A receita:
Para fazer sabões caseiros utiliza-se gordura (azeite/óleo), hidróxido de sódio/soda cáustica (NaOH) ou hidróxido de potássio (KOH), vulgarmente conhecido por potassa e para dar espuma e cheiro, uma dose de detergente ou sabão em pó e água.
É tudo bem mexido numa calda ao lume e deixasse apurar até ficar uma pasta pronta para endurecer. Verte-se, com cuidado, numa base que seja lisa e aguente o calor. Depois é só deixar arrefecer e então é que se corta o sabão em barras e se talha aos bocados, à medida de utilizar.
Há muitos sítios na 'net' dedicados ao sabão artesanal. Por todos, escolhi um, que pode ler aqui.
Lembro que a minha mãe e tia Júlia também fizeram sabão, mas antes de escrever sobre este assunto, ainda fiz umas perguntas a várias pessoas e o que me disseram é que em tempos antigos, quando não havia detergentes, a maioria dos sabões caseiros não faziam espuma, mas acrescentava-se cinza, que ajudava a tornar o sabão mais "branqueador" e a gordura utilizada era o resto, borras do fundo, da talha do azeite. Se houvesse dinheiro, então comprava-se um cartucho de sabão em pó igual ao que os barbeiros usavam para ensaboar as barbas e assim o sabão fazia espuma e até parecia de compra. Mas há 60/50 anos em Forninhos só as famílias que tinham muitas oliveiras é que faziam sabão para lavar e corar roupa; já as menos beneficiadas, não podiam fazê-lo, mas hoje todas podiam fazer sabão caseiro, só que perdeu-se o hábito e desapareceu um conhecimento ancestral porque nós, os mais novos, não o continuamos.
Têm razão e o blog dos forninhenses agradece esta partilha de saber-fazer e o sabão azul e branco que ilustra o 'post'.
Paula,interessante esse costume e muito útil repassar tb! Bjs e linda semana pra vc!
ResponderEliminarParabéns, mais que merecidos, por nos trazeres outro excelente Post.
ResponderEliminarCom tantos condicionalismos, é de facto muito raro escrever e fazer história, não fosse haver muito estoicismo e abnegação, ao fim de quatro anos (faz no próximo dia 9) continuares a escrever Forninhos.
Este autêntico documento sobre " O Sabão Caseiro..." inclui também outras memórias, tais como os tanques e lavouros dos ribeiros, onde deixava correr nas águas a sua espuma e os barbeiros que havia e ainda há em Forninhos com cuja espuma se lavava a cara dos homens para a missa de domingo.
Coisas que moldaram a vida de uma aldeia e cujos escritos oficiais parecem ter vergonha em oficializar.
Nas vendas, os homens bebiam um copo de vinho, esperando as mulheres que no outro canto do balcão se aviavam do que podiam levar para suprimir os mínimos do que a casa necessitava.
Entre um cartucho de arroz, outro de açúcar, litro de petróleo para o candeeiro, fósforos e velas, não podia faltar a barra de sabão que iria lavar desde a toalha de linho, até o fundilho das calças coçadas, aproveitando-se até à última côdea, sendo que até na matação do porco, a boca do mesmo depois de morto, era bem lavada e esfregada com sabão azul e branco e água quente e as tripas lavadas nos ribeiros, ficavam imaculadas e prontas a receber as carnes para os saborosos enchidos.
Em tudo isto sobressai o "Ai que cheirinho a sabão!".
Lembro de minha avó fazendo isso! Incrível o que essas mulheres trabalharam! beijos,chica
ResponderEliminarUma boa essa de fazer sabão... A minha ajudante sempre junta óleo usado para fazer sabão caseiro para sua família...
ResponderEliminarObrigada, Paula, pelo post que nos faz pensar e conhecer coisas muito úteis e artesanais...
Um beijo
Felizmente sou dos poucos que tem o "segredo" da produção dos três tipos de fabrico do chamado sabão OFFENBACK; o sabão a frio, o sabão de primeira, e o sabão de segunda.
ResponderEliminarSegundo a opinião de dermatologistas sem interesses financeiros; é o melhor anti-séptico para o corpo humano.
Mais uma vez a Paulo; trouxe um tema de grande interesse, bem haja.
Abraço, Francisco.
Obrigada.
ResponderEliminarFico muito feliz por encontrar nestes espaços (blogues) pessoas como vós, que não andam só a espreitar o que os outros escrevem. Obrigada uma vez mais.
Há muitas pessoas que deviam ser "entrevistadas" sobre muitos temas que escrevo sobre Forninhos, pelas suas vivências e recordações, e posso dizer que foi a falar com a nossa gente que aprendi, até ao dia de hoje, muita coisa sobre a história de Forninhos, mas se eu achasse que não tinha capacidade de a escrever, não tinha criado este blog (o XicoAlmeida e outros forninhenses sabem ao que me refiro...).
No caso do sabão azul e branco também conhecido por sabão Offenbach, numa terra de agricultores, é normal que nos dias de hoje algumas pessoas ainda o usem na lavagem da roupa nos tanques e no dia da matação, para desinfectar as tripas grossas e delgadas do porco, mas também na higiene dos pés e mãos, pois remove muito bem a sujidade da pele. Faz parte, portanto, do passado e presente.
E se é verdade que os barbeiros usavam sabão em pó para ensaboar as barbas, também é verdade que a espuma do sabão azul e branco pode substituir o creme de barbear de hoje. Mas como em Forninhos não se dá valor ao que temos, por tal, os barbeiros e as barbearias, enquanto lugares de convívio são esquecidos...mas talvez este assunto dê um post (em breve).
Claro que sei ao que te referes, Paula.
ResponderEliminarNada como a oferta de uma barra de sabão azul e branco para lavar certas mentes, mas adiante...
Quem não lembra o prazer que dava em criança, um pouco deste sabão com água à mistura e uma palhinha do trigo ou centeio e o ar ficava cheio de bolinhas multicolores. E as brincadeiras que se faziam com os regadores quando pediam para se ir aos lenteiros aonde a roupa corava ao sol, E lá se ia regando tudo pelo caminho e a nós próprios.
Mas não esquecer os benefícios para a saúde, que agora em tempo de crise se parecem redescobrir, como este apelo feito por uma ex-ministra da saúde:
Confrontada com a falta de gel desinfectante em algumas escolas, essa ministra lembrou que o tradicional sabão azul e branco é eficaz para lavar as mãos e prevenir o contágio do vírus da gripe A. Respondendo até que o país tem milhares de escolas e que se “em alguma escola mais pequenina” não houver gel desinfectante é lavar as mãos, o que pode ser feito “com sabão azul e branco”. Então, os especialistas da saúde começaram a recomendar.
Abençoado sabão azul!
Soltar bolhas de sabão no ar sempre constituiu para as crianças uma brincadeira fascinante. E para mim, agora que sou adulta, ainda é uma brincadeira de que gosto ;-)
EliminarMis abuelas hacian esos jabones artesanales más ecológicos y de mejor calidad que estos de hoy en día lleno de artificios y de química que congestiona.
ResponderEliminarPrecioso Post para valorar y dar importancia a lo que hacían nuestros antepasados...¡¡¡Cuanto tenemos que aprender de ellos!!!
Abraços e Beijos.
É verdade Pedro. Os nossos antepassados não nos deixaram só receitas e experiências gastronómicas, gostos e paladares, deixaram-nos também outros saberes ancestrais que é bom não esquecer.
EliminarBjos**
Acredita que tenho uma fotos tiradas na Urgueira do Jarmelo (Guarda) com uma senhora que até já foi à TV. É a Zezinha, tem quase 90 anos e não tem TV em casa. É solteira, uma grande conversadora, ensinou-me a fazer sabão como o que mostras e mais não digo... será um próximo post... e depois lês!!!
ResponderEliminarGosto imenso deste blogue,leio tudo (ou quase tudo... conforme o tempo!) e também gosto de ler os comentários.
Acredita que o meu sabão da máquina da roupa é de cheiro a sabão e só não coloco lá dentro o branco e azul porque acho que ia dar cabo da máquina!
A louça é lavada à mão, tenho sempre sabão da Zezinha, e no quarto de banho nunca pode faltar o pedaço deste ótimo desinfetante.
Adorei e concordo convosco!!!
Acho que temos de pensar num encontro de blogueiros!
Beijinhos
Ah! obrigada pela visita e as belas palavras ao casaquinho vermelho da minha neta!
Bem-haja Teresinha pelas visitas e comentário sempre bom!
EliminarO detergente para máquina com cheiro a sabão dá um excelente odor à roupa. Mesmo dos líquidos para limpar o chão, escolho muitas vezes os feitos à base de sabão.
Beijinhos e cá fico à espera do 'post'... e vamos sim, pensar num encontro.
Lembro-me muito bem de a minha mãe fazer o sabão para uso lá de casa, tinha uma cor esbranquiçada, depois de a minha mãe deixar de fazer o seu sabão começamos a usar o famoso sabão azul e branco, da roupa aos banhos era tudo lavado com sabão azul e branco. Também usávamos um sabão com uma cor avermelhada para esfregarmos o chão lá de casa que era de madeirada, depois de seco o chão ficava com essa cor avermelhada e com um cheiro muito bom.
ResponderEliminarHoje para banhos só se usa o champô para o cabelo e o gel de banho para o corpo, mas não há nada melhor que o sabão azul e branco, cá na minha casa ainda uso sabão azul e branco em algumas ocasiões.
Também guardo o cheiro do soalho das casas depois de esfregado com sabão "amarelo". Por mais detergentes e desinfectantes que haja, aquela mistura de água, sabão e madeira molhada era única!
EliminarOl´[a,
ResponderEliminarque lindo esse sabão adorei a composição de cor que se formou. Aqui ainda fazemos sabão, ele deixa os pano de prato super alvos e as panelas de alumínio brilhosa. Aqui tem uma história se a pessoa não é uma pessoa boa, não pode ir na casa de quem está fazendo sabão, pois desanda e não endurece. Rimos muito pois meu irmão faz o sabão desandar. hahaha
Bjos e tenha um ótimo dia.
Lol. Tadito do teu irmão.
EliminarEu não sou dada a superstições, mas essa do teu irmão fazer o sabão desandar está boa!
Beijo e obrigada pela sua troca de saberes e viveres.
Olá Amiga!
ResponderEliminarBoas recordações...o sabão azul! A minha mãe fazia... Eu não faço mas compro e às vezes utilizo para tirar manchas difíceis.
Um abraço.
M. Emília
Lembro-me que a minha mãe também fazia sabão e foi a falar nisto ultimamente que surgiu este artigo, mas eu também não faço...compro sempre.
EliminarUm grande abraço.
Lembro-me de minha avó materna. Ela fazia sabão de coco macaúbas, de gordura e de abacate.
ResponderEliminarObrigada pela sua visita comentada. O sabão da sua avó devia ficar bem cheiroso.
EliminarAdorei a receita, Paula! Não sei se alguma vez me irei aventurar, mas gostei de conhecer o segredo.
ResponderEliminarObrigada.
Beijo
Em Forninhos só usavam a gordura do azeite, mas pode juntar-se ao preparado óleo usado.
EliminarSe um dia te aventurares neste actividade, depois mostra. Mas olha que duas mãos pode não ser suficiente.
Beijo*
Oi Paula,
ResponderEliminarCom este post, passei a recordar dos meus tempos de férias na casa da minha avó materna, lá se fazia um sabão amarelo, e os pratos e panelas eram lavados direto na rega com este sabão e no rio as roupas e depois eram quaradas nas pedras que ficavam limpinhas e cheirosas, no mesmo rio que tomávamos banho , uma delicia, fico ainda feliz só em recordar aqueles dias.
Beijos!!!!
Olá Fátima,
EliminarHá algumas décadas esse era um cenário também habitual nos nossos ribeiros e rios: as mulheres ali lavavam a roupa, dando um colorido engraçado às margens com as peças que aí coravam e secavam.
Depois, a água e o sabão foram sempre muito importantes nas vidas das pessoas e não é por acaso que até faziam parte do reportório das cantigas:
Água fria da ribeira/água fria que o sol aqueceu
Minha aldeia/ traga ideia/roupa branca que a gente estendeu.
...
Ó rio não te queixes/Ai o sabão não mata/Ai até lava os peixes/Ai põe-nos cor de prata.
Beijos**
Nunca vi fazerem sabão, mas deve ser interessante e curioso. Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarYayá.
EliminarIsto é como se fazia, mas quem sabe no próximo ano, que não tarda em chegar, mostramos como alguém o fez, passo a passo.
O post até ficava mais interessante.
Abr./Paula.
Oi!
ResponderEliminarObrigada pela visita.
Achei tão lindo teu jeitinho de comentar minha poesia.
Tu sabes, sim.
abraço
Obrigada pela visita também.
ResponderEliminarEu sempre que tiver um pedacinho vou passar pelo seu espaço e comentar.
Os textos do blog dos forninhenses são mais baseados em vivências do passado ou factos reais contados por alguém da família ou algum amigo. Gosto de mantê-lo assim, mas se eu tivesse o dom de fazer poesia naturalmente que nos meus post´s surgiriam, de quando em vez, poemas sobre uma aldeia chamada Forninhos.
Um abraço forninhense.
Olá Paula, muito interessante o seu "post" sobre o fabrico do sabão artesanal. Apesar da minha idade, na minha aldeia nas décadas que refere já se utilizava o sabão azul e branco e o rosa! Talvez, porque a aldeia se situa na zona centro com acesso a caminho de ferro. No entanto aprendi a fazer barrelas, quando mais tarde estudei numa Escola Comercial numa disciplina chamada economia doméstica! Antigamente as pessoas trabalhavam muito e praticamente tudo saía das suas mãos. Outros tempos, outros aromas que ficarão sempre na memória de quem os viveu. E no vosso caso aqui é muito lindo o vosso testemunho. Beijinhos Ailime
ResponderEliminarAilime, bem-haja pelas palavras deixadas.
EliminarSabe que em Forninhos também há lembrança das barrelas. Lá faziam do seguinte modo:
-Bem ensaboada a roupa era posta, em camadas, num canastro de vime, e tapada com panos de estopa com cinza. E por cima era regada com água a ferver.
- No dia a seguir era então de novo lavada e se, por acaso, alguma nódoa não saiu, lavavam-na novamente e ficava a corar nas leiteiras dos ribeiros.
Incrível mesmo como estas mulheres trabalhavam!
Pois é, amiga Ailime, pena que estes registos não tenham a consideração de quem por obrigação os devia aproveitar em prol da freguesia e de quem a visita.
ResponderEliminarO último compromisso que constava no manifesto eleitoral da agora presidente da Junta, reza:
"Apoio e dinamização de cursos de formação na freguesia".
Deixem-me sonhar, que se a nova Junta o desejar pode fazer renascer coisas antigas, desde a culinária até à feitura do sabão, pois haverá cursos mais interessantes que cursos de licores para meia dúzia de idosas, com o devido respeito.Mas estas pessoas que os andam a tirar, quais as perspectivas de futuro quando acabam de os frequentar?
A qualidade do "todo" da nossa aldeia, devidamente explorada, tem potencial para postos de trabalho se os jovens tiverem apoios e para tal motivados.
Não basta casas de turismo, é preciso fazer a montra...
Será que uma montra de sabão artesanal e sabonetes, não seria uma saída?
Pode ser que por interesse também seu, a nova Presidente de Junta concretize o teu sonho.
EliminarA página e comentários para valorização da nossa terra está ao dispôr de todos, mas já agora envia o link do blog dos forninhenses para a Junta de Freguesia de Forninhos.
Minha tia faz sabão mas não fica assim listratado com o seu , achei interessante.
ResponderEliminarbjs
http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/
Olá Simone e bem vinda ao meu blog.
ResponderEliminarO sabão da imagem é de compra, o que se fazia em casa ficava sem listras e mais claro.
Bjos e volta sempre!
Tal qual a espuma do sabão se desvanecia na água corrente dos ribeiros, vão sobrando umas ou outras quadras populares, que embora não escritas se recitavam, embora já poucos as guardem na memória:
ResponderEliminarDa cinza se faz o sabão,
Para consumo da lavadeira,
Que está lavando e refrescando,
Naquela fresca ribeira.
Se é casada ou solteira...
Ela no lavar se ocupa,
Se a roupa não fica boa
Só do sabão é a culpa!
Fui ao arquivo do blog e encontrei um comentário deixado pela Natália, que disse:
ResponderEliminarTambém me lembro do tempo da escola na hora do almoço e nos recreios os garotos jogavam à bola e as garotas à macaca e às pedrinhas, também íamos para o tanque e com os bocadinhos do sabão que por ali deixavam esfregava-mos o sabão no lavadouro, fazíamos espuma e dizíamos que eram as claras.
Eu , que tenho andado sem tempo para vir até aqui e mesmo olhar para o meu blogue (familiares doentes ), é com muita amizade lhe quero dar os meus parabéns pelo modo como ao longo de 3 anos me tem dado a conhecer este recanto da nossa Beira .Que assim ele vá continuando para bem de todos nós e das nossas tradições.Beijinhos
ResponderEliminarQuina
Obrigada pela visita e parabéns!
ResponderEliminarParabéns também pela divulgação das terras da Idanha-a-Nova; através do seu blog e livro "De Igaedo à Senhora do Almotão" hoje conheço e compreendo a alma do povo da Idanha.
Beijinhos...e força (melhores tempos virão).
Quais são as quantidades utilizadas de cada ingrediente ?
ResponderEliminarNão sei as quantidades de cada ingrediente, porque acho que as pessoas faziam-no "a olho".
EliminarNão quero fazer sabão azul. Quero é comprar. Sabão azul artesanal. Não quero marca continente. Onde se compra
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