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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A oliveira, a azeitona e o azeite

«Verde foi meu nascimento
E de luto me vesti
Para dar luz ao mundo
Mil tormentos padeci»
Aqui está ela verde com a promessa de contribuir para um bom azeite dourado

Porque continuamos a defender que para compreender o presente é preciso primeiro conhecer o passado, transcrevo um trecho dum livro que li, que podia muito bem ser o testemunho de um qualquer forninhense:

«(...) Depois tínhamos direito às batatas, mas com pouco azeite. Às vezes punha-se a panela das batatas em cima da mesa. No meio da mesma encontrava-se um prato onde o azeite flutuava no cimo da água. Tínhamos o direito de pegar nas rodelas das batatas e de as molhar no azeite mas só de um lado, para poupar o azeite.»

16 comentários:

  1. Oi
    Que lindo!!!!!!!
    Não conheço uma oliveira, só por fotos mesmo...
    deve ser o máximo te-la no quintal. A azeitona é macia como as que compramos? ou precisa fazer alguma coisa para que ela fique como as que compramos no mercado.
    Adoro azeitonas, meu pai amava zeitonas pretas, não ficava sem elas aqui em casa, o azeite então...hummm! mas não compro do azeite virgem, é muito caro por aqui...tenho que me contentar com o outro que tem um pouco de óleo de soja misturado, assim mesmo é muito bom.
    Voces aí em Forninhos devem se deliciar né?
    beijinhos
    Tina |9MEU CANTINHO NA ROÇA)

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  2. No momento que escrevo este comentário, está a passar um programa na TV que mostra como o azeite era feito e como é actualmente.
    Hoje é muito prático, mete-se a azeitona num lado e apanha-se o azeite no outro, fácil.
    No antigo, o processo era muito mais trabalhoso; depois de pisada a azeitona por duas mós gigantes que andavam á roda num lagar redondo, movidas a agua ou, em alguns casos com a força de bois, a massa saída daqui, era espremida em ceiras e o liquido escuro saído, era escaldado e separado para se extrair o azeite através de um processo com água quente.
    Por vezes, para um melhor aproveitamento, os restos da massa ainda vinha para casa onde era fervido e se apanhava o azeite que vinha ao de cima com uma colher e o resto servia para a ceva.
    Já agora vou dar uma receita para o tempero das batatas “molhadas” no prato: põe-se um pouco de azeita, vinagre e sal mexe-se bem, fica bom, pode-se também juntar um dente de alho. As batatas devem ser cozidas na panela de ferro e com a casca, e cada um descasca a sua, era muito bom.
    Bom apetite.

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  3. De volta ao Outono
    A azeitona vamos apanhar
    Depois de bem moidinha
    Ela nos vai alimentar

    O que nos vem da azeitona
    É o azeite natural
    Depois de bem apertada
    Sai o alimento especial

    O azeite é um bem
    Que devemos estimar
    Porque em tempos antigos
    Serviu para nos iluminar

    A azeitona bem pretinha
    Aos lagares vai ser levada
    Também se pode comer
    Depois de bem preparada

    Da azeitona nos vem
    Um liquido dourado
    Que tempera os nossos pratos
    Com sabor e agrado

    Da oliveira nos vem
    A azeitona bem pretinha
    Que nos dá o azeite
    Depois de bem espremidinha

    Portugal tinha azeite
    Que dava para exportar
    Agora é a Espanha
    Porque o Alentejo está a comprar

    Os nossos governantes
    A agricultura têm desprezado
    E os nossos vizinhos Espanhóis
    As quintas têm comprado


    Debaixo da oliveira
    É que é o namorar
    Tem a folha miudinha
    Não entra lá o luar

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  4. Azeitonas e mais azeitonas, foi este o meu quatidiano a semana entreos dias o6 e o dia 12, foram 6 dias de apanha da azeitona, ainda o faço á moda antiga, com um pano no chão em volta da oliveira e depois toca a ripar, limpar, ensacar e depois lagar, hoje ainda se encontra lagares á moda antiga.

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  5. os lagares novos são mais rápido a fazer o azeite, mas para mim o melhor é aquele que é feito no antigo, sente-se mais o verdadeiro sabor do azeite, embora nos modernos tudo é mais limpo, porque entra por uma máquina que a lava e a partir dai já só se vê o azeite na tulha (depósitos), mas da azeitona não é só o azeite que se faz, porque a azeitona no fim de se fazer o azeite fcao bagaço (o bagaço é o que resta da azeitona moida) é enviado para a fábrica do azeite onde se faz oleo de azeite, o bagaço depois volta ao lagar onde é queimado para aquecer as caldeiras que faz funcionar o lagar.

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  6. Já azeitona que é para consumo, tem um outro preparo, que cmeça por ser escolhida logo na apanha ou seja a mais bonita é a que se escolhe, é retalhada (pequenos cortes que e fazem na azeitona para que fique doce mais rapidamente)é colocada em água que é modada todos os dias durante 4 dias, e então depois é que juntam os temperos, sal, louro, uma laranja verde cortada ás rodelas e ervas aromaticas (poejos ou mais conhecida como ervas das azeitonas) há quem ponha também alho, mas isso´já é uma questão de gosto, azeitonas acabadas de fazer são uma maravilha, sabor forte e saboroso, já as tenho prontas a comer. até á próxima

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  7. Sou do tempo em que todos comiamos as batatas de uma bacia, era assim que se chamava a uma travessa de barro de forma arredondada, para poupar o azeite!

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  8. Esta informação coincide com a descrição que os meus pais fazem da forma como, num passado não muito remoto, as famílias mais humildes e numerosas faziam as suas refeições. Nas refeições, usava-se um grande prato ou bacia, onde punham azeite (às vezes misturado com água) e alho e aí molhavam as batatas. Às vezes comiam batatas com azeitonas, outras vezes sardinha, que era dividida por 2 pessoas.
    Hoje as casas de famílias forninhenses são habitadas por uma ou duas pessoas, já não necessitam de um prato/bacia no meio da mesa…e pratos desses já só se devem encontrar em antiquários rústicos, pois ninguém os deve ter guardado, por serem considerados louça de segunda. Eu não me importava de ter na minha cozinha um desses pratos/bacia e uma almotolia de azeite antiga.

    De lagares de azeite, bem...não percebo nada, mas parece-me que este ano não vão ter mãos a medir, diz a sabedoria popular “a azeitona e a fortuna, às vezes muitas, às vezes nenhuma", pois é, estamos no tempo da última colheita do ano e a “azeitona já está preta, já se pode armar aos tordos….” as oliveiras estão carregadas e diz o povo que não podem ter mais. Eu fui habituada a fazer algumas coisas no campo, na altura fartava-me de refilar, mas hoje dou muito valor a esta tarefa da apanha da azeitona. É uma tarefa que não é fácil, se está a chover é péssimo, tudo fica escorregadio, os toldes ficam pesados, o acto de varejar (bater os ramos) torna-se desconfortável. Se está muita geada as pessoas gelam, mas para ter bom azeite tem de se apanhar a azeitona.

    Os forninhenses ainda continuam a tratar com conhecimento de quem sabe, as oliveiras de sua pertença, muitas passadas de geração em geração, para que as mesmas não morram e talvez com alguma fé no futuro e nas gerações futuras. Mas qual será o futuro das gerações forninhenses vindouras?

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  9. Boa tarde a todos.
    Este tema alem da importancia e valor do mesmo, pela sua utilidade, qualidade nutritiva, tradiçoes e porque nao, a historia da humanidade ate aos nossos dias, com as varias nuances que a evoluçao do mundo introduziu, de tudo isto o azeite sera dos maiores testemunhos.
    Das candeias de azeite para iluminar, ate as bacias com agua e azeite para molhar as batatas, um longo percurso foi percorrido.
    Parabens aos comentadores deste tema, pela maneira explicita, vivida e recordada.
    Como se aproxima o fim-de-semana e estou farto de ouvir as sirenes de todo o tipo de policia por causa da Cimeira da Nato, vou vingar-me num prato que adoro para o jantar de amanha.

    ARROZ DE TORDOS

    . 6 tordos limpos
    . 2 cebolas
    . 4 dentes de alho
    . 1 DL DE AZEITE (ca esta ele!).
    . 400 gr de arroz carolino
    . sal q. b
    . agua q. b

    Por um tacho ao lume com AZEITE, cebola e alhos picados.
    Deixar alourar.
    Junta-se a agua necessaria e coze-se o arroz.
    Entretanto nuna frigideira com um pouco de AZEITE, fritam-se os tordos que ja estao cortados aos bocados e temperados com sal.
    Quando fritos, juntam-se ao arroz, mexe-se e deixa-se apurar em lume brando.
    Rectifica-se o tempero e serve-se bem quente e sem demora, enfeitado com umas belas AZEITONAS.

    SAO SERVIDOS?

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  10. No que toca à conservação e consumo da azeitona, depois de colhida e escolhida para conserva, ou, como nós dizemos, para curtir, lavam-se e metem-se num recipiente com água, aí ficando até à primeira 5.ª Feira de Março (esta tarefa também estava associada a alguma crença), altura em que se acreditava que já não estavam amargas. A água não deve ser tratada, pois as azeitonas são incompatíveis com água tratada, deve ser usada água dum poço ou água corrente duma fonte classificada como “imprópria para consumo”, o que hoje em Forninhos são todas!!!, portanto, sem tratamento de água com doses de cloro, que é um químico responsável pelo cozimento e amolecimento das azeitonas. Nas cidades a conserva da azeitona pode ser feita com água mineral. A vasilha não deve ser de barro, é isso mesmo! Deve-se usar uma vasilha de plástico (garrafões usados da água, por exemplo), para evitar a oxidação e amolecimento do fruto em poucos meses. Nos tempos de fome comiam-se, mas hoje é inaceitável para o paladar moderno.

    RECEITA PARA CONSERVAR A ZEITONA INTEIRA:

    Enche-se com azeitonas, inteiras, os tais garrafões usados, de água, até 4/5 do seu volume, junta-se 2 colheres de sopa bem cheia de sal marinho e completa-se até ao bordo com água (nada de água tratada). Deixa-se ao abrigo da luz directa, pelo menos 6 meses.
    Semanalmente alivie a tampa de modo a fazer sair a pressão acumulada.
    Após 6 meses, lá para Abril, abra, lave em águas limpas por 2-3 dias e tempere como habitualmente a gosto (sal, limão ou laranja (cascas), orégãos, etc.)
    Se quiserem mais rapidez e não esperar 6 ou 7 meses para ter azeitonas prontas a comer, podem optar por azeitonas marteladas (britadas) ou azeitonas retalhadas. Esta técnica é mais rápida e permite começar a consumir a azeitona em 5-7 dias.

    RECEITA AZEITONAS MARTELADAS (BRITADAS):

    Esta técnica aplica-se, em especial às azeitonas grandes, verdes. Após a colheita, as azeitonas são esmagadas com o auxílio de uma pedra ou outro utensílio pesado, com um golpe. São então colocadas num balde e cobertas de água (já sabem que a água deve ser mineral, ou, não tratada), que se muda pelo menos 2 vezes por dia. Quando perdem o ácido (mas não o sabor) temperam-se na última água com sal grosso, louro, limão, orégãos. Devem consumir-se até ao Natal.

    RECEITA AZEITONAS RETALHADAS:

    Esta técnica aplica-se a todas as variedades, desde a grande à pequena. À mão, dão-se 3 ou 4 golpes até ao caroço, com uma faca. Cobrem-se então com a água, que se muda diariamente até perderem a acidez, o que demora de 15 a 30 dias, conforme o tamanho e o número de golpes e o grau de maturação.
    Temperam-se então com sal, orégãos e louro e começam a consumir-se. Podem guardar-se por muito tempo, sem amolecerem, fechadas em garrafões usados.

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  11. Boa tarde para todos que nos lêem.
    Tenho estado fora e hoje, ao chegar fiquei “mais rico” com conhecimento sobre o tratamento que se dá á azeitona curtida, eu sou maluco azeitonas, por vezes tiram-me a tigela da frente para que eu pare, porque dizem que comer muita azeitona duma vez faz mal, eu não acredito, mas enfim, temos de dar razão aos ditados dos modernos.
    Em minha casa ainda há azeitonas do ano passado e posso-vos garantir que estão excelentes, mesmo como eu gosto, devo dizer que não gosto das que se vendem nos mercados, não me perguntem porquê porque não sei, só sei que gosto das nossas.
    A receita é simplesmente esta:
    Depois de escolhida e lavada, põe-se num pote ou dois conforme a quantidade que se quer curtir, junta-se agua não tratada e em Abril muda-se a água e põe-se sal, não leva mais nada e assim que tomar do sal estão prontas para consume e só se vai lavando conforme se tiram, não se muda mais a agua, as minhas ainda estão boas, gostosas e duras, quando ficam moles (o que nós costumamos chamar de sapateiras” já não prestam.

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  12. Eu também sou doida por azeitonas! É um aperitivo que não dispenso.
    O Sr. Eduardo não gosta das que se vendem nos mercados, se calhar porque a maior parte das azeitonas que são vendidas no mercado, (excepto em alguns mercados da província), são curtidas com químicos, soda cáustica, por exemplo, daí não encontrar nessas azeitonas aquele sabor amargo, ácido e salgado que encontra nas curtidas de forma simples (conforme descreve).

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  13. faltou um pormonor na minha receita:
    para que a azeitona não vire "sapateira" deve ser temperada com sal marinho e o pote deve estar em local fresco, normalmente fica na adega que é o local mais fresco da casa

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  14. Com a publicidade do Pingo Doce o pão de azeite e azeitonas voltou à ribalta. E certo é que a publicidade levou-me até ao Pingo Doce, mais concretamente à prateleira do pão. Comprei para experimentar, mas fiquei desiludida, pois cada bolinha tinha 5 ou 6 pedacinhos de azeitona no exterior (para enganar) e por dentro NADA!
    Pouparam nas azeitonas e estragaram tudo!
    Acho que este produto tão portuguesíssimo tem tudo para singrar, no entanto, não tenho a certeza, mas acho que as padarias do nosso concelho e concelhos vizinhos não comercializam este pão, o que é pena, pois, têm tudo para o fazer bem feito, com aromas e sabores antigos, bom azeite e boas azeitonas.

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  15. pois eu ontem, fui almoçar fora de minha casa,onde me presentiaram com uma salada que continha azeitonas sem caroço, uma simpatia do anfitrião, mas as minhas curtidas só na agua e col sal, sao bem melhores.
    o que é português é bom, mas o que é natural ainda é melhor

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  16. Eu também valorizo o natural, tradicional, biológico, mas também aceito a novidade, pois acho que não faz sentido rejeitar o que seja industrial ou artificial, aliás, na alimentação, temos exemplos vários de que, nem tudo o que é natural é bom, como é o caso dos cogumelos venenosos. “Artificial” pode também ser o leite, porque é esterilizado ou a água de consumo que é tratada, etc…
    Já agora…experimentem a pasta/patê de azeitona. É óptima como entrada, com tostas ou pão caseiro.

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