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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O ZÉ PEQUENO

 

Chama-se Zé, estatura mediana, mas forte que nem um toiro na sua bravura e moiro de trabalho, não fora Forninhos deles descendentes.
Há muito que merecia um obrigado público e perguntarão, porquê?
Por ser talvez dos forninhenses mais ilustres e que atrás de si acarreta autênticas romarias de gentes nos dias de feiras, festas e romarias nas redondezas dos concelhos vizinhos.
Tal vi por estes dias de Agosto em que a ida a uma feira (Nova, Penalva e outras tantas...), era para comer o bom frango do Zé, a entremeada, a marrã e matar saudades de gentes que muitas vezes apenas  por cá passam uma vez por ano. 
Lembro de ir à feira de Fornos com o meu saudoso pai e os feirantes comprarem a carne para assar nestes espaços, pagando o vinho e o trigo. O Zé, ainda tal faz, o assador está à disposição e não fora ele, talvez uma ou outra feira, aonde já iria...
Pedi-lhe na festa da Senhora dos Verdes se podia falar dele e na feira de Penalva do Castelo disse que tal em breve iria fazer. Apenas disse "obrigado, estás à vontade..." e bebemos uma jeropiga fresca.
Portanto, este é o nosso grande amigo Zé Pequeno que não perde uma festa de Forninhos para tal inundar de cheiros gulosos, boa pinga e animação, em detrimento de feiras mais "gulosas".
E lá esteve nos 15 de Agosto, "barraca" montada no adro da capela. Afinal, a festa sem o Zé não seria festa, porque acarreta tamanha alegria e desafios...


Que importa a idade, já pagou a "promessa" e a Senhora dos Verdes já "mora" no chapéu.
Agora prepara a concertina, vai haver desgarrada.


Quase não se dá "vazão"aos pedidos...


Como está cheia a "tenda" do Zé! Ao fundo, um exímio tocador vai prendendo a atenção em desafio


A quem não se faz rogado...

As coisas que este Grande Zé Pequeno nos dá...
Bem hajas Zé!

15 comentários:

  1. Que linda carinho e homenagem ao ZÉ que pode ser pequeno em tamanho mas é grande no coração de cada um daí! Valeu! Parabéns ao Zé! abraços.chica


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    1. O Ze merece!
      Humilde e trabalhador, a todos cativa pela simpatia.
      Beijinho, Chica.

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  2. Se há figuras de Forninhos que merecem um Obrigada, é o tendeiro Zé sim Sr.!
    O tendeiro e a sua tenda acolhem pessoas de todas as idades, foi assim neste Agosto e é ainda agora, pois é e continua a ser a atracção de muitos.
    O que seria das festas de Forninhos sem a sua barraca?
    O que era hoje a feira Nova sem a presença do Zé Pequeno?
    Espero que ele não leve a mal ser chamado de "Zé Pequeno", mas muitos forninhenses são conhecidos entre si por alcunhas, apesar de muitos se calhar não gostarem das alcunhas que têm, a realidade é que por um motivo ou por outro toda a gente tem alcunha.

    Bom fs p todos

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    1. O Zé não leva a mal, afinal é grande e de que maneira no seu ofício.
      É aquele tendeiro que ainda vai mantendo a tradição e se das festas e feiras vive, estas outro tanto ou mais lhe devem agradecer.
      Tem o dom de no bem servir, saber cativar. Os antigos vendedores da "banha da cobra", os genuínos aldrabões que davam a cara, sabendo que "levavam" o pessoal, já se foram e sinto alguma saudade, mas o Zé, ali anda num fervilhar, todos o conhecem e a todos conhecem.
      Deixo um repto:
      Câmara de Aguiar da Beira, isentem o Zé Pequeno de taxas de ocupação do lugar de feirante, pois é dos poucos que ainda traz algum aumento de economia.
      Não se arrependam quando for tarde de mais...
      Ou não fosse na Feira Nova que quando se pode se vai "lamber a beiça...".
      No Zé!

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  3. Olá Xico... É muito bom conhecer hoje o Zé Pequeno, ele merece mesmo o carinho e a bela homenagem que está a fazer...
    O meu abraço a você e também a ele... Fotos bonitas!

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    1. Olá Anete.
      Faz parte do nosso "ofício" de na recolha de coisas antigas, não deixar de apanhar o fio da meada que ainda conduz a coisas destas com tantos anos de história.
      Talvez o Zé venha a ler isto, penso que sim, mas de qualquer modo acho que estamos a cumprir uma obrigação e um dever cívico, com a felicidade de podermos usufruir e partilhar estas singularidades.
      Lhe darei pessoalmente o seu abraço.
      E outro para si!

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  4. Este país fez-se com moiros de trabalho e não com aqueles engravatados de peito feito do Terreiro do Paço e dos Palácios, que nunca souberam o que é trabalho a sério para ganhar a vida, nem o pulsar do povo que desgovernam.
    Ilustre é o sr. Zé que para ter tanta clientela decerto não vende gato por lebre, que fomenta a amizade e o convívio. E com música, melhor ainda!..
    Um Zé Pequeno, bem grande, e uma merecida homenagem.
    Vi as fotos com muita atenção e reparei que havia muitos homens e poucas mulheres...Porquê?
    xx

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    1. Olá Laura.
      Começo pelas poucas mulheres presentes.
      Trata-se de dia de festa religiosa em que muitos ainda assistiam às celebrações inerentes. Mais as mulheres, evidentemente, associada à interioridade beirã (igual a tantas..),
      O almoço já havia ocorrido antes da procissão em casa de cada qual.
      O Zé optou pela festa da sua terra em detrimento da feira de Penalva do Castelo, aonde poderia ter lucros substanciais com o servir de almoços a centenas de pessoas. Preferiu, a festa de Forninhos, sua terra, servindo basicamente copos e mais copos, mas mais haveria para a clientela, a maioria homens.
      E acolher na tradição, por debaixo da sua tenda, os toques de concertina em que na desgarrada se pedem "desforras" (cismas que vêm detrás), aos cantadores da desgarrada. Coisas sentidas e levadas a sério, embora pareça um duelo de gargantas na brincadeira...
      Nas feiras, o aspecto é completamente diferente e então no tempo de férias com tantos migrantes e emigrantes.
      Um chorrilho de línguas, modos de vestir e conviver.
      Famílias completas "abancam" no Zé, por vezes três gerações, lado a lado, ajudando a limpar o plástico das mesas e por entre fumo as batatas fritas, a carne, o que houver e cada um quiser cozinhar.
      Vi na semana passada aquando fomos almoçar ao Zé. Na grelha estava a assar o que vendia a pedido da "ementa", mas também quem colocasse no braseiro, desde a costeleta de vitela, a morcela e a sardinha. Tudo ali cabe sem altercações. Impressionante.
      O Zé percebe da "poda" e cobra "a olho", na boa fé, tão grande que nunca o ouvi dizer que foi enganado. Diz ele.
      Ele que tanto trabalha!
      Que essa "pide" burlesca que mete o nariz em tudo que sabe a boa comida e bebida, não acabe um dia com o que pouco já resta destes convívios...
      Abraço amigo.

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    2. Obrigada pela resposta, Xico.
      E que a "pide" burlesca não apareça por aí. Aqui pelo Algarve tem feito das suas; Barão de São João com o seu mercado semanal de "comes e bebes" foi praticamente arrasado.
      xx

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  5. O Zé deita aqui duas dessa pomada boa , o rapazes é pra jà, garrafão debaixo do braço e toca a enxer os dois martelos até deitar fora , daquela boa jeropiga que ele sempre tem, eu olho para o meu colega, bom là terà que ser , bota abaixo, foi um sacrificio não foi Xico lolll.
    Là vamos nos até à mesa onde jà estavam as mulheres à nossa espera com os frangos acabadinhos de assar, batatinha frita, salada e aquelas azeitoninhas que ficam sempre bem.
    E claro não podiamos vir embora sem vir para a mesa a tal travessa da deliciosa marrã, tudo isto acompanhado com a rica pinga do nosso amigo Zé .
    Dia 15 de agosto fui à feira de Penalva, quando là cheguei olhei logo para o local onde Zé se costuma instalar todas as sextas, mas so là estava o lugar, fiquei contente porque o nosso amigo nesse dia escolheu a festa da nossa senhora do Verdes na nossa terrra Forninhos .
    Parabéns ao Zé e a toda a sua equipe , continuem sempre.

    Bom fim de semana a todos

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    1. Boas, David!
      Portugal tem um Zé, o Zé Povinho.
      Forninhos tem mais dois, o Zé Pequeno e o Zé Coelho...
      No nosso linguajar, a pomada é a bebida e os martelos os copos, também penalties. Para esclarecer os abstémios...
      Foi tal como dizes na Feira Nova, aonde fomos pelo Zé pois a meia dúzia de tendeiros pouco dava para comprar. Eu comprei duas facas de cabo de madeira, um queijo de cabra (fui enganado) e ficaram a rir os tralhões que os custilos eram fracos e caros.
      Aquilo também não era para compras, pois antes do meio dia, já a tenda do Zé convidava, o calor apertava e havia que arranjar lugar. No Zé é assim: desenrascar e cada qual está por sua conta num ver se te avias, mas com ele sempre servil e atento.
      - Olá Zé, cumprimentamos.
      - Olá rapazes, então o que vai ser, quantos são?
      - Meia dúzia, dissemos (esconderam duas "carriças" que ainda andam na barriga da mãe) e com uma grávida, sai o frango...
      - É já a seguir, bebeis uma agora (jeropiga) fresquinha?
      - Demora...
      E lá sob o Zé os degraus da carrinha, desaparece na parte do frio e eis que tal um imperador sai de garrafão de 5 litros por debaixo do braço.
      estava um trinco e enquanto levavas as azeitonas e pão para a mesa, acho que ainda emborquei metade da tua. Primeiro as grávidas...
      Sai o frango e o Zé na altura da sua voz de comando grita:
      - Ó Fernanda, essas batatas saem ou demoram? olha a mesas.
      Ele é assim, omnipotente!
      Belo pão, azeitonas, frango e vinho para cinco nascidos, faltava o "chefe", tinha ido à Conceição de Dornelas comprar a marrã (carne entremeada da barriga de porco) que depois seria cozinhada pela equipa do Zé e como só eles sabem com aquele forte sabor ao vinho tinto do Dão.l
      - Falta alguma coisa, querem mais...vá lá, mais uma garrafita, pagam o mesmo...diz ele e assim é!
      Soube bem, mesmo, e até pagou o "chefe".
      Para trá ficou o Zé Povinho, O Zé Pequeno e fechamos no outro Zé, O Coelho, já em Forninhos.
      Continua Zé, por muitos anos!

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  6. Xico,

    Amei ler tudo que escreveu sobre essa pessoa, chamada Zé Pequeno, que só consta no nome. É um Zé Grande.
    Com certeza, a festa não seria a mesma sem a presença dele, o toque do acordeon. Fez me lembrar de quando era pequena, e papai tocava. Tinha um vermelho.
    Deu vontade de sentar nessas cadeiras, saborear essa comida com aspecto maravilhoso, ouvindo o Zé tocar.
    Linda postagem! Parabéns pra você e pra ele!
    Abraços.

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    1. Olá Lucinha, que saudades...
      O Zé não toca concertina, a sua música é outra, atender de forma maravilhosa a gente que procura a sua tenda, mas o seu modo de falar, é melodia.
      Marca a diferença por onde passa.
      Grande Zé!
      Beijinho grande.

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  7. Olá Xico, pessoas como o Zé Pequeno já vão rareando e há mesmo que mimá-los-pois merecem todo o carinho das suas gentes!
    Mais um super texto e fotos bem elucidativas de como são bem vividas a festas em Forninhos.
    Beijinhos,
    Ailime

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  8. E tantos utilizam em proveito próprio a sua tenda...
    Ali, apetece chamar a "Capela Sistina",
    Para ser moderado...
    Que o Zé não tenha um dia necessidade de "defesa", pois esses volatizantes aproveitadores, serão bem capazes de dizer que o não conhecem de lado nenhum...até próximas campanhas.
    Beijinho, Ailime.

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