"Parecem agriões ao microscópio, mas tão saborosos e tenros.
Apenas existem no estado selvagem.
Quando o tempo assume o seu ar primaveril e as aguas cristalinas dos ribeiros, se escoam pelas bordas dos lameiros, parecem ervas daninhas a medrar, mas tão preciosas...
Bem lavadinhas em agua corrente e temperadas, a acompanhar com uns peixinhos do rio Dão e um naco de broa, escoa-se uma pipa de tinto!".
(assim comentei aqui meia dúzia de anos atrás...)
Nós, gentes da aldeia, somos um tolos quando lembrámos uma coisa e ficamos a cismar ,num misto de ternura e vergonha das agruras da vida. Ai se a vida era boa e saudável nesses tempos!! Agora e de quem de tais ainda se lembra "parece mal" dizerem que comeram isto que vos trago, como se fossem miseráveis famintos de outrora...
Nada disso, agora iguarias pagas a peso de ouro, tal como as azedas, baldroegas e agrião selvagem, num mundo "moderno" que lambe a "beiça" regalados pelo que era deitado ao "vivo".
A foto faz-me percorrer caminhos quase do antanho. Traz com ela, o ribeiro dos Moncões, a ribeira de Cabreira e por tantos lugares, os Carregais. Lados em que houvesse água corrente das poças, os regos eram salpicados pelas morugens. Nas Andrôas, as repesas eram fartas em agrião, pequeno de folha, mas o mais saboroso. Bastava arregaçar as calças na água fria apesar do sol e apanhar os mais apetecíveis. Curioso era o silêncio quebrado pelo nosso chapinhar, o salto das rãs e a passarada louca em fazer os ninhos.
Tempo depois e tratada, a salada era a rainha da mesa, fosse ela de carne ou peixe.
Que coisa tão boa ter e poder comer saladas assim, colhidas ali no lugar mesmo...Simplicidade vale sempre! Nada adianta saladas tri elaboradas e produtos recheados de agrotóxicos...bjs, chica
ResponderEliminarVerdade, Chica.
EliminarNo ano passado, por esta altura fomos a Forninhos e nos poucos dias de estadia, sempre as comi; apanhava-as no ribeiro em frente a casa da minha mãe e era um consolo andar no meio daquelas águas cristalinas e pouco tempo depois as ter na mesa a acompanhar todo o tipo de pratos, apenas temperadas com sal rosso, azeite e vinagre...
Beijinhos.
Sim, tem coisas que só de lembrar nos faz voltar ao passado, e vem aquela boa saudade, o agrião que crescia abundante e era tão bom... ai lembrei do pé de cajá umbu da minha infância que tinha no sítio do meu pai, que delícia que era...
ResponderEliminarBeijos.
Talvez que na altura da Páscoa e no caso de irmos à nossa aldeia, consiga apanhar algumas...sei os sítios!
EliminarCoisas boas que ainda vamos tendo. Bem haja pela partilha, Fátima.
Beijo.
Não sei o que são morugens, mas adoro sopa de beldroegas que a minha mãe fazia tanta vez e que sempre faço pelo menos uma vez na época delas. Azedas, com~i muitas mas sempre cruas. Mas a minha mãe fazia cardos guisados com feijão branco e nós adorávamos.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana
Comparo as morugens no sentido figurado às borboletas.
EliminarUma vida muito fugaz e resplandecente.
Depressa o verde se transforma no branco florido e depois acabam...
Também gostava de comer as azedas cruas, com aquela acidez, mas havia quem criticasse dizendo que eram para os animais. Ia à busca delas no restolho dos campos de centeio.
Fiquei curioso com a receita dos cardos e vou investigar.
Abraço grande.
....
Eliminar....
As azedas cruas comia-as ....
Segurelha nos bardos apanhei...
Morugens nunca ouvi falar...
Excelente , Xico
Bom fim semana
MG
comi, queria dizer.
ResponderEliminarE não devem ter feito mal, presumo!
EliminarNunca ouvi falar mas provavelmente ... mas nesta aldeia haverá quem conheça!
ResponderEliminarGostei da partilha ... Bj
Há que provar...
EliminarInfelizmente é raro encontrar á venda, anão ser de forma particular e aldeias do interior.
Para mim, das melhores saladas que existem!
Beijo.
Beijo.
A morugem, para mim meruge, é uma óptima salada, pena o clico desta planta ser curto (2 a 3 meses???), de Fevereiro até fins de Abril??? pois quando tem a flor as suas folhas diminutas tornam-se duras.
ResponderEliminarPara quem não sabe, porque não conhece as meruges (talvez porque não são comercializadas nos mercados e supermercados), a maneira de preparar a salada é como outro tipo de salada, primeiro tem que ser bem "passada" por água limpa e depois temperada com sal, azeite e vinagre + cebola...uma maravilha!
Também aprecio muito agriões, mas mais aqueles das Androas que têm um cheiro silvestre e sabor intenso, que nada tem a ver com os que se encontram no mercado. Há anos que é uma farturinha!
Baldroegas e azedas é que nunca comi.
Ainda no ano passado apanhei bastantes e perto de cas, no ribeiro dos Moncões, jovens, verdinhas e farfalhudas.
EliminarConhecia o sítio "delas" desde garoto e de tesoura na mão, foi uma verdadeira "tosquia" durante alguns dias, até que alguém viu e foi um "massacre"...deram nelas que nem ficou um resto para florir (mais tarde, quando não prestam e ficam duras) e embelezam o ribeiro.
Concordo contigo: poucas saladas se comparam às morugens ou agrião selvagens, os autênticos, tal como as azedas comidas cruas no momento da apanha.
As coisas que a mãe-natureza ainda nos oferece, não concordas?