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quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Era uma vez um cemitério...

Durante séculos os enterros foram feitos na igreja. Sabemos que em Forninhos "dentro da igreja de fronte da porta travessa debaixo do caixam da confraria do Senhor" foi sepultado António Fernandes (ANTT, Paróquia de Forninhos, Registos Mistos -1634/1761)- lv. 1, cx 6,fl.126). 
No século XVIII, certamente devido à sobrelotação da Velha Capela-Mor e/ou construção da actual Igreja Matriz, os enterramentos passaram a realizar-se no adro da mesma e só os ricos tinham direito a uma pedra tumular.
Recorde-se que no dia de "Todos os Santos", acabadas as cerimónias, a criançada corria para as campas dos familiares da Dona Olímpia e da Dona Laura para apanhar as velas, pois eram as únicas que as tinham. 
Nos anos 40 do séc. XX é feito um cemitério novo e o cemitério velho ficou ao abandono (na minha meninice, já nada havia que identificasse as sepulturas).
Há uns bons 9 a 10 anos, escrevi umas linhas sobre...
http://onovoblogdosforninhenses.blogspot.com/2010/01/cemiterio-antigo.html




Na minha última visita ao cemitério de Forninhos quando vi a legenda "À memória de todos os falecidos naturais desta freguesia que não se encontran sepultados neste cemitério Homenagem da J. Freguesia 01.11.94" fotografei a mesma para mostrar que mesmo sem todos os corpos trasladados ao menos ficámos com um Memorial da Nossa Gente naquele novo cemitério.
Há quem diga que estas iniciativas servem para os autarcas se autopromoverem, mas eu não acredito que em 1994 fosse essa a intenção do Presidente da Junta.
Então, apetece-me dizer Bem-haja...muito bem-haja por dignificar a memória dos que ali não foram sepultados.
Já o cemitério antigo continua abandonado e...nem acreditei no que vi no "Dia de Finados"...caibros antigos aos  montes:



Uma imagem vale mais que as mil palavras que aqui poderia registar, para falar do enormíssimo desmazelo...

20 comentários:

  1. Pena quando notamos, percebemos maus cuidados e desmazelos assim,! Triste! bjs, chica

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    1. O meu espanto foi maior, por ver que desde Agosto estão ali ao monte!
      Bjs.

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  2. Situação que não deveria acontecer!
    Bj

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    1. Pois, esta área merece igual asseio ao da propriedade da Junta de Freguesia que, diga-se, dele bem cuida.
      Bj

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  3. Puxa, chato isso, é preciso mais cuidado e zelo!...
    Um abraço nesta quinta-feira...

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    1. Pelos vistos a Igreja não se acha no dever de o ter!...
      Abraço.
      Bom fim-de-semana.

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  4. Boa tarde Paula,
    Um pena que assim aconteça, até pelo respeito a quem ali está enterrado, apesar do Memorial no novo cemitério.
    Uma coisa não invalida a outra.
    Um beijinho.
    Ailime

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    1. Acho que o povo forninhense não se revê neste desmazelo, mas a verdade é que os caibros do telhado da nossa secular Igreja Matriz lá continuam...a apodrecer.
      Quanto ao Memorial, acho que todos quanto lá passam na sua habitual romagem de saudade gostam da legenda.
      Beijinhos.

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  5. Boa noite Paula.
    Reconheço que a autarquia se pode orgulhar do aprumo do nosso cemitério, a Césa o que é de César, sempre limpo e asseado, com uma frente lindíssama, cuidada e ajardinada. Para nós enquanto vivos, claro, mas acho que os nossos podendo vir ao de cima, ficariam contentes.
    Quanto ao velho no adro da igreja, já são coisas antigas de que vagamente me lembro, a não ser um pormenor do primeiro ano da primária.
    Havia o muro de pedra do adro e do outro do caminho, outro igual que dava para as escolas que na de baixo tinha (se callhar ainda) uma oliveira e na volta dela no recreio, jogávamos à nossa maneira, meninas à macaca, meninos à bola de trapos e à Xona e quanto esta voava para o outro lado do caminho, ia parar ao cemitério velho.
    Um dia coube-me ir buscar a xona e perto do local aonde se encontra a sacristia, dois coveiros desenterravam ossadas; lembro ossos e coisa que não esqueço, um par de botas corroídas...
    Iam para o cemitério novo.
    Agora e no demando da cristandade que tem estes locais como sagrados, havia que ter respeitos por parte a quem incube cuidar e zelar por tal propósito.
    Caibros velhos mesmo sendo do tecto da igreja por ali despejados, não fica bem de modo algum, a não ser que pensem fazer um crematório...

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    1. Ou pensem queimá-los no Cêpo!!
      Até parece que há mortos de primeira (os sepultados no Cemitério) e de segunda (os enterrados no Adro da Igreja).
      Aquando "do abandono" do cemitério velho, não sei se foi toda a terra mexida e passada a crivo, o que me foi dito é que chegaram a separar alguma ossadas que foram transportadas para o cemitério actual.
      Se hoje estão debaixo da campa da imagem de cima (a principal), não sei, não consegui averiguar.
      E as pedras tumulares dos ricos?
      Não foram parar ao "cemitério novo"!

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  6. Infelizmente existem muitos "velhos" cemitérios por este país que estão ao abandono e alvo de vandalismo.
    Um bom fim-de-semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    Livros-Autografados

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    1. É curioso que aquilo que eram campos de cultivo passaram a ser um campo sagrado e os campos sagrados passaram a ser campos de cultivo.
      Por exemplo, o nosso "velho cemitério", está cheio de oliveiras, mas isso até é o menos. Só que tudo muda de figura, quando vemos os caibros antigos ao monte (há meses!!).
      Não sei como é que retiram caibros duma secular Igreja, sem qualquer Parecer do Departamento Responsável pelos Bens Culturais da Diocese de Viseu!
      Como foi possível substituirem caibros de madeira por ripas metálicas!
      Dá que pensar...
      Bom fim-de-semana.

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  7. Hoje, pelas quinze da tarde, foi mais uma alma a enterrar, a senhora Mariana Carreira no cemitério novo.
    Uma pessoa especial, dava o que podia dar, colhia para entregar nos modos do seu celibato; cuidava da igreja, dava catequese num modo quase missionário que seduzia as crianças feito de fé e alegria.
    Sempre ligada à igreja e tantos anos enferma, acho que fica bem nesta nova sua casa, feita de caibros novos, mas porventura com pena de não ter a companhia dos que ficaram para trás, no velho...
    Aora descanse, Senhora!

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    1. Os sentimentos à família, principalmente a quem lhe proporcionou as melhores condições para morrer condignamente.
      Agora descansa em paz.
      Aos meus olhos, fez a sua vida refugiada nas austeras proibições de uma religião auto-imposta, ainda assim era uma mulher dócil e amorosa. Entendíamo-nos.
      O nosso adeus.

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  8. Fiz a 1.ª Classe e a 1ªcomunhão em Forninhos e, não só na Catequese como também na escola primária me lembro de do lado direito da Igreja matriz, quem entra, haver um cemitério com algumas campas, umas com grades de ferro e outras com pedras ou cruzes, poucas campas pois o cemitério novo já tinha cerca de duas décadas. Não sei o que se passou com findar do, do adro da Igreja pois fui para outros lados. Quando voltei, vi que houve árvores plantadas, oliveiras pois o Santíssimo precisava e gastava muito azeite, hoje não precisa. A Igreja foi recentemente restaurada quer no chão como no telhado e segundo me contaram na restauração do telhado, apareceu no lado da Sacristia o maior mal e que teve que ser tudo substituído, penso que já em vigotas de cimento. Sei também que os desperdícios do chão foram queimados, estes ainda lá estão, desconheço a razão, os membros da direção o poderão dizer. Para mim, comparado com as ervas altas que já lá vi, desperdícios de ramos de oliveira na colha da azeitona e então sobre as vestes do Menino Jesus, um mal menor. Já me vou habituando e desinteressando. Posso adiantar aqui, as vestes do Nosso Menino Jesus já estão a ser ponderadas na Diocese de Viseu e tudo indica e assim espero que volte a ser o que era há seculos.

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    1. Vigas de cimento ou ripas metálicas vai dar ao mesmo, alteraram um edifício a bel prazer, Henrique!
      E como nada há que identifique o cemitério, não admira o despejo dos caibros ou os ramos de oliveira após a vareja.
      Ainda há gente que recorda o período de transição do cemitério da Igreja para o cemitério público novo (ou actual), já que a sua obra foi concluída pelo teu avô Ismael Lopes, segundo o maior número de informações, em 1944 e se procedeu à bênção solene pelo Sr. Pe. Albano.
      É pena que após tantas obras ainda não tenham assinalado o local. Uma simples placa se calhar ficava mais barata do que os três vestidos.

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  9. Mentalidades, pessoas toscas, é gastar latim. Eu estou a ficar cansado e sem vontade alguma para remar contra a maré. Os mais novos que continuem, se entenderem.

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    1. Estamos todos a ficar cansados. Os mais novos (apesar de poucos), se quiserem, não lhes faltam causas por que lutar.

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    2. Boa Noite

      O cansaço apodera-se dos dois lados...
      Nunca sabemos medir o cansaço dos nossos opositores ou daqueles que nos fazem passar por " parvos"..
      Eu fui á minha terra sete vezes em nove anos.Muito por culpa
      da doença de meu Pai, que faleceu em Fevereiro.
      A minha luta não é o cemitério é outra , outras.
      As heranças ou nos orgulham ou nos envergonham....
      Tempos de fartura : semilha, feijão, batata doce, ameixas,
      abobora, alface, animais :porcos,galinhas e muitos ovos e coelhos, cabras e cabritos. Tinhamos tudo !! Foi a minha
      infância e Juventude.
      Os mais novos ????
      Onde estão eles...??
      O que sabem dos anos 50,60,70, ate 80 ....
      A luta pela dignidade da terra, da familia , a luta pela
      sobrevivencia no tempo da retrete, da TV a preto e branco,
      da sopa com papa de milho e peixe cavala com espinhas....
      Querem a minha opinião ??
      Os mais novos não sabem, nem querem saber....
      Mas o Cemitério não escolhe dias nem idades...
      E nisso estamos todos no mesmo patamar.

      Tenho esse orgulho de dizer.Que com todos os defeitos que
      tenho : herdei de minha Mãe a sua mais nobre recomendação
      " Não sejas bêbado e foge sempre do Mal...."

      Querem um conselho amigos : Lutai mas não vos iludeis.

      Abraço
      MG

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    3. Excelente comentário, Miguel Gouveia!
      Se tomarmos o que lá está como exemplo, como é que vamos ensinar a um jovem da geração actual onde era o cemitério velho?! Nada!Não ensinamos!
      Uma parte do problema, quanto a mim, é que não temos uma cultura de cooperação, e por isso não pedimos nem aceitamos o conhecimento e ajuda que outras pessoas podem dar.
      Sobre o passado já há tantos artigos escritos e o passado serve para nos dar lições e nao voltarmos a cometer os mesmos erros, mas em Forninhos não ligam patavina aos lugares de interesse histórico. É isto que me cansa. Embora e como disse, acho que o povo forninhense não se revê neste desmazelo.
      Abraço.

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