O mel da nossa aldeia
Tem sabor a rosmaninhos
Ninguém me arreda a ideia
O melhor é de Forninhos!
Na recordação ainda vem uma ou outra pessoa que tinha o dom de tratar das abelhas, gente ancestral cuja arte se perdia na memória dos seus antepassados. Tinham mel que ofereciam aos mais próximos e aos que a eles recorriam, por necessidade em situação de doença. Era remédio, pois o resto seria um luxo.
A Paula há muito que vinha insistindo que o assunto daria um bom tema, afinal e mais que nunca, havia agora apicultores em Forninhos, com óptimos resultados!
Em Agosto e tempo da colha do mel, quase me obrigou: "pega na máquina e vai tirar umas fotos às abelhinhas que até são bonitas e afinal o mel é tão doce, vais ver que fica um post bonito...". Meladices...
Ponderei e foi forte o apelo dos nossos montes e flora, o cheiro e quase por magia sentia o som dos resineiros tirando nos pinhais outro tipo de riqueza, a resina, afinal nos mesmos recantos.
Encontrei-me com alguém que sabia da "poda", o amigo Constantino que se dispôs gentilmente a aceitar que os acompanhasse no sábado seguinte pois ia ajudar o Albino na recolha do mel. Duas sumidades e, esfreguei as mãos de contente. Combinámos para manhã cedo e mal dormi, pois em sobressalto via enxames de milhares de abelhas a atacar-me. Depois percebi, não tinha nem fato nem máscara para tal... é que para visitar as abelhinhas é aconselhável equipamento de protecção.
Quando o enxame foge, há que ir atrás dele e trazer de volta à colmeia |
Ainda me lembro destas colmeias antigas, no cabeço das vinhas e junto aos alecrineiros, prontas a recolher o enxame vadio |
O tractor apitou junto à casa da minha mãe na hora combinada, mas o candidato a repórter de guerra ficou na (trincheira), cama, ir para a frente de combate, indefeso, "por amor da santa". Fui salvo da vergonha por afinal estar o tempo chuvoso e a "coisa" ter sido adiada. Adiada mas não esquecida pois para o ano prometo trazer o processo completo desde a alimentação dos insectos, seus cuidados sanitários, licenças e impostos entre outras coisas.
Agradeço ao João Luís, algumas fotos do processo de extracção do mel. Foi quase por acaso, estava no Largo da Lameira e vi-o chegar. Foi correr, agarrar na máquina e com sua licença, "zás"!
Bom sinal, o Afonso seguir as pegadas do pai
Digam que não apetece provar...
Como recomeçou este "bichinho" do mel a entrar no quotidiano de algumas pessoas e eventualmente tornar-se um modo de vida sustentável, ainda falaremos pois tudo aponta para investimento saudável e lucrativo, mas além das pragas que atacam os enxames, mais ou menos conhecidas na forma de as debelar, mantém-se na angústia das gentes da nossa aldeia o pior dos malefícios, o pior dos castigos a gente inocente que vê através das janelas, pinhais verdejantes: os Incêndios, que tudo "lambe"!
Dizem e acredito, que os nossos montes são muito propícios à criação de abelhas, com a vantagem de terem muita água e muito daquele rosmaninho antigo em que numa colher de mel, ainda se sente no sabor o cheirinho de uma fogueira a arder na noite de S. João.
O tradicional cortiço acabou por dar lugar à colmeia móvel, mais prática, higiénica e produtiva e ainda bem que ao fim de tantos anos, voltam lembranças orgulhosamente mostradas em público. E, assim, resguardado das "picadas", o Constantino faz o papel de "abelha mestra", com atenção merecida, com os aldeões sentindo os cheiros intensos e doces sabores de uma aldeia...única!
Puxa. isso é um trabalho daqueles que pouco sabemos e tanto gostamos do mel! Beleza de fotos e post, bem explicado! Na casa da minha filha aqui, pertoi de um rio, um belo dia começou a pingar mel do sotão. Tiveram que chamar um apicultor, que descobriu a abela rainha. Elas
ResponderEliminarhaviam escolhido um local acima do forro da casa... Imagina! abraços,chica
Não era bem o que queria, amiga Chica.
EliminarO tempo não deu para tal, mas fica com mais afinco para mais tarde.
Beijinho.
Assunto muito bom, Xico.. Fotos que nos levam a acompanhar com expectativas e vibração, o passo a passo... Abelhas, mel e os costumes da aldeia! Quero conhecer quando for a Portugal algumas aldeias... Hoje vi uma num post da amiga Ailime também muito bonita...
ResponderEliminarAbraços p você e a Paula...
Amiga Anete!
EliminarQuando vier diga e quem sabe não partilharemos coisas bonitas.
Seria um prazer para nós os dois receber a Senhora.
Um abraço carinhoso.
Oi Chico!
ResponderEliminarQue doçura de post ! Lembrei de meu avô, que fazia o manejo das colmeias que meu pai mantinha no nosso quintal e do sabor de experimentar os favos de mel, oferecidos junto com o carinho do meu querido avô.
É preciso sim ter muito cuidado e se prevenir das picadas que podem provocar alergias, e no mais é só aproveitar e degustar esse melzinho especial e delicioso, adorei !
Beijos!
Infelizmente da parte dos meus avos, nao houve esta tradicao, era basicamente o amanho da terra, vacas e ovelhas.
EliminarMas uma ou outra pessoa da idade deles ainda eu criancinha, l]a me ofereciam um favo de mel para provar.
Delicia!
Mas uma abelha perto de mim, tento evitar apesar de as adorar.
Sai a seguir depois da picada, um inchaco enorme e parece que as atraio...
Beijinho, Fatima.
É verdade. Achei sempre que o mel da nossa aldeia, pela sua qualidade, merecia um post e porque esta é uma ocupação de coragem! Parabéns aos já muitos apicultores da nossa terra!
ResponderEliminarTu, Xico, chegas aqui a fazer comparação com a resina. Estiveste bem ;) pois dizem que recolher o mel das colmeias é uma das tarefas mais duras de todo o processo. Como bem viste, é feita em pleno Verão, com temperaturas que rondam os 30 graus ou mais! E, pelo que ouvi dizer, dentro do fato representam 40 e muitos...!
Gostei de ver o Afonso a ajudar a tirar o mel dos quadros e de ver como é o extractor.
Por último, tendo em conta que as fotos foram tiradas no passado dia 19 de Agosto, é mais que certo que este mel já está enfrascado. Pena que o melhor mel do mundo, não chegue ao supermercado!
Segundo a Bíblia, Canaã era a terra prometida por Deus ao seu povo,
Eliminar"...era uma terra de fartura, onde havia uvas e outras frutas, azeitonas e mel, daí ter sido vista por Abraão - como a "terra prometida", "onde corre leite e mel...".
Fugindo à presunção, Forninhos tem de facto algumas similaridades, situada num vale da serra de S.Pedro, terras de regadio e óptimo micro-clima, semelhante às descrições biblicas, daí as condições inerentes para se poder degustar do melhor mel do mundo
Trouxemos aqui um pouco do mais que queriamos, mas fica para a próxima, na certeza de vir mais aprofundado e estudado.
A intenção não foi de fazer um post, género como se faz o mel. Não!
Foi mostrar e chamar a atenção das potencialidades que um povoado chamado Forninhos tem para poder ser explorado dentro do seu habitat natural.
Já se vende mel em Forninhos, devida e legalmente certificado, já comprei e não o troco por outro algum.
Falei nos resineiros aparentemente pelo termo "colha", mas veio-me à ideia enquanto escrevia, os cheiros e "barulhos" dos nossos montes e vales. Quem melhor que os resineiros, na altura em que se colhiam as "bicas", que via a evolução das abelhas?
Na urze, tojo, giestas e mimosas, alecrim e rosmaninho selvagem, elas e eles eram inseparáveis, música para os ouvidos o zumbir dessas amigas.
E na altura da colha, o mesmo esforço braçal, a mesma manga da camisa para limpar o suor. Até numa nascente dos montes e em momentos de descanso em que se bebia a água por um caneco da resina, elas, as abelhas, por ali cirandavam, "mordiscando" a água, quiçá para aperaltar o mel.
Com agrado notei o empenho e entrega com que se está a implementar esta riqueza e queira Deus que tal como o Afonso, outros sigam estes trilhos doces.
Um post bem doce, este! E pelos vistos por aí ainda não tinha chegado felizmente a vespa asiática que está a pôr em polvorosa tantos apicultores, e com toda a razão já que lhes destroem a produção...
ResponderEliminarPara o ano quero ver o Xico dentro de um fato protector a morrer de calor...;-))
Muito bonitas as fotografias. Dizem que o mel de rosmaninho é o melhor...
Tenho sempre mel em casa, eu só o utilizo no Inverno, mas a minha filha bebe chã de limão e gengibre adoçado com mel, todo o ano. Um chá que é uma verdadeira "bomba"!
xx
Olá Laura!
EliminarS. Pedro não ajudou muito, mas reconheço que fiquei um pouco descansado por não haver fato e chuviscar.
Prometido, para o ano lá andarei metido no seio da frente de guerra, com máscara e tudo!
Mas fui falando com amigos e alguns já filhos destes que penso em boa hora se estão a envolver na produção do mel.
Pelo que ouvi, além dos custos (as abelhas também consomem mais que o simples "beijar" da flores), o acompanhamento "médico", na prevenção e tratamento face a eventuais pragas, dispende além do trabalho e atencioso acompanhamento, muito dinheiro.
Eu não aprecio mel, "mea culpa", devoro!
Volta não vem, uma colher de sopa, no inverno, numa caneca, um terço de mel e dois de leite quente...
Ando a consumir do Albino, comprado aquando lá fui no Natal e digo sem referir o preço, divinal!!!
Beijinhos Laura, experimente uma colher por cima de uma boa fatia de requeijão...
Com requeijão soa-me bem, mas no leite acho que fiaria enjoativo...:-)
Eliminarxx
Adoro mel , as abelhinhas adoram fugir então? eu não sabia deste detalhe ,
ResponderEliminarelas deram um passeio e voltaram , que bom que temos sempre pessoas que sabem lidar com esta tarefas dificeis , aqui uma vez , apareceu um enxame que foi uma desespero , meu sogro conhecia alguém que lidava com elas e levou elas embora.
bjs e boa tarde,
http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/
E a fuga de um enxame, as pessoas quase nem imaginam o prejuizo.
ResponderEliminarEntre o fixar o enxame na colmeia e este comecar a produzir, medeia muito tempo, ainda com a agravante de poder trazer fluidos menos bons.
Uma vez vi alguem sabedor subir ao topo de oliveira, tal como a foto e deixar o cortico. Recuperou o seu enxame.
Apenas para quem sabe...
Beijinho, Simone
Boa tarde, nunca tive o privilegio estar ao pé de uma colmeia e apreciar o trabalho que nela é feito pela mão humana, mas tenho o prazer de saborear o mel que gosto muito.
ResponderEliminarAG
http://momentosagomes-ag.blogspot.pt/
Tal como eu :-)
EliminarQuer dizer, na minha meninice cheguei a estar perto dum apiário, dos tradicionais cortiços, mas nunca estive ao pé das novas colmeias, onde parece se pode observar a evolução e o estado sanitário do enxame, em cada momento, coisa que no cortiço era tarefa impossível.
Mel de Forninhos nunca falta cá em casa e até trago esta iguaria, de quando em vez, para oferecer a amigos e familiares.
Abr./Paula.
Reli agora alguns comentários e o da Chica fez-me lembrar que no ano passado quando os/as mordomos/as da Senhora dos Verdes faziam a limpeza no interior daCapela pingava mel do tecto!!
ResponderEliminarDepois alguém retirou e ficou com o enxame. Mas no dia do Espírito Santo, volta e meia, tínhamos de varrer/e apanhar com a pá as abelhas que caiam no chão, mortas ou quase mortas.
Foi incomodativo, só que como disse Einstein:
"SE AS ABELHAS DESAPARECEREM DA FACE DA TERRA, A HUMANIDADE TERÁ APENAS MAIS QUATRO ANOS DE EXISTÊNCIA. SEM ABELHAS NÃO HÁ POLINIZAÇÃO, NÃO HÁ REPRODUÇÃO DA FLORA, SEM FLORA NÃO HÁ ANIMAIS, SEM ANIMAIS NÃO HAVERÁ RAÇA HUMANA".
Cada vez, que por aqui venho, fico encantado com seus posts; são, além de belos e irrepreensivelmente escritos, pelo menos a mim, muito instrutivos.
ResponderEliminarBoa semana.
Estou a acompanhar a sua "obra" com interesse e todo o respeito.
EliminarNao se trata de um "deja ...", por isso necessito de me enquadrar e vou!
Aqui, apenas simples relatos, desprendidos da omnipotente literatura impressionista, nada que meta medo, simplesmente a vassoura tem de se adaptar ao soalho que varre, no minimo valorizar o pouco que vai restando.
Sei que me compreende.
Um bem haja.
Antigamente, no bairro onde moro, havia uma apicultora e ela tinha até caixas com colmeias para vender e , sinceramente, eu não gostei de conhecer o mel em tal estágio de produção ;) Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarA Yayá não gostou talvez porque nessa fase o mel ainda não passou pelo processo de separação e limpeza da cera, abelhas e outros elementos estranhos ao mel. Depois é que o mel é armazenado em vasilhas grandes, onde completa o processo de limpeza. Nas 2-3 semanas seguintes é que se faz o enfrascamento do mel, para os frascos de gosto do consumidor.
EliminarAbraço,