Favas me fartam... Favas me matam!
De tão tenras, quase parece migar caldo verde... |
Eu, que como quase todas as crianças e adolescentes detestava-mos favas, fomos por "obrigação" aprendendo a gostar delas, por imposição e promessas, pois havia que poupar e aprender a gostar. Agora adoro, ainda por cima à moda antiga .
Rápido crescem com pouco trabalho e há que dar vazão a tantas das mais diversas formas de as cozinhar, até que como reza o ditado: "as pulgas vêm com as favas e vão com as uvas...".
Pedi-lhe e como de costume, lá me fez a vontade. No quintal frente à casa, lá estavam elas, precoces e tenrinhas, nem era preciso tirar o fio.
- Hoje vais-te regalar e matar saudades. Disse-me ela.
Já não larguei a cozinha e fui memorizando atentamente como ela fazia, sem balança para pesar e coisas para medir. Tudo estava na cabeça, pois era fácil, dizia. Para ela....
Cortou-as, as vagens, em pequenos pedaços e colocou a cozer em água e sal. Deixou as favas a escorrer e guardou parte da água da cozedura.
Depois e tudo a gosto e saber, refogou cebola e um dente de alho em azeite da casa e cortou um bom bocado de chouriça caseira e ao qual juntou pedaços de carne de porco da barriga, entremeada.
Foi mexendo volta e meia, e apenas pelo cheiro, deu para perceber que ela percebia da coisa, nem precisava provar. Estava no ponto!
Havia que juntar as favas já bem escorridas e foi o que fez, acrescentando um pouco da água da fervura guardada.
A seguir a farinha triga, deitada com calma e carinho, sem pressa alguma, afinal o almoço ainda estava dentro da hora, mas não podia deixar de mexer volta e meia, acrescentando mais um pouquito de água, a necessária e quase no fim, o toque de génio, um pingo de vinagre de vinho, avô do que estava na jarra de vinho e que iria acompanhar este manjar.
Dois minutos depois e estava pronto.
Nem dei conta de que antes já tinha fritado uns torresmos para acompanhar.
E que dizer?
Mais ou menos assim as comi em casa de minha mãe, passados tantos anos e juro, nunca me souberam tão bem.
"Foram favas contadas"!
Realmente as favas eram muito contestadas pelas crianças e adolescentes. Eu só depois de vir para Lisboa é que comecei a gostar muito de favas, mas não sei porquê não consigo comê-las com casca, com vagem muito menos! Não há muito tempo, num restaurante, sugeriram-me um prato de favas, tendo-me garantido que eram “favas-bébé” (não se notava a casca, portanto). Comi, é certo, mas tive de retirar-lhes a casca, tal como faço aos tremoços. De faca e garfo na mão, imagem a cena…!
ResponderEliminarEstou desejosa de ir a Forninhos e trazer as que a minha mãe lá tem preparadas especialmente para mim ;-) são tão tenrinhas que se me descuido, resulta um esparregado.
Gostei do texto, inclusive dos provérbios, gosto de sopa de favas, mas esparregados não é comigo. E, agora perante isto vais responder-me: “vai à fava".
As favas, vá que não vá, mas os tremoços, de faca e garfo?
EliminarOu estou doido ou o mundo mudou muito...
Claro que a gente(crianças) víamos as favas como uma obrigação, talvez daí a repulsa, mas tem tanta maneira de ser cozinhada que alguma haverá que agrade.
E quem não gostar, paciência, que " vá à fava enquanto a ervilha cresce...".
Paciência!
Expressei-me mal. Quis somente comparar com a casca dos tremoços, mas não os como com faca e garfo!
EliminarEspero que entendas agora... engraçadinho ;)
Hmmmmm fiquei com vontade e por que será que nenhuma criança gosta delas? Depois chegam as saudades! Lindo de ler! beijos,chica
ResponderEliminarTal como as birras de criança que se foram diluindo e tempos passados, até as reprimendas e puxões de orelhas, hoje têm um doce sabor.
EliminarBeijo, Chica.
E como isso acontece com as crianças , também me lembro
ResponderEliminarde algumas coisas que não botava na boca por nada , depois
fui gostar.
bjs
http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/
Tempos houve em que pensava que a pastilha elástica era o que mais se aguentava na boca.
EliminarDepois disseram que era a saliva, Eu pensei que era pelo gosto do que se comia ou bebia, mas não, era o metabolismo humano, fomos feitos para salivar,
Será que aqui cabem as favas?
Beijinho, Simone.
Que bonito texto, Xico! De fato as favas se esconderam e nem se deu conta! bjs,
ResponderEliminar"Ela" tem este dom.
EliminarTrata as coisas de forma tão natural que nos fixamos apenas numa sem dar atenção a pormenores, pois vai distraindo com conversa.
No fim, as favas apareceram...
Beijo, Anne.
Bah, assim até me despertou o apetite.Tudo que a gente desgostava na infância hoje tem um sabor nostálgico e um valor inestimável. Sua mãe deve fazer pratos maravilhosos, já anotei a receita.
ResponderEliminarTenha um ótimo dia. Há Xico encomendei um pilão para fazer caipirinha. Meu filho é um Expert em caipira. Te aguardamos por aqui.
Olá Anajá!
EliminarMulher de mão cheia, a minha mãe em todos os aspectos e então a cozinha...
Se você e Alfredo provarem aquele bacalhau no forno inundado de azeite e com batata a murro, Virgem Santíssima!
E então, antecedido da boa caipirinha, seria como disse no texto: "favas contadas...".
Aquele carinho para vocês!!!
Na terra do meu marido, em Trás-os-Montes, as tias faziam um guisado assim com as vagens das favas tenras semelhante a esse esparregado da sua mãe. Acredito que estaria delicioso, a avaliar pelo que levou e pelas mãozinhas que lhe deram as voltas certas e o temperaram. Mas devia ter fotografado o final para o saborearmos melhor!!!
ResponderEliminarUm beijo à senhora sua mãe e outro para si,
Teresinha
Receba por mim, um beijo de minha mãe, Teresinha.
EliminarTalvez a culinária dos transmontanos seja aquela mais parecida com a da beira interior. Por lá fui vários anos e agora além das favas, veio-me à lembrança uma coisa típica que se cozinhava no rigor do inverno.
Não lembro o nome, mas sei que era vagem seca de um determinado tipo de feijão e que após cozido ficava tenro e acompanhava carne de porco e fumeiro também cozido. Seriam casúlas?
Mas soube tão bem este esparregado que nem restou para a foto final.
Paciência, para o ano há mais.
Beijinho para si.
Deu fome com tanto frio por aqui
ResponderEliminarnão gostava muito de legumes agora já me apetece
mais do que carne por muitas vezes.
Deixo um carinhoso beijo.
Evanir.
Bem haja Evanir.
EliminarPenso que estas simples receitas, trazem um gosto especial como que matando o frio E alguma alegria.
Um beijo para si tambem.
Também não gostava de favas em criança e agora adoro.
ResponderEliminarEsta receita faz crescer água na boca.
E a comidinha feita pela mãe sabe sempre tão bem.
Beijinhos.
Chego a pensar que a fava vem como mandante de algum milagre.
EliminarEm crianca ninguem gosta. Nossos antepassados em criancas tambem.
Depois toda a gente gosta.
Milagre de nossa mae_
Beijinho Natalia.
Palavras gentis podem ser curtas e fáceis de falar, mas seus ecos são verdadeiramente infinitos.
ResponderEliminar(Madre Tereza de Calcutá)
Obrigada pela visita carinhosa!!!
Beijos Marie.
Quase e com o devido respeito, a fava de tao simples e pouco ansiada, afinal traz o saciar da fome, tal como a palavra que nos alimenta e aprendemos a gostar.
EliminarBeijo, Marie.
Xico,
ResponderEliminarQue relato lindo sobre as favas e a forma que sua mãe preparou. Deu vontade de comer.
Tenho lembranças de algumas coisas que não gostava de comer enquanto criança e que hoje comeria só pra matar a saudade desse tempo.
Um lindo e abençoado dia!
Falei aqui nas favas e deixei a simples receita da minha mae.
EliminarAgora e talvez por castigo, voltei a comer favas, mas da terra e de modo diferente, com entrecosto e enchidos.
Agora, ai de quem me tire as favas!
Beijinho, Lucinha.
Nunca provei esparregado de favas.
ResponderEliminarGosto de favas na sopa e de arroz malandro de favas.
Hummmmmmmmmmmmm...devem estar apetitosas!
Beijinhos.
Eu nem na sopa nem de arroz, mas vou experimentar e grato pela referencia.
EliminarBeijinho Elisa.
Boa tarde Xico, deu para sentir o "cheiro" característico das favas ao serem cortadinhas com todo o carinho pela sua mãe para o belíssimo alguidar!
ResponderEliminarNão conhecia o esparregado de favas e fiquei com água na boca! Adoro favas!
E, porque "maio as dá, maio as leva" no que me respeita terei que aguardar o próximo ano se Deus quiser!
Obrigada por esta partilha linda!
Beijinhos,
Ailime
Ola Ailime.
EliminarFavas me fartam...
O ciclo delas tem pouco tempo, havendo que aproveitar das mais diversas formas.
Favas me matam...
Favas e mais favas comidas quase por obrigacao para nao se estragarem.
Mas sao tao boas...
Beijinho.
Bom texto sobre as favas, Xico... Este prato que você descreveu aqui deve ser mesmo delicioso! Hum, e tudo preparado com esmero e carinho...
ResponderEliminarUm Bom dia... Abraços e Bom Fim de Semana...
Com este carinho e esmero, qual o prato que deixa de ficar delicioso.
EliminarE aquelas maozinhas com as boas favas...Hum!
Abraco, Anete.
Et Voilà Xico! Dessa receita não sabia. Com a casca? ainda vou experimentar se ainda houver bem tenrinhas. Mas gosto da forma carinhosa e saudosista como revive tudo! E eu que estive na Quinta de Sto Estêvão e podia ter saboreado um manjar parecido!
ResponderEliminarBeijinho querido amigo
Et voila, Manuela!
EliminarEstas receitas de tao caseiras e simples, ainda se vao encontrando numa ou noutra casa de familia nas maos anigas.
Claro que o parecido, abunda em termos comerciais pelo nome, mas...
Beijinho.
Paula, já ouvira falar, mas não sabia que assim se preparavam. Favas contadas, sem a menor dúvida!
ResponderEliminarBeijinhos e boas férias.
Olá Nina.
EliminarEu já ouvira falar, mas nunca fiz esta receita. Como já te disse não sou apreciadora de esparregados, mas hei-de um dia experimentar e se calhar até gosto, porque isto com a idade os gostos alteram ;-)
Beijinhos.
Engraçado...esparregado de favas nunca fiz, só as faço com toucinho frito e chouriça e morcela. E às veze também faço uma salada de favas para acompanhamento, por ex. de carnes assadas. Favas muito tenras apenas temperadas com alho picado, azeite e vinagre e muito coentro picado. Gosto muito!
ResponderEliminarA minha filha também detesta favas!...;-)) Diz que cheiram mal!
Boa semana, Xico!
Obrigada Laura pela receita...um acepipe - quase que se consegue sentir o sabor! E, com o calorzinho que está lá fora... até soube bem pensar nessa salada!
EliminarVou amanhã fazer uma receita do meu agrado: favas (sem pele vindas de Forninhos) com entrecosto e enchidos vindos de Forninhos também (chouriça, farinheira e morcela). :-)
Como não há duas sem três; venho informar que adoro favas.
ResponderEliminarMas já lá vão os tempos em que nem sequer ouvir falar de favas era bom; Mas os tempos mudam e agora é favas de qualquer maneira, maravilha!!!
Olha Xico, eu nunca provei essa receita de tua Mãe, mas da forma descritiva e com o todo esse carinho... bem devem ficar muito boas.
E que para o próximo ano,. não deixarei de confecionar esse singélo prato de esparregado de favas.
Depois te direi o que achei!
Abraço
Coloca no calendario e nao esquecas. Dois dias e ficam duras para a receita. Apanhadas manha cedo e com farinha a preceito, um manjar.
EliminarComo vives junto ao mar, acompanha com peixinho frito e sera de chorar por mais.
Um abraco.