Os cata-ventos datam do tempos do romanos. Primeiramente, nas torres e nos castelos simulavam a forma de uma bandeira, mas nos campanários dos edifícios eclesiásticos chegou a ser a figura do galo a forma corrente e servia para lembrar a vigilância do clero.
Houve também razões simbólicas para adoptar a figura do galo. A cruz colocava-se sobre uma bola para simbolizar a redenção do mundo por Cristo e o galo colocava-se por cima da cruz, como recordação do arrependimento de S. Pedro.
Por ocasião das comemorações dos centenários, também as escolas primárias tinham, no cimo das chaminés, cata-ventos com imagens alusivas à região onde se localizavam.
Em Forninhos, encontramos um antigo exemplar desta "máquina" utilizada para identificar de que lado soprava o vento...está de baixo...está do lado da serra...e pelo lado do vento sabia-se que tempo iria estar!
Em desuso, feito em ferro, com uma corneta, o exemplar da imagem ocupa o cimo da chaminé duma casa.
Alguns adágios, dos muitos, que envolvem o vento:
- De Espanha nem bom vento nem bom casamento.
- Vento suão, sinal de trovão.
- Vento da Serra por água espera.
- Quem semeia ventos colhe tempestades.
- Palavras leva-os o vento.
- O que o vento traz, o vento leva.
- Quem foi ao vento perdeu o assento.
- Amigo do bom tempo muda-se com o vento.
Acho lindos esses cataventos.Pena que estão em desuso até por aí! E os adágios, sempre interessantes de bons de ler e conhecer! beijos,chica
ResponderEliminarHoje por cá existem mais os de duas pernas lol, que não são altaneiros como os antigos cata-ventos, mas ainda assim querem estar sempre bem alto no meio da arraia miúda ;-)
EliminarBeijos**
Adorei.
ResponderEliminarOs adágios são sensacionais, mas o primeiro é especialíssimo(rs).
Abraços de saudade.
Gilson.
Olá Gilson, é bom "vê-lo" novamente por cá :-)
Eliminar"De Espanha, nem bom vento nem bom casamento" é um dito que tem que ver com o "vento suão" que vem do lado de Espanha.
Há uma série de ditados que “desfavorece” o vento suão, porque este vento como está associado à falta de chuva, secam os montes (terras) e secam as fontes.
Abraços tb.
P.S: tem que ver com vento suão e os casamentos dos monarcas dos dois países.
EliminarGostei muito de saber sobre os cataventos, Paula! Explicações e detalhes curiosos... As frases bem interessantes...
ResponderEliminarUma boa semana... Beijos
Obrigada Anete.
EliminarEste exemplar já não existe para a função que foi criado/ali colocado, mas retrata aspectos importantes do passado colectivo das aldeias portuguesas, assim como as frases/provérbios.
Beijos&Abraço.
Adoro a "sabedoria popular".
ResponderEliminarOs cataventos são património esquecido.
Beijinhos.
Também adoro a sabedoria contida nos ditados populares.
EliminarSabemos que tudo tem a sua época, mas que é uma pena este género de cata-vento, que marcou uma época, ser esquecido, é!
Beijinhos.
Acho que tenho uma pequena lembrança de ter havido um catavento na Casa do Padre, mas não tenho a certeza. Deste que aqui se mostra, sempre me recordo, embora acho que de modo mais completo.
ResponderEliminarTambém me lembro de embora escassas, have aquelas noras de tirar água, encimadas por cataventos.
Por perguntar, hoje soube que em casa dos meus pais, por volta dos anos 40, havia um catavento igualzinho a este, com o homem de corneta e feito pelo meu tio Zé, que era ferreiro em Forninhos, antes de partir para Angola e por lá ficar. Forjado em folha de metal, durante anos e anos esteve em cima do chupão (chaminé), até a ferrugem o corroer e o vento o levar. Por ele veio e com ele foi...
Diziam que gostavam de o ouvir a girar e espreitando para o telhado, o lavrador sabia o tempo que iria fazer e como se deviam acautelas; o mesmo vento que entrando pelas brechas da cozinha, levava os mais velhos a lançar a profecia: "De caldo requentado e de vento de buraco, guarda-te deles como do diabo!...".
Também acho que o que aqui se mostra está incompleto, pois falta-lhe a "cauda" que o fazia movimentar, se calhar devido à ferrugem e acção do vento escangalhou-se ;) e depois fixaram só "o homem da corneta". Não sei...
EliminarGostei foi de saber que havia um igual na casa dos teus tais, pois numa comunidade rural o cata-vento era um indicativo muito importante, já que muito da vida rural estava ligada aos quadrantes do vento, mas acho que em Forninhos só algumas casas tinham como possuir um cata-vento!
Hoje não tenho oportunidade, mas vou tentar saber se a "Casa do Padre" teve um cata-vento e já agora de que motivo, se galo ou outro.
Já perguntei e obtive como resposta "não sei"; "já não me lembro bem" "na minha meninice poucas casas tinham chaminé"
Eliminar"lembro-me do cata-vento da chaminé do Augusto Marques, mas não tenho a certeza se a casa da D. Laura e D. Olímpia tinham um ou não".
Aproveitei e perguntei sobre o teu tio Zé, que foi ferreiro em Forninhos e eis as melhor pergunta/resposta "porque os ferreiros não interessaram para a história da nossa terra?" "É claro que não houve latoeiros, nem cesteiros, os da Matela é que agradecem porque lá é que há latoeiros e carqueja".
Não sabia destes simbolismos , agora sempre que levar a minha filha na escola
ResponderEliminarvou lembrar , pois tem uma casa que passo e tem um no telhado.
bjs
http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/
Sabe, Simone, mesmo em Forninhos, as pessoas mais novas acham que este "boneco" é um ornamento, nem imaginam que foi um indicador da direcção do vento.
EliminarPelo menos agora vão lembrar também que a freguesia ainda tem no cimo duma chaminé um instrumento que ajudou os nossos avós sobre o tempo que iria estar!
Bjs.
Gosto de cata-vento e aprendi um bocado. Aqui, há um templo maçônico que tem no alto do telhado (construção bem antiga) um cata-vento com um lindo galo. Agora existem as oficinas eólicas, que embelezam as paisagens litorâneas, onde há muito vento, com seus altos cataventos. Conhecia algumas das frases, algumas que sabia, fora essas aí, não me lembro agora, "o vento levou"...lembrando o filme clássico "E o vento levou..."
ResponderEliminarMuito bom, vira aqui, Anete...
Beijo
Chamei você de Anete, Paula (é que vi a Anete comentando, desculpe!).
EliminarAté, Paula. Boa semana...
Ok Lúcia.
EliminarAqui no nosso país, à beira mar plantado (metaforicamente falando), também se encontram esses "intrusos" que apesar de ferirem a paisagem, a meu ver, são uma das opções para o desenvolvimento duma região.
Na nossa terra e nas proximidades (que eu saiba) não há eólicas, mas a nossa geografia até é propícia a este tipo de energias; e cata-ventos antigos só conheço o da imagem, que o vento não levou...é caso para dizer nem tudo "o que o vento traz, o vento leva".
Beijos**
Oi Paula,
ResponderEliminarAcho o catavento um simbolo romântico de uma época, quando vejo um (raramente) dá uma sensação de calma e de alegria, não sei porque, mas sinto isso, gosto de ver. Deveria ainda fazer parte da nossa paisagem.
Gostei dos adágios, esse 'quem foi ao vento perdeu o assento' é bem conhecido.
Beijos!
Confesso-lhe que a mim os cata-ventos puramente artesanais também me remetem para um tempo mais romântico, mais pacato e... de mais sabedoria.
EliminarJá os cata-ventos de hoje...
É como os adágios. Hoje é mais usual dizer "quem foi ao ar perdeu o lugar", um e outro devem querer dizer a mesma coisa, mas eu acho mais bonito o que diz "quem foi ao vento perdeu o assento".
Beijos&Abraço.
Uma breve resenha histórica acerca dos cata-ventos, que não fazia ideia já existirem nos tempos dos romanos. E como esse com a corneta nunca tinha visto nenhum, só tinha visto com galos...Eu até acho que os cata-ventos estarão também a cair em desuso, porque pelo menos aqui na minha zona não os vejo muito, ou então não olho para os telhados...;-)
ResponderEliminarE uma boa finalização com alguns adágios,dos quais também sou apreciadora, porque a sabedoria popular feita de tempo e experiência tem muito que se lhe diga.
"Com vento de feição não há má navegação"
Até breve, Paula! Eu irei passando por aqui de vez em quando.
xx
Na nossa região datam do tempo dos romanos, mas a origem do cata-vento não está claramente sinalizada na História.
EliminarActualmente não passam de um elemento cultural da paisagem portuguesa, mas durante séculos ajudaram o homem a entender melhor a natureza e a prognosticar o tempo e de tanto ver as orientações do vento, o nosso povo criou alguns ditos. Mas outro factor para a previsão do tempo, eram as nuvens. Se em tempo coberto o céu apresenta uma nesga vermelha junto à linha do horizonte, o que nalguns sítios se chama “a cabra esfolada” é sinal de bom tempo.
Deixo à Laura uma passagem do Aquilino inspirado no ambiente do mundo rural onde nasceu, Carregal de Tabosa, no concelho de Sernancelhe:
(O dia começa…)
Emborcado sobre o mundo, o céu reluzia como uma redoma.
Desvendam-se hortas e quintais. (…)
Para a banda das Antas, havia um estendedoiro de vermelho, a tal ‘cabra esfolada’ de que rezavam os antigos, a prenunciar o bom tempo.
- AQUILINO RIBEIRO, Terras do Demo.
Las veletas o cataventos eran primordiales en aquellos tiempos en los que no había tantas noticias meteorológicas.
ResponderEliminarMuy original el catavento de esta casa de Forninhos.
Refranes muy parecidos a los de España.
Abraços e Beijos.
Também o acho original. Já "estive a pensar com os meus botões": se havia cata-ventos com imagens alusivas à região onde se localizavam, porque será que o motivo deste é o toque da corneta?
EliminarEm Forninhos havia um patrão que tocava uma corneta para iniciar os trabalhos e na hora do jantar (hoje almoço) tocava novamente a corneta para um familiar do seu trabalhador ir buscar água pé. Tudo isto se passava em frente da casa que ainda hoje tem o catavento!
E, Pedro, espero que não leve a mal a expressão “de Espanha nem bom vento nem bom casamento” pois ela é muito antiga!
Um abraço de amizade.
Muito interessante! Já aparecem poucos... e gostei de ver este.
ResponderEliminarBj
Como disse, já aparecem poucos...então em Forninhos só resta este, que eu saiba!
EliminarMas suponho que houve outras casas que os tiveram...
Beijos.
Muito boa noite, em tempos na chaminé da casa do meu sogro também existiu um catavento igual a este, ainda o tenho guardado no pátio da casa, mas foi pintado de verde e branco pelo meu cunhado José Augusto que é do Sporting.
ResponderEliminarPaula esse que está na foto está completo o que o guiava é a própria corneta, ficando assim o homem virado de costas para o vento, ou seja a corneta fazia de leme.
Como tu dizes e bem em tempos eram bem mais diversificados e em alusão ao local onde estavam instalados.
Velhos instrumento de meteorologia que guiavam e orientavam os homens na sua lavoura.
Hoje são uma miragem.
Não sabia mas fiquei muito satisfeita em saber :-) só não gostei do verde e branco do Sporting ;-)
EliminarPelo menos já sabemos que na freguesia de Forninhos há alguns anos atrás existiam cata-ventos no cimo das chaminés de algumas casas, mas ó João se este da foto está completo, porquê não funciona?
Eu própria o observei durante dias e o homem continuava lá na mesma posição e não acredito que o vento soprasse sempre do mesmo lado!
Acho que o antigo proprietário o fixou à chaminé talvez soldando a própria corneta...não sei...sei é que este cata-vento forjado em folha de metal merecia ser mostrado e apreciado. Hoje ainda é visto e é um bom sinal e um encantador regresso ao passado, amanhã não se sabe se ainda lá estará, porque em Forninhos parece que tudo tende a acabar.
Beijinhos**
Por aqui ainda são brinquedos de criança a soprar. Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarTambém ainda vemos por cá esses cata-ventos de brincar, bem coloridos; o da imagem servia para o agricultor "ler" o tempo, pelo lado do vento deduzia com alguma certeza que tempo iria estar, mas isso foi antes da chegada do boletim meteorológico, a partir daí os cata-ventos que tanto jeito deram caíram em desuso!
EliminarRetribuo o abraço.
Olá, Paula! São engraçados esses provérbios associados ao tempo como divindade, tão velhos como o próprio homem!
ResponderEliminarSim, fui eu a fotógrafa, mas, há que admitir, o único mérito é o enquadramento. Tudo o resto é determinado pela máquina super automática e super autónoma.
Beijo
Olá, Nina! A listagem é diminuta, pois há dezenas de adágios sobre o vento...
EliminarBeijo*
Deixem que diga que a foto esta soberba e deu muito trabalho.
ResponderEliminarCasa alta, catavento pequeno face ao tamanho da mesma.
E depois esperar que ele se mexesse, para mais uma , mas nada...
Catavento especado, fui embora, mas Cristina e Paula, gabo a paciencia.
Havendo vento forte, quem se virava eram voces.
Mase agora a serio, uma foto historica, digna de figurar na historia de Forninhos e que aqui se guarda ate ter sitio para ficar!
O mérito é da Cristina, eu apenas sugeri o enquadramento.E, agora, faço minhas as palavras da Nina, tudo o resto é determinado pela máquina super automática e super autónoma.
EliminarCom uma simples maquinita de algibeira como a minha, como dizia o outro, face à altura da casa não podia colher este cata-vento, ou melhor, podia fotografá-lo, mas em vez dum cata-vento saía um mosquito!
Quanto a figurar na história de Forninhos, o cenário estava e está lá montado, mas passou despercebido, porque na «chapa 5» havia referência aos metais, mas não havia aos cata-ventos...
Capiche?
Olá Paula, que excelente ideia de falar aqui sobre os cata-ventos! E havia-os bem bonitos e originais como esse que mostra na sua foto!,
ResponderEliminarNa torre da igreja da minha aldeia existia um galo que na minha ingenuidade de criança associava ao seu despertar que juntamente com o sino tocava logo de madrugada!
Muito interessante e com bastante lógica a associação ao arrependimento de São Pedro.
Mais um excelente "post"!
Muito obrigada!
Um beijinho,
Ailime
Obrigada pelo seu contributo.
EliminarSendo o da torre da igreja da sua aldeia um galo devia ser bem vistoso.
O galo consideravam-no não só como vigilante do clero e como recordação do arrependimento de S. Pedro, mas também em tempos remotos, como profeta do tempo, e julgava-se que ele, com o seu canto, afugentava os espíritos maus e todas as calamidades.
Os galos-cata-ventos são restos de velhas ideias, ainda que, segundo a mitologia solar, a origem de todas estas coisas é devida ao costume de se empregarem as aves domésticas como personificação do Sol.
Quantos cata-ventos e simbolismos associados espalhados pelas povoações haverá ainda por conhecer?
Beijinhos**