...ou vou ouvindo...de quem tal viveu.
Se me disserem "...entao nao te lembras do Ti Ismael Lopes...", digo que nao. Lembro sim a sua esposa, a Tia Emilia a quem eu, o Henrique e outros iamos roubar a manteiga como se fosse bocados de queijo. Era um luxo depois da escola
Mas estas recordacoes trazem de volta os tiros de polvora que tanto me assustavam na serra. Dada a distancia nao se ouvia o martelar nos guilhos a esburacar o granito, mas ecoava pela serra o grito de "Fujam!" e a seguir o estrondo medonho que fazia tremer as casas e assustava o gado.
Assim morreu o pai do Ze Coelho, mas adiante como diziam pois quem tinha vacas a preceito, fazia parte da arte, esta a de carregar as pedras em "zorras" para edificar o casario da terra e redondezas, mostrando um grande naipe de Artistas, que Forninhos se orgulha de ter tido.
O mestre carpinteiro. Paredes de pedra erguidas, tinham de ser revestidas, tecto, soalho e mais quem para tal tivesse posses.
Aqui entra o Tio Ze Carau, sempre tao meu amigo, como se fosse tambem neto dele, na Pascoa tinha sempre um pacotinho de amendoas que me dava enquanto fumava um "Paris", ainda lembro...
Estes avos, deixaram a sabedoria da arte para os filhos, na pedra o Tio Ze Lopes, na madeira o Tio Antonio Carau.
Artistas a valer! Curiosamente todos eles no lugar do Outeiro...
Pena que estes Senhores nunca tenham tido a homenagem publica devida, mas os "seus" nao esquecem a honra de serem filhos, netos e bisnetos de quem tanto deu, a eles e a todos nos!
Bem hajas, Henrique e que muitos como tu, tenham a coragem de trazer "orgulhos" familiares.
É verdade Xico, pena que estes Homens nunca tenham tido a homenagem pública devida.
EliminarHoje como tudo se faz mais rápido e facilmente, daí não admira que tal passe ao lado de tantos netos e bisnetos. É mais fácil para esses parabenizar um autarca, do que aqueles a quem a vida nem sempre foi fácil...
E..
"Orgulhos" familiares é algo que não consta no dicionário de alguns.
Boa tarde Paula, um artigo excelente, como sempre!
ResponderEliminarÉ verdade, recordo-me bem de em criança o meu avô materno empregar muitas vezes esse termo no sentido que a Paula tão bem explica, porque no fundo eram verdadeiras artes! Trabalhos que não envolviam o "sujar" e calejar das mãos pela enxada e que eram tão necessários e respeitados!
Sobre o circo, sou mais antiga e também lá pela aldeia passavam os artistas circenses e o que me pasmava era que eles eram também muito rápidos! Conforme chegavam, quase à noite, iam embora e já ninguém os via! Recordo-me de pensar de onde viriam;))! Enfim, ingenuidade de criança!
Como diz, hoje o circo é outro! Tema inesgotável de habilidades e de conversa! O povo também é outro, mas eles fingem ignorar. Fico-me por aqui.
Fotos lindas e bem ilustrativas.
Beijinhos e uma boa semana.
Ailime
Olá Ailime, de artes e profissões já muito se escreveu aqui, mas do circo é a primeira vez.
EliminarLá na terra, durante os anos 70 e 80 aparecia por lá o circo. Bem me lembro da carrinha velha (acho que tudo e todos transportava) e era tal qual como disse: eram muito rápidos...no dia seguinte já estavam a assentar noutra freguesia!
No intervalo da actuação, uma caixa recolhia os contributos de cada, mas tenho ideia que só os adultos davam o que queriam/podiam.
De então para cá o circo é diferente...e pagamos bem pelo triste espectáculo!
Neste espaço, com a colaboração de todos, é claro, já aprendi algumas coisas. Neste sentido, vou tentar colaborar para que o conhecimento das coisas seja reciproco.
ResponderEliminarAntigamente o artista tinha que ser polivalente. No caso do meu avô Ismael, além de arranjar a pedra para, fazer as casas, muros, poços e outros, tinha que saber afiar e temperar as ferramentas, fazer carvão para a forja. Carvão esse que era feito na serra, julgo que nos Cuvos onde havia bastantes urgueiras. Para se fazer cavão era preciso certo conhecimento, quer ao fazer as fogueiras quer ao fazer o seu aterro. Coisa que durava pelo menos dois dias e se tinha que dormir na serra de um dia para o outro.
Vou contar um caso verídico que aconteceu com o meu irmão Martinho, neto mais velho do meu avô Ismael.
Andando o meu avô, juntamente com o meu pai e dois tios, a fazer uma cabine elétrica junto de Carapito, levaram o meu irmão Martinho para dar à manivela da ventoinha da forja para aguçar as ferramentas, coisa que durou uns dias. O meu irmão deveria ter pra aí sete ou oito anos. Á noite dormiam numa cabana feita com um vara apoiada numa rocha e por cima uma ou duas mantas de trapos a servir de telhado. Na última noite, antes de regressarem a casa, receberam a visita de lobos. Que é que fizeram os adultos. Duas ou três fogueiras à volta da cabana, pequenote no meio deles, e um de plantão, não fosse um lobo atrevido tentar levar o meu irmão. Claro que ao chegarem à povoação a noticia espalhou-se e o Martinho nunca mais quis ir com eles continuar a construção da cabine.
Vida difícil a de antigamente.
Amanhã ou depois conto um ou dois casos do meu avô Carau que este em casos foi mais rico.
Conta, conta...
EliminarForninhos afinal continua cheio de histórias passadas de pais para filhos, outras vividas por jovens como tu.
Uma coisa que me apercebi é que quase todas as histórias de lobos que nos contam metem fogo/fogueira. Acho que se dizia que se lhes deitassem fogo fugiam. Falo de animais que devemos respeitar, claro!
Um abraço, Henrique.
Ambos são artistas, embora para mim tenham mais valor os antigos profissionais de qualquer arte.
ResponderEliminarBeijinhos.
Também dou mais valor aos antigos, embora ache que há bons artistas a trabalhar com as modernas maquinarias. O artista Laiginhas, por exemplo.
EliminarBeijinhos, Lisa.
Muito interessante este post, Paula!
ResponderEliminarArtista antigamente era aquele que que trabalhava com esmero, e as suas mãos faziam os milagres, digo milagres porque tendiam para a perfeição, e a verdade é que eram mesmo artistas porque exímios na sua arte.
A partir de uma certa altura, deixamos de poder confiar nos artistas, porque os pedreiros, por exemplo começaram a proliferar de uma forma que não mantinha a arte, ou seja, a perfeição no trabalho. Falo por experiência própria. Os pedreiros aqui temos de procurá-los sob recomendação.
Achei singelo e bonito o monumento aos combatentes do Ultramar. E gostei muito da alusão ao circo. Mesmo sem circo, a palhaçada estará assegurada.;-)Boa semana, Paula!
xx
Palhaçada e muita macacada ;-)
EliminarSobre o que diz no penúltimo parágrafo, infelizmente os tempos mudaram e agora desconfiamos muito mais. Não se pode confiar totalmente nos artistas, assim como não podemos confiar em quem nos pede ajuda, ficamos sempre de pé atrás, como se diz.
Acho que na minha terra (e nas restantes à volta) também já são procurados sob recomendação. Tem de ser!
Votos de uma boa semana também, Laura.
Oi Paula!
ResponderEliminarGostei muito do post, poder conhecer um pouco mais a cultura e o viver de outros lugares é muito bom, acrescenta muito os nossos conhecimentos. Artista aqui no Brasil só os que fazem alguma arte, mas achei muito bem empregado o termo para esses bravos profissionais que fazem do seu oficio uma verdadeira arte.
Beijos!
Fátima, como algumas profissões se assumiram como uma arte, penso que foi daí que resultou o uso da palavra «artista», que é uma palavra que acho eu acompanha a vida toda dos forninhenses. Mas hoje por lá os artistas ainda são os que vão às casas resolver problemas/avarias.
EliminarO electricista, por exemplo, ainda hoje é chamado de artista.
«É preciso mais uma tomada na parede.» «Tem de vir cá um artista».
Beijos**
Completamente de acordo ! Para os meus lados era exactamente assim. Artista era o que sabia da sua ARTE e cada um tinha a sua ferramenta, não da China, mas de verdadeiro material para poder mostrara sua arte.
ResponderEliminarNo dinamismo que caracteriza a palavra, vai sofrendo alterações que a nível etimológico quer semântico com é o caso de hoje. O facto é que nõa houve nenhuma transposição . Todos são artistas no seu trabalho. E ninguem duvida da arte do Júlio Pomar ou da escultura e pintura de Margarida Santos. e outr@s.
e seria ótimo que todos fossemos artistas no que sabemos fazer bem!
Uma delícia de post e bem profundo
Beijinho Paula
Abraço Xico amigo!
Obrigada pelo seu comentário.
EliminarOs tempos passam e muito se vai deturpando, como sabemos...por isso hoje há artistas e artistas!
Cada um tem o seu ângulo de visão e até há quem ache "louca" a artista Joana Vasconcelos!
Vem propósito o que disse um dia o filósofo e ensaísta José Gil:
"Há uma inteligência que só a arte nos dá e que é fundamental".
Beijinhos, Manuela.
Boa 2ª feira, Paula...
ResponderEliminarSer artista é um ofício, dedicação lindos. O seu post nos mostra tantos lances desta ocupação. Quando a pessoa faz com gosto e especialidade própria, tem o valor sim de arte!
Bonito post!!
Uma semana abençoada... Abraços
É, este 'post' permite-nos, pelo menos, um pequeno exercício: encontrar as diferenças entre o passado e o presente.
EliminarEu assim que acabei o texto, conclui que os artistas de antigamente eram homens de outra têmpera.
Beijos&Abraço.
Boa tarde, é verdade, a palavra artista foi-se tornando referencia para unicamente a arte do criar, hoje chama-se o electricista, carpinteiro ou canalizador que são os artista da solução na sua profissão.
ResponderEliminarAG
Bem visto AG. Hoje há o artista da solução, que é aquele que se chama para pequenas reparações: arranjar uma tomada, uma mesa, um cano, colocar um vidro.
EliminarAbraço.
Boa noite.
ResponderEliminarHá pessoas que acham que os artistas de antigamente eram mais artistas do que os de hoje. Inteiramente de acordo, por vários motivos, senão vejamos.
Não tirando o mérito aos artistas de hoje, não posso deixar de mencionar que hoje em dia já se encontra praticamente tudo feito, refiro-me a ferramentas. Hoje a pedra trabalha-se com material elétrico, acessórios diamantados e por aí a fora, assim como as colas e derivados. Dantes, o artista tinha que produzir
a obra e as ferramentas. Mencionei aqui o meu avô, pedreiro, não por ser familiar mas por assistir a algumas obras em pequeno e ficar a saber como as coisas se faziam.
Agora vou contar algumas coisas do artista, meu avô carpinteiro. Mestre da madeira, do oficio e das ferramentas. Digo ferramentas porque muitas delas era ele que as fazia tais como as plainas, garlopas, compassos, esquadros e até as próprias bancadas de trabalho. Alem disto ainda tinham que tratar das terras, vinhas, olivais e mais. Para tudo isto era necessário ter arte porque, como disse atrás, era preciso criar tudo. Era preciso comprar enxofre, sulfato e cal para fazer as caldas para as vinhas. E se isto dava trabalho. Hoje em dia compra-se um saco de calda bordalesa, junta-se água e a calda está feita. Portanto antigamente o artista era artista em várias vertentes. Agora vou contar uma faceta deste meu querido avô que além de muito trabalho que tinha ainda arranjava um tempito para a diversão.
No entrudo (carnaval) durante vários anos ninguém o superava. Num belo dia de carnaval foi a uma venda e comprou um penico. Foi a casa, fez umas sopas de cavalo cansado e colocou-as no penico. Vestiu-se com roupas velhas, colocou mel na cara e depois milho painço (parecido com alpista, comida de canários) e agarrou o seu neto com 15 meses (Martinho) colocou-lhe um garfo na mão com um bocado de toucinho cozido e deu volta ao povo a comer as sopas e o toucinho. As pessoas mais velhas de Forninhos, por vezes ainda me falam nisto. Até nisto, o tio Zé Carau era artista. Admiro-o muito.
Também era um bom comediante, sem dúvida.
EliminarMuito nos ríamos com as suas brincadeiras!
Aos meus olhos de miúda ( brincava todos os dias com a Cila) o tio Zé Carau era como se fosse meu avô também. Era assim que eu o via.
Vale a pena ler o teu comentário Henrique, mais que não seja porque muita gente se lembra do tio Zé Carau.
Mas também alguns forninhenses que nos lêem nunca o viram, por tal sequer fazem ideia de como era o Forninhos dos nossos avós! Acham que o Forninhos dos nossos avós é um conjunto de indicações úteis, sobretudo que conta as notícias dos seus achados!
Estes também são outros artistas. Pela negativa.
De sublinhar que os artistas de antigamente, a sua honra era o contrato que tinha com quem dava o trabalho e raramente alguém era enganado. Hoje em dia, se não tivermos um conhecimento, levamos com cada barrete. Não quero dizer que todos sejam iguais. Felizmente ainda há muita gente séria.
ResponderEliminarEstes são os outros ARTISTAS. Pela negativa.
EliminarTambém o meu pai foi artista, no modo de manobrar o arado, grande lavrador e agricultor que acompanhava para "guiar" as vacas para lavrar lameiros e terras em S. Pedro e ali dormíamos na mata. Aqui reside a sabedoria do Artista, quando arranca para o trabalho, a que horas e quando deve dar descanso aos animais.
ResponderEliminarA mim já puxava para o "artista" malandro, pregar partidas inocentes e se tive tantas. Recordo apenas uma entre tantas...pois gosto de recordar esses tempos antigos, em que tudo era mais genuíno e sincero,
Nesta quadra e naquela altura, em que a ASAE não existia, praticamente não era crime ou pecado, "roubar" uma galinhita ao Tio Luis Catrino que Deus tenha, ou a qualquer outro(salvo muito raras excepções), como acontecia com a madeira para o cepo.
Num Natal o tio Antonio Carau ficou sem a burra de serrar a madeira! Foi direitinha para o cepo, mas continuamos sempre amigos.
O que mais gostava mesmo, era já quase madrugada, juntamente com o meu primo Graciano, o meu primo Zé Pego e outros... assarmos um coelhito, em casa da minha tia Laura.
Coelho roubado, claro, senão não tinha piada, mas roubado com alto nível!
Era assim:
A minha tia Augusta, já falecida, que morava no Outeiro tinha criação, entre ela coelhos.
Quando precisávamos do petisco, la ia sorrateiro a coelheira e o primeiro que apanhasse, matava-o com duas pancadas atrás da nuca, mas deixava ficar o coelho.
Na manha seguinte la ía a minha tia a casa dos meus pais a pedir se lhe ia enterrar mais um coelho que tinha morrido, deviam andar com moléstia...
Mostrava pena, guardava o coelho e dava-me vinte e cinco tostões pelo trabalho.
Petisco para a noite já estava garantido.
Ó Xico isso não se fazia, Ela era uma SENHORA 100%. Hoje não existe em Forninhos nem nunca existiu.
ResponderEliminarUm abraço
Fazia, pois...
ResponderEliminarMais tarde veio a saber por mim e acredita que se riu perdida!
Todos os domingos me dava uns trocos para a "farra". A minha mae ja tinha dado e como de costume subia a ladeira e ia ver a minha avo Ana acamada sabendo que na saida vinha mais algum. A tia Augusta perguntava se a a avo tinha dado e dizia nao a avo perguntava o mesmo e dizia nao. Ficavam as duas zangadas e recebia de ambas....
Coisas inocentes de garotada, claro, condenaveis, mas era o que havia.
Artistas de palmo e meio, afinal partidas de gozo. Hoje pia mais fino e a descarada sacam milhoes ou menos, mas comer da boca de um idoso, deixa para la......
Concordo 100%. A tia do Xico, Augusta Saraiva, é que foi uma Grande Mulher de Forninhos, uma "Santa", sempre de coração aberto para fazer o bem a TODA A GENTE.
ResponderEliminarCom pessoas como ela o nosso Forninhos seria muito melhor!
A minha tia Augusta foi de facto uma grande mulher, entre outras que na altura felizmente abundavam em Forninhos. Pessoa de Bem, sem duvida. As malandrices ja me perdoou em vida (coisas de somenos), mas um dia aqui virei prestar a esta Mulher a homenagem simples no modo como podemos demonstrar um bem haja!
ResponderEliminarTens razao, Paula, Forninhos era e podia agora ser diferente...para melhor.
Nao é patriota apenas
ResponderEliminarQuem com as armas na mao
Contra as agressoes estranhas
A Patria defende. Nao.
E também bom patriota
Quem a terra fertiliza
Quem as plantas prende à terra
Quem na terra as enrraiza. ( Autor desconhecido)
(...)
ResponderEliminarEnraizai-as no chão
O vosso esforço isolado
De pouco pode valer
Mas os poucos fazem muito
E amar a Pátria é dever.
Guardo recordaçoes demasiado amargas do trabalho do campo e da pedreira, mas pior que o pico, o martelao de sete quilos, (repito sete quilos), pior que o camartelo que nos punha as maos a sangrar quando éramos aprendizes, foi a certa altura passar para o outro lado, isto é, fazer uma rodilha, por à cabeça a cesta com o almoço para meu pai e irmaos, tal como as mulheres, e tanta vez o fiz que sem querer ja segurava a cesta sem as maos em cima. Talvez fosse necessário tanto treino, como bater no ponteiro sem amachucar as maos. Isso foi sem duvida a maior tortura. Nao venho pedir compaixão para mim, o meu degredo durou cinco anos, para outros durou décadas. Nao vou entristecer mais o leitor; é época de festa e desejo a todos BOAS FESTAS.
ResponderEliminarTrabalhava-se em condições não muito saudáveis e pouco cómodas..a maioria dos artistas passavam o dia de trabalho na mesma posição.
EliminarE trouxe um facto bem importante se pensarmos que se tinha de percorrer quilómetros até ao local de trabalho com a cesta à cabeça, ainda que com a rodilha fica-se mais equilibrado e aparentemente mais leve.
Ao imaginar este cenário apetece perguntar se não seria possível,nas nossas aldeias, afixar painéis de azulejos, de imagens representativas de tais trabalhos.
Em Forninhos, penso que sim!
Boas Festas.
O 'artista' tem realmente muitas significações.
ResponderEliminarRecordo-me dessas profissões, hoje de artesanato, serem uma 'arte'.
Pois se nem todos tinham jeito para a 'coisa' e exigia muitos anos de aprendizagem.
Quanta nostalgia tu semeias por aqui...
Beijinhos e obrigado.
É para nós um privilégio, para ocupação do tempo livre, semear a nostalgia.
EliminarTento comparar-me com aquelas pessoas que nos tempos livres com muita criatividade, vão ao mais ínfimo detalhe para "copiar" os originais duma igreja ou duma zorra.
Beijinhos.
Paula e Xico, vim desejar um Feliz Natal e tudo de bom em 2015 ,que possamos estar sempre ,com alegria, saúde, por aqui nos encontrando! bjs, chica
ResponderEliminarMenino Jesus, contente
ResponderEliminarVai descer às chaminés,
E caminha docemente,
Ninguem o vê, nem pressente,
Dormem todos os bébés.
Estes versos ficaram-me gravados desde os tempos de criança, os restantes da mesma lição podem ser vistos na net.
Celebremos o Natal, cada um à sua maneira, mas façamos votos para que um dia, longínquo, mas nao importa, os ditos humanos, possamos celebrar um Natal em que independentemente do partido, clube, raça ou religião, se dêem as maos.
Certo leitor fez alusão ao monumento aos ex-combatentes e certa palhaçada; Eu também entendo que ha hipocrisia, mas nao sei se se trata da mesma. Tentarei abordar esse tema se mo permitirem depois das festas.
Muito haveria a contar acerca da nossa "odisseia" de camponeses. Vale a pena? Mais uma vez, Festas Felizes. Beijinhos.Obrigado por me permitirem desabafar.
Claro que sim, depois das festas podemos bem abordar o tema. A mim o que me custa é saber que (em Forninhos) se festeja o S. João à volta desse monumento, quando têm tantos largos na aldeia para o fazer! Acho um desrespeito...para não dizer outra coisa!
EliminarPortanto, o melhor voto que posso deixar para essa gente, independentemente do partido... é que em 2015, deixem o coração comover-se! Pode ser que faça a diferença...
Boas Festas S. Leitão.
Sendo Sao Jose, segundo reza a historia um exemplo de Artista na arte de carpintaria, transmitida a seu filho Jesus.
ResponderEliminarSendo que os nossos pais e avos tanto nos deram, em tempos ruins.
Sendo que tantos morreram pela Patria, ignorados.
Sendo que Basta!
De tentarem diluir os sentimentos de um povo, digno, heroico e abusivamente conspurcado por medianias...
O Natal tem em si, o desafio da verdade, daquela "venerada" por uns, vivida pela maioria. Ainda em tal quero acreditar. Sem aproveitamentos de qualquer indole.
Sejam felizes e bom natal...