Dizem que são animais bons e que na sua comunidade adoptam as crias orfãs, alimentam-nas tal como às lobas que dão leite, dividindo sem violência as presas que capturam, numa partilha orgulhosa. Mas o que perdura na memória, ainda são os medos.
Vi-os numa noite de inverno da varanda da casa de meus pais. Lá estavam na mata da Estrecada, olhos que nem faróis e o tio Domingos, candeeiro de petróleo na mão a subir a ladeira. Ia ver se a loja onde pernoitava o rebanho estava bem fechada. Homem intrépido, tal que os lobos devem tal ter sentido que desandaram.
Agora que o frio já chegou, traz à lembrança tempos passados, já lá vai quase meio século, em que eles abundavam nas nossas serranias, terror dos rebanhos, dos pastores e gentes da aldeia. No pico do frio vestido de chuva, gelo e neve, os rebanhos eram recolhidos a meio da tarde para prevenir... e na ausência de presas, esfomeados, eles desciam até Forninhos por caminhos e carreiros. Desciam por Valongo desde a aldeia da Matela, atraídos pelo cheiro da recente matação dos porcos, ainda dependurados no chambaril, escorrendo para a desmancha. Andavam com fome e atrevidos, qual desafio entre homem e animal.
Alertados pelos intensos latidos e rosnar dos cães, em casa fazia-se silêncio, enquanto se sentia o cheiro da lareira, fechavam-se as portas e janelas, com medo, medo esse que por vezes punha as pessoas "sobocadas", arrepiadas e de cabelos em pé. Ficava-se de atalaia até o uivar feroz do bicho e o seu bater das "castanholas", fosse desaparecendo, largando a porta bem fechada da loja aonde o porco estava guardado, e depois deambulava pela aldeia fantasma, pesarosa, amedrontada e recolhida por o "diabo" a ter invadido, sem medos, afrontando cães e alguns matando - andavam os lobos sobejos - quer dizer: ousados, atrevidos.
Para prevenir a vida dos cães, foram adoptadas coleiras pontiagudas ao pescoço, como no caso do cão do tio Daniel, maior em corpulência que os lobos, mas nunca fiando!
Tinha as ovelhas para guardar em Cabrancinhos.
Que belas recordações.Xico e coisas que quem só vivendo nas cidades não teceesse privilégio! O barulho de seus uivos ainda deve ecoar anos ouvidos de tantos,não? Adorei ler! abração,chica
ResponderEliminarOlha Chica, esses uivos são apenas sinais de nostalgia, serena e amorosa de quem há anos na cidade, não esquece a sua aldeia.
EliminarAbraços.
Xico
ResponderEliminarGostei de ler este texto.
Na minha terra não havia lobos!... Só ouvia falar deles!
Agora parece-me que andam por aí à solta... outra vez... não deixes que vos ataquem!!!...
Bj
Teresinha, ainda os vi e ouvi em criancinha e essa memórias ficam vivas.
EliminarAgora aqueles que não se vêem e querem atacar no dia-a-dia, cuidado!
Mas não deixarem ser ferrados...
Beijo.
Belíssimo texto!
ResponderEliminarBom fim de semana!
beijo
Ainda bem que gostaste. Fico contente por ter agradado.
EliminarBeijos, Nina.
É um animal que me dá muito medo, eles podem ser bons com os deles
ResponderEliminarmas prefiro distancia.
bjs e bfs
http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/
Por vezes as memórias são empoladas pela fantasia.
EliminarÉ um animal, lindo e solidário que no mal que dele se diz, apenas luta por si e os seus.
Beijos.
Embora eu nunca os tivesse visto, de tão falados nas histórias que me contavam, a presença dos lobos era mesmo algo aterrador.
ResponderEliminarHoje restam as recordações deles, como património imaterial nas narrativas dos mais velhos.
Conta a minha mãe, que por duas vezes o irmão que vivia na Matela, veio a Forninhos e na volta foi atacado junto ao cruzamento com a Moradia por 2 lobos. Gritou muito, mas nem na Matela, nem em Forninhos o ouviram. Livrou-se deles, mas não sabe bem como...se calhar porque acendeu fogo. Diziam que se lhes deitassem fogo fugiam.
Obrigada Xico por recordares a presença dos lobos na nossa terra. A mutação a que assistimos deixa-nos poucas memórias para partilhar. Esperamos que através do nosso blog consigamos, pelo menos, manter algumas recordações!
Parabéns por mais um post tão bom!
Olá Paula.
EliminarSaborosa história esta do teu tio. Aquelas matas que cercam Forninhos, Moradia e Matela, muitas histórias sempre tiveram para contar, as quais sem serem lendas, se foram tornando lendárias, por serem reais.
Não fiques pessimista, claro que muitas recordações aqui iremos registando, tal como até agora e se Deus quiser, durante anos e anos.
Cada pedra atirada, passa ao lado, cada pedra levantada, traz mais uma história...
Beijos.
Claro que não fico pessimista. Sei que ainda podemos contar mais historietas da nossa aldeia, que não são de influência mourisca, mas histórias de uma vida rural, que fazem parte da vida. Só temos de ir ao fundo do baú das memórias e trazê-las para aqui.
EliminarQuem não gostar de nos ler...dê um salto até outras presenças da terra na 'net'.
Há mais 'net' sobre a nossa terra!
Vcs deviam ficar com muito medo! Excelente história! abraços e bom fim de semana,
ResponderEliminarAnne.
EliminarO medo vinha do ambiente em que histórias eram contadas junto à chama da fogueira e tendo por detrás o escuro. E a convicção tal real que fazia apalpar o medo...Custava adormecer!
Abraços.
Agora andam por cá outro tipo de lobos, que mais não fazem, que molestar quem uma vida dedicou ao trabalho. Estes sim são animais ferozes, famintos de dinheiro; os outros de que aqui se fala são animais que devemos respeitar, fazem parte do eco-sistema, e são uma fonte inesgotável de histórias e estórias, que tanta gente de mais idade que a minha gosta de contar à lareira nestes dias de inverno, que já se faz sentir.
ResponderEliminarBem hajam por manterem este blogue um exemplo para tantos.
Abraço
Amigo Francisco.
EliminarEstes que agora abundam, são sim mais perigosos ,premeditadamente e pela calada, escolhem o "cordeiro" mais manso e frágil e Zás!
Saltam-lhe às goelas e esventram o que tem e não tem...
Um abraço.
Oi Xico,
ResponderEliminarEu teria muito medo, eles assustam mesmo. Mas faz parte da estoria de Forninhos e como você relata os fatos, fica uma historia muito boa, daquelas que metem medo e dá uma certa expectativa.
Beijos!!!!
Olá Fátima.
EliminarHavia medos, de lobos, feiticeiras, lobisomens, sei lá...
Assim ia sendo criado o nosso imaginário futuro que ainda hoje mantenho e carinhosamente guardo como se tivesse meia dúzia de anitos, apenas.
Beijos.
De seu nome Ti Miguel, carpinteiro de profissão e tio da minha avó.
ResponderEliminarO facto real e verídico deste episódio, terá porventura ocorrido por volta de 150 anos atrás, fazendo contas à idade de quem me a contou.
A sua profissão de carpinteiro fazia-o calcorrear as aldeias vizinhas, cujo trabalho assegurava sustento. Naquele dia tinha andado a trabalhar na aldeia de Vila Cova e já noitinha meteu a pé pelas matas da Sabugem em direcção ao lugar da Moradia, lugarejo pequeno. Antes de aí chegar, aparecem no seu encalço, como vindos do nada, dois lobos. Trazia uma navalha da qual sacou e que ao abrir deu um estalido, assustando os bichos que recuaram uns passos, ficando um de cada lado dele.
À entrada da Moradia, colocaram-se à sua frente rosnando, ao que ele exclamou, fazendo estalar a navalha: "adiante camaradas que ainda temos muito para andar!". Eles saíram do caminho e o Ti Miguel pensou que entrando no povo da Moradia estava safo e por isso não se meteu no forno que ainda tinha gente, pelo contrário, continuou e ao chegar ao sítio da Portela, qual raio, saltam-lhe à frente, especados e a espumar, como dizendo que dali não passava. Entre o estalar da navalha, caixa das ferramentas abanada, nada, apenas quando voltou a gritar: "adiante camaradas que ainda temos muito para andar!" eles recuaram um pouco, mas mais abaixo, ao chegar ao ribeiro, já o chicoteavam com o rabo nas pernas, tendo-se especado à sua frente junto à casa agora do David e a do Constantino. Apenas ao grito do "adiante camaradas..." eles desandaram metendo por um cerrado em direcção ao Picão.
Assim entrou o carpinteiro na aldeia que na sua entrada tinha um barracão de madeira que era venda e taberna, da qual ainda alguns idosos se recordam.
Era do Ti Penaverde, pai do Ti Eduardo Craveiro e ainda tinha o candeeiro aceso, pois homens jogavam às cartas. Olham para ele espantados, mas nada conseguia relatar,estava sobocado, sem fala e apenas passado um pedaço conseguiu balbuciar: "rapazes ide lá acima ao Picão e vereis...".
Eles foram e viram, um cenário dantesco e animalesco, com os dois lobos lutando entre si, mordidos e ensanguentados: tinham perdido a presa!
É por estas e outras estórias aqui contadas que o blog dos forninhenses merece respeitinho!
ResponderEliminarDigam lá, não seria interessante para os garotos de hoje saber/ler sobre histórias de lobos, como muitos de nós nessa altura ouvimos contar?
Eu, recordo-me, e possivelmente, ainda há mais gente que se lembra, que se ouvia muito falar na nossa aldeia, que os lobos atacavam os rebanhos, matavam cabras, ovelhas e borregos.
Só que o mais certo é dizerem aos miúdos de hoje que tudo isto são invenções nossas (blog dos forninhenses)!
E só quero dizer mais uma coisa, competia ao poder autárquico preservar este "naco" da história de Forninhos... ou não? Depois ainda acham que devemos apoiar quem "manda".
Aquilino é que tinha razão:
"A serra foi dos serranos desde que o mundo é mundo, herdada de pais para filhos. Quem vier para no-la tirar connosco se há-de haver!".
Olha Paula.
EliminarSe queres que te diga, não fico preocupado quanto à interpretação que os miúdos de hoje irão fazer, por ter a certeza absoluta que a verdade tal como o azeite, virá sempre ao de cima e as verdades escondidas serem as mais apetecidas.
Claro que este espaço merece tanto respeito que atemoriza alguns, mas acolhe e é acarinhado por muitos mais.
E a serra "quem vier para no-la tirar connosco se há-de haver!".
Bom fim de semana. Abraços e beijos.
Sabes qual é o problema deles? É que têm a certeza que se não fossemos nós, a história, a verdadeira história de Forninhos, ainda hoje era desconhecida!
EliminarVamos continuar...pois é como dizes, a verdade é como o azeite...e quando vem ao de cima...reflectem...despertam!
Se dice que los lobos siempre han tenido una leyenda demasiado perversa con los hombres. Aqui, en el Norte de España, sucede lo mismo y siempre hubo una lucha ancestral y titánica contra ellos en las poblaciones rurales.
ResponderEliminarDebemos admitir que hay que controlarlos y dejarles su parcela para el mantenimiento del hábitat que comparten y poner cauces de control para la expltación ganadera y agrícola.
Maravilloso texto...Es un placer pasear por tu Espacio y tus Historias.
Abraços.
Pedro amigo.
EliminarEncantado por voltares, fico super-contente.
Trouxe o tema por ser uma daquelas partes da meninice. Nunca deles tive medo e quando algum se via na distância, era um achado, tal memória para toda a vida.
São lindos, solidários com os seus e claro que a "má" fama advém por numa luta tão digna ombrearem com o homem.
Têm esse direito, pois se roubavam e roubam algo para o sustento, o homem também não lhes roubou os seus territórios?
Um dia iremos ter saudades...
Grande, grande abraço.
Amigo Pedro, hoje disseste
ResponderEliminar"... y siempre hubo una lucha ancestral y titánica contra ellos en las poblaciones rurales..."
"..hay que controlarlos y dejarles su parcela para el mantenimiento del hábitat que comparten..."
Há um ano eu havia dito:
"...tanta coisa, um paraíso que se vai perdendo pela incúria humana, abandono da agricultura, pesticidas, incêndios, etc, que vão tornando a fotografia a preto e branco e um dia nem o "negativo" fica, como por exemplo, aonde pára o Gato Bravo ou Ginete, que ainda vi a caminho dos Valagotes, em miúdo, os Lobos e as as crias, pela madrugada, no Castiçal em fila e impávidos, mas majestosos,.."
Estamos em sintonia, como vês. No respeito pela natureza, de todos e para todos...
Grande abraço.
Nos anos 40/50, tempos de quando era criança, nunca vi lobos nos arredores da minha aldeia, porem ouvia contar histórias aos mais antigos. Nos tempos mais recentes, embora nunca tivesse visto, aparecem por lá, durante a noite, os javalis e esses sim, não mordem, mas fazem imensos prejuízos nas terras.
ResponderEliminarO meu abraço para Paula e Xico.
Manuel Tomaz
Caro Sr.Manuel Tomaz.
EliminarPoucas vezes os vi, mas vi! Agora ouvi-os mais que uma vez, até por a casa de meus pais se situar na franja da aldeia e do outro lado, ribeiro, lameiros, pinheiros e serra.
Agora, introduzidos a alguns anos atrás, os javalis, são uma praga que a lei protege, os agricultores deitam mãos à cabeça e os "caçadores" rejubilam na calada da noite. Juntam o útil na defesa de suas culturas, ao agradável sabor do bicho.
Um abraço amigo.
Também na nossa aldeia apareceu há uns anos o javali e por causa dos estragos que causam, os agricultores deixaram de cultivar os terrenos mais afastados da povoação.
ResponderEliminarEm miúda sempre ouvi falar do lobo, da raposa, do bicho das galinhas, do texugo, da cobra, do lagarto, da escova-terra (toupeira), da sarda, do lacrau, já do javali, que me lembre, nunca ouvi falar.
Porquê agora o surgimento de javalis?
Agradeço as suas palavras e retribuo o abraço.
De acordo com escritos antigos, existiram javalis tambem na nossa Beira, mas creio que ja estavam extintos la para o seculo XVIII!
EliminarBom dia Paula,
EliminarO surgimento dos javalis deve-se ao facto da sua grande capacidade de reprodução, e também a normas do seu abatimento pelos caçadores, que está sujeito a controlo pelas autoridades. A verdade é que isso se traduz em enormes prejuízos para os agricultores, já que eles "invadem" somente durante a noite.
Meu abraço,
Manuel Tomaz
Grata al cardoso e Manuel Tomaz. Respondendo aos 2 com a mesma resposta:
EliminarNão sabia que dantes existiram na nossa Beira javalis. Sei que hoje há por cá bastantes e que o javali já faz parte do património cinegético das serras. Isto podia hoje ter ficado escrito, mais que não fosse para que no futuro as novas gerações soubessem que no Séc. XXI existiam muitos javalis por cá.
Mas os historiadores de hoje querem que se veja a Serra mais recreativamente…
Um magnifico texto como ja nos habituou, parabens.
ResponderEliminarNao conhecia essa frase "Andam os lobos sobejos"!
Ja quanto a lobos tambem os havia a volta da minha aldeia, e muitas historias se contavam sobre eles.
Olhe como devem saber, antigamente todos os habitantes das nossas aldeias tinham um apodo, o nosso (os de Vila Cha) era "Lobos" e eu sempre pensei, que fosse por haver muitos lobos ali antigamente.
Vim a saber ja mais tarde, que seria pelo facto dos "nobres" da minha terra serem os Pedroso, que tem no seu brasao de armas, sete lobos passantes!
Mas o de "Lobos" ficou, e ate se encontra do brasao da freguesia; dois lobos um a olhar para o outro!
Caro amigo All Cardoso.
EliminarForninhos fica nas fraldas das terras do Demo, tão bem historiadas por Aquilino Ribeiro e por isso o linguajar ser muito idêntico em termos de ruralidade. Este de "sobejos os lobos", é um de entre tantos que ainda hoje perduram.
A quantidade de rebanhos e fauna à altura que aqui reporto, associada à fertilidade dos nossos campos, era atractiva para os animais bravos, com pernas ou com asas. Terra de gente rude, cuja brasão apenas se regista a sua coragem, qual fidalga escrava das suas necessidades.
Pena não termos registos de homenagem. Mereciam.
Receba um abraço.
“Andam os lobos sobejos” é uma expressão ainda usual, só que em Forninhos hoje é mais usada para outro tipo de lobo, pelo que se vai ouvindo, não rapinam ovelhas, mas levam outras ‘coisas’.
EliminarPior para as pessoas e melhor para as ovelhas que podem andar sossegadas e sem medo pastando pelas serranias, roendo agora as ervas tenras.
Sobre o apodo. Desconheço se os habitantes de Forninhos tinham um, mas se tiverem cheira-me que deve ser algo mau. Como o Xico lembrou que "Forninhos fica nas fraldas das terras do Demo" se calhar somos conhecidos, nas outras terras, como "fraldeiros" ou "fraldiqueiros".
Gostei de saber sobre o "Lobos" de Vila Chã.
Obrigada pelo comentário amigo.
ResponderEliminarBoa semana, Paula.
Beijo
Os Lobos e os seus mistérios... As pessoas associam muito ao "Lobo Mau", não é?!
ResponderEliminarGostei de ler o teu bom e reflexivo relato, Xico!!
Uma Boa Semana...
Abraços
Amiga Anete.
EliminarPoderia ter trazido este tema que sempre me atemorizou e ao mesmo tempo me cativou, um pouco mais tadre, em tempo ainda mais frio. Medos quando acordado, cheirinho a aventura quando adormecia.
Nestes tempos mais recentes, tive necessidade de reflectir sobre comportamentos humanos que de modo particular tocam gentes amigas da minha terra e a nós em especial que embora ausentes, de lá somos.
Na comparação, tive tantas saudades dos lobos, estes de quatro patas, que agora me parecem tão meigos que não resisti e aqui os trouxe.
Beijinhos.
Eu pessoalmente gostava muito que ainda se pudesse ver o lobo nas nossas serranias, admitindo porém que as histórias que contavam davam algum medo. Não as histórias do "Capuchinho Vermelho", mas as histórias da vida rural...
EliminarQuantos pequenitos, à noite, terão coberto a cabeça com as mantas para não verem os olhos do lobo a luzir no escuro, pois diziam-nos que eles brilhavam como fogo?
Apesar do medo, tenho saudades das histórias dos lobos, LOBO MAU, que era sempre apanhado e ridicularizado...!
Que belíssimo texto, Xico, sobre a realidade dos lobos! Desconhecia essa característica de "perfilharem" outras crias órfãs o que é muito interessante! No entanto os sustos que as boas gentes apanhavam quando eles desciam aos povoados ou dizimavam os rebanhos levam-me a continuar a ter um enorme respeito por esses animais. Um beijinho e boa semana. Ailime
ResponderEliminarBom tê-la por aqui Ailime.
EliminarO lobo é das famílias mais solidárias do mundo, Acima de tudo a família e seu bem estar, custe o que custar. Afinal, qual a diferença perante nós?
Não será mais sangrento o ser humano? Talvez.
Na disputa por territórios, teve os primeiros confrontos com pastores e agricultores, tinham liberdade e pouco a pouco, foram perdendo o espaço e comida. Rebeliaram-se e quase foram extinguidos, criando lendas e verdades que ainda hoje, como aqui são narradas.
Beijo.
E na literatura infantil encontramos também muito a personagem: O LOBO!
ResponderEliminar- Capuchinho Vermelho e o Lobo Mau.
- Pedro e o Lobo.
- O Lobo e o Cordeiro.
- O Lobo e a Cegonha.
- O Leão, o Lobo e a Raposa.
- O Lobão e os três porquinhos (e o lobinho que é o filho do lobão).
O Lobo sempre foi o vilão dos contos infantis, mas ao mesmo tempo era tido como um animal pouco esperto.
Olá Paula, rico reportório de fábulas. Escolhi esta por a achar mais consentânea com o "nosso" mundo real
ResponderEliminarO LOBO E O CORDEIRO
Estava o cordeiro a beber num córrego, quando apareceu um lobo esfaimado , de horrendo aspecto.
– Que desaforo é esse de turvar a água que venho beber? — disse o monstro arreganhando os dentes. Espere, que vou castigar tamanha má-criação!…
O cordeirinho, trêmulo de medo,respondeu com inocência:
– Como posso turvar a água que o senhor vai beber se ela corre do senhor para mim?
Era verdade aquilo e o lobo atrapalhou-se com a resposta. Mas não deu o rabo a torcer.
– Além disso — inventou ele — sei que você andou falando mal de mim o ano passado.
– Como poderia falar mal do senhor o ano passado, se nasci este ano?
Novamente confundido pela voz da inocência, o lobo insistiu:
– Se não foi você, foi seu irmão mais velho, o que dá no mesmo.
– Como poderia ser meu irmão mais velho, se sou filho único?
O lobo furioso, vendo que com razões claras não vencia o pobrezinho, veio com uma razão de lobo faminto:
– Pois se não foi seu irmão, foi seu pai ou SEU AVÔ!
E — nhoc! — sangrou-o no pescoço.
Pensando bem, ainda hoje continuam a sangrar o pescoço dos nossos avós, os lobos de duas pernas, numa malvadez assanhada!
Para esses, o que contará sempre é a intenção, nunca vão aceitar que os chamem à razão. Também verdade seja dita chamá-los à razão é mesmo perda de tempo.
ResponderEliminarJá viste que não tiveram a bondade (ou a vontade) de te deixar um comentário sobre o lobos?
Não me admira a bondade (risos...) nem a vontade de nada comentarem.
ResponderEliminarSeria até contra-natura, pois, agora mais cultos, lendo e relendo os livros de Mestre Aquilino, a consciência ditou as verdadeiras personalidades.
Talvez por exemplo este excerto:
"Abençoado fosse o Criador que esfomeava os
corvos, os lobos e as aves de rapina para exercerem à superfície da terra o papel sanitário de coveiros!”