Não sei se alguém se lembra ou ouviu falar dos aerogramas militares editados pelo MNF (Movimento Nacional Feminino) e com o apoio da TAP (Transportadora Aérea Nacional) enviados aos e pelos soldados portugueses no Ultramar, mas neste pedaço de papel fino e desdobrável se escreveu os horrores da guerra colonial e foram, talvez, o meio de comunicação mais importante entre os militares e suas famílias, através deles se aquietavam ou desassossegavam corações. Era uma carta de saudade, de desabafos, de esperança, de despedida. Era uma carta de amor. O aerograma foi escrito e lido à mesa do rico e do pobre. Eram oferecidos aos soldados portugueses que estavam na Guerra, para comunicarem com os seus entes queridos, sem custos (Portaria 18545, de 23 de Junho de 1961). Na aldeia de Forninhos eram comprados na Venda dos Sr. José Bernardo. O seu custo avulso era de $30 (três tostões). Aos civis era distribuído na cor azul e aos militares na cor amarela.
Para além das letras, muitas vezes esborratadas pelas inevitáveis lágrimas, neles eram inscritos poemas e desenhos.
Leiam uma mensagem curta, mas expressiva dum soldado, que veio a ser meu pai, para a sua mana Taia:
Estima-se que em 13 anos de guerra colonial 200 milhões de aerogramas tenham sido recebidos e enviados.
Outra forma de comunicação foram as céleres mensagens de Natal e Ano Novo que eram transmitidas pela televisão. Como naquele tempo a maior parte das famílias ainda não tinha televisor, era no Café e Vendas da aldeia ou na Casa do Padre que as pessoas iam ver ou ouvir os soldados. Aqueles momentos eram como um oásis no meio do drama!
Outra forma de comunicação foram as céleres mensagens de Natal e Ano Novo que eram transmitidas pela televisão. Como naquele tempo a maior parte das famílias ainda não tinha televisor, era no Café e Vendas da aldeia ou na Casa do Padre que as pessoas iam ver ou ouvir os soldados. Aqueles momentos eram como um oásis no meio do drama!
Contam que de Forninhos ainda apareceu na TV o meu primo Tónio 'Xispas'.
Um aerograma alusivo ao Natal |
Lembro que sem os aerogramas a comunicação com as namoradas e familiares teria sido muito mais difícil!
Uma linda recordação do teu pai tens.Linda FORMA E ÚNICA DE COMUNICAÇÃO! BJS,CHICA
ResponderEliminarTenho outra datada de 19 de Outubro de 1968. O meu pai escreveu muitos aerogramas e também cartas. A sua família recebia muitas fotografias por carta, pois os aerogramas não permitiam o envio e acho que nem podiam ultrapassar o peso de 3gr.
EliminarA minha mãe é que preferia enviar os aerogramas, diz ela que o selo de carta era muito caro e o aerograma só custava 3 tostões.
Hoje felizmente podem recordar.
Bom meio de comunicação nessa época..Espectacular....
ResponderEliminarCumprimentos
Maldita guerra!
ResponderEliminarTanta vida ceifou a ainda quase meninos, tantos sonhos cerceou, semeando em abundância lágrimas de mães e esposas jovens que apertando os filhos no colo, em dobrado do pai que não voltaria ou em tal tardava.
Abominável guerra!
Quem diria que seria o grande Fernando Pessoa a inventar e patentear o aerograma, mais tarde aproveitado e bem pelo Movimento Nacional Feminino.
Simplesmente reduzido a uma simples folha sem necessidade de sobrescrito e no remetente o nome, posto e identificação militar. E lá ia de avião, oferta da TAP que no canto superior esquerdo tinha o carimbo nos amarelos de : "O transporte deste aerograma é uma oferta da Tap aos soldados de Portugal".
A mesma que milhares de restos mortais traria em resposta a ansiedades e angústias.
Foram aos milhões estas "cartinhas" nas quais em palavras escritas, saíram frases de amor que o coração exigia e a mente desejava.
Muitas resultaram em matrimónio, outras em duradouras amizades e outras ainda em remotas recordações que o tempo se encarregou de fazer esquecer, tal como em relação às "inventadas" madrinhas de guerra com que os soldados devoravam os tempos mortos e iam mitigando saudades.
Por cada aerograma recebido, era menos uma lágrima vertida no rosto das mães...ou se calhar mais...
À data da carta o filho estava bem, mas agora como estaria, tão longos os dias eram e a ausência de notícias quase infinitas.
Os combatentes ultramarinos, baptizaram-no de "Bate Estradas".
Por incrível que pareça, no mais recôndito cenário de guerra, não havia local aonde a cartinha amarela não apanhasse o destinatário, chegando-se a dizer que os céus de Portugal tinham trocado a cor azul pela amarela.
E quem os recebia, sentia o cheiro a regresso...
Sabes Xico, vindo de Pessoa nada me surpreende, assim como para mim não é surpresa que o aerograma circulasse pelas aldeias mais recônditas como Forninhos, pois desde sempre ouvi a minha família paterna falar da troca de aerogramas durante o período que o meu pai esteve na Guerra, Agora nunca imaginei que este foi o meio de comunicação que mais encheu as Estações de Correios, os porões dos aviões, as malas dos carteiros!
EliminarDizes que chegou a dizer-se que os céus de Portugal tinham trocado a cor azul pela amarela. Também chegou-se a dizer que este papel era mel...e fel.
Boa tarde Paula, muito interessante trazer aqui a lembrança dos aerogramas que serviam de comunicação entre os nossos soldados e as suas famílias!
ResponderEliminarJá bem crescidinha e trabalhando em Lisboa, já no final da guerra colonial cheguei a levar a pedido de uma mãe vizinha dos meus pais, aerogramas para colocar nos Correios dos Restauradores para chegaram mais rapidamente ao seu destino! Meu Deus o que se sofria na época! Momentos muitos difíceis e recordo-me bem das mensagens de Natal pela TV! Emocionava-me sempre!
Eu já sou velhota (um pouco mais nova decerto que o seu pai), mas tive a graça de não ter tido nenhum parente próximo na guerra, o que não invalidou de ter plena consciência do que foi aquele martírio!
Um beijinho, Paula, e continuação de boa semana.
Ailime
Olá Ailime, eu sou de outra geração e nunca escrevi um aerograma, como calcula, mas já que falou dos Correios dos Restauradores lembrei-me que quando vim para Lisboa fui lá algumas vezes, depois do expediente, enviar correspondência para a minha família em Forninhos. Acho que ainda hoje encerram às 22h.
EliminarDepois as cartas foram substituídas pelo telefone, telemóvel e internet.
Beijos&Abraço.
Emocionante saber dos aerogramas, Paula! Em tempo de guerra, a comunicação é quase nula e a saudade/ sofrimentos são enormes... Imagino a alegria de quem recebia tais mensagens!
ResponderEliminarBeijos e carinhos...
Pois, na aldeia parece-me que os aerogramas tinham realmente a função de alegrar a vida de quem os recebia, mas para os militares se calhar serviam para remoer em silêncio tudo o que se passava por lá.
EliminarNão escreviam os horrores da guerra para sossegar as famílias e namoradas.
Beijinhos**
Não sei se leu Guerra e Paz/Tolstói, o livro que tenho me referido de vez em quando... Muito bom e quando li o seu post lembrei de fatos encontrados nele...
EliminarBeijinhos
Olá Anete, conheço, mas não li "Guerra e Paz". Agradeço a sua indicação.
EliminarQuantos silencios, quantos gritos de revolta ficaram nas entrelinhas. Nao podíamos dizer o mal que nos faziam aqueles que tendo feito da guerra ganha-pao, nos faziam passar fome para eles engordarem, miséria para eles arranjarem um bom pe-de-meia. Digo algumas verdades In (entrezaireecunene) Sei que nao é "bonito", na opinião de alguns, mas já nao sou o cordeirinho que um dia embarcou rumo a Angola convencido que os pretos eram uns terroristas e nos uns anjinhos. Se nao decoro os meus escritos com lindos rendilhados, faço parte daqueles que deixaram a escola aos 10 anos, para trabalhar no campo, enquanto nao tínhamos força para ir cortar perpienhos, guerra, emigração em busca do que a pátria madrasta nos negou. Obrigado se alguém teve paciência para me aturar. Cumprimentos. Como dizia o Sr. Xico Almeida: maldita guerra.
ResponderEliminarSr. Leitão, muito obrigada por comentar este tema.
EliminarMuitas verdades há ainda para dizer sobre este período negro, mas enquanto isso os "demagogos" vão-se aproveitando da história desta maldita guerra conforme lhes dá jeito e, assim, continua o pobre povo a ser isco para eles engordarem.
Poucos anos atrás, homenagearam os "políticos" da minha terra os ex-combatentes, através de um monumento. Honraram, pelo menos, o cargo que ocupavam. Mas 3 anos quase passaram e nunca mais ali se viu fazer nada para lembrar os que em combate tombaram, os pais, irmãos, esposas e filhos que os choraram e aqueles que pela pátria lutaram e regressaram. Minto, festejam com o aval da autarquia local, junto ao monumento, o S. João com sardinhada e cantorias à mistura...
Agora a pergunta: Não merece o local respeito?
Quatro nomes de jovens combatentes até lá estão inscritos.
Já nem sei se é falta de tino. Às vezes até dou comigo a pensar que exagero, que o melhor era que nem me incomodasse com isso e fazer como alguns, mas eu não sou de "curtir" certas e determinadas situações...memórias e recordações rimam com emoções e não com curtições.
Um abraço meu.
Vivi 18 anos em Angola e conheço esse drama da distância e da ausência por parte dos militares que se deslocavam muitas vezes a nossa casa (alfaiataria)...para desabafar connosco! Foi bem conhecer os aerogramas e é fácil imaginar o conteúdo dos mesmos! Bj amigo!!!
ResponderEliminarApesar de ter vivido 26 anos fora de Portugal, 18 deles em Angola , sabia da existência do aerogramas, embora nunca tenha visto nenhum.
ResponderEliminarOuvíamos contar as histórias de dor e víamos os mesmos medos.
Beijinhos.
Gostei de saber mais sobre vós, Graça e Elisa. Respondendo às 2 com a mesma resposta: como ainda não era nascida só consigo mesmo imaginar os desabafos contidos nos aerogramas. Melhor recordo ouvir, ainda na meninice, contar das aflições e medos de quem tinha filhos e os via partir sem saber se voltavam e das emoções quando algum regressava salvo. Alguns não regressaram com vida, infelizmente!
EliminarQuando uma mãe recebia a notícia de morte do seu filho, imagino que as palavras de esperança ditas ou escritas às outras mães de pouco valiam.
Beijinhos.
Olá Paula.
ResponderEliminarHoje ao ler este post vieram-me as lágrimas aos olhos.
Escrevi e li muitos aerogramas,eram baratos e ás vezes até nos davam alguns nos correios.
Fui madrinha de guerra de muitos soldados,na altura dos meus 16,17 e 18 anos era normal recebermos aerogramas dos soldados a pedirem-nos para sermos madrinhas,era uma maneira de se passarem melhor o tempo na guerra.naquela altura não tinhamos muita liberdade mas este relacionamento "madrinha,afilhado" era aceite por toda a gente.
Havia sempre um familiar ou amigo que dava a nossa morada e acho que aquilo corria de mão em mão entre os soldados.
Tive muitos familiares,amigos e vizinhos na guerra.
Nunca conheci nenhum afilhado pessoalmente mas houve muitos namoros e casamentos entre madrinhas e afilhados.
Também me lembro bem das mensagens de Natal,antes de ter televisão ia sempre ver para um café que havia perto de casa,nunca se perdia um programa sempre na esperança de ver um familiar ou amigo.
O meu marido também esteve 16 meses na guerra da Guiné,estava lá no 25 de abril por isso veio mais cedo
Ás vezes vejo pessoas a dizer mal do 25 de Abril e que dantes é que era bom , que não valeu de nada a revolução etc,Essas pessoa não sabem o que foi o sofrimentos de tantas familias ao ver os filhos partirem para uma guerra maldita.
Tantos jovens inocentes que perderam a vida,outros que ficaram com problemas fisicos e psicológicos para sempre.
Apesar de hoje em dia estarmos a viver tempos dificieis,não esqueço como viviamos antes da Revolução dos cravos.
Beijinhos Paula
Boa tarde Natália, a mim este tema deixa-me os olhos cheios d´água também. Quem não fica sensibilizado? Só os que são contra o 25 de Abril não ficam, que são na maioria os vindos das ex-colónias. Mas também não percebo bem porque são contra, porque a reintegração foi bastante boa considerando o tempo e a situação. No meio rural alguns até conseguiram empregos de Secretaria!! Mas como gostavam tanto de escravizar os pretos nunca aceitaram bem não poder cá fazer o mesmo com os brancos! Isto é que os revoltava, pelo menos nos primeiros tempos!
EliminarEm Forninhos alguns que retornaram ainda hoje são contra o 25 de Abril, mas quando homenagearam os ex-combatentes desta Guerra não me lembro haver da parte deles qualquer manifestação, pelo contrário, pareciam ser todos a favor até palmas bateram! Foi só “show-off”…como se costuma dizer “passou o dia passou a romaria”. Como todos eles são contra o 25 de Abril até aceito que não comemorem a data, mas temos o Dia de Portugal e ficava-lhes bem lembrar o objectivo que os levou a edificar um monumento ao ex-combatentes! Digo eu.
A Natália fala ainda das “madrinhas de guerra”. Sei que muitos soldados as tinham e lembro que perguntei ao meu pai se tinha também uma madrinha e ele respondeu: a minha madrinha era a Nossa Senhora. Talvez não tivesse a sua “madrinha de guerra”, mas pelo que conta teve um “padrinho de guerra”, o Sr. José Bernardo, um homem de quem já falamos noutras postagens. Correspondia-se com o meu pai, via aerograma, mas faleceu ainda o meu pai estava na guerra, aliás, faleceu faz hoje precisamente 45 anos – 25 de Junho de 1969. Ainda não perdi a esperança de ver junto à casa onde morou um busto de bronze em sua homenagem. Mas agora andam todos mais entretidos com procissões e romarias. Estas coisas de misturar religião com política para mim não é novidade, novidade é haver cada vez mais a aceitar tal. Afinal o que sempre os incomodou mesmo não são as misturas, as comemorações do 25 de Abril é o que incomoda. Enfim, que Deus os ajude…
Bjinhos e muito obrigada pelo bom comentário!
Se lembro, Paula, tive lá dois irmãos e meu marido este na Guiné também.
ResponderEliminarTempos difíceis, coração nas mãos!
Depois as madrinhas de guerra! Tanto para se recordar
...
Quanto ao bolo de que fala penso que já o fiz. Quando se chega a comer já enjoa...Mas vale pelo simbolismo.
Quanto a este, a nossa Chica diz ter feito com pudim de chocolate e ficou bom. Gostou muito
Beijinho
Também já fiz com o pudim flan e ficou muito bom :-)
EliminarBeijinho*
Oi Paula!
ResponderEliminarA guerra é uma coisa muito triste, pra quem vai e pra quem fica, com certeza os aerogramas enchiam de esperanças tanto de regresso pra quem enviava, como de esperança de o soldado querido voltar são e salvo, já li muito sobre as guerras e sempre me entristeço, e nunca vou entender o por quê de existir guerras, mas tenho muita curiosidades de saber dos relatos da saga desses homens valentes que iam de encontro ao destino qualquer para servir sua pátria, admiro a bravura e sinto a dor do seus sofrimentos.
Paula essa é uma parte da história que parece que todos querem esquecer, mas acho que é sim preciso relembrar, para que não torne a acontecer, e mais ainda, ter o dia de reverenciar a aqueles que deram sua vida pelo país, parabéns por ser uma pessoa que sabe valorizar e dá méritos as coisas que realmente precisam ser valorizadas.
Beijos!
Fátima, cada vez gosto mais de ler o que escreve, pois está em sintonia comigo sempre!
EliminarE, sabe, não só querem esquecer esta parte, como querem que o blog dos forninhenses não lembre este período, muito menos informe os leitores que quando ergueram um monumento aos ex-combatente num espaço público, alguns estavam convencidos que outras iniciativas se seguiriam, inclusive eu. Qual quê!?
Festa e comezaina à volta do monumento é o que o povo quer! O monumento está lá por estar e só lá está por aproveitamento político. Ficaram bem na fotografia, lá isso ficaram. Só!
Beijos.
Oi Paula que linda recordação, e que alegria receber notícias dos nossos queridos!
ResponderEliminarParabéns!!
Beijos,
mariangela
Sim, era uma alegria receber notícias dos jovens que foram para a Guerra, mas como dos mais de 800 mil jovens que Portugal mobilizou, houve 8 mil mortos, também houve muita notícia triste e muita tristeza :-(
EliminarPara não falar dos 4 mil deficientes físicos e e 100 mil doentes de stress de guerra.
Beijos.
Primeira vez que vejo uma destas cartas, devia ser muito dificil p/a família receber ou não uma destas.
ResponderEliminarQuanto á sua dúvida....A sanseveria é somente ornamental, e conhecida como espada-de-são jorge,língua de sogra, Rabo de lagarto.
Mas a erva de são roberto tem muitos beneficios, anti séptica , anti-inflamatória,
diuretica ,anti-espasmodica .
Espero ter sanado sua dúvida.
bjs
Sê devia, Simone. O meu pai, por exemplo, andou por lá quase 26 meses! Imagino que foram meses de muito sofrimento! E por mais cartas que enviasse nem ele, nem a família sabia se ia voltar ou quando voltaria, tanto que o dia que chegou foi uma alegria!
EliminarSobre a espada de S. Jorge já fui ver no google. A erva de São Roberto conheço bem. Obrigada pelo esclarecimento.
É muito triste ficar longe das familias ainda mais numa época de guerra como essa! Os aerogramas foram mesmo um grande meio de comunicação para os soldados! Gostei muto de seu texto,bem interessante! bjs,
ResponderEliminarSim, esta "carta-envelope" foi incontestavelmente, durante o longo período de duração da Guerra Colonial o meio de comunicação mais importante. Sem os aerogramas tudo teria sido mais difícil, pelo menos na aldeia de Forninhos!
EliminarBeijinhos.
Ah, o texto é simples e de fácil leitura, pois quando escrevo dirijo-me sempre à minha aldeia (de outra forma nada entenderiam!). Depois só tive de ir percorrer a internet e buscar (procurar, pesquisar) referências aos aerogramas. Fácil :-)
Ainda não tinha ouvido falar dos aerogramas. A gente fica vendo essas coisas de cartas e tal e acha tudo tão romântico, mas devia ser muito difícil ter que se comunicar só assim, e ainda mais porque demorava pra enviar e receber respostas néh...♥
ResponderEliminarPiinkCookie.blogspot.com
É. Mesmo os trocados com as namoradas, que imagino era o maior consolo dos militares que prestavam serviço nos antigos territórios ultramarinos (noutro continente, portanto), pouco tinham de romântico, se tivessem hoje eram conhecidos por "carta-romântica" e não por "aerogramas-militares" ou "Bate-Estradas"!
EliminarObrigada pela visita comentada.
Aerogramas, os "Bate Estradas"!
ResponderEliminarAcho, pessoalmente este nome de baptismo, condigno e conjugado com a miséria que grassava entre dois continentes; de um lado, o poderio do "senhor" que teimava ser dominante mesmo que para tal imolasse os seus filhos.
Do outro, a paz e quietude quebrada pelo "invasor", Escravos nascestes e como tal morrereis, mas devagar pois há dinheiro a ganhar.
E os grandes ganhos imensuráveis do Estado Novo, quanto não havia ficado pelo caminho, dava para tudo e todos e uma "mão lava a outra". Era roubar meus senhores...
Não tinha idade para ir para a guerra, por um triz! Fui à tropa três semanas...
Antes, ia acompanhando como todos o desenrolar da guerra, mais notícia pelas desgraças lidas em local público, Os da minha idade, aquando da inspeção no R14 em Viseu, festejavam por terem sido apurados, mesmo que lhes calha-se o embarque para Guiné, Moçambique ou Angola.
Os influentes do sistema, os Senhores, festejavam por terem sido salvos os seus filhinhos cobardes que engolindo um caroço de azeitona em jejum, na inspeção já tinham um mal.
Devia ser dos cabritos, borregos e queijos da serra.
E lá partiam os filhos da Pátria, a autêntica, obrigados a salvar a honra de uma miríade, enquanto os doutorzinhos em troca de promessas vãs, emprenhavam as prometidas dos outros, por favores dos arrendatários e miséria dos rendeiros.
"De lá já não voltavam".
Mas iam voltando, na esperança de uma folha enviada e ainda a cheirar a tabaco, quando não escrita em letra tremulenta no avançar da noite para uma emboscada e na ressaca de uma "dose de cavalo" injectada na espinha.
E cara alegre!
Reza e é verdade, que Forninhos foi a aldeia mais sacrificada. Não duvido por ser das terras mais valentes e recordo de no café e/ou casa do padre, por altura do Natal, durante breves minutos, miúdos e graúdos irem a correr ouvir as mensagens de Natal dos soldados. "Para os meus pais, avós, primos e primas e minha namorada, votos de feliz natal e próspero ano novo, com votos de Propriedades(prosperidades).
Rebentava corações .
Pensei nisto ter visto o Tónio Xispas,mas se calhar por a mensagem ser igual, todos nos pareciam iguais.
Diferente foi o funeral do Ilídio Castanheira, estive presente e nas exéquias tive a noção mais próxima do que era a guerra em termos reais, face ao aparato.
Bandeira nacional por cima do caixão, familiares e amigos com lágrimas secas de tanto correrem pelas faces, fardas e espingardas, espingardas essas que se moviam sob a voz de comando, talvez de "um simples cabo", quando ali deveria estar presente o mais alto magistrado da nação.
E vieram as salvas de tiros, talvez com o mesmo som daquela que o havia morto!
Este teu comentário reproduz na perfeição “montes” de situações festejadas por muitos “Senhores” que tinham algum poder de influência e conseguiam assim livrar os seus filhinhos da tropa.
EliminarAgora das idas para a África para “defender a pátria” a nível do concelho reza a história que a aldeia de Forninhos foi a mais sacrificada porque para uma aldeia pequena como a nossa, 4 jovens deixaram lá a vida, mas eu não leio qualquer referência ao facto nas monografias do concelho e da freguesia de Forninhos! Também para um catálogo isso não interessa nada...
Ah, agora leram e vão pensar os “cordeirinhos” (parafraseando o Sr. Leitão) para os seus botões que a situação foi lembrada em 2011 no “Dia da Freguesia” pelos “políticos”. Por acaso foi, mas também foi lembrada por quem por aqueles lados andou a lutar. Muita gente até estranhou nesse dia atrás do monumento aparecerem tantos, como eu por exemplo estranhei, pois vieram de todos os lados para a fotografia, estranhamente agora (desses) nenhum aparece para falar do grande crime histórico que foi a guerra colonial e que os marcou para toda a vida! Até dá a impressão que não se lembram do feitio dos aerogramas, mas é melhor não explicitar o que penso de gente interesseira e falsa e que só aparecem para o "show-off", tu melhor conheces esse tipo...
Agora, não posso deixar de referir que um ex-combatente me abordou um dia para eu fazer um blog sobre a Guerra Colonial. No início, nem percebi bem o que me estava a propor, se queria que eu fizesse um ‘post’ ou um ‘blog’! Depois percebi que era mais um a aproveitar-se da “aluap” para aparecer por entre os muitos cenários de outras eras que o blog dos forninhenses vem publicando. E, claro que lhe respondi que não, sugerindo que o fizesse ele, podendo eu ajudá-lo se o entendesse, mas até hoje ainda não vi /li nada…
Lembro bem da rua em alvoroço quando chegava o carteiro ! Nós não tínhamos ninguém nu Ultramar, mas íamos assistir à chegada das boas novas, porque antigamente cada rua era uma comunidade familiar. E eram quase sempre boas as notícias, tristes e chorosas de saudade, mas traziam sinais de vida e esperança.
ResponderEliminarObrigada por me lembrar destes momentos tão marcante da minha meninice.
Beijos. D
http://acontarvindodoceu.blogspot.pt
Obrigada eu, pois é um grande gosto receber os seus comentários. Eu sou do tempo em que a entrega da correspondência se fazia de porta a porta, mas a geração dos meus pais (e anteriores) assistiam à chegada das boas novas no largo da aldeia. Segundo o que me disseram os mensageiros entregavam uma mala fechada na casa comercial (Venda) onde os populares compravam os aerogramas, além de envelopes e selos dos Correios, etc…
EliminarO proprietário abria então a mala com chave própria e à frente de todos os presentes, lendo em voz alta e entregando as missivas a quem de direito.
Na época da Guerra recebiam os familiares, amigos e namoradas dos militares os aerogramas, mas também lembram bem dos cartões de Boas Festas e da alegria que davam as boas notícias.
Beijos**
Impossivel reter as lagrimas. Permitam-me so que preste uma vibrante homenagem as antigas Madrinhas de guerra. Orgulhem-se do bem que nos fizeram. Merecem um monumento se ainda nao existe. Um grande abraço. (Rendez-vous in (entrezaireecunene.blogspot.fr) Para quem quiser, evidentemente. Obrigado.
ResponderEliminarNão sei se o Sr. Leitão se lembra dum político que há alguns anos atrás conseguiu que aos militares que serviram em zonas de risco lhes fosse dado um suplemento à sua reforma. Conseguiu com isso angariar votos e chegou a ministro. E, enquanto ministro chegou a inaugurar com pompa e circunstância (acompanhado por militares que lhe prestaram as devidas honras), um monumento às mães, mulheres, namoradas e madrinhas de guerra dos ex-combatantes, não me lembro onde foi, mas passou num programa de televisão.
EliminarO de Forninhos não lembra as namoradas e madrinhas de guerra. É pena. Mas também o referido monumento está lá por estar, está ali para alegrar, não está lá para perpetuar a memória dos combatentes das ex-Províncias Ultramarinas, pois junto ao referido monumento festeja-se, como se uma guerra fosse motivo de festejos, como se na terra não houvesse outros largos para festejar os santos populares.
Já li alguns 'post´s' do seu blog e só posso deixar-lhe os meus sinceros parabéns, na minha terra estavam à espera que fosse eu a criar um blog sobre a Guerra Colonial, como se essa guerra fosse minha!
É o que eu digo: Já nem sei se é só falta de tino...
P.S: se quiser pode ver a postagem que fiz em Julho de 2011 e pode ver o monumento + algumas imagens:
Eliminarhttp://onovoblogdosforninhenses.blogspot.pt/2011/07/guerra-do-ultramar-50-anos-depois.html.
AGUENTA ZÉ! E....CARA ALEGRE ZÉ!
ResponderEliminarEra assim, decadas atras, um seculo atras, um milenio atras, parece que foi ontem. Como o tempo voa e continua parecido e semelhante, outrora medo por uma simples farda da guarda "cambada" de acolitos do regime, no presente transformada a farda em fato e gravata e o medo virou "lambe botas". Os mesmos hediondos, a mesma diabolice, a mesma "escola".
Este tipo de pensamento leva necessariamente a uma aldeia na qual nasci, Forninhos, que sei por tal o sentir aquando ali vou, ostracizado por defender aqui verdades, o nao saber oficialmente quem manda em que, orienta o que, ajuda em que...
Isso incomoda ao se tentar afastar uma mentalidade de "negreiros" e seus descendentes mais ferozes ainda, escola familiar, como se tivesse havido apenas um mudar de cores e nao de gentes, o preto para o branco.
Assim vou percebendo os festejos com dancas e cantorias junto ao monumento dos combatentes, por sinal bonito e digno dos maiores respeitos.
Afinal foram herois como estes e infelizmente tantos espalhados por este Portugal, que sofriam e morriam enquanto estes merdas enchiam a carteira, na escravatura do preto e na morte do branco, se calhar alguns ate familiares.
Agora na minha terra, o baile circula em volta do monumento, cerveja fresca perto, pois a fonte nao tem agua e para que...
E o povo vai, pareceria mal nao ir, se vais eu vou se nao vais eu fico...
Mas tem festa o local, moderno e cultural, viajou no tempo e atravessou continentes, a sanzala fica enquadrada, o ritual da danca enquadrado e a tabanca tem muito que beber.
AGUENTA ZE!
Claro que aguenta, cheira a carne e peixe grelhado, dia de festa em homenagem ao passado, organizado por alguem que nao precisou de enviar aerogramas, basta apenas e ali o ressoar do tambor que foi substituindo o sino e acudam que ha fogo.
Eu sei que eles sabem que sei que eles sabem, tal como milhares que aqui matam algo que lhes sabe bem. Bem vindos. Outros pretendem, melhor pretendiam protogonismo, mas nao ha Gungunhana que meta medo, ha muito dobramos e vencemos o Adamastor.
Apenas um apelo, respeitem no minimo a memoria daqueles que tanto ajudaram os vossos pais e a voces, a matar a fome!
De memoria estou a ver mais de uma dezena a passar em frente dos olhos e um dia os vossos filhos e netos, se nao sairem aos pais, quererao saber de onde vieram.
E nao houvera avoes, la iriam de barco para Africa, num parecido aqueles que levavam gente do campo e traziam apenas corpos para enterrar.
Que Deus tenha piedade!
Agora já devem andar a tentar descobrir como descalçar a "botifarra", mas gente que faz o que faz, que se aproveita duma guerra para erguer um monumento, fazem uns discursos emotivos, cabisbaixos colocam coroas de flores nas campas e junto ao monumento :-( e depois fazem uma festarola logo no "Largo dos Combatentes do Ultramar" pelos vistos todos os anos - atenção! já a fizeram em 2012, 2013 e 2014 -, à volta do monumento, é gente que para mim vale ainda menos que a moeda da Guiné!
EliminarSão de facto bons actores e melhores actrizes!
Nem queria chamar os bois pelos nomes, mas...vamos a isto!
ResponderEliminarO Lugar nunca teve nome, apenas um lugar e assim fica na historia, sem saber de pai nem mae.
A Lameira transborda de relatos e alma forninhense.
Depois veio quem veio, novas culturas, elogio meu, carregando no sangue o estigma de pobreza do continente aquando partiram e a riqueza conseguida na base do rascismo. Quando as duas coisas se envolveram e com Salazar enterrado, havia que cultivar os interesses e nada melhor que a terra natal, apesar de apenas alguns.
Ali cheirava a selva, escravos, desbunda e ate o amendoim se montou na tabanca. Ou seja tudo bate certo e para nao haver misturas e suspeicoes, nada melhor que ali colocarem o Monumento.
"Cheiro" africano, bebidas e afins, casa de comes e bebes e ate indiferentes a idades e gorduras, vao saltitando com a mao na cabecinha, cinturinha e perninha, como que em gozo, quem nao esta bem que se componha.
E o cemiterio ali tao perto, pena que nao passe a carreira e os arrebanhe para la.
Mas que festa nao seria!!!
E nosssssa; é nosssssa; é nosssssa!... Endoutrinados à boa maneira fascista, quais Cubanos ou Soviéticos, la iamos nos: mééééé.... defender as fabulosas riquezas Angolanas covnictos que dessas riquezas nos tocassem algumas migalhas, mas qual desilusao! Se em portugal tinhamos um copo de tinto ao almoço, e fruta ao jantar, em Angola, ( nao sei se era apanágio da minha Companhia,) mas nao existia. Foi para isso que me confiscaram os meus melhores 3 anos? Foi para isso que fui arriscar a vida? Que os Angolanos do Norte comessem mandioca e os do Sul, painço, porque por là nem mandioca havia, nao incomodava ninguém. Consta que certo Doutor, (nao sei de que pais) elaborou uma tese através da qual se questionava como conseguiu Portugal aguentar tal guerra durante tanto tempo; Pobre Doutor: Se ele soubesse da fome das "lavaduras" ingurgitadas, das condições desumanas em "vivíamos", escolhia outro tema. Fomos nos, o Zé-soldado que aguentamos a guerra, e como nao chegasse toda a miséria, muitos dos que morreram ficaram por la, abandonados como se de animais se tratasse, porque era necessário pagar, (salvo erro) dez contos para que o cadáver fosse transladado. Era assim que nos tratava o mal-feitor de S. Comba, n'en deplaise aos Salazarentos da nossa praça. Dizem-me agora que a "minha" guerra nao conta para a reforma, porque nao tinha caixa; Naquele tempo, quantos operários do interior tinham caixa? Se eu tivesse dado o "salto" como fizeram muitos, teria deixado o trabalho aos 60 com 1 reforma completa, assim parei aos 63 com uma reforma incompleta. Là vêm eles agora com a sua esmola: 150 euros por ano para rebuçados! Oxalá o inferno exista, e eles as paguem com lingua de palmo, como se costuma dizer.
ResponderEliminarGrande comentário, sim Sr.!
ResponderEliminarLeio "Fomos nos, o Zé-soldado que aguentamos a guerra" e tudo o mais que escreveu passados estes anos, tudo parece não nítido dentro de si. Tudo tão desumano meu Deus!
Não pude evitar, outra vez, as lágrimas.
O seu caso é igual a muitos e as nossas aldeias estão seguramente cheias de pessoas com memórias destas. Mas porque poucos falam delas? Vão dizer, se bem calha, que ainda não têm um local onde se exprimir. Será? Continuam é a ser uns "cordeirinhos" e esses oxalá as paguem bem pagas também Sr. Leitão e, digo eu, que a terra que os cobrir seja mais pesada que o Castelo de Palmela (como por aqui se diz).
Um abraço.
Ontem, Domingo, li na revista do Jornal Correio da Manhã um depoimento recolhido por Marta Martins Silva a um ex-combatente que diz: "Perdemos nove camaradas no Ultramar, em Moçambique, quatro deles já depois do 25 de Abril em Portugal. Só regressamos em Agosto".
ResponderEliminarMais:
(...)
Eu também estive no Hospital por causa de ferimentos provocados por estilhaços de minas e nessa altura quem escrevia as cartas para a minha namorada da altura, hoje minha mulher, era um camarada de guerra. Para ela não ficar preocupada, ele tentou fazer a letra mais parecida possível com a minha. De resto, nunca lhe escondi nada, ela sabia que a minha guerra estava a ser difícil.".
"Quando se deu o 25 de Abril em Portugal eu estava no Ultramar."
(...)
"Nesse tempo em que supostamente já não devíamos estar lá, morreram quatro camaradas em acidentes de minas, numa altura em que só já pensávamos em regressar finalmente a casa.".
"As amizades que construímos foram, de longe, a parte positiva da guerra no meio de tanta desgraça.".
(...)
Rezaremos sempre pelos camaradas falecidos numa guerra que nenhum de nós escolheu.".
Achei este depoimento muito interessante e todos aqueles que dizem que não têm um local onde se exprimir (mesmo aquele que andou em combate e queria que EU fizesse um blog - para ele poder levar os louros, só pode!) podem agora contar as histórias de guerra - em Angola, em Moçambique ou na Guiné. O CM publica as melhores. Podem contactar por telefone ou por carta, mas também via email: historiasdaguerra@cmjornal.pt.
Outra coisa:
Em Maio último recebi um email de um Sr. de Espinho, que pensava que eu era
filha de Um "GALGO" Que pertenceu ao Bat. Caç. 1935, Moçambique 1967/69.
Está este Sr. a actualizar os ficheiros da "sua" malta e queria saber o nome completo do meu pai e a que companhia pertenceu, actualização de morada, telef./tlm. e e-mail se fosse o caso e informava que o convívio este ano é em Espinho, dizendo-me que mais tarde "Setembro" enviava informações.
Respondi-lhe com todo o gosto, que o meu pai andou na Guiné e não em Moçambique, etc...
Se algum dos ex-combatantes que em Forninhos estiveram naquele dia que foi erguido o monumento fez parte do Bat. Caç. 1935, Moçambique 1967/69 diga alguma coisa...(se estiver interessado claro!).
É tudo.
Ola, Paula. Se afirmo que fomos nos que aguentamos a guerra, é porque os Oficiais e Sargentos tinham um salario normal enquanto nos tínhamos uma mao cheia de nada. Porquê? Mais pobres? Se nao obstante as condições espartanas em que "vivíamos" o Estado gastava 48 por cento do orçamento na guerra, se nos fossemos tratados como seres humanos que pensávamos ser, nao havia orçamento que chegasse; resulta dai, que foram as nossas misérias que permitiram que a guerra continuasse. Hà duvidas? Creio que nao. Quanto aos "cordeirinhos" é do interesse de alguns que tendo feito da guerra ganha-pao, tentam manter viva a "chama" do ódio ao preto, e os nossos prezados colegas, entretidos que estão a odiar o preto, esquecem o mal que nos fizeram alguns brancos. Tal como os aerogramas durante a guerra, os seus comentários sao como um bálsamo que ajuda a suportar as mazelas da guerra, e a sobranceria com que somos tratados agora. A ditadura fascista deu-nos miséria e guerra, a ditadura democrática, da-nos para compensar, 41 cêntimos por dia. Obrigado. Um abraço.
ResponderEliminarEu é que agradeço a emoção que me provoca com as linhas que escreve!
ResponderEliminarVou tentar fazer outros textos sobre esta temática, porque isto não é só sobre Forninhos é sobre Portugal todo.
E, não, não restam quaisquer dúvidas, aquela guerra não era a vossa, era dos ricos que tinham interesse. Já não bastava o medo, ainda passavam fome! Soube até que alguns para ir buscar o seu correio tinham de andar de 15 em 15 dias 30 quilómetros a pé!
Mas os fascistas ainda hoje olham para trás e acham que essa guerra devia e podia durar mais anos...!
Outro abraço.
Paula,
ResponderEliminaro que tu foste buscar para este belo post!!!...
Tantos aerogramas escrevi e recebi do então alferes miliciano, combatente na Guiné em 1966 e 67, tendo, felizmente regressado são e salvo para os meus braços... onde tem permanecido desde então... e espero por mais alguns anos!!!
Já o mesmo não aconteceu ao meu irmão, colega do meu marido, que morreu em Angola, na ponto do Dange, e mais 15 jovens, no dia 9 de dezembro de 1966. Iria fazer 23 anos no dia 13!
O tema do seu interior só podia ser a amizade, no caso das madrinhas de guerra ou dos familiares em constante preocupação ou o tema do amor... em que a preocupação quase era substituída pelos sonhos da vida futura, primeiro a dois e depois a mais!
Hoje tudo isso parece um pesadelo para alguns, um sonho para outros. No meu caso, ambos!!! O pesadelo foi-se diluindo com o tempo...mas o sonho, esse permanecerá... até que a morte nos separe!...
Esses tempos turbulentos acabaram por gerar amizades que agora até são festejadas em alegres convívios anuais, juntando os jovens de então e respetivas famílias. O próximo já será este mês!
Paula, fico a aguardar marcação para um encontro nosso, por minha parte será um prazer conhecer-te.
Beijinhos
Obrigada Teresinha, por o que aqui recorda e nos conta.
ResponderEliminar"Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento, não deis lugar ao Demónio" - diz a Escritura Sagrada.
E tal como disse ao Jornal CM o ex-combatente: "As amizades que construímos foram, de longe, a parte positiva da guerra no meio de tanta desgraça." "Todos os anos, já há 33 anos, nos encontramos num almoço para recordar tempos antigos e partilhar histórias de guerra que vivemos juntos."
Nós também temos de agendar um encontro, sim. Vou tratar disso.
Um abraço de amizade.
Boa tarde
ResponderEliminarProcuro aerogramas vindos das colonias para a metropole.
Exmos. Senhores
ResponderEliminarComo ex-combatente da Companhia de Caçadores 2469, venho solicitar a possível cedência de um exemplar de aerograma, (digitalizado ou físico).
A intenção de convocar meus colegas de armas para o convívio do 46º aniversário do nosso regresso a casa, em folha baseada no desenho, formato e modelo de aerograma usado na época na troca de nossa correspondência com familiares e amigos.
Desde já agradeço a vossa melhor atenção.
Carlos Alves
cavalves@gmail.com