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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Mezinhas caseiras

Já não é a primeira vez que falo em mezinhas aqui n'O Forninhenses, pois sou fã dos truques que o povo ao longo dos séculos encontrou para se defender dos males. Só que não é desses remédios que vamos agora falar, mas de truques caseiros que os nossos avós usavam para afastar bichos e combater bicharocos. Por exemplo: Sabe para que servem os cabelos (do barbeiro)? E a fuligem da chaminé? Ao ler o resto do 'post' vai saber...


Em Forninhos os agricultores espalham cabelos cortados nas hortas para evitar que os coelhos bravos comam as couves. Parece que também funciona com os javalis.
Para combater as lesmas que atacam as hortaliças espalham sal na terra. O sal na terra serve também para matar o alfinete do milho e das batatas.
Mas estamos ainda em Novembro de 2013 - "dos Santos ao Natal é inverno natural" - então, nestes dias de muito frio é costume usarem a cinza e a fuligem da lareira nas suas hortas. A cinza, disseram-me, tem duas finalidades: evita que os pássaros comam as sementes, por exemplo, do cebolo, já que assim têm mais dificuldade em vê-las e serve também para aquecer a terra. 
A fuligem da chaminé é usada, sobretudo, no canteiro dos alhos, para os fortalecer.
Será que funciona?
Experimentem, pois sem agrotóxicos, os alhos e hortaliças serão orgânicas e só farão bem à saúde.
Frequentes nas hortas também são as escova-terra (as toupeiras) que podem estragar muito os canteiros e jardins. Fazem grandes montes de terra e desenraízam as plantas. A solução é também usar um remédio caseiro ou uns canudos, mas confesso: não sei o que melhor as afasta...
Certamente terão mais informação a acrescentar a esta minha recolha; é só uma questão de avivarem a memória.

18 comentários:

  1. Que dizer deste Post? Excelente!
    Não somente por recordações de tratamentos sobre os frutos, tipo mezinhas, o que é verdade e ainda perdura, a tal ponto estarem na moda os produtos biológicos, sinal da sua eficácia. Os velhos é que sabiam...
    Quem diria que nos dias de hoje, a cinza tinha e tem tamanhas virtudes. Dava para tudo, no geral como estrume, fertilizante caseiro e entre tantas coisas, afastava o "formigo", bichos minúsculos que atacavam os feijões, quando estava frio, aquele frio de verão...
    E a moléstia nas batatas, Dava no pé, a rama murchava, apodreciam. A isso se juntava o escaravelho americano que até ao "remédio" resistia.
    Na arranca, vinham os tubérculos podres e a terra tinha ficado maligna. Lá se tinham ido as batatas e o pedaço de terra de cultivo, contaminado. Que fazer, esperar mais dois anos até a terra, de quarentena esperar nova sementeira, pois no ano seguinte tinha de expurgar o "veneno".
    Na sabedoria popular, sempre a mesma receita: Deitar no solo, sal e cal, envolvida na certeza que depois da cura, elas, as batatas, vinham melhores do que nunca!

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  2. Maravilha e essa sabedoria tem fundamentos sempre! Belo post, como sempre e com boas dicas! beijos,tudo de bom,chica

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  3. Bacana e curioso, Paula! Há sabedoria e ótimos resultados nesses truques naturais...
    Ah, falando em bichinhos, passei o final de semana numa chácara e como desejei um repelente p afastar o tanto de "mosquitinhos" que ficavam no rosto nas horas das refeições e reuniões/palestras que tivemos... Penso que o perfume doce que usava os atraiam ainda mais... Uau, agonizante!

    Dê um pulinho por lá, TEM BOLO!
    Bjs

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  4. Vim agradecer o carinho!

    Hoje só isso posso fazer! Correrias muitas, mas das boas!rs

    beijos, obrigadão,chica

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  5. Vivendo e aprendendo... sempre!
    As coisas que vocês sabem!!!
    Dá gosto vir aqui ler o que escrevem no blogue e respetivos comentários, alguns igualmente deliciosos e didáticos.
    Um beijo.

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  6. Oi Paula, concordo com o comentário do Chico, sobre a sabedoria popular e como os antigos deram muita contribuição para o futuro, como eles sabiam tudo e se preveniam e se curavam usando as ervas e coisas outras, na vida e no manejo da agricultura. Adorei o post!
    Beijos!!!!

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  7. O título do post é bem mais abrangente e provocador, no bom sentido, do que as mezinhas habituais, sobre o corpo.
    Este também contempla o copo dos copos, a mãe natureza, não por doença própria ou congénita, mas para remediar com receitas e sabedoria popular, o mal que sobre ela é feito e assim e em proveito próprio a regenerarmos.
    À época, aquando não havia adubos e outros fertilizantes industriais, a terra tudo supria.
    Desde o estrume que a "cama" dos animais produzia , próprio para culturas específicas, até ao mais simples: uma moreira de estrume!
    Nas matas de pinheiros, arrebanhava-se a caruma, giestas e fetos, entre outros, sendo estes mais comuns. Assim se fazia uma parede redonda e alta destes apanhos no inverno e ali ficava até Março, já fermentado e rico para satisfazer o apelo da terra, pronta e ansiosa pela sementeira.
    E era nessa cama sulcada pelos arados puxados por vacas que este estrume se deitava, qual leite alimentando as sementes que viriam a seguir e que embora consumido, não vendo a beleza das crias por si ajudadas a nascer fortes e viçosas, dormiam em tranquilidade.

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  8. Não falei no meu post , mas pulverizei sal nas prateleira e por enquanto não tive mais estas indesejadas visitas.
    bjs
    http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/

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  9. Olá a todos e muito bem-haja por comentarem este tema.
    Do "baú" consegui tirar mais um truque que quero partilhar:
    Quando o cebolo está fraco, sabe o que os antigos lavradores faziam para o fortalecer?
    Faziam adubo feito de urtiga!
    Deixavam, cerca de 10 dias, num balde urtigas com agua do poço ou da chuva, a curtir, e depois aplicavam.
    Quando se diz "para aí" que as urtigas e os cocilhos não servem para nada...é mentira.

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  10. Boa tarde.
    Mais uma que hoje aprendi, os urtigos para fazer adubo. Bem essa é nova, pois não sabia, mas para que servia?
    Ouvia as pessoas dizer que para afugentar os coelhos usavam os cabelos cortados, as cinzas da lareira para matar os bicharoco do cebolo, etc.
    Mais uma vez se pode dizer que este Blog vai bem.

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    1. Sim, há muita gente que me diz que este blog enaltece e enobrece as nossas raízes.
      O tal "adubo de urtiga" servia/serve para fortalecer a raíz do cebolo. Era uma forma de adubação, tal qual como tantas outras.
      Hoje é também muito usado nos pés de tomateiros e pepinos.

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  11. Adoro esse tipo de dicas e sei, por experiência própria, que a cinza da lareira enriquece o terreno.
    Beijo

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  12. Regressei ontem de Forninhos onde passei 3 semanas em contacto com a natureza.
    O ano passado tive um problema com as toupeiras no meu quintal; para resolver a situação abri uma das suas galerias deitei lá veneno dos ratos embrulhado em papel higiénico para não derreter com a humidade e voltei a tapá-la; no dia seguinte só se viam pedacinhos do papel espalhados pela terra e as toupeiras desapareceram.
    Mais tarde vim a saber que há outra maneira das fazer desaparecer; abre-se uma galeria e enfia-se lá uma mangueira com jacto de água para destruir o seu armazenamento de comida.
    Há alguns anos visitei a Herdade do Esporão no Alentejo e verifiquei que plantavam muitas roseiras no topo sul das vinhas. Vim depois a saber que as roseiras atraiam as joaninhas, que por sua vez comem as pragas que vêm do Norte de África.

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  13. Na nossa terra, também há quem use o trovisco para afastar as toupeiras. O trovisco é um arbusto que liberta um odor que lhes é desagradável.

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  14. Assalta-me o pensamento, tantas coisas que usando e continuando a tradição, se faziam na nossa aldeia. Por norma, até por Forninhos ser e ter sido terra de lavradores, que nessa postura se cingiam à vinha, batata, cereais e oliveiras, aqui já documentados sobre os hábitos (mezinhas) de espantar maleitas dos solos e obtenção de produtos, sãos e escorreitos.
    Saltemos dos terrenos agrícolas para a água, pois Forninhos tem a felicidade de ter em abundância este líquido precioso, quer através de ribeiros, ribeiras e o nosso rio Dão. Aqui entra a mezinha do "Embude".
    O embude é uma planta quiçá venenosa nas suas raízes, que nós em miúdos procurávamos no leito da Ribeira de Cabreira a segui ao açude e no rio Dão.
    Nestes, por volta de Julho e Agosto, as águas iam faltando aos cabaços e motores de rega, para as últimas regadas de milho, quase pronto e a erva que a seguir viria e formavam-se pequenos charcos de água aonde se refugiavam barbos e enguias.
    A gente queria peixe, não só por brincadeira, mas para levar para casa, o anzol já não dava, não havia profundidade, além de que mais uns dias, fugia a água e os peixes morriam. Melhor apanhá-los e comê-los.
    Aqui entra o "embude". Das raízes arrancadas que esmagávamos com seixos, juntávamos um pouco de lama, havendo quem misturasse um pouco de cal viva (isso os mais velhos) para ter efeito mais rápido, fermentando de um dia para o outro, em bolinhas guardadas por debaixo de pedras do rio. No dia seguinte, tapava-se a pouca corrente, atirava-se a mezinha. Com um varapau, agitava-se a água, chafurdando para diluir o produto e em pouco tempo, os peixes entorpecidos,eram apanhados à mão e os maiores, voavam para a areia.
    Era um fartote, mas dos mais proibidos, apesar de não matar os peixes, nem as enguias que vinham à borda da água e eram apanhadas com folhas das aboboreiras que com os seus pico da folha, impediam que elas deslizassem.
    No fim, abriam-se os regos de água, que se renovava sem sobressaltos.
    Assim se começava a fechar um ciclo que voltaria no ano seguinte...

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  15. Paula,que post interessante! Essa do cabelo achei muito engraçada! Nunca poderia imaginar! bjs,

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  16. Pois ;)
    Quando pensei e fiz este 'post' foi porque achei ser importante deixar registado o conhecimento que me foi, até hoje, transmitido por familiares e porque cada vez mais se fala na produção agrícola baseada nos conhecimentos tradicionais da agricultura.
    Acho de grande utilidades estes ensinamentos, sem o uso de produtos químicos. Com o uso de métodos, digamos, ancestrais, " a saúde" do ecossistema agrícola melhora.

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  17. Boa noite Paula, já vi que me atrasei na visita ao vosso Blogue sempre com temas tão interessantes! Adorei saber sobre todas essas mezinhas para afastar os bicharocos. Cada terra tem os seus costumes. Desta vez não posso dar o meu "testemunho", porque o meu avô, atrás de quem sempre andava, não me recordo de colocar nada de espcial para afastar este bicharocos! Apenas me lembro dos estrumes para adubar as terras e nos quais também fazia pequenas estufas de alfaces e tomateiros;))! Beijinhos. Ailime

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