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domingo, 13 de julho de 2014

Até à Estrada dos Valagotes...

"Tão antigos como o homem devem ser os caminhos do mundo. Nas suas andanças da caverna para a fonte ou para o poiso de caça, para o açude que lhe dava os peixes ou mesmo para a floresta, à cata do pomo e amora silvestre, lá teria sua vereda esconsa o nosso avô troglodita, alongada séculos depois pelos seus filhos e netos, vasconsos, iberos, celtiberos, e lusitanos até à orca, ou a trepar os alcantis dos montes, até aos castros, ou ramificando-se até mais longe à procura de mais peixe, de mais caça, de mais fruta ou mesmo de lenha. Deviam ser escusos e meandrosos esses caminhos, quem sabe mesmo se cobertos em grande parte pela ramaria das matas e giestais". O Pe. Luís Lemos faz assim uma bela apresentação das vias de comunicação da região.


Povoado dos Valagotes

De realçar a "invasora" cultura romana que fez com que as gentes dos povoados castrenses, tal como o de S. Pedro, descesse para o vale e assim foram abrindo caminhos, primeiramente para as fazendas e de seguida outros mais largos que o corpo do homem que permitiam a circulação, embora penosa, de carros de bois, calcorreando encostas e ladeiras, permitindo durante séculos o comércio entre as comarcas vizinhas, ao mesmo tempo em que se mantiveram as poldras de granito assentes sobre o leito dos riachos e ribeiras.
Como fazendo jus ao ditado de que todos os caminhos vão dar a Roma, seria por estes caminhos onde entroncavam as vias de Viseu à Guarda e da Guarda a Lamego e uma via que vinha de Linhares. Segundo alguns investigadores, o cruzamento da procedente da Insua, dava-se em Forninhos, passando pelo Castro de S. Pedro e mais tarde foram utilizados para a invasão dos árabes, dos franceses e castelhanos. 
Depois o mais perto que houve em Forninhos, respeitante à evolução das vias de comunicação, parece foi a feitura da estrada distrital entre Fornos de Algodres e Aguiar da Beira, determinada por Legislação Régia em 1880. http://legislacaoregia.parlamento.pt/V/1/54/36/p363. É só clicar aí no azul e ver e, depois de ver, clique na setinha lá em cima à esquerda e volta outra vez para este texto:é assim que isto funciona...
E, durante séculos, a nossa terra, tal como outras  aldeias do interior do país, esteve votada ao abandono e ostracismo, num atraso e miséria atroz, sendo disso exemplo o povoado dos Valagotes, anexo da freguesia de Forninhos, em que ainda no Séc. XX as crianças para irem à escola, calcorreavam montes e vales pela serra, sujeitos a nevões e todo o tipo de intempéries e outros riscos. Os próprios falecidos eram carregados aos ombros da Irmandade por carreiros escombrosos para o distante cemitério da freguesia.
Com a revolução do 25 de Abril, criaram-se expectativas com novos horizontes e caminhos, tal como veio a acontecer então com os Valagotes que graças ao Movimento das Forças Armadas na sua campanha de dinamização rumo às aldeias, rasgou com meios militares e trabalho dos soldados, a primeira estrada, partindo da Senhora dos Verdes e onde existiam umas simples poldras centenárias na Ribeira de Carapito, à saída do povoado e no limite com Penaverde. Junto ao moinho do Bombo, foi construída uma ponte que veio permitir a circulação rodoviária e trazer uma nova esperança. 

Foto:  Povoado dos Valagotes, obtida através da pág. facebook da A.R.C.D. de Valagotes.

39 comentários:

  1. De facto, é preciso lembrar que na década de 80 (quase 90) do século XX a camioneta da carreira ainda não podia seguir sentido Forninhos-Valagotes!
    Por exemplo, para seguir para Penaverde a camioneta tinha de ir pela Matela e Matança e eu acabei por ficar marcada por este trajecto, tanto que ainda hoje me faz 'confusão' ver segui-la pelos Valagotes, mas verdade seja dita, que em pleno Séc. XXI não estamos nada bem servidos de transportes, embora com grande surpresa seja notícia o novo pavimento (em alcatrão) da "estrada principal dos Valagotes"!!! Perguntem-lhes se sabem que a primeira estrada foi feita graças ao Movimento das Forças Armadas!!
    O tempo vem-nos dando razão de que estamos no caminho certo, na divulgação da nossa história.
    Excelente 'post'.

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  2. Sim senhor! O que eu tenho aprendido aqui convosco!
    Também gostei da publicação sobre o vinho e provérbios a ele associados e da conversa gerada através dos vários comentários.
    Isto da blogosfera tem a sua graça!
    Beijinhos

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    1. Ainda bem que gosta, Teresinha!
      No caminho tracado para este Blog, estava o amor a uma aldeia com o nome Forninhos, descobrir coisas reais dos nossos antepassados, boas e menos boas.
      Assim, e alguns anos decorridos e um pouco a semelhanca dos Valagotes, temos o orgulho de ter uma "estrada" bem movimentada e com tanto ainda para descobrir...
      Beijinho.

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  3. Recuei no tempo e no espaço com esta belíssima descrição!
    Bj

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    1. E o tempo tem tanto para trazer.
      Sem falta de espaco.
      Beijos

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  4. Muito lindo e deu pra perceber bem as estradas e caminhos naquele tempo.Linda foto! bjs, ótima semana! chica

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    1. Chica, deu para perceber uma infima parte, pois esta pequenina aldeia era composta por centenas de ovinos e pouco mais que duas duzias de pessoas, no alto da serra, calcorreando carreiros com rudes e robustos tamancos nos pes.
      Estrada, nem caminhos, quanto mais...
      Beijo

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  5. Mais aprendizado sobre Portugal/ Forninhos! Bom artigo e descrições...
    Uma Boa Semana... Abraços

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    1. Ola, Anete.
      Estas terras do interior esquecido de Portugal da altura (ainda bastante agora), trazem tantas coisas vividas que uma vida seria pequena para contar.
      Um abraco.

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  6. Em cada país as revoluções vieram e levaram muitas vidas,
    mas a evolução ninguém para.
    bjs
    http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/

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    1. Pois, Simone, levaram muitas vidas e infelizmente a chamada "paz" outras tantas continua a levar, na miseria e fome envergonhadas dos corpos e almas cansadas de tanto lutar, mas sem desistir.
      Por isso ainda acredito que a (R)evolucao ninguem ira parar.
      Beijinho

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  7. E quantas estórias não terá para contar este outrora simples carreiro de cabras e ovelhas, sem curvas, mas a direito descendo a serra a caminho de Forninhos, quando não aos trambolhões de mortos e vivos...
    E as "poldras" junto ao moinho do Bombo com as mulheres desta pequena mas linda aldeola com os canastros do melhor queijo da serra, à cabeça, enquanto os seus homens passavam os animais a vau, para a feira de Fornos ou Feira Nova.
    Por destino, foram os que vieram a seguir aos filhos mutilados e mortos da freguesia naquela guerra e cujo nome desconheciam a não ser que era mais um lugarejo entre tantos, que rasgaram o caminho, nome mais próximo de estrada por onde podia passar a camioneta de feirantes do Sr. Graciano, apagando aos poucos a memória do moleiro, o saudoso Ti Bombo puxando pela arreata o animal carregado de taleigas de grão na subida; e de farinha na descida.
    O alcatrão veio muito, muito depois...e o elementar saneamento básico, vergonha nacional e autárquica, foi há pouco mais que ontem.
    O tal fado luso, aconselhava a espera do D. Sebastião em manhãs de nevoeiro que logo seria soalheiro. E parece que chegou sob a forma de "mecenato", algo raro e invulgar na futilidade actual de nada dar em troca.
    Para mim foi um milagre de Nossa. Senhora de Fátima a quem os mecenas agradecem na modernidade do seu culto, mas outra, a "verdadeira" lá se encontra com o azulejo cravado numa coluna de pedra, como que envergonhada, em sítio menos digno.
    E esta estrada, virou "A Principal", talvez circundada por artérias pedonais que devem ter substituído os carreiros rurais das courelas e lameiros e as restantes viradas aos amantes de velocípedes, descansando na sombra dos pinheiros que emolduram modernas e faustosas moradias, outrora património de todos, baldios da Junta, mas aquela vista para a serra da Estrela, deve ter custado caro...
    E ontem, dia da freguesia, Forninhos foi agradecer, nem sei bem o quê, se os bombeiros terem vindo à festa na Lameira- com tanto aparato - descansando os habitantes que afinal podem ficar descansados, pois em caso de incêndios nos pinhais, estarão à vontade; se ao pároco por dizer a missa mais tarde, coisa que nem no Dia de Natal, nem falando na missa ao sábado à hora que deixam...
    Cá para mim a culpa é da estrada e do cheiro dos pinheiros bravos e porco assado: abriram horizontes e blindaram a tacanhez das mentes, como convém.
    O padre vem entusiasmado, nunca viu tanto fiel junto. O Centro levou quem devia e queria. A Junta pôs a mão na cinturinha e os habitués do osso da comezaina na barriguinha.
    Vamos ver no dia do Jubileu da Irmandade e dia da Padroeira de Forninhos, quantos lá estão.
    Quase apostava um porco assado em como não chegam a meia centena, ou por aí.
    Mas havendo porco...

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  8. Paula, muito interessante essa história das estradas de Forninhos e de como tudo isso influenciou no progresso e no dia a dia da cidade. Gostei muito! bjs e boa semana,

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    1. Mas em nome do progresso destruiu-se o tipismo das aldeias e podemos dizer que todos os povos abriram caminhos que no fundo levaram gerações e gerações para fora.
      Beijinhos e boa semana tb.

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  9. Há uns anos escrevi "já nem as tradições mais enraizadas escapam, para tristeza de todos aqueles que tiveram oportunidade de as viver com emoção."
    Conta-se que em 1951 ainda foi a procissão de Santa Marinha de Forninhos, pelos caminhos de S. Pedro ao encontro do povo de Penaverde no "Alto dos Valagotes", para entrega da imagem de N.S. de Fátima. Quando foram lançadas pombas brancas, algumas pessoas até afirmavam ter visto a Virgem! O nicho em granito com um azulejo com a imagem daSenhora e as pombas ainda lá está, mas...na sombra de outro modernamente construído, para que efeito? Se calhar para o padre da paróquia rezar missa para os que habitualmente não vão à missa!
    Mas há tanta construção que não serve para nada, por isso...avanço até à Serra da Estrela.
    O que dizer da vista para a Serra? Espectacular! Até já ouvi dizer que graças às "trocas e baldrocas" uma passagem, com certeza rasgada pelos nossos antepassados, para S. Pedro "já era". Hoje o que foi baldio (terrenos, caminhos/passagens) é de propriedade privada! E ainda criticaram "forte e feio" quem escriturou e registou os terrenos baldios, porque assim a Jf podia vender o nosso património rústico! Pois, de lá para cá falta saber quantos artigos, matrizes, foram vendidos afinal.
    Quando a esmola é muita, o santo desconfia, não é assim que dizia o povo antigo? Sim, porque o povo de hoje se desconfia ou sabe algo, come e cala-se!
    Mas com isto já me ia a esquecer da primeira estrada até aos Valagotes, que partia da Senhora dos Verdes e dos itinerários que passavam por Forninhos e que seguiam por S. Pedro (não Valagotes).
    Foi pena o padre que respondeu às perguntas dos Serviços da Monarquia orientados pelo Marquês de Pombal não ter respondido à questão sobre as pontes. Mas a que hoje existe à saída do povoado dos Valagotes, não existia de certeza absoluta!
    E as calçadas romanas?
    Pena tenho eu que ninguém se recorde sequer dos restos.
    No entanto, não esqueço, que havia na minha aldeia calçadas empedradas, que foi pena não terem mantido o casco antigo.

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    1. Quem sabe se ambos num futuro proximo, ambos vamos parar a barra do tribunal - ou pior - pelo que aqui se escreve com coragem, ate hoje sem desmentidos, mas as ameacas veladas, traduzem odio destilado pelo incomodo causado. A tal acontecer, todos os que por aqui passam sao testemunhas do nosso testemunho.
      Adiante...
      Esta estrada dos Valagotes, tal como outras similares, trouxe "apetites", bom acesso, perto da freguesia, vista lindissima, veio o Parque da Senhora de Fatima, homenageando a Sua peregrinacao por Portugal, mais de meio seculo atras, e o que parecia ser um local de fe mariano, depressa se transformou no parque de merendas e ainda bem.
      A embrulhada promiscua de Forninhos, nao soube zelar e salvaguardar este patrimonio, muito menos gerir e vai dai, vendeu-se .
      Assumo o termo vender, pois muita coisa se vende, fisica, espiritual, para nao referir os Sete Pecados Capitais.
      O termo "amouchar", significa o mesmo que "virar o rabo para Espanha". Assim foi! O Cabral foi ao Brasil e rasgou novos horizontes, agora "os brasileiros" vieram a Forninhos e rasgaram antigos baldios, imitando as concessoes desses tempos.
      Ca esta, porque o povo "amouchou" O Cabral ergueu cruzes, "estes", igrejas e capelas no cemiterio.
      Penso ser legitimo perguntar a conta de que e a que preco, pois quando a esmola e grande...
      Em tempos muito recentes, fui censurado e apagados os meus comentarios na pagina da freguesia,por abordar estes assuntos. Revoltei-me e voltaram a ser colocados...e como oficialmente me convidaram a discutir pontos de vista e debater nao sei o que, Agosto servira tambem, penso eu, para deslindar algumas suspeitas.
      Quanto a esta estrada e ponte, ha muito deveria ser chamada de algo que reflectisse o labor dos militares, no minimo que em vez de "estrada principal", se chama-se 25 de Abril!
      Ou sera que o modo e compromissos obscuros tal impedem, nao se de o caso de tal nome ser incomodativo...
      Falas das calcadas romanas, devem estar os seus restos no mesmo museu das moedas e do machado, ou na villa da Pardamaia ou nos Valagotes, junto a algum sarcofago que servia de pia para os bois.

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    2. Não me admira nada...a mim já me quiseram levar a tribunal, sendo o assunto levado e tratado em Assembleia de Freguesia!!! Isto, devido a um email que dirigi à Exma. Junta de Freguesia de Forninhos, em 2010, acerca da forma como S. Excelências criaram o "dia da freguesia", etc... Na mesma altura foi a Junta recebedora dum ofício a interpelar o executivo sobre alguns pinheiros retirados do baldio por terceiros e tal ofício não foi levado à Assembleia sequer!!!
      Portanto...espero tudo deste tipo de gentinha!
      Quanto à Estrada dos Valagotes já que foi graças ao 25 de Abril que foi feita, ficava muitíssimo bem chamar-se 25 de Abril, sim Sr.! Mas este é um nome incomodativo, como dizes, ainda vão é dizer que não têm conhecimento de tal...e sobre a passagem para S. Pedro e terrenos vão, na volta, dizer que só venderam por 24.000 e tal euros um 'único' terreno de lages, sem passagem, sem pinheiros, sem vista para a Serra da Estrela. Ou, então, vão dizer que apenas têm seguido aquilo que já vem de trás...desta gentinha podemos esperar todas as situações hilariantes!

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  10. Nunca tinha ouvido falar de Valagotes!
    Valagotes é um exemplo do ostracismo e completo abandono a que foram votados tantos lugarejos e aldeias no interior do país. Uma das razões que não a única a fazer com o que o país se incline tanto sobre o mar que um dia nele se poderá "afogar".
    Ainda bem que o 25 de Abril serviu para tanta coisa; até para abrir algumas estradas e pontes onde não existiam. Valagotes embora possa sofrer ainda de isolamento, pelo menos tem uma via de comunicação com o exterior,o que na verdade tanto possibilita a entrada como a saída, mas é essencial.
    Um belo post, muito bem escrito.

    Estive esta tarde a dar uma espreitadela nos post que não tinha lido, e até noutros que já tinha lido, foi um pouco como folhear um livro... Gostei muito da "enxerga de palha", e lembro-me de ter dormido numa... do post sobre os aerogramas dos quais tenho vaga ideia, porque a minha prima mais velha os recebia do namorado. Mas adorei o quintal do sr. João com o seu rádio a tentar espantar os pássaros, não esquecendo aquele casal maravilhoso com mais de 50 anos de casados.
    Tudo sempre muito interessante. Obrigada ao Xico e à Paula por fazerem algo que pode ser justamente chamado de "serviço público".
    xx


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    1. Boa tarde, Laura.
      Abusando desse ostracismo e abandono, "em terra de cego qualquer um e rei" e de tanto noutros tempos se curvarem necessitados por uma malga de sopa com unto, os seus filhos e netos tal nao perceberam, esquecendo as palavras de antevisao do futuro de que tambem se pode comer de cabeca erguida, mas mais comodo, inclinado, posicao afinal quase fetal em tantos. A receita que mudou, foi substancialmente para o porco no espeto e frango assado a precos low cost ou ofertas.
      Se antes esqueciam as comezainas em prol da missa, cada coisa em seu lugar, hoje a barriga segue a missa, olhando nervosa o relogio por o padre nunca mais acabar e o banquete arrefecer!
      Quem viu e desejou o melhor para os Valagotes, jamais imaginou que um dia seria um "Condominio Privado" de referencia regional.
      E olhe , Laura, por esta terra tambem passram algumas enxergas de palha (quem tal podia) e os famigerados aerogramas que deixavam as maes com o credo na boca.
      Obrigado Laura pelo seu testemunho e estimulo.

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    2. Essa dos preços low cost está demais!
      E, é vê-los vir de todas as direcções e a cantar "indo eu, indo eu, a caminho de Viseu..."
      Tenho para mim que o gratuito já começa a transformar-se em low cost por tantas vezes aqui repetirmos o mesmo. Temos de continuar e seguir o conselho de Vergílio Ferreira: "Não te coíbas de repetir o que já disseste, porque és pequeno e só assim talvez será possível que te ouçam".
      Agradeço também à Laura o comentário supra. Sobre o assunto "vias de comunicação" gostaria de poder informar mais, mas as fontes são muito vagas. Muitos investigadores sobre as vias romanas que passaram pela região chegam a colocar as questões no condicional (o que retira certezas da matéria).
      Pelo menos sabemos que Valagotes só começou a beneficiar de estrada e ponte na segunda metade do Séc. XX.

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  11. Xico,

    Acho que passaria horas ouvindo as histórias de Forninhos e aldeias de Portugal.
    Todas as vezes que venho aqui, fico surpresa com o que vocês postam.
    Passei pra deixar um abraço pra você e Paula.

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    1. Se Deus quiser e nos deixarem, muitas outras traremos, por dever de partilhar e registar testemunhos de vida dos "nossos" antepassados, sobre os ombros dos quais assentou muita da pedra da construcao da nossa aldeia.
      Muito bom voltar a ver a Lucinha por aqui.
      Um abraco grande.

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  12. Compreendo a "confusao" pois quem sonharia ver a carreira subir aos Valagotes, coisa inesperada ao ponto de ao entrar em Forninhos nem sequer poder contornar a rotunda da fonte do chafurdo, invertida. Segue a direito, mas havendo algum acidente, valha ao menos a sombra da cobertura de duas paragens da camioneta, siameses de tao proximas que uma acanha a outra, enquanto o outrora nobre Largo da Lameira, continua revestido a zinco, talvez para aquecer ainda mais o verao!
    Afinal a Lameira nao existe, apenas por ali passam viaturas aproveitando e ainda bem a "estrada principal" que bem merecia, esta sim, uma referencia a quem a fez, mas nao acredito em tal. Fruto da Revolucao poderia alguem alcunhala de "vermelha" e ofuscar o "laranja".
    Melhor ficar quietinho e quase todos ficam contentes, a cidade la no Alto, agradece, a capital do Lugar incha de vaidade e a Lameira, Outeiro e Ribeiro, murmuram "que se lixe, eles ficaram com tudo, o Centro, a Igreja, a Junta, ate o cemiterio, que havemos de fazer...".
    Quem sabe nao "aparecam uns americanos" e erguem um condominio no Castro em S. Pedro, ate ja teve cemiterio, abrem uma estrada, o padre reza ao domingo a missa antes de almoco e estes tres bairros ficam livres dos caciques, ou nao, passa a ser anexa da freguesia dos Valagotes.

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  13. Olá Xico, por estas e por outras é que quando oiço alguém a dizer que há estradas a mais no nosso Pais fico enervadíssima! É mesmo este o termo!
    Para já excelente este artigo pela temática e muito bem escrito, como sempre!
    Depois só quem não viu “in loco” como as pessoas antigamente se deslocavam, como tinham forças para aguentar tanto, sem reclamar, cansadas atravessando caminhos estreitos, por entre canaviais e silvas, ribeiros, para chegar às hortas que lhe davam o pão é que não ficarão sensíveis a um assunto como este!
    Quilómetros e quilómetros a pé para ir ao concelho tratar do que era necessário!
    Aliás, ainda existem situações semelhantes, em várias zonas do Pais, e como e possível tanta desfaçatez!
    Felizmente que em Forninhos se abriram vias que vieram encher de esperança as suas gentes, mas decerto muito ainda para fazer!
    E termino como comecei, não me venham dizer que há muitas estradas…
    Beijinhos e obrigada!
    Ailime

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    1. Ailime.
      Adorei o seu comentario sempre especial por comungar vivencias tao parecidas, fica mais facil mas ao mesmo tempo mais emocionante por ser uma partilha real.
      Nao senti propriamente "na pele" o que outros mais sofreram, mas recordo tantas e tantos, partirem com os rebanhos para os montes, de tamancas e pes quase descalcos, trilhando a neve e secando as roupas no corpo por trilhos que so esta gente guiados pelos rebanhos, conheciam.
      Ir a feira a uma duzia de quilometros, a pe e tamanquinhas na mao, levando o acarreto do queiijo no canastro ao ombro do homem e os cereais na cabeca da mulher...tendo como referencia os penedos do caminho.
      Na entrada da feira, tamancos e tamancas nos pes, de tao calejados que nem as silvas ou arestas das pedras se faziam sentir.
      Como um dia contei, fui dado como morto e baptizado a "correr", mas reagindo aos poucos, fui levado noite dentro a Dornelas, aldeia proxima, nos bracos da minha mae e avo Maria, passando sobre podras de ribeiros, embrulhado num xaile.
      Carros, se nem estrada nem medico, quanto mais...
      Agora tudo se esquece, ou por vergonha de contar ou por vergonha de ouvir!
      Obrigado eu, Ailime. Beijinho.

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    2. Boa noite Xico, não resisti a deixar um pequeno comentário em primeiro lugar para lhe agradecer o modo como recebeu o meu desabafo!
      Um desabafo por ter tido uns avós maravilhosos e embora eu não sofresse directamente as agruras desse tempo, ficaram para sempre no meu coração pela forma tão elevada como viveram e sem os quais hoje não estaria aqui a dar testemunho do que foi as suas vidas e da relevância que tiveram na minha vida!
      Bem-haja e um beijinho.
      Ailime

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    3. Bem haja, nos por ser a Senhora que e a termos como amiga e confidente.
      Um privilegio.
      Beijinho.

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  14. A meu ver, em termos de estradas, Forninhos tinha há 250 anos mais importância que tem hoje, atendendo que havia uma rede de estradas romanas que passavam e cruzavam em Forninhos! Quer o troço que vinha de Linhares, quer o troço que partia da Insua por Esmolfe, passou por Forninhos e zona de S. Pedro.
    Hoje, digam o que disserem, só passa por Forninhos e Valagotes quem de lá é! Ou, então, quem ali vai parar por engano.
    As estradas que hoje ficam é só um passo adiante relativamente aos itinerários antes existentes.
    A Ailime fica enervadíssima quando ouve dizer que há estradas a mais no nosso país. Eu fico enervadíssima quando ouço dizer que o Poder Central nada faz pelo interior! E o Poder Local o que faz? Limitam-se a fazer uns melhoramentos a nível de ruas, largos e cemitérios, erguem uns monumentos em homenagem de "A" e de "B" e lá fazem uns protestos quando a escola ou tribunal da localidade está prestes a encerrar! Ah, também fazem festas e comezainas...muiiitas.
    Já no litoral as políticas acho eu são bem diferentes.

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    1. Plenamente de acordo, infelizmente.
      Quando Forninhos se comecou a fazer, ou melhor, nascer, la em cima, na serra de S. Pedro, tinha uma importancia vital e estrategica, quer em termos belicistas, quer em termos de sustentabilidade das varias camadas de invasores e dos proprios filhos lusitanos.
      O mal foi quando se comecou a acomodar, muitos seculos depois, modernos se quiserem, na preguica vaidosa, na vergonha subserviente, na mentira e intriga e acima de tudo, na promiscuidade de interesses que de tao confiusos ninguem sabe quem manda em quem e havendo quem mande nao sabera em que.
      Os nossos avos, sabiam os caminhos de cada um, a "passagem" a que tinham direito e sempre limpos, pudera, nao havia outros, pois por ali tinham de passar em cima do carro das vacas as dornas da vindima e um tombo seria uma desgraca...
      E quase custa acreditar que agora a sempre chamada "estrada" em Forninhos tenha subido a categoria de "Avenida Principal" e a unica rua , se assim se podia chamar, dos Valagotes, agora denominada de "Rua Principal".
      Com certeza coisa dos doutos, canudo tirado na faculdade de algum "Relvas".
      Mas havera quem esfregue as maos de contentamento por esta Estrada dos Valagotes...

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  15. Muito interessante este estudo sobre as estradas e de como elas são a mola de desenvolvimento social.
    Beijinhos

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    1. Pois, Nina, obrigado.
      Mas deixe que acrescente, infelizmente muitas, tais como esta, tambem podem ser mola de aproveitamento e letargia mental.
      Depende do ponto de vista e conhecimento pessoal.
      Beijo.

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  16. Oi xico!
    Sim, desde que o homem é homem que vive desbravando caminhos e estradas para melhor viver, se comunicar e expandir seus horizontes. O que acontece no interior de Portugal quanto ao abandono desses caminhos que não tem empenho por parte dos governantes, acontece por muitos interiores por esse mundo de meu deus. Mas cabe também ao povo reclamar por essas melhorias, mas isso nem sempre fazemos, pois nos esquecemos que juntos temos muito mais poder e pouco fazemos, mas quem sabe o seu blog venha a aguçar essa vontade no povo dai e comecem a reclamar por seus direitos.
    Adorei a matéria e os comentários.
    Beijos!

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  17. Se quisermos ser totalmente sinceros temos de dizer que Forninhos ainda tem os chamados "caminhos de cabras", que adaptados à vida moderna podem ser chamados "caminhos de tractores", ou seja, uma estrada estreita, mais ou menos alcatroada. Mas, para nós, atendendo ao trânsito que tem (quase nenhum), é uma estrada razoável.
    A dos Valagotes parece que agora até está melhor alcatroada que a de Forninhos. Porquê?
    Estou com a Fátima, o homem vive desbravando caminhos e estradas para melhor viver. Forninhos tem na sua história muitos exemplos.
    Se calhar muitos dos caminhos rurais que ainda hoje existem foram alargados pelo homem dos castros que foram empurrados para o vale pelos romanos; outros caminhos e outras estradas graças ao 25 de Abril e ao Poder Local também.
    As mudanças que aconteceram em Forninhos, de uma forma ou de outra, são devidas ao 25 de Abril e, depois, ao Poder Local.
    Foram os autarcas que ao longo dos anos contribuíram de forma decisiva para modificar “o rosto” da nossa freguesia, contribuindo para resolver carências básicas da população, como o abastecimento de água, electrificações domiciliárias e públicas, rede de esgotos, melhorias dos arruamentos da povoação e outras. E tudo isto em boa hora aconteceu. Agora o povo tem de reclamar por seus direitos e é de direito ter uma estrada bem alcatroada, tal como os Valagotes já tem!

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