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domingo, 12 de dezembro de 2010

Breve visita virtual à aldeia de hoje

A aldeia de Forninhos, localizada a Norte e Poente da Serra que a abriga do vento traiçoeiro que nunca é bem-vindo, o suão:




Ainda há muita casa bonita para restaurar, autênticos tesouros históricos destas aldeias da Beira Alta

Outras já foram restauradas preservando a traça antiga, que nos transmitem uma certa graça


Uma palavra de louvor para estes proprietários.


Também se vêem aqui e ali, algumas em reconstrução, embora aqui, não seja possível preservar o seu interior.

Mas ainda há os que fizeram essa aposta e restauraram a sua casa, com aproveitamento total dos madeiramentos interiores existentes, como podem ver na foto acima.

As ruas estreitas e empedradas, também emprestam uma graciosidade, que só sobressai nestas aldeias Beirãs.

E oxalá não venham mais fazedores de cimento armado.
ENCANTOS DUMA ALDEIA BEIRÃ, ONDE AINDA HÁ CASAS e RUAS RÚSTICAS

16 comentários:

  1. Uma das respostas ao abandono da aldeia passa pela requalificação de ruas e casas antigas. Ruas e casas estas, que fizeram esta aldeia da beira, Forninhos, e a elas está ligada a identidade de todos os forninhenses. Temos de facto de louvar quem o faz.
    Este excelente post espelha bem como muitos forninhenses, principalmente os que optaram por sair desta bela terra em busca de uma vida melhor, não esqueceram as suas origens. A aldeia até pode ter-se despovoado, mas temos de reconhecer que foi com a ajuda dos que saíram (que foram bastantes) que a aldeia cresceu e isso vê-se, quer pela quantidade de casas novas que construíram, quer pela preservação e recuperação de casas antigas.

    Sobre as Ruas de Forninhos, muito haverá também a dizer, mas apenas uma breve nota, é nas Ruas, Lugares de Forninhos, que se encontram casas que são as autênticas “preciosidades” arquitectónicas da aldeia. É óbvio que a Igreja e Capela, Casas de Turismo Rural, são importantíssimas, mas se quisermos falar de especificidade e ancestralidade de modelos arquitectónicos marcantes, os verdadeiros símbolos e imagem de marca da aldeia são as casas rasteiras em pedra, de pequenas dimensões no cumprimento e largura, conforme o espaço o permitia.

    Numa altura em que a palavra crise é a que mais se ouve, será que uma das respostas à crise não podia ser a requalificação e divulgação destas casinhas? Que recuperadas poderiam ser um cartaz turístico?

    Votos de um óptimo Domingo para todos os que nos visitam virtualmente no dia de hoje :))

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  2. Ja vi que tal como eu, voce tambem prefere a restauracao das casas antigas de pedra.
    A minha como foi construida de raiz e mais moderna, mas de uma maneira geral integrada na paisagem, no entanto e embora pudesse ter feito os muros mais baratos em betao e blocos de cimento, preferi faze-los todos em pedra!
    No entanto como a minha casa se encontra incluida numa urbanizacao nova, nao destoa.
    Ja a dos meus pais que metade me vai pertencer um dia, esta restaurada tal qual foi construida em principios do seculo XX.
    Adorei ver esse interior usando o madeiramento antigo que provavelmente e de carvalho ou castanho!
    E linda a sua aldeia!
    Um abraco de amizade dalgodrense.

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  3. É verdade al Cardoso, estas casas restauradas ficam muito bonitas, felizmente que já começa a haver um pouco de sensibilidade para estes restauros, principalmente para a preservação das paredes, já que a madeira é mais difícil. Isto não só por parte das pessoas que partiram das nossas terras e estão a regressar, ou para virem passar as suas ferias como até mesmo por residentes. Ainda bem, só é pena que as autoridades autárquicas ainda se não tenham apercebido da importância que representam estas casas como testemunho duma época da qual a sua geração está quase a desaparecer, e a necessidade de preservar esta identidade para a região.
    Obrigado por ter gostado do interior da minha casa, os madeiramentos são realmente de castanho e carvalho, doutra madeira não seria possível manter-se por tanto tempo, esta, não sei a sua idade, mas provavelmente é mais velha do eu, porque na aldeia ninguém se lembra de quando lá foi colocada.
    Um abraço para todos que visitam.

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  4. Sim ver o restauro dessas casas antigas é mesmo de louvar, pena é que algumas delas võ mesmo acabar por ruir porque não há quem lhes ponha a mão, e isto porquê? Porque essas casas embora pequenas, foram erdadas por várias pessoas e elas ou não se entendem de modo a dar um destino nessas casas ou estão pura e simplesmente "burrifando" para o caso.

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  5. tenho assistido a várias recuperações dessas casas em que algumas ficam lindas, parece que o bom gosto regressou a Forninhos, bastou que uma casa tenha sido restaurada e logo outras se lhe seguiram, só tenho um reparo a fazer, não alterem a traça das casas antigas mantenham-nas como elas são, a camara de Aguiar da Beira não devia permitir que a recuperação de casas antigas não altere o que essas CASAS FORAM UM DIA, não sei se conhecem a Vila de Óbidos junto a Caldas da Rainha, pois é digno de ser visitada porque ainda se encontra exactamente como era da sua fundação, e qualquer obra tem que obedecer a um estudo e não é permitida qualquer alteração da estetica. Por isso digo recuperem mas não estraguem.
    Um amigo.

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  6. Sem dúvida que um pouco de culpa recai sobre os proprietários, umas vezes, por questões de partilhas, outras vezes, porque herdam e não querem vender, e como dizes João, estão-se “borrifando”, nada fazem e, assim, cada vez mais essas casas (tesouros históricos como diz o Sr. Eduardo) se vão degradando.
    Mas a autarquia também se “borrifa” e MUITO, tem falhado e MUITO, porque muitas vezes a Câmara prefere apoiar uma qualquer construtora que lhe dê uma boa contrapartida, do que apoiar qualquer iniciativa particular de restauro de um imóvel rústico inserido numa aldeia rural como Forninhos. A ajuda que a Câmara dá, é aumentar o imposto municipal sobre os imóveis (IMI). E, mais…são inadmissíveis os valores cobrados pelos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento da Câmara Municipal de AGB. Há casas em Forninhos que estão fechadas praticamente todo o ano e os proprietários pagam mais de água do que eu na Amadora!!!

    Mas deixo-vos algumas perguntas no ar?
    - Não houve já casos em Forninhos em que a autarquia, em vésperas de ano eleitoral, deu ajudas para obras de recuperação?
    - Essa ajuda foi para todos ou foi só para uns?

    Era bom que os forninhenses residentes fizessem reflexões acerca das forças políticas e líderes locais que se eternizam nos cargos e vejam "com olhos de ver" o que têm feito por Forninhos.

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  7. Conheço a vila medieval de Óbidos. Casas, Janelas, Portas, Ruas, Travessas, tudo bem cuidado, não tenho a certeza, mas acho que nem os fios de electricidade são visíveis. Esta vila medieval é mesmo um caso a parte.

    Agora um segredo, que ninguém está a ouvir e, só para os que estiverem interessados: Abram o Post “Os Resineiros” e vejam o comentário de Vítor Brito (14.º comentário). Se alguém quiser prestar alguma informação, ou, se a Junta de Freguesia de Forninhos o quiser fazer, fica a informação que é para que não digam que ninguém avisou.

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  8. Casa beirã.

    “O beirão só conhece a casa para cear, dormir e nela se acoitar da fúria dos elementos.
    Por isso ela é pobre de cómoda, desalfaiada do menor conforto, do mais simples arranjo.
    Quatro paredes tôscas de granito sem reboco exterior, lojas térreas para os animais, para a arca do milho, para a pipa do vinho;
    Por cima andar corrido, sobrado com uma quadra de entrada, dois ou três quartos de dormir, e a cozinha, em geral telha vã, sem chaminé nem fogão.
    O fumo da lareira invade a casa toda, o ar tresanda ás emanações mornas dos currais, a limpeza e a higiene não medram por ali!... Embora!... A despeito de tudo isso, desta rudeza labrega, mais rústica que pobreza, tem seus encantos e graça a habitação característica do bom serrano beirão.”

    Este é um texto retirado de um dos livros de Aquilino.
    Algumas coisas mudaram, para melhor, como por exemplo: já se não vêm currais no piso inferior, e a limpeza já se pratica, mas o essencial ainda está presente.

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  9. Obrigado sr. Eduardo pelo tema e imagens.

    Nada tem de virtual, a realidade sentida,
    como que reeencarnaçao, a paisagem que deslumbra, com o cheiro do pinheiro, casas caidas na historia, como as velhas ao soalheiro, la no lugar do Outeiro, junta a casa da Cardosa.
    Vacas carregando a carregada, do milho para a desfolhada, que na luz de candeia acendida, procurando a espiga preta, dava um beijo brejeiro e talvez a prometida!
    Essas quelhas tao batidas, com tamancos no inferno, capote a espantar o inferno mas o frio,esse era eterno.
    Vejo essa casa altaneira, la no largo da Lameira, onde a gente se divertia, ora bolas, em tempos foi barbearia ,ainda la cortei cabelo, no tempo do Ti Pirolas!
    Uma aldeia bela e querida, para dizer a verdade, mesmo que o mundo acabasse, fica para a eternidade.

    Um abraço

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  10. - Como se chama?
    - Maria...
    - Que idade tem?
    - 83 anos.
    - Como era antigamente a nossa terra?
    - Nas ruas havia mato e pedras soltas, nao havia escola, nem medico ou enfermeiras; tinhamos apenas a igreja.
    - Como eram as casas?
    - Eram feitas de pedra, algumas com chao de terra batida, outras com um piso de cima e as divisoes pequenas em madeira e com poucas janelas. Nao tinham casa de banho. Os aninmais viviam por debaixo, nas lojas.
    Nao havia luz electrica, alumiava-se com candeias de azeite ou candeeiros a petroleo.
    As casas nao tinham agua, tinham que ir buscar com cantaros a cabeça, ou a Fonte da Lameira ou a Fonte do Miguel.
    Nos aqui do Ribeiro, iamos mais a do Miguel.
    - A que se dedicavam os habitantes?
    As pessoas trabalhavam no campo, a enchada, alguns tinham ovelhas, enfim vidas duras com uma malga de caldo e quando se podia um pedaço de carne gorda, que a boa era para os dias melhores.
    - Quais eram as principais romarias?
    - A Festa do Espirito Santo e a Srª. dos Verdes.
    - O que se comia nesses dias?
    - Carne assada, uma galinhita, arroz doce e pao leve...
    - Como se divertiam?
    - A jogar ao pino, as pedrinhas, ao cantaro, faziamos rodas a cantar, eramos felizes a nossa maneira.
    -Havia escola?
    Nao, mas fez-se uma escola mais tarde.
    - As crianças recebiam prendas no Natal?
    - Recebiam uma laranja, figos secos ou uma moeda.
    - Muito obrigada pela sua colaboraçao

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  11. Tão antigos como o homem, devem ser os caminhos do mundo. Da casa para a fonte por caminhos estreitos e de terra; por encostas e ladeiras para carrear pedras para a povoação, em zorras; estrumes para as sementeiras na carroça ou cangalhas do burrito; taleigas, do moinho para o povo; lenha e matos no carro de bois. À beira dos caminhos cruzeiros e alminhas…desde então não só as casas rústicas sofreram alterações, mas também as ruas que eram estreitas tiveram de ser alargadas e abertas estradas.

    Aquilino Ribeiro escreveu “se alguma coisa, nos derradeiros tempos, veio modificar a filosofia da aldeia”, explica depois, “foi a camioneta da carreira(…).”.
    Isto para dizer, que em Forninhos aquando da construção da estrada para os Valagotes, foram derrubadas casas (lado esquerdo, do Café Zé Coelho) e do lado direito (Casa da tia Ludovina), foi derrubado o balcão/patim e respectivas escadas, porque aquela Rua que era adequada ao meio de transporte utilizado desde épocas remotas (carro de bois, carroças de burros), deixou de o ser com a chegada da camioneta da carreira e outros veículos longos. Alargou-se e alcatroou-se esta Rua, bem como outras; as mais estreitas, foram empedradas. No que respeita a limpezas também houve melhorias, as Ruas já são regular e periodicamente limpas e isso deve manter-se. A limpeza das Ruas não deve ser descurada.

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  12. Linda! Forninhos é linda!
    Quem sabe um dia, Deus me dá a benção de poder conhece-la...gostaria muito, muito mesmo...
    beijinho
    Tina (MEU CANTINHO NA ROÇA0

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  13. Estou maravilhado, com a segunda foto, da casa em "ruinas".
    Tem a nobreza e altivez, de um guerreiro ferido, mas ainda nao vencido.
    Na entrada tem verdura, apelo a vida futura,
    sem a sombra do telhado, mas nao resignada:
    um dia serei habitada.
    Como foi! Outrora.
    Podia-nos contar a historia, das escadas para cima, paredes fortalecidas, abrigo de segurança, paredes fortalecidas, de granito, que quase me irrito: danada, tao permanente, guarda la dntro os segredos das alegrias e medos, contados no fumo da lenha molhada, outra tanto bem guardada, para quando o frio apertava.
    O fumeiro pendurado, pingando sobre a cabeça, daquele mais friorento, que a fogueira se chegava.
    Na cama mantas de trapos, por vezes aos pes os gaiatos, pelo frio e pelo vento, que traziam a memoria o medo de alguma historia, acabada de contar.
    Nao eram os lobos a uivar, era o vento a massacrar, e a dizer aos miudos que la fora era inseguro, ficassem dentro do muro, para amanha acordar.
    Ainda as crianças dormiam, ja as ovelhas tinham saido, deixando o seu bafo quente, que subia em espiral, para o quarto enregelado.
    O pai ja as conduzia, depois de uma bucha fria, regada com aguardente, cajado na mao dormente e o almoço a cintura.
    Para Cabreira era mais perto, na Ribeira andavam lobos, ouvira ha dias os gritos e nao ia cair na asneira de perder alguns cabritos.
    Havia que apanhar caruma, para acamar as lojas,
    mal levantasse a geada, a mae faria isso logo que deixasse ao lume o feijao e o chouriço.
    Miudos para a escola, pega no ancinho e sachola e toca a navegar.
    Caruma ja arrumada, uns tangos e uma pernada, as ovelhas ja na loja, carro de vacas no pinhal, era hora de carregar, que o ceu ia nevar.
    A noitinha tudo feito, depois da coalhada do queijo, de lamber o requeijao, todos juntos a lareira, rezava-se a oraçao, comia-se qualquer coisinha, pode ter acontecido, nas ruinas desta casa, que na epoca de Natal, entendi ser povoada.

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  14. E que o calor da amizade supere o calor aconchegante das nossas lareiras e que, nesta época todos cantemos, mesmo que seja em pensamento, as canções de Natal de antigamente:

    " Inda agora aqui cheguei
    logo pus o pé na escada
    logo o meu coração disse
    aqui mora gente honrada."

    Desde então houve uma transformação radical, nas habitações e modos de vida, e as imagens que ilustram este post mostram-nos como é possível o passado e o presente, o antigo e o moderno, viverem lado a lado. Todos sabemos que já se cometeram muitos erros que levaram à descaracterização do nosso património. Espero que haja bom senso e não se cometam mais e até que haja sensibilidade para corrigir alguns erros do passado, refiro-me aos fontanários.
    Já aqui disse em tempos que se há lugar em Forninhos que podia fazer parte do meu BI é a Lameira (vide 3.ª foto) e eu gostava muito de ver este lugar melhorado, empedrado de uma forma tradicional, se possível, com pedras de calçada antiga. O centro do povoado, na minha opinião, deveria ser todo em pedra, porque a pedra é um elemento natural na nossa paisagem e nas nossas vidas. Já chega de levarmos o alcatrão para as ruas. O alcatrão é muito bom, mas para as estradas.

    “Não se faz tudo o que se sonha, mas só se faz o que se sonha”.

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  15. Entretanto aproveito para dizer que em relação ao post “Os Resineiros” entrei em contacto com Vítor Brito e peço a Vossa atenção para o seguinte:

    Não sei se conhecem o Documentário “Ainda há Pastores?”, que o Jorge Pelicano apresentou em 2006. O Vítor Brito pretende fazer algo do género, mas sobre os resineiros, que merecem que não sejam esquecidos. Porque o trabalho é audiovisual, terá de filmar e entrevistar, na Primavera, para fazer um Documentário para apresentar às estações de televisão e concorrer ao CINEECO, o festival internacional de cinema e vídeo de ambiente em SEIA 2011, no qual o Vítor Brito já esteve presente este ano com o tema a Água e a Natureza.

    Desde o princípio do mundo há sempre alguém que diz: hoje não posso; amanhã não me dá jeito; porque não noutro dia; e aí por diante... Depois diz-se que ninguém se interessa, podiam fazer isto e aquilo, assim e assado, etc., etc... Se vamos dar destaque ao “diz que diz”, nada se faz. Este Documentário a ser filmado em Forninhos e com forninhenses poderá projectar esta bela terra. Peço, por isso, a colaboração conjunta da Junta de Freguesia e da ARCF (Associação Recreativa e Cultural de Forninhos)para o que acharem conveniente e também o empenho de todos os forninhenses e amigos de Forninhos, porque as coisas públicas (que são para todos) fazem-se com espírito colectivo.

    O e-mail para contacto é: vmmbrito@sapo.pt

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  16. Parabéns pelo óptimo trabalho. Era o que eu procurava quando andava a ver casas para comprar... Mas tive que desistir, pois restaurar uma casa de granito ou xisto antiga, mesmo pequena, custar-me-ía mais de €100000... Se algum dia tiver sorte no Euromilhões ou num Pé de Meia ou noutro jogo qualquer dos Jogos Santa Casa, aí sou capaz de pensar no assunto, até porque já comprei uma casa (não é a que mais gostava, mas foi o que encontrei) e ainda a estou a pagar... Muitos não se «metem» em obras de restauração dessas casas antigas por falta de poder económico...

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