Na próxima festa, toda a gente de Forninhos vai fazer, pelo menos, um bolo. Não falo do bolo mármore, bolo de laranja, ananás, nem do bolo de côco. Falo de um bolo ancestral legado de gerações e gerações - o pão-leve - que foi o antecessor do bolo de noiva.
A receita é muito simples: farinha, ovos e açúcar. Por cada 4 ovos, uma chávena de chá rasa de farinha e uma ligeiramente mais minguada de açúcar.
Então vamos meter a mão na massa?
Parta os ovos e separe as gemas das claras. Bata as claras em castelo até ficarem bem firmes. Adicione o açúcar às gemas e mexa tudo muito, muito bem. De seguida junte as claras e mexa com colher de pau, mas sem bater, envolva apenas para ligar.
Por fim junte a este preparado, aos poucos, a farinha, mexendo sempre com muito cuidado, de modo a não granular.
Préviamente unta-se a forma, com manteiga e polvilha-se com uns pózinhos de farinha, que vai ao forno de lenha:
que já está a aquecer |
Agora, da capacidade da forma, junta-se dois terços da massa, para evitar que depois venha a transbordar.
Está quase, esperem só mais um bocadinho...
O forno já tem a quentura suficiente e ála que se faz tarde, forma no forno. Alto! Falta tapar com papel para não queimar.
Espreite, abrindo um pouco a porta do forno.
Já deve estar quase, até aqui parece cheirar.
Vamos ver, mas não toque no pão-leve, pegue num palito ou caruma e espete a massa. Se vier húmido, ainda não está cozido, se vier seco, pode tirar do forno.
Deixe arrefecer um pouco e depois desenforme. Já está...e fofo.
Bom apetite!
Legal, Xico! Amo Bolo e esse deve ser gostosíssimo! E leve!!!
ResponderEliminarAbraços e uma boa semana p você e também p Paula...
MUITA PAZ!
Voltei... Ah, é um PÃO DE LÓ!!! Gosto muito de fazer aqui em casa, o meu marido ADORA!!!!!!!!!!!!!!
EliminarRealmente, a massa é leve e suave...
Estava tão aérea de manhã, que só agora é que percebi... Depois que me tornei vovó, ah....
Com carinho
Que bonito pao-leve esta saindo do forno ,bem comia uma fatia ,mas tenho de esperar mais umas semanas. Antigamente uns dias antes da festa começavam os fornos a cozer os doces e pao-leve ,era uma alegria para nos crianças ,au fin podíamos rapar os alguidares que saudades desses tempos .
ResponderEliminarCresci habituada a entender que "pão-leve" é "pão de ló". Quando finalmente procurei (outra vez no google) descobri que o pão de ló é uma variedade de bolo leve, fofo e doce, feito de ovos, açúcar e farinha.
ResponderEliminarDigam lá se as falas e receitas dos antigos não são lições de tradição?
Da festa, também me lembro dos fornos a cozer doces e pão leve e, embora hoje se façam outros bolos, aqueles eram diferentes.
Por último assavam-se as carnes.
Foi boa ideia aqui colocares o forno a lenha, pois a lenha dá um excelente gosto à comida.
Pão leve ou Pão de Ló ,ambos a mesma coisa como diz a Paula, é um bolo fofo e saboroso, no entanto existem vários tipos de Pão de Ló , sendo o mais conhecido o de Alfeizerão, que para mim não passa de um bolo mal cozido, ficando cru no seu interior.
ResponderEliminarMas o Pão Leve de Forninhos têm um sabor diferente, basta ser feito com ovos caseiros e melhor ainda, ser cozinhas em forno de lenha.
Obrigado Xico pelo bolo.
O amigo Joao Seguro tem razao.
ResponderEliminarMuitos bolos parecidos devem existir, mas com gosto diferente.
Este sempre provei e comi, e apesar da sua simplicidade, sabe maravilhosamente.
Os fornos que ainda vao existindo no pateo das casas, aquecidos com lenha escolhida a dedo para o efeito, os ovos amarelinhos e as maos de quem nao precisa de receita, apenas recordacoes antigas, faz parte da nossa tradicao.
E quem nao gosta de os ver fazer, cheirar e depois comer.
Hummm...deve ficar delicioso!Senti o cheiro daqui!...rss...bjs e valeu pela receita!
ResponderEliminarHmmmmmm deu vontade! Delícia muito bem mostrada! bjshica praianos,chica
ResponderEliminar...mármore, de ló, leve... cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso!
ResponderEliminarMaravilhosas estas crónicas com tradições que, se não forem assim recordadas, perder-se-ão para sempre.
Ainda bem que vos encontrei por aqui.
Obrigada pelo apoio deixado lá no meu blogue.
Um abraço
Teresinha
Convém lembrar as receitas de Forninhos, pelo menos, para os dias de festa. Eu por acaso não sou apreciadora, mas como uma fatia de pão-leve. Este bolo, dizem-me, era feito na Páscoa e nas festas e propositadamente nos casamentos, já que bolo de noiva não havia, o seu antecessor foi mesmo o pão-de-ló (ou leve).
ResponderEliminarUsa-se em Forninhos uma forma de chaminé e acho que havia formas de 1 dúzia e de dúzia e meia; as antigas formas eram mais largas que as de agora.
A forma do pão-de-ló de Alfeizerão é uma forma sem buraco e é forrada com papel vegetal untado com margarina.
Sou um daqueles que adora Pão-Leve e se for acabado de sair do forno e depois de arrefecido, melhor ainda. É quando estão no ponto para serem devorados, fatia atrás de fatia.
ResponderEliminarFestas e principalmente casamentos, nos quais a quantidade de Pão-Leve na mesa, era uma referência de abastança e casamento farto.
Por detrás muito trabalho, desde pedir o forno emprestado e as latas e fôrmas, pois nem toda a gente as tinha.
Assim circulavam de casa em casa pela aldeia num gesto de solidariedade. A maior parte destes utensílios já tinham décadas de utilização e tinham de ser preservados, pois iam ficando uma raridade, à semelhança dos latoeiros que os faziam e vendiam nas feiras.
Por isto e muito mais, o "nosso" Pão-Leve tem um sabor especial...nham nham tão boooom!!
E é pena ver as formas antigas do pão leve desaparecer. Há terras que guardam religiosamente os seus utensílios domésticos; e em muitas regiões continuam a usar a sua forma de pão de ló e nós achamos isso bem feito, no entanto, ao que é nosso, não ligamos patavina!!
ResponderEliminarA minha mãe tem uma forma dessas, leva a dela uma dúzia de ovos! Vou fotografá-la para postar junto com outras 'coisas nossas'.
O texto do post ficou bom e é de agradável leitura. Parabéns Xico - o pão leve da nossa terra tem de certeza mais de um século, por isso, devemos preservar o receituário transmitido de geração em geração.
Altura do casamento
ResponderEliminarA tia Maria pensava
Como dar luz ao evento
De sua filha adorada
De vez em quando ao momento
Laivada de sofrimento
Toda se arrenegava
Dez pao leve ela queria
Mas faltava equipamento
Dos ovos uma catrefa
Formas e latas a pedir
Mais valia do casamento
Sua filha desistir
Mas nossa terra irmanada
Sabendo da dificuldade
Juntou e fez a chamada
Contributo de felicidade
Que mesmo com pouco de nada
Ajudou na felicidade
Num gesto simples e sao
Quando eles assim casaram
Com o povo em uniao
Todos, todos eles pensaram
Somos bons de coracao.
Num passado recente era mesmo assim: os preparativos para a boda do casamento começavam 2, 3 ou 4 dias antes e fazia-se muitos pão-leves.
ResponderEliminarNum casamento em Forninhos houve uma que "beliscou" todos os bolos, pensando que tirando um pedacinho de cada um, não davam por tal.
Imagem...só imaginem...a situação!
Eu, guloso por eles, também os cheguei a "ratar" por baixo, pela base que assentava no prato e a maior parte das vezes, só davam conta quando ao cortar, a faca encontrava o vazio.
ResponderEliminarAí, já me tinha escapulido!
Xico tu estás me saindo um ótimo gourmet, já anotei para fazer quero ver se atino fazer, pois essa da imagem está lindo e apetitoso, estamos construindo aqui em casa um galpão, um espaço para o encontro com amigo e para relembrar os tradicionais pratos de nossa região e já está no projeto um forno de barro. Minha mãe fazia delicias, e uma coisa que quero fazer assim que tiver o forno é assar um leitão inteiro no forno,assim como fazia meu pai.
ResponderEliminarQuando vejo vocês falarem das coisas de forninhos como lembro de meu pai e de minhas tias, que é a herança cultural né eles faziam muitas coisas igual a vocês.
Bjos e tenham um ótimo fim de semana, vou juntar lenha para o fogo de logo mais, o frio está chegando por aqui.
Anaja, amiga.
ResponderEliminarNem gourmet nem pretensao a tal.
Apenas em sintonia com a minha amiga Paula, procurar, reconquistar e dentro do possivel registar aqui, ambos alvos de invejas, memorias.
Que procuramos junto de quem ainda nos ajuda em prol de uma identidade, gente que como esta receita de minha mae, oitenta e tal, que apesar de simples, um dia em seu galpao ira fazer.
Importante a transmissao de coisas e afectos.
E a gente da minha erra, abrir horizontes e verem que no dia a dia, a honramos com todo o rigor, amor e carinho.
Quem sabe um dia, nao reunimos aqui na serra de sao Pedro.
Se cuida!
Olá Xico, de regresso depois de alguns dias de ausência aqui estou encantada, neste caso, com a forma desenvolta e clarissima como ensina a fazer o Pão-Leve. Eu que não tenho muito jeito para bolos penso que seguindo a sua receita farei um brilharete:))!! Obrigada. Ailime
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