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domingo, 14 de setembro de 2014

Alguns frutos secos

Agora é a altura da apanha das avelãs. Hoje em dia já poucas se apanham, embora quase todas as casas tenham aveloeiras para apanhar, em maior ou menor quantidade. Mas ao falar de avelãs, que é o fruto da avelãzeira ou aveloeira/aboloeira como se diz em Forninhos, não posso deixar de referir, como esta era importante nesta terra, nos anos 60/70 do século passado, pois era ver ranchos de jovens a apanhar avelãs para a casa do Sr. Amaral, que era uma casa que dava trabalho, na limpeza dos pinhais, nas vindimas, na apanha das avelãs, na vareja, nas sementeiras e colheitas em geral. E, naquela altura não ficava nas aveloeiras ou no chão uma única avelã!


É consumida ao natural e é usada em bolos, aos quais acrescenta um sabor muito apreciado. Eu gosto :-)



A aveleira é um arbusto e é fantástica a simbiose que pode haver entre a aveleira e um cogumelo, no caso, o chamado tortulho. São os primeiros cogumelos a aparecer, vêm com as primeiras chuvas e apanhá-los é um regalo, falo por mim que gosto mais de vê-los e apanhá-los do que comê-los.


As nozes também estão quase maduras e os esquilos não tardarão a aparecer para se deliciarem com este pitéu!


Li que a nogueira (árvore) foi trazida para a Península Ibérica pelos romanos e que adaptou-se muito bem. Em Forninhos, não há muitas, diga-se, mas há algumas bem altas e de copa larga. É dela que se colhem as nozes que são nada mais que as sementes, através das quais se reproduz.



Por último, os figos pretos e brancos, que são fruta frágil, mas podem consumir-se secos. Secos, em tabuleiros de madeira compridos, adquirem no Inverno uma camada branca que os torna doces e macios ao paladar.



Passados os Finados os figos já ninguém os quer. Porquê? "Porque foram lambidos pelos defuntos".

28 comentários:

  1. Gostei muito do seu post, Paula!
    Aprecio muitíssimo avelãs e nozes... Hum, tomei um chocolate c creme de avelãs delicioso esta semana...
    Figos também é legal c creme de leite... Não conhecia as árvores/arbusto...
    Interessante: "Porque foram lambidos pelos defuntos."

    Beijos e boa semana..................

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    1. Também eu, adoro/devoro avelãs e nozes e hoje "devorei" uma tablete de chocolate de leite com avelãs :-)
      Figos frescos e secos é que não aprecio muito.
      Boa Semana + beijos**

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    2. Vim para deixar um abraço carinhoso e o desejo de uma boa tarde, Paula!

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  2. Adoro passar aqui e ver essas coisas todas que dizem muito do que meu marido viveu e nos passou! Lindas fotos, frutos..Adorei! E gostei do provérbio final,rs bjs, linda nova semana,chica

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    1. São coisas como estas, chica, que fazem do campo, um lugar especial para viver, para usufruir, para partilhar...
      Bjs e tudo de bom!

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  3. Oi Paula!
    Os figos já se produz aqui no nordeste, mas as nozes e avelãs, só mesmo de supermercados e bem carinhas, mas vale a pena comprar, pois são deliciosos, eu adoro demais!
    Como eu gostaria de ver as plantações e colher dos pés, mas é assim mesmo cada terra com seus frutos, não é mesmo? Adorei o post.
    Beijos e uma boa semana.

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    1. Aí tão carinhas e por cá tantas ficam ao abandono! Posso dizer que em Forninhos estraga-se muitos e variados frutos. Nas avelãs, ao menos, lá andam os esquilos à cata. Quando vim de Forninhos junto às aveleiras viam-se já imensas cascas de avelãs roídas no chão.
      Beijos e boa semana tb.

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  4. Um post muito a meu gosto, Paula, porque embora goste de amêndoas e nozes, a avelã e o pinhão são os meus frutos secos preferidos, pena serem tão caros, e ao contrário de ti adoro cogumelos!
    Mas não sabia que as nozes eram as próprias sementes , e que depois do dia de Finados já ninguém queria comer figos secos por terem sido "lambidos pelos defuntos"...:-)
    Gostei do tema. Muito apetitoso, muito bem ilustrado, e com informação qb.
    Boa semana para todos!
    xx

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    1. Também gosto mais de mostrar o que se produz em Forninhos, para todo o Mundo, talvez por isso ando adiar uma publicação que não vai agradar muito...a muitos, mas...é dos figos "lambidos pelos defuntos" que agora quero falar, aclarar. Só os que apanhavam directamente das figueiras, é que não se comiam passados os Finados e, logo, também não os apanhavam para secar, comer secos! Apanhavam-nos só para as viandas de engorda dos porcos.
      Normalmente os figos maduros, para secar, eram apanhados por altura das vindimas (+ou-) para ser secos ao sol, mas se vinham as chuvas mais cedo já era necessário recorrer aos fornos, que estavam sempre aquecidos nesses tempos. Punham os tabuleiros no forno e também se punha uma camada de palha no fundo e por cima desta os figos.
      E, Laura, eu gosto de cogumelos! Encontrá-los digamos que é para mim um prazer redobrado!
      Boa semana. Bj**

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    2. Esqueci-me dos pinhões, Laura!
      Quando eu era miúda havia por lá 2 pinheiros mansos. Desses interessantes espécimes, raríssimos na terra, apanhei ainda pinhas e retirei-lhes o saboroso pinhão (manso).
      Hoje, esses dois pinheiros mansos já não existem. E, agora, pinhões só no supermercado.
      Coisas dos dias que vivemos…

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    3. Obrigada pela explicação acerca dos figos, e quanto aos cogumelos apanhei tantos em criança! Morei perto de um pinhal onde os apanhava, e também é dessa altura também o meu gosto por pinhões. A minha prima mais velha fazia pinhoadas que eu adorava...:-)
      xx

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  5. Oi Paula que postagem bonita e interessante.
    Que delicia tudo isto! Equanto ao figo... adoro a fruta e o chá das folhas!!
    Beijão e boa semana!
    Mariangela

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    1. Não conheço esse chá, mas o google acabou de dizer-me que o chá feito de folhas de figueira reduz os níveis de insulina. É bom portanto, para os indivíduos com diabetes.
      Bj** e boa semana tb!

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  6. A minha terra, um mar de saudades, talvez por isso estas fotos que tantos nos tocam e vao perdurando longos anos numa nostalgia pura.
    A foto das nozes, foi o recuar de um tempo a que agora se chama antigo e no qual se ia ao "rebusco" das nozes, nesta nogueira que de tao grande metia medo. Ainda de tal falarei neste texto, garota a atirar pedras e "varejadores" quase mortos...
    Mas por enquanto ficam aquelas coisinhas chamadas avelas, afinal o meu primeiro emprego!
    Fala-se acima do sr. Amaral.
    A "Casa do Amaral" era sem dúvida a mais empregadora e que mais terrenos arrendava na nossa terra. Não resisto em contar um episódio pessoal que ainda passados tantos anos recordo de forma hilariante.
    Os miúdos, rapazes e raparigas, alguns ainda sem idade escolar, tinham o hábito anual de fazer a campanha da apanha das avelãs, em pleno verão, quase logo após as vindimas.
    A "Casa" pagava à miudagem 5$00 (cinco escudos) ao dia. Aquilo ia quase tudo, formando um autêntico exército de minorcas que inundava as vinhas circundadas pelas aveleiras, de gritos e risos.
    Um dia, devia andar pelos meus seis anos, alistei-me no "exército", que raios, afinal os amigos andavam lá todos e os meus pai lá me deixaram ir, até porque também lá andava a minha irmã mais velha.
    Partimos todos galhofeiros, mais de duas dúzias, em direcção à vinha da Pardameda, que fica a meio caminho da Senhora dos Verdes.
    Adorava avelãs e durante toda a manhã, eram mais as que iam para a barriga do que para o cesto, ao ponto de não caberem mais. Toca o apito para o almoço e ala...ir a casa almoçar e voltar. Assim foi e meia dúzia de passos fui ficando para trás, até os perder de vista. Agarrado à barriga e o que vale é que era a descer, mas ao chegar ao Porto, já não dava; encostei-me ao muro da courela da minha mãe e por lá fiquei, sabe Deus como!
    Quando depois do almoço os outros regressam para a faina, lá estava eu, a rebolar-me com dores, suspensórios descaídos e sabe-se lá que mais...
    Que vergonha!
    Ganhei meio dia e se muitos fossem como eu, o patrão coitado, falia.
    Foi-me bem feito, 2$50 (vinte e cinco tostões) por uma dor de barriga.
    Nunca mais lá apareci!

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    1. Obrigadinha Xico pela partilha. Ao ler-te, além de me rir a valer, fiquei ao mesmo tempo cheia de saudosismo daquilo tudo, pois nas férias grandes andei também 1 dia na apanha das avelãs, só que foi na Portela e tinha +6 anos de idade!
      Do que me lembro melhor é que todos iam e levavam "farnel" e eu também queria ir por isso :-)
      Já lá vão uns anitos bons!

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  7. Adorei o teu post!

    Aprecio imenso avelãs, nozes, amêndoas e sou "fanática" por figos frescos e secos...mesmo lambidos pelos defuntos!!!

    Beijinhos.

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    1. Bem haja pelo comentário Lisa.
      Amêndoas acho que não temos por lá, embora já se comece a ver amendoeiras. O meu pai no ano passado, por exemplo, plantou uma, mas acho que mais para admirar essa linda árvore em flor.
      Beijinhos.

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  8. As nozes trazem boas recordações, principalmente no "tirar" as Janeiras e quando os nossos pais, nós crianças chegadas a casa e a nossa mãe via o saquito da "rusga", logo adivinhava. Foste a casa de fulana e cicrana...pessoas que podiam oferecer.
    Era das coisa mais cobiçadas e sabendo que tinham varejado uma nogueira, éramos uma "matilha" para o "rebusco", atriando pedras a uma ou outra esquecida, alguns "atiradores catedráticos" com a fisga e pumba!
    Nozes grandes, troféus e depois ainda revolvíamos todas as folhas caídas na barroca seca e soltavam-se gritos de "achei".
    Foram desaparecendo as nogueiras da minha terra que outrora ainda abundaram, não resistisse ainda agora um sítio perto do povo denominado de "Nogueiras", terra fértil, sendo certo que a desertificação humano, o perder da sabedoria ancestral para árvore tão delicada, quase a levou à extinção.
    Mas ainda hà e felizmente pessoas que teimam e preservam ensinamentos antigos a quem faço uma vénia mais que merecida.
    Pois, no lugar das Andrôas, ainda se mantém imponente "A Nogueira", que desafiava os mais audazes a subir mais de trinta metros de vara na mão...um caíu e quase morreu. Veio ensanguentado embrulhado num lençol...
    Era coisa de "homens" treinados no inverno na vareja da azeitona.
    Coisas da minha terra...

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    1. O que contas sobre o rebusco fez-me lembrar a forma primitiva do provérbio "são mais as vozes que as nozes", cuja origem é: com varas batem-se as nogueiras, faz-se grande estardalhaço e às vezes as nozes que caem são poucas. Daí o dizer-se é mais o ruído que as nozes.
      Mas era mesmo assim, só mesmo com a ajuda da vara todas as nozes caem.
      Agora imagino (só imagino) a dor desse homem que caiu da nogueira e, no fundo, de toda a comunidade, é que nesses tempos a dor de um era a dor da comunidade. Mas hoje como os valores da amizade na nossa aldeia já não são nada fortes, alguns até iam ficar contentes com a queda do outro!
      Já agora: Das nogueiras das Andrôas, sabias que além dos esquilos os corvos que por lá andam também comem as nozes?

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    2. Daria para falar da fauna, e seria um belo tema. O que houve e se foi drasticamente e quase em pleno, o que resta e o reintroduzido, tal como os corvos e os esquilos, agora em abundancia, contando tambem que Forninhos ao contrario dos lugares circundantes tem sido milagrosamente poupado dos fogos e estar a tornar se um santuario da fauna natural da zona.
      Das vozes e das nozes, reza o ditado na sua verdade, a mesma que reza muita garganta...
      No contexto actual,muita parra e pouca uva.
      Faltam boas varas de marmeleiro, sentido figurado, claro, cha de sabugueiro e claro, uma pedra de lousa de caixilhos e lapis de giz para sumidades aprenderem o que ensina a pedra e o po.
      E nos tempos livres da escola, veriam que o brinquedo feito com meia casca de noz, um palito e um bocadinho de papel a fazer de vela, por dentro tinha "miolo".
      Valores de amizade na aldeia..deixa que rebusque nas raridades.
      Se souberes aonde se encontram, diz!

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  9. Boa tarde, sou da região onde existe muitas figueiras e se consome muitos figos directamente da figueira ou secos com amêndoa, adoro figos, todos algarvios adoram.
    AG

    http://momentosagomes-ag.blogspot.pt/

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    1. Pois. Esses com amêndoa acompanhados com um bom cálice de licor uhm maravilha.
      Abr.

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  10. Boa tarde Paula, que belo registo em fotos magnificas dos frutos da vossa aldeia!
    Nunca vi uma avelãzeira e adorei ver o pormenor com o fruto de que tanto gosto!
    Forninhos é uma terra muita rica a que vocês dão eco de forma sublime!
    Adorei esta foto-reportagem!
    Beijinhos,
    Ailime

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    1. Acredito. Estou convencida que há forninhenses que tbm nunca viram uma...!
      Mas não vai tardar, alguns vão tirar fotos semelhantes para compartilhar nas redes sociais e a avelãzeira vai ser conhecida por mais e mais pessoas.
      Beijinhos e obrigada pelo seu amável comentário.

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  11. Paula,aqui no Brasil a avelã é muito rara. É um fruto de Natal apenas. Adorei ler o seu texto,tão interessante! Beleza de imagens tb! bjs,

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    1. É um texto simples. Quando vou a Forninhos, procuro o que posso trazer até aqui e é a caminhar que por vezes surgem as ideias e depois então os textos que fazem reviver!
      Bjs.

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  12. Pelos vistos aqui gostam muito dos figos secos...quem nao gosta, apesar de na realidade ter de ser secado.
    O mes de Setembro nao tem corrido feicao aos figo, pois..
    "Setembro molhado, figo estragado" e se tem chovido, mas ficam as avelas, nozes e em breve as castanhas.
    O inverno fica acautelado de maneira gulosa e saborosa!

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    1. E ainda temos as pevides de abóbora secas!

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