Por aqui, embora a tradição já não seja o que era, ainda se vê alguns casos como este, em que as ovelhas fazem romaria em volta da capela tal como as pessoas.
Neste caso que vemos nas fotos, é na santa Eufémia, Santuário que pertence à Matança, concelho de Fornos de Algôdres, mas perto de Forninhos, onde quase toda a gente desta terra se desloca nos dias de romaria, mas sem gado, claro.
Noutros tempos, enfeitava-se o rebanho, lava-se o focinho do animal, aparava-se a lã na cabeça, uma espécie de corte de cabelo, enfeitava-se com borlas (bolinhas de algodão às cores espalhadas pelo lombo) campaínhas com coleira dependuradas ao pescoço e os chocalhos nas cabras, o chibo levava o chocalho maior e, por vezes, os mais vaidosos colocam pequenas campaínhas na ponta dos cornos (chifres), com tudo isto a tocar, fazia uma melodia de encantar.
As ovelhas davam a volta à capela a correr atrás do pastor e quando apanhavam a última, o pastor retirava-se e as ovelhas pegavam, isto é, ficavam às voltas sozinhas até que as parassem.
Hoje não é possível fazer isto neste Santuário porque colocaram cubos de granito no chão e as ovelhas se correrem, escorregam e caiem.
Nota: Fotos tiradas em Abril/2010
Que bela recordação deste costume dos pastores que consiste na consagração dos rebanhos aos santos, que eu tantas vezes assisti na Santa Eufêmia e também na Senhora da Saúde, na Moradia. É verdade Sr. Eduardo, lembro-me bem da chegada do(s) pastor(es) com as ovelhas enfeitadas, levavam-nas à capela, correndo em volta, seguido(s) pelas ovelhas até estas se encontrarem alinhadas em fila. Quando isso era conseguido, o(s) pastor(es) abandonava(m) a correria e deixava(m) as ovelhas continuarem sozinhas.
ResponderEliminarRituais como este são o cimento das comunidades mais pequenas e quando desaparecem, desaparece também a identidade comunitária. Neste caso, ainda não desapareceu totalmente, mas transformou-se. Por isso é bom que as coisas não fiquem no esquecimento, não só pela fé, mas para sentirmos como os nossos bisavós, avós e pais viveram as épocas dos seus anos de ouro, de trabalho e de sentimento e de muita entrega também. Mas isto depende das pessoas, claro, se querem passar o testemunho aos mais novos e reavivar o interesse em conhecer as tradições ancestrais ou não.
Este ano, quando voltar a acontecer, não esqueça a máquina fotográfica Sr. Eduardo, para registar e mostrar a todos.
Continuação de bom Domingo com sol.
Quando chegar a primavera as ovelhas e carneiros precisam de ser tosquiados.
ResponderEliminarPois, como está mais calor, estes animais também gostam de andar à fresquinha e por isso, é necessário tosquiá-los.
Agora vou tentar explicar como é feita a tosquia:
A ovelha é retirada do curral, e é presa de barriga para cima para ficar sem forças para reagir.
O tosquiador coloca o animal entre as suas pernas, virado de barriga para cima e começa a tosquia.
A lã do animal pode servir para fazer imensas coisas. No entanto, é preciso tratá-la primeiro antes de ser usada para fazer o que se pretenda com ela.
No final, o tosquiador pega no rabo do animal e coloca uma anilha apertada para que o rabo se corte por ele próprio.
A tosquia para as ovelhas e para os carneiros, é um alívio. Não lhes dói nada e elas até agradecem.
Que pena que a tradição não foi mantida.
ResponderEliminarAliás, isso tem acontecido em todos os lugares. Estão perdendo as raízes.
Mas ainda bem que temos blogs como o seu, onde aprendemos e recordamos coisas tão maravilhosas.
Amei essas imagens. Belo post.
Abraço,
Jamais imaginei algo assim,muito interessante,estas tradições não podem ser esquecidas jamais.
ResponderEliminarDeusa
vasinhos coloridos
Belas fotos e mau piso.
ResponderEliminarParabens Sr. Eduardo!
A modernidade faz que qualquer dia, os poucos rebanhos a fazer a romaria, vao de skate, isto se entretanto nao colocarem Scut's em cada esquina da capela, e entao veremos as ovelhas nao enfeitadas e coloridas, mas com a Via Verde nos Cornos.
Falando a serio: pelo que sei, a romaria dos rebanhos, era unica e simplesmente para os consagrar aos Santos e nao um festival do melhor rebanho apresentado.
Bons e belos tempos...
Sim, era para consagrar ao santo, mas, como em todas as profissões, os pastores tambem sao vaidosos e gostavam de apresentar o seu rebanho o mais bonito. E todo aquele que nao pegasse o seu rebanho, nao era considerado um bom pastor. O pastores, em algumas localidades usavam a manta a abanar e um bùzio para chamar as suas ovelhas, assim mandava a tradição.
ResponderEliminarUma vez vi um, que depois das suas ovelhas fazerem a romaria, entrou com uma delas atras dele dentro da capela e ajoelhou frente ao altar com o pastor, claro, que a troco de uma mão cheia de milho, mas treinou-a para esse fim.
Nisto de pegar o rebanho (pô-las a correr sosinhas á volta da capela) era fácil quando o rebanho era grande, quando mais pequeno era mais difícil.
belos tempos xico.... belos tempos.
Tal como o campones, que canta a semear
ResponderEliminarA terra,
Ou como tu, pastor, que cantas a bordar
A serra
De brancura,
Assim eu canto, sem me ouvir cantar,
Livre e a minha altura.
Semear trigo e apascentar ovelhas
E oficiar a vida
Numa missa campal.
Mas como sobra desse ritual
Uma leve e gratuita melodia,
Junto o meu canto de homem natural
Ao grande coro dessa poesia.
Mesmo sem algumas características genuínas, esta tradição ancestral ainda se vai mantendo viva pela vontade dos pastores e até que, provavelmente, deixem de existir rebanhos.
ResponderEliminarAinda me lembro de ver alguns rebanhos, não muitos a pastorar por esses campos. e sempre era um parzer comer alguns dos queijos feitos de forma artesanal, mas tudo isto como outras coisas tendem a desaparecer, mas ainda há quem reme contra a maré e ainda bem.
ResponderEliminarDevia mesmo ser muito bonito...pena estar se perdendo no tempo...não tem como voltar a tradição?
ResponderEliminarSeria sem dúvida um maravilhoso passeio turístico...
abraços
Tina (MEU CANTINHO NA ROÇA)
Como gosto do seu blog ! Tudo é tão encantador que até eu mesma, que nunca fui ai, tenho saudade !
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