Forninhos foi desde sempre uma terra de trabalho. E, talvez por isso os folguedos e demais festas eram bem aproveitadas. Serviam certamente de bálsamo para os homens e mulheres que trabalhavam as terras.
Para além dos bailes sempre animados e contradanças, pouco tempo depois das festas natalícias, chegada era a quadra carnavalesca, abrangendo o Domingo Magro, Domingo Gordo e Dia de Entrudo (terça-feira de Carnaval) que marcava o epílogo da animação e alegria.
As crianças, mesmo as de tenra idade, as mães tinham orgulho em as vestir com trajos garridos; e era bom ver grupos delas a calcorrear as ruas de Forninhos.
Havia também os "ensaiados" que tentando tornar-se irreconheciveis, desfilavam pelas ruas ou de porta a porta, fazendo as suas tropelias de Carnaval, provocando um misto de medo e riso saudável.
Mas a tradição já não é o que era!
Com as mudanças no modo de viver...tudo se foi alterando...por tal, para recordar, fui ao arquivo e seleccionei umas fotos do nosso álbum de memórias:
Entrudos irreconhecíveis |
Grupo de jovens e crianças forninhenses com trajos típicos |
Grupo de crianças mascaradas em frente da escola primária em 1979 |
Carlinha e Cila cerca de 1980 |
Ah, Paula, mais detalhes de uma nova festa e afazeres em Forninhos que gosto tanto!
ResponderEliminarBonitos trajes das meninas, parecem camponesas...
Boa Noite pra você... Abraços
Olá Anete.
EliminarOs trajos eram religiosamente guardados para esta quadra e no dia as mães aprimoravam o visual dos filhos.
Todas as meninas trajavam da mesma forma, saia, blusa, o colete bordado, o avental e o lenço.
Os meninos tinham, a meu ver, um espírito mais inventivo, pois já usavam caretas e caricaturavam figuras.
Ok! Mais um excelente post, Paula...
EliminarUm BomBom Dia!!
Voltei, querida Paula...
EliminarObrigada pelo lindo comentário por lá... Respondi a respeito de ALELUIA!... Valeu, hein?!
Bjs
Que fotos legais trouxeste e não lembrava desse termo ENTRUDO! Bom Carnaval por aí, ainda que tudo seja diferente! bjs,chica
ResponderEliminarUm e outro é a mesma coisa, mas eu até gosto mais do termo ENTRUDO porque acho que está mais associado às nossas tradições: às caras tapadas (para não serem conhecidos) ou às brincadeiras sujas com água, farinha, ovos, carvão...
EliminarAs nossas mães diziam enfeitando os "bonecos"( nós), "ninguém vos vai conhecer!".
ResponderEliminarEra um frenesim, a fuligem da lareira em que até a chaminé era raspada para ter mais carvão para nos enfarruscar.
E criancinhas, fingindo não ser conhecidos, pé-ante-pé , queríamos ir meter medo.
E barafustava-mos, acagaçados por termos medo dos "entrudos".
É que os "entrudos" eram a sério! Todos tinham medo e a "gente" minorca, querendo assustar, gritava: "mãe, mãe..."
Vinha lá a "careta" do Tio Zé Carau!!!
Riem?
Queria ver se por cá estivessem...medricas!
Bons Velhos Tempos!
EliminarMas o Entrudo em Forninhos já era, porque perdeu-se o verdadeiro espírito de camaradagem e brincadeira.
"OS ENTRUDOS" fazem parte dum tempo que não voltará a Forninhos, a não ser que seja numa atitude exibicionista (não espontânea) ou então numa atitude turística, mas tal não se vislumbra no horizonte...
Muito giras as fotos! Principalmente a dos entrudos irreconhecíveis e a última, muito ternurenta.
ResponderEliminarEngraçado que não tenho a menor ideia de festejos de Entrudo na minha infância, apenas a partir da adolescência... É verdade que com os anos se foi perdendo a característica de "irreconhecível" que dava muita graça à coisa; para além das caras tisnadas que o Xico falou, ou mais tarde cobertas por máscaras, também havia o importante disfarce da voz. Ou seja, o Entrudo era uma forma de as pessoas se "esconderem" geralmente pondo mais roupa, o Carnaval hoje é uma forma de "mostrar", o que no Brasil se compreende devido ao calor, mas em Portugal não.
xx
A imagem dos entrudos irreconhecíveis remonta à década de 50, foi tirada num banco do largo onde depois de almoço as pessoas começavam a concentrar-se, e assim que estava reunida a "multidão" começavam as partidas, brincadeiras, as danças e contradanças...
ResponderEliminarO Entrudo em Forninhos era de tal modo "famoso" que os das redondezas também não deixavam de comparecer!
Mas como acima digo, o Entrudo em Forninhos já era! Mas não é só em Forninhos, porque em todos os lados se fala do mesmo, que o Carnaval perdeu a graça, perdeu originalidade, não tem raízes, desde que insistem em imitar o Carnaval do Brasil.
É por isso, Laura, que eu insisto em publicar as coisas destes tempos, em que éramos realmente diferentes.
Mesmo as crianças, as mães vestiam-nas como elas próprias se vestiram “noutros Carnavais”. Hoje a maioria das mães compram/alugam numa loja um fato de "Carnaval".
Bom Carnaval!
ResponderEliminarPretendo ficar muito sossegadinha em casa.
beijo
Faz bem Nina... eu tbm vou ficar por casa. Aqui não gosto de sair à rua no Carnaval, por causa daquela brincadeira de molhar as pessoas com balões de água!
EliminarBjs**
"É Carnaval, ninguém leva a mal...".
ResponderEliminarA desculpa para tropelias mais ousadas, tais como os namoricos às escondidas no final da tarde e que neste dia, vestidos de entrudos, não se acanhavam em beliscar as suas prometidas.
E as mães e avós, divertidas mas atentas, lá se deitavam a adivinhar: "quem será aquele, pela voz não conheço, mas será que é o ...".
Acordavam da sua cisma quando uma careta demoníaca lhes aparecia pela frente e fugiam a sete pés! E as netas, folgadas...
Sempre em Forninhos o Entrudo foi dia de festa, o dizer o que podia parecer mal e até na Justiça quando davam "parte" de qualquer problema, davam o devido desconto: "é Carnaval".
Não morreu em absoluto em Fornidos esta tradição: basta tirar a "máscara" e brincar aos mascarados genuínos de outrora!
Haverá coisa melhor que a liberdade da alegria?
Relativamente ao tema colocado, não restam dúvidas que a tradição já não é o que era!
EliminarMas se todos tirarem a "máscara", ou quiserem revelar-se...uns até já se revelaram ...o entrudo continuará vivo por aqui, mesmo quando não estamos de acordo, porque Forninhos deve estar muito acima de qualquer cor ou credo político.
Que belo relato, adorei as fotografias. O carnaval é uma linda festa, adorei conhecer mais esse costume de Forninhos. Que lindas as roupas. Ainda bem que não se perdeu essa bela tradição. Aqui em Solidão não temos esse costume.
ResponderEliminarTenha uma ótima festa de carnaval.
Obrigada Anajá.
EliminarMas no caso presente a bela tradição já era! Agora só restam as imagens colocadas sobre a sua veracidade.
Lindas memórias do carnaval!
ResponderEliminarAdorei o blog!
Parabéns!
Agradeço o comentário. Continue a visitar-nos porque estaremos sempre aqui a falar das nossas memórias e daquilo a que nos comprometemos...
EliminarEu prefiro e sempre o 'Entrudo", tem tudo a ver connosco, e bem haja pelos votos!
ResponderEliminarUm abraco a todos.
Carnaval nas nossas terras é ENTRUDO, por tal, caro amigo, é que eu fico com os olhos em bico quando leio termos que não têm nada a ver com a nossa região!
EliminarUm abraço meu e Viva o Entrudo!
Ja somos pelo menos dois!
EliminarUm bom "Entrudo" para si, para todos os forninhenses e todos os leitores! Um abraco.
Olá Brasil...
ResponderEliminarPara esse povo lindo que aqui neste blog tanto nos acarinha, um pouquinho de história a que umbilicalmente estamos ligados, apesar de modos de celebrar diferentes.
"...O entrudo foi trazido ao Brasil pelos portugueses no século XVI e nada mais era do que uma brincadeira de molhar as pessoas com água, farinha e perfumes. O líquido era condicionado em pequenas bolas de cera, chamadas de limões de cheiro ou laranjas de cheiro. Esses objetos eram atirados das janelas nas pessoas desavisadas que passavam pelas ruas. A coisa ficou tão popular no Brasil que confeccionar os tais limões de cheiro era quase uma tradição de família...".
Abraço fraterno!
Com o passar dos anos, a água e principalmente a farinha foi substituída pela serpentina e confetes, que nos meus tempos de criança desconhecia-se até a palavra serpentina e confetes! A designação eram fitas e papelinhos.
EliminarMuito interessante os ensaiados , deve ser aqueles com pano no rosto,
ResponderEliminareu teria medo deles, o entrudo deve ser bem divertido.
bjs
http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/
Sim, ensaiados significa homens ou mulheres vestidos de forma trapalhona e o mais disfarçada, cómica ou assustadora possível. Normalmente os homens vestiam-se de mulher.
EliminarUns usavam só o pano no rosto, outros mais inventivos 'fabricavam' uma careta/máscara de madeira ou cartão.
Assim eram os ensaiados ou entrudos. Estes, por acaso, são 5 mulheres porque também Elas sabiam assustar, HUHUHU.
Olá Paula,
ResponderEliminarÉ bom lembrar os carnavais de um tempo longínquo e que não voltam mais. Mas há uma coisa que gostaria de destacar no seu post: As "bonecas" Carlinha e Cila, dos anos 1980. São uma autêntica ternura...
O meu abraço, Paula,
Manuel Tomaz
Como vê Sr. Tomáz, em Forninhos as crianças eram iniciadas muito cedo nesta festividade.
EliminarA foto das "bonecas" vestidas com o traje folclórico é mesmo muito ternurenta e diria que também serena, até porque por trás estão campainhas amarelas como que a anunciar um tempo sereno.
Na data desta foto, tinha eu a idade da Cila e também nós estamos na foto de grupo em frente da escola primária em 1979.
Boa noite Paula, uma ideia bem interessante recordar como era o Carnaval noutros tempos em Forninhos! Fotos preciosas bem demonstrativas do facto! Talvez por não haver outras distracções todas as épocas festivas eram vividas com muita intensidade por todos. Assim era também na minha aldeia! Tudo mudou e apesar de tantas ofertas que agora existem nada se assemelha ao que se vivia nesse tempo, porque vivido com alma e coração e autenticidade. Beijinhos. Ailime
ResponderEliminarPois é, Ailime, com as mudanças no modo de viver tudo se foi alterando...para melhor dizem os mais velhos, porque viveram tempos de miséria... para pior dizem os mais novos, porque viveram um tempo de mais abundância. Mas talvez nem melhores, nem piores, simplesmente diferentes!
ResponderEliminarBeijinhos e passe um bom fim de semana.
Paula,essa brincadeira é o verdadeiro sentido do carnaval! Gostei de saber mais sobre o carnaval por aí e as fotos ficaram lindas! bjs,
ResponderEliminarFotos como estas e as memórias de cada um é o que de mais importante temos, só que infelizmente muitos não sabem valorizar isso.
ResponderEliminarBeijos e Bom Carnaval .•*´¨`*•.¸¸.•*´¨`*•.¸¸.•*´¨`*•.¸¸.•*´¨`*.*...*...*
Não sei se o anterior comentário ficou...
ResponderEliminarDe qualquer forma, e ainda sobre o mesmo assunto, não havendo esse tipo de casamento, havia a corrida do galo. Punham dois galos à pega e todos assistiam...Uma forma infantil de passar uma tarde...
Beijinhos Paula
O outro comentário ficou, ficou no post "Casamentos do Entrudo".
ResponderEliminarQuanto à corrida do galo, há dois ou três anos atrás também passou por Forninhos, mas não no Dia de Entrudo (Terça-Feira de Carnaval), mas em Julho, que é quando realizam o "Dia da Freguesia", porém, não é um jogo popular praticável na minha terra.
Já mais a norte, no Entrudo o galo é enterrado vivo, quer dizer, com a cabecita de fora! E depois medindo umas tantas passadas, nem menos de doze, nem mais de quinze, de olhos vendados e martelo em punho, partirão todos aqueles que quiserem tentar a sorte, em troca da possibilidade de se virem a tornar donos do cantante, que lhes pertencerá se conseguirem acertar-lhe com o martelo na crista.
Por mais que seja uma tradição é também uma crueldade.
Beijinhos**
Foi bom reler e rever! beijos, chica
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