Seguidores

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Provérbios da Vinha e do Vinho


Não sei bem porquê, mas tenho fascínio por provérbios, talvez porque foram criados há tanto tempo e ainda hoje se repetem de pais para filhos. Em Forninhos e em cada terra. Para recordar ou ficar a conhecer recolhi da boca das pessoas meia dúzia de ditos ligados ao "Fruto da videira e do trabalho do homem":

Pela Santa Marinha (18 de Julho) visita a tua vinha, tal a acharás, tal a farás
No S. Tiago (25 de Julho) pinta o bago
Em dia de S. Lourenço (10 de Agosto) vai à vinha e enche o lenço
Chuva de Agosto apressa o mosto
Vinho e linho é frio no corpo um bocadinho
Nunca ao bêbado faltou vinho, nem à fiadeira linho
No S. Martinho (11 de Novembro) vai-se à adega e fura-se o pipinho

Toda a gente sabe que cada sociedade tem os seus próprios provérbios, então fica aqui um desafio: quem souber algum sobre esta matéria, deixe-nos aqui em comentário esse contributo. Agradeço em nome de todos os que gostam destas coisas.

27 comentários:

  1. Paula, lindo post! Gosto desse assunto sobre vinha e vinho!
    Lembrei deste Provérbio Bíblico: "E se encherão fartamente os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares." Provérbios 3.10.
    Beijos e gostei à beça do seu comentário no Vida & Plenitude... Obrigada...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Que lindo!!!
      Não conhecia.Obrigada amiga.
      Boa Semana. Beijos**

      Eliminar
  2. Também gosto, por isso cá vai:

    - Vinho que nasce em Maio, é para o gaio; se nasce em Abril, vai ao funil; se nasce em Março, fica no regaço.
    - Se não arrancar a silvei, sofre a videira.
    - Quem com o Diabo cava a vinha, com ele a vindima.
    - Quem se lava com vinho, torna-se menino.
    - Se queres o velho menino, em cima do doce dá-lhe vinho.
    - Uvas, pão e queijo sabem a beijo.
    - Velho só vinho, ouro e conselho, e novo só moça, hortaliça e ovo.
    - Vinho doce, bebe-o como se nada fosse.
    - Vinho em excesso nem guarda segredo nem cumpre promessa.
    - Vinho madurão faz o homem brigão.
    - Vinho, mulher e tabaco põem o homem fraco.
    - Vinhos maus todos são uns.

    ResponderEliminar
  3. Provérbios são a sabedoria do povo antigo para nós.
    bjs e boa semana.
    http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/

    ResponderEliminar
  4. Se bem que o tema refira os proverbios da vinha e do vinho, e tantos havera por estas aldeias, de repente dou por mim a recordar a rapaziada da minha terra, anos atras, "carregando" o Ti Carlos Melias e a sua concertina, e ja um bocado "alegres", mostravam a sua fidelidade ao "tinto" que lhes aquecia as gargantas, e cantavam pelas ruas noite adentro

    Era o Vinho meu Deus era o vinho,
    Era o vinho que eu mais adorava.
    Só por morte meu Deus só por morte,
    Só por morte o vinho deixava.

    Ai eu hei-de morrer na adega,
    Ai o tonel é o meu caixão.
    Ai hei-de levar de mortalha,
    Ai um copo cheio na mão.

    Ai rapazes quando eu morrer,
    Ai enterrai-me numa vinha.
    Ai façam a cova bem funda,
    Ai deitem-lhe vinho por cima.

    Ai rapazes quando morrer,
    Ai não quero choros nem gritos.
    Ai só quero à cabeceira,
    Ai um garrafao de cinco litros.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito boa :-) Que saudades das gentes que cantavam esta cantiga.
      E não sabes aquela do Moscatel?

      Eliminar
  5. Que legal!!Gosto muito desses provérbios e coisas típicas dos lugares! Muito bom de ler! bjs, linda semana! chica

    ResponderEliminar
  6. Paula, que divertidos proverbios por aqui! Eu adorei! bjs e boa semana,

    ResponderEliminar
  7. Dos provérbios da entrada, recolhidos da boca das pessoas, há um de que me apetece já falar aqui, pois eu não sabia porque o "vinho e linho é frio no corpo um bocadinho". Isto, porque para mim o vestuário de linho fino e puro é sempre fresco no corpo. Mas disseram-me que dantes usava-se os lençóis de linho que, no inverno, ao entrar na cama eram frios como gelo, mas, passados cinco minutos… hummmm!, que bom – que quentinho!
    Acho muito bonito este provérbio porque ligado ao dia a dia das pessoas dum outro tempo.

    ResponderEliminar
  8. Boa noite Paula, também gosto imenso de provérbios e em tempos idos era comum serem muito utilizados pelo povo! Era chamada sabedoria popular e bem certos estavam!!
    Vou deixar aqui a minha contribuição:

    Até ao lavar dos cestos é vindima;
    O vinho, como o amigo, quer-se antigo;
    Ao pé da silveira padece a videira;
    Em Agosto, nem vinho nem mosto;
    No dia de S. Martinho: lume, castanhas e vinho.

    Um beijinho para si e Xico!
    Óptima semana!
    Ailime




    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Ailime. obrigada pelos belos provérbios. Em Forninhos também são ditos alguns deles, sendo que o que mais se ouço por lá é que "até ao lavar dos cestos é vindima".
      Beijinhos e óptima semana tb.

      Eliminar
  9. Afinal, as cantigas populares tiveram por base os proverbios, curtos de frase, mas com muita letra e musica a preceito, quando nao a jeito, como diziam, conforme os dias e vagar. E o que as vidas traziam, coisas boas e más, depois soltas no dia a dia dos campos, matava o tempo ao passar sem dele se dar conta... Por isso penso nao fugir muito ao tema, trazendo um pouco do que me lembro, quase nada, mas que vou aclarando batendo a portas mais vividas.
    "E não sabes aquela do Moscatel", pergunta a Paula...
    Lembro um pouco, claro.
    Em Forninhos, decadas atras ter casta moscatel num cordao ou vinha, era raro e gente havia que essas poucas videiras guardavam mal comecavam "a pintar".
    No dia da vindima, os mais celeres e espertos, corriam na frente do rancho da vindima para serem os primeiros a provar, antes que a dona viesses com a faca e cesta e os arrecadasse.
    Aquele sabor era raro e conseguir roubar um cacho de uvas era uma odisseia.
    Quem os tinha, guardava pendurados no tecto para o Natal, ja meios secos e bolorentos, mas havia quem fizesse um pipinho, embora raro e separado das pipas. Um luxo, para quem o tinha e a eternidade para quem o bebia.
    A sua fama foi descendo do Douro e chegou a Forninhos terra do bom vinho do Dao, que a canta e cantou, tal como a ouvi, recordando, na transacta vindima das "Caroas" depois de fausta piqueta.

    Estava um morto estendido
    já pronto e vestido para se enterrar.
    Cheirou-lhe a moscatel
    o vinho doirado e pôs-se a cantar.

    Ai moscatel
    es um vinho sem igual
    Por isso es conhecido
    fora e dentro de Portugal
    Moscatel!

    O resto nao tranponho pelo arrojo da brejeirice...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É, podemos chamar-lhe brejeirice ou modos de falar com malícia, mas acho que essas formas de dizer é que são giras e vendo bem as pessoas sequer valoriza(va) essa malícia. Eu pelo menos quando ouvia essa cantiga achava-a normal e nem me passava pela cabeça que levasse maldade.
      Para mim, cantigas como a do "moscatel" são históricas. O nosso povo passou tanto ao longo dos séculos, digamos que a boa disposição era uma espécie de vingança contra as agruras da vida a que eram obrigados. É assim que eu vejo estas cantigas, às quais, acho muita piada.
      Alguns dos provérbios também traduzem uma sabedoria que incomoda. Este por exemplo: "O vinho, como o amigo, quer-se antigo". Então isto não incomoda os amigos da conveniência ou os "amigos de Peniche"?

      Eliminar
  10. Também gosto de provérbios!
    Fez uma boa escolha!
    Bj

    ResponderEliminar
  11. Oi Paula, que linda escolha! Lindos provérbios!
    Beijos,
    Mariangela

    ResponderEliminar
  12. "...cada sociedade tem os seus próprios provérbios...".
    Nao fora o vinho universal e celestial.
    Do mais humilde ser humano ao mais nobre.

    "...Tomando o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos;
    porque este é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por muitos para remissão de pecados.
    Mas digo-vos que desta hora em diante não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber novo convosco no reino de meu Pai".
    Mateus 26:27-30

    "Os vinhos são como os homens: com o tempo, os maus azedam e os bons apuram".
    - Cícero
    "Dado que o homem é o único animal que bebe sem sede, convém que o faça com discernimento".
    - Farnoux-Reynaud

    "Boa é a vida, mas melhor é o vinho".
    - Fernando Pessoa

    O pior dos crimes é produzir vinho mau, engarrafá-lo e servi-lo aos amigos".
    - Aquilino Ribeiro

    "Se Deus tivesse proibido o vinho, porque o teria feito tão saboroso?"
    - Cardeal de Richelieu


    "Enquanto está na garrafa, o vinho é meu escravo; fora da garrafa, sou escravo dele".
    - Juan Luis Vives

    E acabando em festa, canta o "nosso" Herman Jose

    "Saca o saca-rolhas, abre o garrafão
    Viver sem vinho não presta.
    Saca o saca-rolhas, abre o garrafão
    E vem fazer uma festa.".

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Então e na monografia local (Forninhos) não encontraste nenhum rifão popular?
      Estou a brincar claro.
      Sobre o vinho não estiveram muito mal - do texto da pág. 93 não gostei, por ser tipo «chapa 5». Mas as fotos das páginas 92 e 94, para mim, são as melhores «do livro». Sem dúvida!
      Também gostei da cantiga "Chora ó videira, ó videirinha", embora o refrão contenha um lapso na 4.ª linha, pois para rimar deve ler-se "Chora ó videira, ó videirosa". Fez falta uma revisão, antes da edição!

      Chora ó videira, ó videirinha
      Chora ó videira, ó rosa minha
      Chora ó videira, ó videirosa
      Chora ó videira, ó linda rosa.

      Junto do meu pai vou saber se o restante (quadras) está conforme!

      Eliminar
    2. Para o meu pai a única "Quadra" que se cantava em Forninhos é a primeira, só se as pessoas mais antigas que estão inscritas no "Centro de Dia" da terra cantavam no seu tempo outras!
      Será?

      As raparigas cantavam:

      Chora a videira, ó videirinha,
      Chora a videira, ó rosa minha…

      Os rapazes respondiam:

      Chora a videira, ó videirosa,
      chora a videira, ó linda rosa…

      E, no mesmo instante, cantavam a "1.ª Quadra", que era/é assim:

      Ai menina que anda na vinha
      Ai dê-me um cachinho alvar
      Ai que eu lhe darei um arinto
      Ai quando o meu pai vindimar

      Pena o texto da pág. 93 não referir o chacho alvar e o arinto e até o moscatel!
      A casta de excelência afinal é o touriga nacional. É o que eu digo...é um texto «chapa 5»!

      Eliminar
  13. In vino veritas.
    Se queres conhecer o teu amigo, da-lhe
    Sao as pipas vazias que fazem mais barulho.
    O vinho e a mulher, fazem a alegria do homem.
    Na agua ves o teu rosto, no vinho o coração dos outros.
    Nao se come sem beber vinho, nem se assina sem ter lido.
    O vinho e as crianças, falam a verdade.
    Quando o vinho desce, as palavras sobem.
    Três coisas mudam o homem: a mulher, o estudo e o vinho.
    Alegrai-vos tripas, ai vem o vinho.
    Ao teu amigo, e ao teu vizinho, o melhor pao e o melhor vinho.
    Conselho de vinho, faz errar o caminho.
    (In proverbios ao vinho).

    ResponderEliminar
  14. O povo, na sua imensa sabedoria, foi dando à linguagem oral um sentido prático e o resultado foram ditos como estes que o S. Leitão nos recorda. Obrigada.
    Sublinho "Alegrai-vos tripas, aí vem o vinho". Em complemento, contou-me o meu pai que os que gostavam em demasia «dodavide» diziam: "Quero que venha de engarrafamento até à boca/Em pouco tempo quero ver a pipa oca".

    ResponderEliminar
  15. Tempos houve em que as tabernas em Forninhos penduravam na porta de entrada um garrafão empalhado e um ramo de loureiro.
    "Ali", vendia-se tinto do bom, tão bom que já noite e depois do fecho, soltava as gargantas ao ponto de se ouvir, por vezes quase em súplica:

    "Meninas casai comigo
    Que linda prenda levais
    Fumador e jogador
    Borrachão cada vez mais".

    Ao que outro, batido na vida, mas mais velhote, entoava:

    " Pois eu quando morrer
    Quero na minha sepultura
    Uma pipa cheia de vinho
    Mas que não tenha mistura".

    ResponderEliminar
  16. Deixo aqui alguns:
    "Ao teu amigo e ao teu vizinho o teu melhor pão e melhor vinho"
    "Vinho doce bebe-se como se nada fosse"
    "Por cima de melão vinho de tostão"
    " Ao figo água, à pera água"
    "Vinho e linho só são frios um bocadinho"

    Beijinhos.

    ResponderEliminar
  17. Creio que a Lisa quis escrever "Água ao figo e à pêra vinho".
    Outro que recolhi da boca das pessoas foi "Pelo S. Martinho bebe o vinho, deixa a água para o moinho".
    Acho muito bonito também este provérbio porque ligado ao dia a dia das pessoas dum outro tempo.

    ResponderEliminar
  18. Conhecia apenas a do Santiago que pinta o bago!
    Bom fim de semana, Paula.
    Ehhhhh!!!! Vamos ter sol! Aproveitemos.

    Beijinhos

    ResponderEliminar
  19. Bebo vinho pra matar
    saudades do meu amor!
    Água? Só pra refrescar
    os pés quando está calor.

    São as mil quadras ao vinho,
    que eu tenciono fazer,
    que me andam a por tolinho
    com vontade de beber.

    Gosto tanto de beber,
    quer seja tinto, quer branco,
    que me chega a parecer
    que quando bebo nem manco.

    Maldito seja quem tem
    pipas de vinho a sobrar
    e não se lembra de quem
    tem a sede por matar.

    Bebo vinho pra mostrar
    a todo o mundo a razão
    porque me perco a beijar
    a boca do garrafão.

    Um copo de vinho verde
    nunca fez mal a ninguém!...
    A cabeça só se perde
    quando a gente não a tem.

    António Rodela

    ResponderEliminar
  20. É a primeira vez que estou no teu blog e gostei muito. Parabéns :)

    http://fromportugaltonyc.blogspot.pt/

    ResponderEliminar
  21. Sensacional não conhecia.
    Beijo Lisette.

    ResponderEliminar

Não guardes só para ti a tua opinião. Partilha-a com todos.