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sábado, 17 de abril de 2021

Evolução demográfica de Forninhos

O Instituto Nacional de Estatística, I.P. (INE) vai realizar o XVI Recenseamento Geral da População e o VI Recenseamento Geral da Habitação - Censos 2021.
Em Forninhos já foi entregue em todos os alojamentos, pelo recenseador, a carta contendo um código e uma palavra passe necessários para responder aos Censos 2021.
Assim, a partir do dia 19 de Abril e, preferencialmente, até ao dia 3 de Maio, toda a população deverá responder via internet, acedendo ao sítio https://censos2021.ine.pt/e, depois de colocar o código e a palavra passe constante da carta e responder a todas as questões, deverá escolher a opção "entregar" quando terminar, sendo este o procedimento mais fácil, simples e seguro.
Não obstante, o recenseador prestará apoio a todos os respondentes que não possuam condições de responder através da internet.
Censos 2021: Contamos todos. Contamos com todos. Sem ti, não estão todos!


E agora relembramos os dados conhecidos relativos à demografia de Forninhos ao longo dos séculos, com ou sem erros, justificações plausíveis ou não,  foram os números que chegaram aos nossos dias e que nos ajudam a conhecer um pouco mais da nossa história:

1527 Forninhos (dantes Fornos) contava com 22 famílias e ainda não existia a quinta dos Valagotes (anexa de Forninhos) ou o local ainda não era habitado. 


1675: 215 habitantes
1708: 300 habitantes e 126 fogos 
1732: 243 habitantes. Este censo ficou conhecido por "Censo do Marquês de Abrantes".
A dimunição da população pode ter uma justificação. Estamos numa era em que a nossa região atravessou um período de fome, já que foi invadida por uma praga de gafanhotos que comiam as culturas.
1758: o Cura Baltazar Dias refere que Forninhos tem 270 habitantes (230 pessoas maiores e 40 menores) e 96 fogos e que "Nam padeceu ruínas no terramoto de 1755"
Mas perdeu 30 fogos!?!
1766: 242 habitantes e 87 fogos 
1801: 356 habitantes e 94 fogos (este censo ficou conhecido pelo "Censo do Conde de Linhares").
1829: 370 habitantes
Curiosamente entre 1807 e 1813 e 1832 e 1834, durante as Invasões Francesas e a Guerra Civil Portuguesa, em Forninhos não houve decréscimo de população, mas sim o seu aumento.
Em 1849 existem dados de outro recenseamento. Nesse ano Forninhos tinha 434 habitantes e 111 fogos  
1862: 486 habitantes e 120 fogos 
Mas foi em 1864 que se realizou o primeiro recenseamento geral da população, em que os dados obtidos são mais concretos e têm já um grau de confiança razoável.
Assim, em 1864 Forninhos tinha: 451 habitantes e 120 fogos 
1878: 489 habitantes e 136 fogos. Segundo o Dicionário Chorographico de Portugal, Forninhos tem escola do sexo masculino.
1890: 524 habitantes e 140 fogos 
1900: 502 habitantes e 134 fogos 
Esta foi uma década em que começou o surto emigratório com destino ao Brasil.
1911: 555 habitantes e 150 fogos. Relativamente à instrução, 524 eram analfabetos e 31 sabiam ler (21 homens e 10 mulheres)
1922: 523 habitantes e 131 fogos
Da análise deste censo constata-se que a população diminui um pouco, talvez devido à "pneumónica" ou "febre espanhola" e ao surto emigratório para os EUA (só em Março de  1916 8 forninhenses chegam ao porto de Nova York).
Na década seguinte, comparativamente ao censo de 1922, confirma-se a tendência significativa do aumento da população.
1930: 640 habitantes e 154 fogos 



Com base no "Senso da População por Paróquia" 
1936: 660 almas e 161 fogos
1937: 689 almas e 163 fogos
1938:737 almas e 171 fogos
1939: 695 almas e 164 fogos
Com a criação do INE em 1935, os recenseamentos passaram a ser realizados por este Instituto, o primeiro dos quais em 1940.
O VIII Recenseamento Geral da População, realizado em 12 de Dezembro de 1940, refere que Forninhos tinha: 647 habitantes
No pos-Guerra Mundial (II) Forninhos perde "uns" habitantes.
1950: 662 habitantes e 175 fogos 
Na década de 60 a população diminuiu e o número de fogos também. A emigração para França, não esquecendo a Guerra Colonial, determinou um decréscimo da população de 84 pessoas e o número de fogos decresce em 41. Números que previam que Forninhos poderia perder ainda mais população até ao fim do século XX.
1960: 489 habitantes e 134 fogos 
1970: 405 habitantes
Com o objectivo de harmonizar o calendário censitário da UE, o recenseamento de 1980 foi transferido para 1981.
1981: 389 habitantes e 240 fogos, no total foram contabilizadas 130 famílias residentes em toda a freguesia, com referência a 188 homens e 201 mulheres.
1991: 320 habitantes e 237 fogos 
2001: 272 habitantes. A diminuição da taxa de natalidade, a emigração e as migrações para os centros urbanos do país foram factores que estiveram por trás do acentuado decréscimo populacional.
Em 2011 Forninhos tinha mais fogos que habitantes: no total foram contabilizados 222 habitantes e 228 fogos em toda a freguesia.

Fontes: Cadastro da População do Reino de 1527, Memórias Paroquiais de 1758, Dicionário Chorographico de Portugal, INE, Recenseamentos da população portuguesa, bem como dos Censos da População por Paróquia e Revista da História da Sociedade e da Cultura N.º 18, 2018, artigo de João Nunes.

20 comentários:

  1. Pu8xa, que interessante ver esses dados. E hoje em dia: Quantas vidas por lá? beijos, chica

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    1. Por lá acho que aumentaram as casas por habitante, mas vamos ficar abaixo dos 200 habitantes porque Forninhos perdeu muitas pessoas e a taxa de natalidade ficou em 0%.
      Temo chegarmos ao número de 1527.
      Bjs, bom domingo.

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  2. Muito interessante.
    Também já recebemos o código.
    Abraço, saúde e bom fim de semana

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    1. Nós também recebemos. É fundamental todos respondermos, ainda assim sou de opinião que o retrato estatístico do país de pouco serve; nas últimas 4 décadas nada se fez para que as populações rurais se mantenham e aumentem.
      Conclusão: Os núcleos urbanos ganham população e as zonas rurais perdem habitantes e serviços públicos.
      Bom domingo, abraço.

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  3. Tanto trabalhinho de pesquisa, Paula.
    Bem-hajas por tal e pela coragem de continuares os teus propósitos: um Forninhos mais esclarecido e documentado. Se isto não é amar a terra...
    A história de um povo não se resume a contos e lendas, no disse que disse, fulano matou cicrano que era filho de beltrano, mas e muito, do que consta nos registos reais e mais tarde da república.
    Olhando para estes registos temporais por entre habitantes e fogos, são tantas estórias passadas...
    Excelente trabalho!

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    1. Obrigada!
      Isto é paixão, amor 😍 loucura...
      Forninhos demograficamente não mudou muito, o número de habitantes está-se a aproximar do que era há cerca de 350 anos, a diferença é que agora por lá não há fome nem mortalidade infantil.
      Em relação ao número de fogos, é que não acredito que haja decréscimo, mas como a noção de “fogo” foi variando ao longo do tempo...
      Um "fogo" tanto pode ser considerado uma casa como poderá estar, por exemplo, relacionado com "um chefe de família".
      Lá para o verão veremos...

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  4. Bom dia

    Notável documento, de tamanha importância para quem gosta e
    se interessa por Forninhos.
    Pela sua História .
    Parabéns Paula.

    Bom fim de semana
    MG

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    1. Obrigada MG.
      Gosto de saber sempre mais do meu Forninhos.
      Bom domingo!

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  5. Importante sem dúvida!!! Boa semana!

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    1. São só mais uns números para conhecermos melhor o presente e o passado da nossa terra.
      Boa semana!

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  6. Já recebi o envelope dos censos.
    Isabel Sá  
    Brilhos da Moda

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  7. Bom dia Paula, parabéns pelo belo trabalho de pesquisa, infelizmente aqui no Brasil, o governo federal acho que o censo demográfico não é importante.

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    1. Pena pois!
      Por cá o Governo e os cidadãos em geral, reconhecem a utilidade da informação censitária, para planificação de serviços públicos ou para a definição de políticas em áreas como a educação, a saúde, a habitação e o emprego.
      Boa semana.

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  8. Boa tarde Paula,
    Ontem mesmo o nosso censo seguiu…
    Gostei imenso do seu levantamento demográfico sobre Fornimos ao longo dos anos. Grande trabalho de pesquisa.
    Tal como na minha terra a população tem vindo a diminuir e os fogos a aumentar, mas apenas como casas de fim de semana ou férias, resultado da emigração dos anos sessenta para Lisboa e arredores.
    Um beijinho e continuação de boa semana, com saúde.
    Ailime

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    1. Também ja respondemos.
      Relativamente à demografia "estamos todos no mesmo barco há muitos anos" Ailime! Mas não creio muito no último censo, de 2011, que registou 222 moradores em Forninhos, porque 2 anos depois, 2013, com uma taxa de natalidade de 0%, Forninhos tem 267 eleitores inscritos (e 245 em 2017).
      Para comparação quero ver se o Censo de 2021 vai coincidir com o Recenseamento, ou não.
      Saúde, continuação de boa semana, bjs.

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  9. Olá, querida amiga Paula!
    Por aqui não houve recenceamento pela Pandemia.
    Gosto da sua dedicação à sua aldeia.
    Tão bom conservarmos nossa história!
    Se falta um, não é a mesma coisa...
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos carinhosos e fraternos

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    1. Temos que conhecer e gostar da nossa historia, para conhecer-nos melhor.
      Bom fim-de-semana, Bjs.

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  10. Você é mesmo uma excelente pesquisadora de Forninhos, Paula. O amor à terrinha deve ser ser mesmo cativado com interesse por detalhes assim. Os meus parabéns pelo post!
    Por cá, seguindo e desejando que venha um tempo mais livre, sossegado e “perto dos familiares “... Bjs

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    1. Obrigada Anete.
      Se cada um de nós se lembrar de conhecer a nossa história poderá encontrar ainda mais detalhes. Estes ficam armazenados no nosso blog à disposição de todos como tudo o que é aqui publicado.
      Bjs...e que venha a normalidade possível quando fôr o tempo.

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