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sábado, 15 de janeiro de 2011

Os Cravelhos

Muitas vezes nem reparamos em simples pormenores e particularidades que existem em Forninhos, mas que fazem parte do espólio rural e da memória colectiva da nossa aldeia, como os cravelhos, fechaduras em madeira, que antigamente eram muito comuns nas portas das palheiras e lojas do gado: 


Os cravelhos podem localizar-se no lado esquerdo, 
ou no lado direito da porta,

sensivelmente a meia altura, mas sempre no exterior da porta

Esta, além do cravelho, tem um buraco 
para que os gatos pudessem passar

As portas com cravelhos eram apenas fechadas pelo exterior; outras portas e portões, ficavam fechadas só no trinco e tinham um buraquinho por onde passava um cordel que as pessoas puxavam e abriam. Quase ninguém fechava as portas à chave antigamente, porque era um tempo em que havia respeito pelos valores da confiança, do espírito comunitário, da partilha e da amizade entre vizinhos.

14 comentários:

  1. Meu Deus! mas é mesmo muito igual aqui!
    Na casa da minha avó as "trancas" das portas eram assim, mas pelo lado de dentro, tinha mesmo um cordãozinho que puchávamos do lado de fora para abrir...igualzinho. Chamávamos de " trancas".
    As portas de dentro da casa tinham tramelas...Paula, vou fazer uma postagem sobre isso...posso?
    Cada dia que venho aqui no seu blog, tenho mais certeza que as raízes do nosso "Cantinho" são mesmo de Portugal...que maravilha!

    beijinhos
    Tina (MEU CANTINHO NA ROÇA)

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  2. Como a Tina disse,nas pequenas cidades ainda de usavam Trancas e Tramelas...na casa da minha avó tinham portas e janelas com estas trancas,descendencia Portuguesa.
    Bjs
    Deusa

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  3. Pois é…se começarmos a olhar “com olhos de ver” reparamos em coisas fantásticas.
    Tina se o tema desta postagem interessa é com agrado que digo SIM ao pedido, desde que prometa voltar :))

    Como também já foi por aqui várias vezes dito, é pena que estas e outras “coisas nossas” não sejam valorizadas. Coisas pitorescas que devida e convenientemente aproveitadas poderiam fazer da aldeia de Forninhos um lugar de interesse que despertaria curiosidade em conhecer, nem que fosse pelos netos desta geração.
    Ainda no passado dia 10 foi feito um comentário no post “Morte de uma Serra com milhares de anos de vida”, por alguém que tem uma “veia” forninhense e que tal como muitos de nós gostava de ver crescer Forninhos, ver Forninhos com futuro. Um comentário que vale a pena ler e reler.

    Saudações com amizade.

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  4. Já não há desculpa para dizer que não se percebe nada de lagares de azeite!...não é verdade Deusa? Nós por aqui continuaremos a falar de “coisas nossas” e de todas as referências que fazem parte do nosso património, mesmo que sejam já quase peças de museu, como as trancas e cravelhos. Em algumas regiões tranca e cravelho é a mesma coisa, ambos têm a função de fechar a porta. Regionalismos. No entanto, em Forninhos acho que se chama tranca a uma barra de madeira que se coloca atravessada para fechar a porta. A tranca era muito usada em portas e janelas de casas abandonadas.
    Penso que uma porta com tranca tem mais segurança do que uma fechada apenas com o cravelho. O cravelho, a meu ver, é uma fechadura que só serve para pessoas honestas, pois os desonestos, ladrões, com facilidade as abrem.

    Continuação de bom fim-de- semana

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  5. Ainda se vê por aqui nas casas antigas alguns cravelhos, e até pinchos.
    Estes acessórios das portas serviam para fechar as portas por fora, os cravelhos eram usados, mais para currais do gado ou palheiros. No entanto, também havia portas principais que eram divididas ao meio, a de baixo com cravelho e a de cima já tinha fechadura, embora, nas nossas terras, a chave, normalmente ficava na porta.
    Quanto ás trancas, eram usadas só por dentro, era um pedaço de madeira com uma certa espessura que encaixava em covas escavadas nas ombreiras das portas, que se vêm ainda em muitas casas ou então, nuns encaixes pregados na parte de dentro da porta.
    Ainda hoje se usa a expressão “depois da casa roubada, trancas á porta”

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  6. No primeiro piso, piso de habitação, a chave ficava na porta, pois nesse tempo quem batia ou abria a porta ía por bem e era porque precisava ser atendido, não era invasão ou falta de educação, era convivência, amizade, confiança entre vizinhos que era como se fossem da família. Ainda no post “A Desmancha” o Xico e o Sr. Eduardo isso referiram. As pessoas recebiam sem reserva.

    Sobre a última foto referi o pormenor da existência do buraco por onde os gatos pudessem passar. Pesquisei alguma coisa sobre estas portas, a que dão o nome de "gateiras", não sei se em Forninhos se usava este nome, mas isto era mesmo muito humano, nem os animais eram esquecidos!

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  7. Sobre as casinhas antigas de Forninhos e a função da porta:

    Já aqui foi referido que as casinhas tinham poucas aberturas, algumas nem janelas tinham, era através da porta que entrava o ar e a luz. Por exemplo, havia em algumas casas portas em que a parte de baixo era fechada, enquanto a parte de cima tinha uma abertura para arejamento e para permitir a entrada da luz para o interior da casa. Eu ainda me lembro de casas que tinham este tipo de porta, porta com postigo, mas não encontrei nenhuma, felizmente ainda encontrei algumas com cravelhos, por isso, decidi tirar fotos para publicar.

    Sobre a Recuperação de Casas:

    Muitas casas foram e são recuperadas, mas se repararem as antigas portas e janelas são sempre substituídas por outras diferentes. Nestas 3 portas aqui publicadas é evidente o desgaste provocado pelo tempo, o mais certo é que também sejam um dia substituídas por outras de outro material, por isso é que se torna importante deixar um testemunho, enquanto ainda existem algumas.

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  8. Estas fechaduras deram lugar a um ditado popular:“Cravelho que encravou, para abrir se arrombou” quer dizer isto que os ladrões arrombam-no

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  9. Não só as fechaduras de madeira, trancas e cravelhos, deram lugar a ditados populares, mas também outros pormenores das portas como a “gateira”.
    Em tempos antigos havia muitos ratos e não havia raticidas, eram os gatos que tinham a função de apanhar os ratos. Um provérbio inspirado nesta situação é: “Casa que não tem gato, tem ratos”. Era, assim, rara a casa que não tivesse um gato e o tal buraco na porta de casa ou da adega, que em muitas regiões do país chamam de gateira.
    Hoje há menos ratos e poucos gatos e nas construções das casas já ninguém pensa fazer um buraco na porta da casa ou da adega para que o gato possa passar.

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  10. Eu amo este Blog e sempre estarei aqui e farei todas as propagandas que puder sobre esta cidade.Mas queria tanto que você tivesse um Blog,um seu mesmo,você tem tanto jeito para esse mundinho Blogueiro,podia tanto fazer um.
    Deusa
    vasinhos coloridos

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  11. Sou carpinteiro de profissão e recentemente abri na internet o meu espaço 27anosdepois.com
    onde falo de mim e das minhas experiencias. Sou fascinado pela madeira e pelas coisas de outros tempos. Como já aqui foi referido, eu sou do tempo em que as portas tinham um fio do lado de fora para abrir o trinco que estava no interior. Quando ia a algum lado, lembro que a minha mãe deixava a porta aberta. Quando chegava muito tempo depois tudo estava em seu lugar. Ninguém lá tinha posto nada. Preservo na minha memória tempos passados de grande confiança e honestidade entre as pessoas. Sou do tempo em que a palavra era ponto de honra e esta bastava para perpetuar durante uma vida. Escrevo assim e ainda tenho apenas 44 anos. Nas últimas duas décadas tudo mudou drasticamente para pior. Obrigado ao administrador deste blogue por o ter criado. Tão simples, mas com muita humanidade que me deu vontade de escrever num sítio de um desconhecido. Mas de certeza que é pessoa de bem. Bem-haja. Um abraço. Luis Santos- Loulé

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    Respostas
    1. Obrigada Luís também por dar a conhecer as suas experiências, pela visita e palavras.

      Abr./Paula

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  12. Que lindo ver isso e essas gateiras ainda existem não é? beijos,chica

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  13. Esses buracos ou "gateiras" já só se encontram nalgumas portas de casas velhas ainda não recuperadas.

    Já agora sobre a 3.ª porta aqui publicada em 15 de Janeiro de 2011 informo todos que já foi substituída, em 2012.

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