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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Velharias: Livro aberto sem letras

Hoje trago até vós, fotografias de coisas simples de Forninhos, que ainda se podem encontrar por aqui e que eram utilizadas no dia-a-dia das pessoas. São ferramentas usadas pelos artesãos, nas artes, na agricultura, na cozinha, ect., etc. Podem achar estas coisas simples, até banais, mas são coisitas como estas e muitas mais, que marcam uma geração que está a desaparecer sem deixar registado o testemunho vivo nesta aldeia, duma Era que marcou uma reviravolta nos modos de viver.
Bem sabemos que para surdos, não há berros que se façam ouvir, mas quem sabe!.. Os olhos não façam despertar consciências?

Ferramenta do tosquiador para tosquiar as ovelhas, feita com um aço muito fino. O corte da lâmina era direito, mas as costas era abaulada para facilitar os cortes, mais fundos ou mais leves. Para amaciar o trabalho de horas, dias e semanas, na zona dos dedos colocava-se pedaços de lã. Esta tesoura pertenceu ao meu sogro, tio Armando Castanheira, que a manobrou com muita destreza.

Coleira de ferro com bicos, usada nos cães de guarda, para protecção contra os lobos, quando estes acompanhavam os rebanhos.

Havia candeeiros a petróleo apropriados para usar na rua ou em palheiros. Eram feitos de lata e tinham uma pega para transporte. Com a mesma finalidade usavam-se as lanternas, em que quatro vidros laterais protegiam a chama. As lanternas eram muito usadas para deitar comer ao gado, à noite, bem como para a ordenha das ovelhas. “Candeia que vai à frente alumia duas vezes” – esta alumiava mesmo, porque quando dependurada numa das mãos, alumiava para frente e para trás.

Este tipo de balança era muito usada para pesar carne que os matadores vendiam, principalmente na véspera das festas de Forninhos. A balança de braços requeria pesos de um dos lados.

Havia também outro tipo de balança, a chamada balança romana que não precisava de pesos.

Para além dos pesos, havia as medidas para líquidos. Um cântaro, correspondia a 15 litros; Um almude, dois cântaros, isto é, 30 litros; Um litro, dois quartilhos. Estas medidas eram muito usadas pelos taberneiros e pelos feirantes para medirem o vinho.

14 comentários:

  1. Adorei a introdução deste tema;)
    Estas imagens trazem recordações de uma terra cheia de gente. Lembro-me perfeitamente do meu vizinho, o tio Armando, com as suas cabras – era um bom matador. Na véspera das festas de Forninhos era chamado para matar aquela cabra, cabrito ou borrego.
    Esta tesoura é o testemunho de uma vida de trabalho duro!
    Já tenho sugerido que a Junta de Freguesia crie um espaço, museu, para expôr esta série de coisas tão simples e outras tantas mais, antes que se percam, mais que não seja como forma de homenagear o trabalho manual realizado pelos nossos avós, nossos pais e até o nosso.
    Quando vi a imagem das carrancas lembrei-me do cão do tio Daniel Ferreira e de um dia que o cão quase me mordeu. Ía para a escola com a minha prima Cila e decidimos fazer o caminho mais longo. Depois deste episódio, tão cedo não me atrevi a passar naquela rua.
    E…a taberna do tio Zé Matela…na altura não se vendiam bicas (café), mas somente copos. Depois passou para o tio Zé Coelho. O tio Zé Coelho hoje tem um Café, que é ainda um bom lugar agradável para estar, conversar e rir muiiiiiito.
    Poderia estar horas a escrever sobre o passado...a recordar vivências da minha infância e adolescência, de momentos que marcam sempre quem os vive.

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  2. E suponho que e possuidor destas reliquias?
    Parabens por no-las mostrar e explicar aos mais novos a sua utilidade!

    Um abraco de amizade dalgodrense.

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  3. Muito interessante...destas ferramentas a única que conheço é a balança romana, as outras ferramentas não conhecia, puxa, que bom!!!
    Adorei a postagem...
    abraços brasileiros
    Tina (MEU CANTINHO NA ROÇA)

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  4. Assim é amigo Ed Santos, o que uma peça antiga nos pode ensinar e as recordações que nos faz despertar, é assim que me sinto quando encontro alguma, ou então quando não sei o que é e para que servia, fico com a curiosidade de saber para o que servia e como funcionava e só páro quando o consigo, em breve conto também mostrar algumas, que o saudoso Carau tem lá em casa.Bem aja por nos trazer esses belos artefactos.

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  5. Faz isso João. Tenho para mim, que se mostrarmos as nossas coisas e ao falarmos delas, não as deixamos cair no esquecimento. O importante é que se faça alguma coisa e o resultado está um pouco por aqui, nas fotos que se vão publicando e partilhando, porque “o nosso verdadeiro Forninhos” está aqui editado um pouco por todo o arquivo e é só clicar e rever sempre que quisermos. Para os mais novos poderá não dizer muito, pois não o viveram, mas sempre ficam a saber como era.
    Hoje o trabalho de tosquiar as ovelhas já é feito com a máquina, mas de certeza que com a tesoura antiga o trabalho ficava mais perfeito.
    Será que ainda há quem faça a tosquia com a tesoura antiga?
    Será que ainda se fazem estas tesouras?

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  6. Obrigado a todos pela atenção que dispensam a estas minhas ninharias.

    Estes utensílios, e muitos outros que por aqui ainda há, podem não ter qualquer valor monetário mas, embora simples, são estes artesanatos, usos e costumes, entrevistas a gente simples e solicita como é apanágio dos antigos, fotos corriqueiras e populares, conhecimentos que só os artesãos conhecem, por lhe serem transmitidos de geração em geração enfim, o contacto directo com a sabedoria secular do povo, que, como é sabido, já há poucos para transmitir, e não tarda que desapareçam e assim se perde o testemunho importantíssimo de um passado recente que podia ajudar a fazer a historia desta aldeia.
    Também temos, para aliar a esta sabedoria, a arquitectura popular com as suas construções rústicas e alguns monumentos megalíticos como é o castro da gralheira que continua com a sua história envolta no seu silêncio e mistério de milénios e com as suas sepulturas profanadas por pessoas insensatas.
    Mas o que eu ainda não compreendo é, como nos tempos de hoje se continue a apagar vestígios arqueológicos antiquíssimos, ou pelo menos, não lhes dar importância.
    Vejo com muita pena, o património arquitectónico de aldeias como a de forninhos a ser delapidado, quer o mais recente, quer o vetusto, e a falta de acuidade e sensibilidade de quem não sabe valorizar e preservar, ou então protelando o que se torna urgente.
    A história de uma aldeia não se faz só na base dos escritos, pois estes podem ser escassos ou inexistentes, como é no caso de forninhos, mas a componente humana é importante por ainda ser o sustentáculo da história destas ferramentas que hoje já se não usam, e tendem a desaparecer.

    Perdoem-me, já me alonguei, não vos queria maçar com as minhas lamechas.

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  7. Sobre alguns vestígios arqueológicos antiquíssimos:

    1.Há pouco tempo tive conhecimento de uma publicação promovida pela ADD (Associação de Desenvolvimento do Dão) da autoria de um sócio da empresa Arquehoje que refere que foram encontrados vestígios, um machado do Calcolítico/Bronze Inicial e uma moeda da época Romana em Forninhos e segundo informação do Presidente da JF de Forninhos, próximas da aldeia abandonada de S. Pedro, no vale em direcção do alto dos Valagotes.

    2.No Livro do Pe. Luís, de Penaverde, escrito há uns bons anos, lê-se: “Conservo um machado de pedra que andou muito tempo, enquanto não o conheci, a servir de segurador de uma porta em casa da minha avó. Foi ela que o achou numa tapada quando sachava milho paínco. O feitio despertou-lhe a curiosidade e, por um feliz acaso, lembrou-se de trazê-lo.”.

    Mais,se lê:

    3.“Este episódio trouxe-me à lembrança outro idêntico ocorrido com o meu pai, quando procedia à abertura de um poço na horta do Paço. Ele e o trabalhador que o ajudava – o tio Henriques – encontraram à profundidade de dois metros aproximadamente uma moeda de oiro e um pau de carvalho verde.”.

    Foram encontrados utensílios como machados, bem como vestígios de cultura numismática, para já, dois (?) Tratar-se-ão dos mesmos? Não sei. Quanto à moeda, o Pe. Luís refere que é do tempo dos Visigodos, a Arquehoje refere da época Romana, eu também nada percebo de numismática, mas seja como fôr, a minha pergunta é: Onde estão guardados o machado e moeda que até são nosso património, já que encontrados próximos da aldeia abandonada de S. Pedro?

    Acho que um museu em Forninhos já se justificava para guardar os vestígios arqueológicos, instrumentos de trabalho, utensílios de cozinha e outros similares.

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  8. Eu não conhecia todas as ferramentas, apenas a balança romana e as medidas para litros, mas não eram idênticas.
    Muito legal, aprender essas coisas.
    Abraço,

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  9. Estas coisas usadas pela nossa gente devem ser mostradas porque servem para relembrarmos o passado e dar a conhecer aos mais novos como era antigamente as coisas da nossa terra.

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  10. Eu tenho memória da balança de braços, mas não me recordo da balança romana. Servia para pesar o quê? Produtos agrícolas? Como funcionava esta balança Sr. Eduardo?

    Na imagem das medidas, parece-me ver uma cantarinha. Lembro-me perfeitamente nas tabernas e feiras encherem os copos de vinho com estas cantarinhas de alumínio.

    Havia um cão na Lameira que também usava "colar". Era o cão do tio Raúl e da tia Neves, que também foram pastores.

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  11. Estas medidas tinham regras regulamentadas.
    Por exemplo:
    Estas que se vêm na foto são aferidas, isto é; uma vez por ano eram presentes ás autoridades municipais para serem aferidas e seladas com um selo próprio sobre, creio, que estanho, como se pode ver ainda no primeiro copo da foto.
    O funil também levava o mesmo selo, assim como a cantarinha.
    Estas medidas expostas tinham um padrão universal, 1 l, ½ l, ¼, e 1/8, l. assim como o kilo e o metro.
    Já o almude, varia de concelho para concelho. Em Aguiar da Beira é de 30 l, Mangualde, 27,5 e em Viseu é de 25 l

    Quanto á balança, e para responder á Paula, eram muito usadas pelas vendedoras de produtos agriculas, não sei porque a chamam de romana, talvez por os seus números no espelho serem em romano, funciona pela dilatação de uma mola interior.
    Hoje já se não usam, são mesmo peças de museu

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  12. Desconhecia que as medidas eram regulamentadas. Ainda bem que trouxe aqui, mais uma vez, o seu conhecimento, Sr. Eduardo.

    Devo também lembrar que:
    - Arroba – é igual a 15 quilos;
    - Alqueire – 17 litros para cereais.
    Mas já se não usam medidas, o litro ou o quartilho, para comprar e vender cereais, usam-se pesos. Também nem sei se hoje ainda é assim, mas era assim até 90, os cereais eram medidos com o alqueire, que correspondia a 12 quilos e meio. O alqueire, de terra para terra, tem também pequenas variantes.
    O Alqueire também está a um passo de ir para o museu.

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  13. Paula podes entrar em contacto com a madrinha
    ataves do ymail

    mfd 1119@gmail.com

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  14. Olá tio,
    Bem-vindo.
    Obrigada pelo contacto e pelas visitas a este blog. E como descobriu o caminho convido-o a continuar a caminhada pelas coisas bonitas que Forninhos tem para mostrar e dar a conhecer.

    Já enviei o convite e um e-mail para o contacto indicado.
    Beijinho *.*
    Paula

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