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quarta-feira, 11 de julho de 2018

O berço da Lameira



Fixem este casal, a Senhora Maria da Urgueira e o Senhor Luis da Coelha.
Vou tentar ter o máximo cuidado, para os descrever e aflorar um pouco da suas vidas, sofridas até quase ao extremo. Pobres,  chegaram aos treze filhos  e tais foram alimentando da forma madrasta que a vida lhes acudia mas dignamente, sem nada roubarem e aceitando o que vinha por bondade.
Talvez tenha havido algum arrojo desmesurado da minha parte em trazer aqui e agora este tema.
Mas explico:
Tanto tenho escrito sobre o Largo da Lameira e suas envolvências e agora que vem uma festa grandiosa, estas Gentes não ficam no registo?
Peco por não ter estórias e quem as tiver bem-vindas serão, mas ainda me lembro de tantas vezes ver o forno dela a cozer e ouvir dizer que o tio Luis tinha apanhado mais uma lebre à pedrada ou com o sacho.
Quem enchia a Lameira de alegria, gritos e confusão?
Agora que vou perguntando por aí sobre esta família, os mais velhos recordam  gente sofrida mas nobres que deram a volta á vida sem esquecer de onde vieram.
Foi assim que Forninhos se foi construindo, a pulso no respeito!
Digam bem, digam mal, um dia gostaria imenso de contar a história desta família que tanto respeito.
Maior respeito tem para mim, quem dirimiu uma vida inteira na pobreza que o maior rico na riqueza!

10 comentários:

  1. Confesso que escrevi este post algo receoso por poder melindrar, mas agora acho que foi gratificante em ver no meu "Face" as fotos que a família me está a enviar...antigas! Tudo vale a pena, quando a lma não é pequena...

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  2. Chico obrigado és um tipo correto e Amigo da gente de Forninhos tens arte de ser poeta outros assim começaram dizes que queres contar a História da minha família pois é quando quiseres já sabes muito de nos o que te faltar é só pedires mas digo-te vai ser um romance extraordinário podemos fazer um livro

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  3. Admiro as gentes de outrora. que nada tendo, tinham aquilo o que hoje escasseia. Coragem para enfrentar a vida e o mundo com dignidade.Minha avó materna também teve 13 filhos, mas só 11 chegaram à idade adulta. Uma menina nasceu morta e um menino morreu com um mês de vida.
    Um abraço

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  4. Antigamente havia famílias numerosas ... e eu conheço uma que teve 13 filhos e vivos atualmente são 7!
    A foto está fantástica ... bj

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  5. Um casal exemplar, com uma vida digna de ser honrada, certamente!
    Família grande?! Venho de uma, sou a 10ª de 14!! É gente, hein??
    Abração p vc e a Paula...

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  6. As minhas desculpas por não responder individualmente aos vossos comentários, pois corria o risco de ser repetitivo, mas sabem o quão grato vos fico. Bem-hajam.
    Sabem, quase que me apetece que fosse inverno e voltar no tempo, aquele em que eramos corridos por termos o privilégio de sermos garotos, do forno da tia Maria da Urgueira (apelido herdado pela sua nascença nas bandas de Penaverde), pelos mancebos que aguardavam as suas idas para as "sortes".
    Como disse na "peça", eu que tanto tempo andei ausente e embora já rapazote, perdi muita coisa do que o tempo calcou, ficaram caras, estórias, e aquando nos víamos, um " és tu pá, já nem te conhecia, conta coisas...".
    E aos poucos fui "regressando" à minha/nossa terra, a andar na frente das vacas, roubar ninhos, mas acima de tudo, saber se os colos das nossas gentes, os verdadeiros, haviam mudado o avental.
    Acreditem em quem sabe e não esquece, nao eu por estar fora desse tempo, mas aqueles que vão restando e grande tributo devemos por nos seus testemunhos e desavenças passadas, mostrarem solidariedade e respeito.
    É nestes que restam, que vou procurando algo mais sobre personagens reais, tal como estas e outras, afinal, com cacos partidos se faz um castelo...
    Na procura encontrei que esta família tinha um bocadito de cultivo na Levada.
    Na procura, a tia Maria arranjava lenha na serra para o seu forno e o da tia Esperança.
    Na procura, soube que o tio Luís da Coelha, seguia os caçadores e os coelhos que escapavam, coitadinhos.
    Na procura, soube que o tio Luís, era afilhado da minha avó Maria Lameira e que todos os dias quando se fazia queijo, levavam uma panela de sôro.
    Quem tal me conta, ainda grita: Nunca roubaram nada a ninguém!



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  7. Gratificante HOMENAGEM aos VERDADEIROS Homens e Mulheres
    que fizeram vida DIGNA nas piores de todas as condições.
    Por ESTE PORTUGAL ADENTRO e Ilhas.
    Atravessaram Guerras , Fome , Pobreza e Sempre com muita
    Dignidade. Trouxeram filhos ao Mundo.
    Vejo a BEIRA ALTA ao longe " a morrer " .
    Já nem cafés alguns lugares têm.
    Palacetes abandonados . Ruas sem ninguém.
    Familias reunidas nos funerais e por horas.
    Os miúdos sentem - se isolados longe dos shopings.
    Sinto o mesmo do meu lado....
    Tudo a cair de " podre" á espera da Morte anunciada e certa !
    Mas não existe 10 " alminhas" que uma vez por mês limpe ao
    menos o mato ???? Não !! Uma vez por trimestre ?? Não !!
    As " alminhas" estão cavando a sua sepultura sem dignidade e respeito pelos " velhos" sua acamados mais não podem fazer !
    Porque bem ou mal fizeram...horas e horas de labuta para que
    a mesa fosse sempre farta...
    É que se uns gastam 200 euros para lá chegar..outros existem
    que se cruzam todos os dias com o mato a crescer ....
    E isso ....não lhes muda o cruel pensamento ??!!
    Se calhar a pensar no dia ( que pode nunca chegar ) em que aquilo vá valer uns 20.000 €...
    Como se 20 mil Euros apague o desrespeito pelos 100 anos
    de DIGNiDADE e GRANDEZA dos nossos AVÓS !!
    Ao menos posso gabar - me que lá andei de enxada e foice em punho. Uma infância e adolescência inteirinha.
    Por isso o sabor que a VIDA me vai dando é cada vez menos amargo .
    Obrigado aos Beirões que me recebem de braços abertos.
    Trouxe couves, vinho e cereja .
    Dos outros....
    Tenho vergonha...não têm nada para dar ...
    Nunca souberam semear...nada podem colher !!

    Bem Haja a quem com o seu talento enaltece os seus antepassados... Neste Blog
    Gosto cada vez mais da BEIRA ALTA.

    Bom fim de semana
    MG

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  8. É sempre bom recordar, estórias e pessoas que fizeram parte das nossas vidas e que foram de certa forma importantes, não só para nós, mas também para a nossa terra. Pessoas como o ti' Luís da Coelha, o seus irmãos Alfredo e António Herodes e todos os forninhenses, farão sempre parte da história humana de Forninhos.
    Quando vim para Lisboa, passados para aí uns 3/4 meses fui passar a Páscoa a Forninhos. Vinha na Estrada, para cima da Oliveirinha, quando me encontro com a ti'Maria da Urgueira, a quem cumprimentei. A ti' Maria conhecia-me desde criança, pois vivia junto ao Largo da Lameira e eu passei a minha infância a brincar naquele Largo, logo me disse:
    “- ó rapariga, para onde foram as tuas cores? Tás tão branquinha e eras tão coradinha. Tu não bebes vinho?
    - Não Senhora. Respondi-lhe eu.
    - Olha bebe uns copinhos de vinho. Ouve, à refeição não faz mal nenhum. Vais ver que com o vinhito e os ares daqui ficas logo outra vez coradinha como a cereja.”.
    A ti'Maria d'Urgueira era uma mulher robusta, rija como uma pero que fazia lembrar aquelas crianças com as bochechas vermelhas. Gostei muito de ver N'O Forninhenses uma foto sua.
    Da minha lembrança, o forno mais importante era o da ti'Maria d'Urgueira.
    A ti'Maria era a gestora (digamos assim)do forno; a ti' Maria amassou pão e bolos para muita casa de Forninhos.
    Contam que na casa da Sra. Emília/Zé Bernardo era a ti'Maria uma espécie de governanta. As criadas que tinham eram mais novas e era a ti'Maria, com a sua experiência e grande sabedoria, que as ensinava e geria.
    Do tio Luís da Coelha o que melhor lembro é vê-los sentado nos bancos de pedra da Lameira e mesmo no chão.
    Sempre ouvi falar que tiveram muitos filhos, o que conheci melhor foi o Arlindo (o mais novo); mais tarde, a Arminda e o Chico, por terem deixado a França e regressado definitivamente a Forninhos.
    Do Álvaro também lembro, é da idade da minha mãe e quando vai a Forninhos sempre a cumprimenta e ficam à conversa.
    Mas foi do "Zé Bimbas" que desde criança sempre ouvi contar que uma camioneta (a do Sr. Antoninho Bernardo) lhe passou por cima e não morreu! Havia quem não acreditasse, mas acho que foi mesmo verdade!
    Bem-haja Sr. Adelino Coelho por esta bela fotografia e pela visita comentada. Gostei imenso de recordar os seus pais e durante uns minutos fiquei 30 e tal anos mais nova.
    O tempo às vezes rouba-nos da memória muitos dos momentos mais felizes da nossa vida, como a inocência, a alegria, a liberdade, a despreocupação própria da infância. Esses momentos foram por mim passados na Lameira e é sempre bom recordar o mundo rural e a gente antiga. "Recordar é Viver".
    Um abraço forninhense.

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  9. Vidas sofridas havia, sem dúvida. Pessoas valentes que "lutavam" para vencer na vida. Gostei muito do seu post anterior, que cheirinho a roupa lavada. Sem dúvida, outros tempos e outras vivências. Beijinho e bom fim-de-semana.

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    Respostas
    1. Ambos ajudam-nos hoje a perceber que os tempos do antigamente não eram nada fáceis. Mas a vida quotidiana forninhense era mesmo assim!
      Bom domingo.
      Beijinhos.

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