Seguidores

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Começaram as Vindimas

A faina das vindimas tem de começar e alguém começa. Se estiver bom tempo, como é o caso, até é uma tarefa agradável de fazer.

Desta feita mostramos a vindima do tio António Carau, nas fotos registadas pelo João Seguro e que ilustram para quem não sabe, as rotinas da vindima. Para quem sabe não é novidade, mas acho que aqueles que não estão cá, vão gostar de recordar os tempos em que também se envolviam nestas lides.


Na vinha, todos andam à volta das videiras, de tesoura e balde na mão


e corta-se para o balde um cacho de cada vez. 
E quando está cheio, vai-se despejar,

passando as uvas por um esmagador e daqui para o lagar,

mas por agora vamos à piqueta,
pois nem só de trabalho se vive!

Agora, então, vamos "espreitar" a pisa das uvas no lagar

e ver os 'artistas' a pisar as uvas,

onde começa o ciclo de fermentação, que levará uns dias e muitas voltas


e apreciar, vendo, a cor que o vinho adquire.

No Outono muita coisa a natureza nos dá, para além das uvas, fazemos por ora também destaque aos Castanheiros:

As castanhas saem dentro deste emaranhado de picos. É uma fruta da época que se consome de várias maneiras, falaremos delas mais à frente, por enquanto, fica a imagem para vos recordar dos magustos que estão quase à porta.

7 comentários:

  1. As vindimas na nossa terra são uma tradição que ainda todos os anos se faz mais ou menos como se faziam antigamente.Só o transporte para os lagares é que é diferente daquilo que era,porque no passado as uvas iam dentro de dornas de madeira e transportadas em carros de bois e agora isso já não se vê.



    As vindimas por cá continuam.Como diz o povo:até ao lavar dos cestos é vindima.

    ResponderEliminar
  2. Esta tarefa de vindimar, que se vive todos os anos quando o Verão começa a despedir-se, foi passando de geração em geração e os homens, mulheres e crianças, desde que me lembro, sempre fizeram esta tarefa rural com muita animação. Nos lagares cantava-se cantigas populares e mais tarde era nos alambiques, à noite, que se faziam serões comunitários. Lembro-me no páteo do tio Ilísio fazer-se ali a aguardente e assavam-se umas maçãs e que bem que sabiam!
    Lembro-me também que nas grandes vindimas, como era a do Sr. Amaral, pois possuía grandes vinhas, havia ranchos de homens e mulheres e havia uma grande azáfama na nossa aldeia. No Largo da Lameira, junto ao armazém, chegavam as dornas de madeira que Lopes refere, para serem despejadas nos grandes lagares do Sr. Amaral. Ao contrário do que se fazia no passado, hoje os proprietários das grandes vinhas entregam as uvas nas Cooperativas Agrícolas que para ali são transportadas em contentores nos tractores ou camionetas. Mas ainda temos as vindimas familiares, como esta do tio António Carau, onde também eu participei muitas vezes e era das mais animadas, onde o vinho é feito em casa. Com o tempo e com o despovoamento das aldeias, é bem provável que esta agricultura familiar acabe e se apague esta tradição:(

    Desafio os nossos leitores a escreverem algo sobre as vindimas, mas para melhor completar o tema, terminem também com um provérbio que conheçam alusivo às vindimas, tal como fez Lopes.

    Aqui fica o meu:
    «Depois de vindimar deves os cestos arrumar».

    Vá lá participem!

    ResponderEliminar
  3. Bom trabalho.Gostei de ver estas fotos e é bom que vão continuando estas tradições.
    "S.Miguel das uvas, tanto tardas e tão pouco duras"
    Saúde para todos
    David

    ResponderEliminar
  4. Vindimas; a seguir era um cerimonial que se levava muito a sério até o vinho alisar.
    Hoje, como diz Lopes, as vindimas ainda se fazem como antigamente, mas o transporte das uvas já não é, assim como a pisa. Agora utiliza-se o esmagador, a pisa é para aquecer o mosto uma vez que o esmagador o não faz.
    Também como vemos pelas fotos, os pipos, pipas ou tonéis de castanho, praticamente desapareceram, foram substituídos por cubas de aço inox. – Sinais dos tempos.
    Apesar destas mudanças, Forninhos é uma aldeia do interior onde ainda se faz muito vinho chamado caseiro, isto é, fabricado de modo artesanal e muito bom, só é pena não se poder beber á vontade. (olha o balão)
    VAI UM COPINHO?

    ResponderEliminar
  5. É certo que, em alguns casos, a tradição já não é o que era, mas talvez por isso, sabe bem observar que num quotidiano onde a mecanização cada vez mais impera, algumas das tradições continuam ao longo dos tempos, mesmo que adaptadas aos novos usos e costumes. Pelo menos, no dia da vindima ainda se junta um grupo de amigos e familiares do dono das vinhas para cortarem os cachos das videiras, seja para casa ou para entrega na adega cooperativa da região.

    Manda a tradição que pelo S. Martinho (11 de Novembro) se coma castanhas e se faça a prova do vinho novo. Também este dia é festejado com um vinho chamado de água-pé (metade água e metade vinho) ou jeropiga. A jeropiga é uma bebida que também se obtém do sumo extraído das uvas, mas enquanto o vinho se obtém esmagando as uvas que ficam a fermentar com o bagaço durante alguns dias, a jeropiga faz-se juntando aguardente ao sumo para impedir a fermentação, o que faz com que a bebida fique bastante doce. Se não fôr assim, peço que me corrijam, ok?
    Também é excelente para acompanhar com outros frutos secos, como nozes, avelãs ou figos.

    Mas estas bebidas de fabrico caseiro (jeropiga e água pé) importantes para a manutenção dos nossos usos e costumes mais tradicionais, estão em vias de extinção, pois a sua produção tem diminuído, não só porque muitos campos vão sendo abandonados e as explorações vinícolas de características empresariais vão ganhando terreno, mas principalmente por causa da Lei que proíbe o fabrico e comercialização destas bebidas, por não existir certificação e controlo de qualidade.

    ResponderEliminar
  6. Quanto ao fabrico da jeropiga, aluap não está enganada, a jeropiga é feita de sumo de uva antes de ser fermentado, é muito doce e retira-se logo a seguir á pisa; mistura-se 3 partes de sumo e 1 de aguardente, passado 24 horas a jeropiga está pronta para se beber com os figos secos ou castanhas assadas.
    Quanto á água-pé, era uso fazer-se porque se bebia bastante e no verão torna-se uma bebida mais fresca e “leve”, mas sobretudo, porque se acrescentava mais um pouco á quantidade.
    É feita só depois de se retirar o vinho do lagar para as pipas, e no canganho (resíduo das uvas pisadas) que fica, junta-se uma certa quantidade de água e repisa-se, depois vai para a prensa e daí sai a água-pé.
    Do que resta, é feita a aguardente, agora em alambiques modernos, mas em forninhos ainda há quem utilize os antigos, que embora morosos, mas quanto mim, a aguardente sai muito melhor.

    ResponderEliminar
  7. Em Forninhos todas as casas tinham a sua adega, que servia para guardar os pipos de vinho, mas também as garrafas e garrafões de jeropiga e aguardente. Também serviam as adegas para encontros privados entre amigos, familiares ou não, e onde até se celebravam negócios, resolviam problemas complicados e onde se contavam também históricas fantásticas.
    As casas também adquiriam uma imagem muito pitoresca, principalmente as salas, pois era nesta época das vindimas que eram escolhidas as uvas destinadas ao consumo familiar, mas estas não eram guardadas nas adegas, mas penduradas com um cordel/linha, em pregos colocados nos caibros das salas e os cachos aguentavam-se assim até Janeiro ou Fevereiro.

    ResponderEliminar

Não guardes só para ti a tua opinião. Partilha-a com todos.