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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Entradas de antigos lagares (de vinho)

Como estamos no tempo das vindimas, logo as pisas estão também na ordem do dia, nos lagares de Forninhos que ainda vão mantendo a tradição de pisar os cachos (uvas) para elaborar o vinho, pois nas dornas hoje já se não usa pisar. Mas agora não vamos mostrar cenas do lagar, vamos mostrar antes algumas entradas dos antigos lagares de granito, caracterizados pelo rebaixamento, borda em redondo, para a dorna assim melhor assentar.


Como podem observar, outras também têm, penso que para melhor segurança quando se despejava para dentro do lagar os cachos, o redondo, rebordo, na parte de cima, já que a dorna tinha a "boca" mais estreita que o fundo (vide post anterior: "A dorna das vindimas").


Muitas vezes passamos e nem reparamos em simples pormenores e particularidades que existem em Forninhos, mas que fazem parte do espólio rural e da memória colectiva da nossa aldeia, como a forma das entradas dos lagares de vinho.

32 comentários:

  1. Gosto desse assunto relacionado a uva e ao vinho! Tenho aprendido por aqui detalhes das vindimas, dornas e dos lagares!

    Texto bem significativo, Paula. O meu abraço!

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    1. Como procuro sempre colocar algo que tenha interesse para alguém, visto ser essa a intenção da partilha, é bom saber que a Anete tem aprendido por aqui. Gostaríamos de ter mais coisas que foram desaparecendo e às quais só hoje damos valar pelas recordações que nos trazem, mas pelo menos ainda restam alguns lagares com essas entradas redondas.
      Abraço e bom fim de semana.

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  2. Tão lindo de ver e esse resgate é muito importante e vocês estão fazendo muito bem! bjs, chica

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    1. Obrigada, Chica! É bom partilhar desde 2009 fotos representativas de outros tempos da nossa terra com o objectivo de dignificar a aldeia. Mau é verificar que andam macaquinhos de imitação a mostrar no facebook coisas nossas que um dia já foram assim. Enfim...como, a meu ver, não são originais, nem geniais, a mim basta focar-me noutro tema e assunto resolvido;-)
      Felizmente, ainda confio em mim (mesmo que às vezes ache que só sai porcaria!).
      Beijos.

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  3. - Ó rapaz, segura as vacas, ai valha-nos Deus, gritava o agricultor, raios partam que a dorna ainda vai parar ao chão..
    Dedos retorcidos no desespero pela desgraça eminente, parte de um ano de trabalho e de esperança. Vinha ali dentro o vinho e o lagar, caramba, estava a preceito.
    Parte deles são estes, que ainda menos de trinta dias atrás fomos registar e resgatar, simples memórias: "Lagares de Forninhos" que ainda por cá existem.
    O rebordo acentuado, tinha a sabedoria do lavrador, melhor, a herança dos "seus" Arquimedes ancestrais. Era assim que a porta do lagar e a parte de cima devia ser feita, mandava, sendo que a última palavra devia ser, presumo, do mestre de obras.
    Aqui deveria haver muita conjugação da "arte" do senhor pedreiro, altura da dorna, distância do carro de bois para calcular o tombo na barriga do lagar e a curva da ombreira, não fosse a dorna ali ficar empencada, mais esforço dos homens, animais à frente e atrás e por vezes uma desgraça.
    Mas que eram bonitos estes lagares -"valha-nos Deus" - um orgulho do dono que já no dia antes da vindima tinha prontas as sacas roídas de serapilheira, que anos tinham servido para acarretar as batatas e ali se deliciavam agora reformadas, no leito da porta do lagar, esperando a dorna.
    Um bom lagar, tinha atribuido ao dono um bom estatuto.
    Por razões pessoais e sentimentais e sem desprimor para os outros, escolho o da última foto, trocando a porta pela antiga de carvalho centenário: o lagar do meu querido avô Francisco.
    Não por vaidade, apenas sentimentos do rapaz miúdo, eu que segurava a corda das vacas junguidas e impacientes e ria enquanto o tio Jaquim Branco gritava com o tio Zé Cardoso:
    - Olha lá que ainda ficas debaixo dela (a dorna)...
    Aquelas coisas de amigos, acalmadas num cigarro e um copito, enquanto o meu avô olhava para o relógio de bolso, fazendo contas ao que faltava para encher o lagar e os homens precisos para noite dentro fazerem a pisa. Sorria enquanto tirava o chapéu, endireitava o colarinho da camisa e passava as mãos pela "barriga" do lagar. Havia tempo de sobra...
    Assim Paula, eu recordo este teu lindo tema das portas dos "nossos" lagares que ainda hoje no entornar dos bidões de metal, de tal se servem. Talvez por respeito!

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    1. Xico, fizeste um comentário ou um post?
      Trabalho de mestria este, não é?
      São tão interessantes as entradas de alguns lagares que é por isso que nós (blog dos forninhenses) os fotografamos em Agosto último e agora escrevemos sobre...e assim aqui fica o registo, em primeira mão, pois claro ;-)

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    2. Apenas tentei "vestir" o tema, recordando o ambiente vivido pelos homens da vindima.
      Sao estas coisas que mais me cativam pois coisas tecnicas nao faltam na Net.
      Felizmente que temos meios e modos de trazer o genuino, apesar do esforco.

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  4. De um Porto com gemada, tantas gripes foram curadas nos tempos de antigamente, dos avós; hoje não mais. Um abraço, Yayá.

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    1. No tempos dos nossos avós, o vinho era usado para quase tudo: para temperar e conservar comida; para comemorar eventos e festas e também, sim, para curar gripes, mas mais o vinho quente com açúcar.
      Outro abraço.

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    2. Anónimo7/02/2023

      Por exemplo: vinho tinto fervido com açucar curava a gripe

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  5. Muito interessante e muito apurada vista, adorei.

    Um abraco dalgodrense.

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    1. Atendendo ao que escreveu, o post faz jus ao dito popular: "Quatro olhos vêem mais que dois".
      Mas se calhar ainda hão-de dizer que as pedras dos lagares vieram do extinto povoado S. Pedro ;-) é que agora virou moda dizer-se que dada a forma de determinada(s) pedra(s) "provavelmente" e "possivelmente" de lá veio/vieram!
      Um abraço meu tb.

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  6. Que olhar tão profundo e encantador.

    Fiquei fã dos lagares.

    Beijos

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    1. Obrigada Pérola.
      Embora na TV, turisticamente, se ouça falar da pisa em lagares, certo é que não referem como eram em tempos idos as entradas dos lagares de vinho, daí muitas pessoas nunca tenham visto, nem sabem da sua finalidade.
      Beijos**

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  7. Muito interessantes essas entradas dos lagares...nunca tinha visto, e com esse pormenor de entrada arredondada e com rebaixamento como funcionalidade para que a dorna entrasse da melhor forma. É o que se chama uma solução bem pensada :-)
    Bom saber que ainda existem alguns lagares de vinho, e percebo perfeitamente a preferência do Xico por um deles, pelas boas lembranças que lhe traz.
    Um dia quero ver imagens da pisa das uvas, Paula, um trabalho ritualizado que muito aprecio.
    Bom fim de semana!
    xx

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    1. Não sei se a Laura reparou, mas nalguns puseram uma massa de cimento; cada um, no que é seu, faz o que melhor entende, só que aqui digamos que foi uma solução mal pensada!
      Este ano não vou a nenhuma vindima, mas posso mostrar imagens da pisa, sim, um dia...!Guardo algumas fotos, no entanto, podes ver o 1.º post que fiz sobre as vindimas, já em 2010, 27 de Setembro:

      http://onovoblogdosforninhenses.blogspot.pt/2010/09/comecaram-as-vindimas.html

      Claro que os pés dos mais velhos pisam com mais calma e sabedoria, ainda assim vale a pena ver.

      Em 2010, sobre o nosso vinho, fiz ainda o post:

      http://onovoblogdosforninhenses.blogspot.pt/2012/05/producao-de-vinho-e-em-forninhos-uma.html

      Bom fim de semana tb.

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  8. Oi Paula! Que postagem super interessante! Amo vinhos e gosto de tudo relacionado à eles!Amei a postagema... Beijos e ótimo final de semana!
    Mariangela

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    1. Obrigado Mariangela pela sua visita aos lagares. Há outros lagares com entradas diferentes...mandar fazer uma entrada destas dependia acho das posses, do gosto, do que dava mais jeito.
      Beijos e bom fim de semana p vc.

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  9. Que interessante essa postagem! Aqui vou aprendendo sempre mais sobre os costumes de Forninhos e me encantando! bjs,

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    1. Aqui o lema é "Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar". Bjos**

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  10. Mais umas boas fotos.
    Mostrar a todos as formas de trabalho da nossa terra, é isso que todos gostam de ver.
    Estas portadas com o efeito produzido para aquilo que serviam, facilidade para o despejo das uvas no lagar.
    Abraço.

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    1. Este é o nosso verdadeiro Forninhos, serip!
      Como o tempo não volta para traz, para relembrar o passado e dar a conhecer aos mais novos as tradições da nossa terra, sabe bem parar nas portas destes lagares, apreciar as pedras e o trabalho feito pelos mestres da pedra.
      Imagens como estas da nossa terra é que valorizam este trabalho ;-)
      Espero que voltes mais vezes ao blog!
      Um abraço.

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  11. Paula,

    Se visse só as fotos, imaginaria que fossem janelas de casas. Que interessante!
    Vivendo e aprendendo com as lindas histórias de Forninhos.
    Beijos

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    1. Tem esta forma especial, para assentar e melhor passar as dornas.
      Também nós, a mostrar as particularidades que existem na terra que que nos viu nascer e que nos é querida, aprendemos...e percebemos que os nossos antecessores eram bem práticos...e inteligentes.
      Beijos.

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  12. Queridos amigos. Xico e Paula

    Vindimas! Pois, que magia com o sovar das uvas com os homens de calçs arregaçadas e que a família não me deixava assisir! Sim... porque isto de ver pernas não é bonito para uma menina! :) rss!
    Saudades também!
    Abraço para os dois!

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    1. Recordar é Viver!
      Bem me lembro ainda ver, em situações de menores quantidades, a pisa ser feita dentro de uma dorna, mas na minha meninice por norma a pisa ocorria no final do dia da vindima já dentro do lagar. Sempre feita por homens. Ainda hoje assim é em Forninhos, embora se leia por aí (sobre a história de Forninhos) que "No presente...os homens que se encarregavam de pisar o vinho, converteram-se em espectadores de um processo totalmente mecanizado".
      Haja paciência para ler tanta asneira junta!!!
      Um grande abraço meu.

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  13. Setembro quase findo, e reconfortante olhar para tras e saborear este mes de colheitas que ainda decorrem e os registos que connosco touxemos e outros guardamos.
    Desde a arranca das batatas, o partir das andorinhas, coisas boas e doces tais como o nosso caldo e mel, aguas boas em chafarizes nojentos, dornas e lagares de vinho, nos quais decorrem as pisas como sempre as conheci. De pe descalco, as dos ricoss nao sei, devem ser feitas com os homens calcados..
    Ainda cheguei a pensar que algumas consciencias se libertariam das algemas e trariam algum valor acrescentado, mas estao calcinadas com a ferrugem do tempo do "outro senhor".
    Este mes, no qual os agricultores esfregam a maos de contentes ou encolhem os ombros resignados, devia ter honras na pagina de uma junta de freguesia, mas os medos advindos, tal nao permitem e por isso fico triste mas compreendo, sao questoes pessoais de pessoas "vendidas" e que agora se envergonham dos alinhamentos cor de rosa e preferem andar daqui a reboque, "escondidos" como sempre em paginas pessoais e particulares qual (clube de amigos teoricos), com a retorica contumaz (disse bem) de sempre.
    Assim, assumo que falhamos, se bem que seria quase um milagre entrar no coracao emperdernido de pessoas que em busca desalmada de algo, encontram apenas e em sortilegio, um monte de lacraus (antes fora, cada cavadela sua minhoca...) e se assim falo, tal se deve ao amor pela nossa terra. "A Nossa"!
    E amanha iremos continuar e por ai adiante, pois como reza o ditado "Se em Setembro tem Deus a mesa posta", "Com pao e vinho se faz o caminho", acrecento " A maior pedra de um lugar, foram e sao as suas gentes", que com carinho e reverencia, aqui trazemos e tratamos pelos nomes proprios.
    Aqui, na Terra dos Nossos Avos.
    Bem Hajam!

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    1. Esqueceste os "meus" frutos secos ;-)
      E, Xico, não conheces aquele provérbio português:
      "Os visitantes dão sempre prazer, se não quando chegam, pelo menos quando partem."
      Forninhos é uma terra aonde ao longo dos tempos sempre chegaram pessoas de outras paragens e que por lá ficaram. Mas a nossa aldeia é também uma terra de onde todos nos lembramos que saíram centenas de pessoas para fora. Não admira pois que a nossa mentalidade manifeste sempre alguma pena por quem não pertence a terra nenhuma :-(
      Assim, sobre a Nossa Terra, também Terra dos Nossos Avós, embora lhes sobre a boa vontade, falta-lhes engenho e principalmente saber!

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  14. Boa noite Paula e Xico, a vossa aldeia é muito rica nesses pormenores que a distinguem de tantas outras!
    Pessoalmente desconhecia que a entrada das dornas se efectuava dessa forma! (Adorei as fotos)!
    Tudo era concebido e executado de modo a facilitar as mais variadas tarefas!!
    Penso e dói-me ainda ao pensar em como os que nos antecederam trabalhavam tanto e como os trabalhos eram tão duros!
    Muito obrigada por me terem dado a conhecer estas janelas de Forninhos e o seu significado!
    Beijinhos e um bom domingo.
    Ailime

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    1. Pois, como já referi, os nossos antecessores eram bem práticos...e inteligentes, apesar disso também me dói pensar no que passaram, trabalharam.
      É que depois das uvas pisadas, ainda ficavam no lagar a fermentar uns dias e só depois é que transferiam o vinho doce para os pipos e pipas, etc., etc.
      Mas, apesar do trabalho duro, à noite, que era quando faziam a pisa, ainda tinham disposição para cantar.
      Beijinhos e bom domingo tb.

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  15. Olá Paula.
    É verdade muita vez passamos e não reparamos nos pormenores.Gostei muito de conhecer estes sobre os lagares .
    Vocês fazem um ótimo trabalho ao dar a conhecer a vossa aldeia.Tenho aprendido muita coisa neste blog .
    Beijinhos e bom domingo.

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    1. Olá Natália, mais uma vez obrigada pelas palavras bonitas que nos deixas, sempre que nos visitas!
      Desta vez voltamos a abordar particularidades que existem e que por vezes nem reparamos, mas que sempre estiveram por lá.
      Se calhar noutras terras não é normal ver este tipo de entradas, mas existem em Forninhos e dá que pensar... faz-nos pensar, pelo menos, numa arquitectura funcional popular.
      Bom domingo!
      Beijos**

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