Sendo ainda altura de festas para todos, mesmo para os comerciantes que fazem na época natalícia mais negócio que noutra altura do ano, não podia deixar passa-lá sem mostrar esta fotografia cedida pelo Dr. Ilídio Marques, um forninhense que nutre um profundo amor pela sua terra e que nos honra com a partilha das suas recordações.
Penso que a data (JAN-72) é da revelação, tendo em conta o vestuários dos fotografados.
A venda do tio Augusto Marques, era uma das vendas da minha terra. Por ela, foram muitas as gerações que por lá passaram. Neste balcão bebiam um copo e partilhavam as notícias, sobretudo as boas.
Mas mais que tabernas, nestes espaços já meio perdidos nos confins da memória, ou no passar de gerações que as frequentaram, vendiam-se os bens essenciais de mercearia à população; era nas vendas que as pessoas se aviavam e faziam também um telefonema para os familiares que estavam longe e deles recebiam chamadas; nalgumas ia-se buscar o correio e deixava-se o correio; noutras havia argolas (podem vê-las aqui) onde os clientes prendiam os seus meios de transporte: burros, mulas, éguas ou cavalos, até é caso para dizer que taberna/venda que se prezasse tinha uma argola!
Para identificar que a venda era também uma taberna pendurava-se à porta um garrafão empalhado e um molho de loureiro para anunciar o bom vinho.
Feliz ano novo para si e bem-haja por comentar as nossas publicações ou só por espreitar por gostar do Blog dos Forninhenses.
Nada como comecar o ano e aviar recordacoes tao nossas.
ResponderEliminarAs vendas tinham a duplicidade dos precisos mais necessitados das gentes da aldeia.
Por norma o balcao dividido, na esquerda o das mulheres, aonde aviavam em cartuchos de papel os cominhos, as tripas para os enchidos, o bacalhau ressequido e a pretensa mercearia que variava conforme as posses. Ate o petroleo para os candeeiros e as respetivas torcidas, o anzarol para os percevejos das enxergas e remedio para o piolhos.
Na direita, a taberna. Muitos dos que por ali bebiam, pagavam por meio quartilho o que tinham vendido por litro, mas...sabia bem o convivio nem sempre ameno que o tinto era puxado, trepava tipo galifao e volta nao volta havia serrabulho daqueles de arrebentar cabecas por da ca aquela palha enquanto se batiam umas cartas do chincahao ou bisca dos nove e vindo a preceito uma extrema mal considerada ou umas reses tresmalhadas em lameiros proprios, tudo valia para a rixa, nem falando nas filhas namoradeiras e na boca do povo, enganadas.
Tivemos em Forninhos muitas vendas ou tabernas, como quiserem, agora sem esse encanto de outrora.
A aldeia que setenta ou oitenta anos atras, na sua entrada tinha um barracão de madeira que era venda e taberna, da qual ainda poucos idosos se recordam.
Era do Ti Penaverde, pai do Ti Eduardo Craveiro e ainda tinha o candeeiro aceso, pois homens jogavam às cartas noite adentro.
Quase no mesmo local em que a tia Graca ainda tem em terra batida a minuscula taberna, genuina, com bebida em saudosos canecos de resina e uma saborosa punheta de bacalhau.
Outras finaram.
A do tio Antoninho Matela, mais mercearia e reconhecida pelas tripas de qualidade para o fumeiro. A do tio Ze Matela que tudo isto e mais tinha, acabou, assim como as arcas de castanho onde se colocavam os petiscos e os mais afoitos jogavam forte. A do Antoninho Bernardo com a maquina registadora e bolos secos a seguir ao terminar da missa, o cafe do Virgilinho, foi um ar que lhe deram. resta o Paga Pouco e o Ze Coelho...
Desta venda da foto, resta uma saudade especial, porventura trazida no dia de Natal em que um grupo de amigos nos reunimos frente dela no largo da Lameira para jogar o Jogo da Malha.
Por detras da porta de entrada, estavam sempre apetrechos para a lavoura, nao fora Forninhos terra de lavradores, mas sempre dois sacos de serapilheira, um com os pinos e outro com as malhas, tudo em ferro.
Ao lado, no que fez uma garagem, o tio Augusto Marques, tambem tinha foguetes de vinte e cinco tostoes para o exame da quarta classe e outros mais fortes para quando se ia tirar as sortes na tropa.
Tabaco a granel, rebucados e pirolitos.
E na gaveta o grosso livro de deve e haver!
O Rol!
Muito bom, Xico! Só faltou referires a Venda da Sra. Emília ou, se quiseres, do Sr. José Bernardo, que me lembro bem vender um pouco de tudo: mercearia e lanifícios, vassouras, forquilhas, pás e enxadas, pregos e pioneses, sabão e adubo, petróleo para os candeeiros e até caixões vendia!
EliminarTinha caixa do correio e ali se liam e ditavam cartas. Ali foram vendidos os aerogramas enviados aos soldados de Forninhos no Ultramar por três tostões.
Por detrás, dizem, era a farmácia e o taberneiro, Sr. Zé Bernardo, virava então "médico-enfermeiro": cuidava das feridas, desinfectava, destorcia ossos e dava clisteres, injecções e até aplicava emplastros, para além de arrancar dentes!
Nao esqueci claro, ate por dele aqui falar vai para mais de ano e meio.
EliminarDos filhos nao falo, prefiro recordar o pai.
Um Senhor!!!
Atencioso e de carinha laroca, juntamente com a sua Senhora, tipo avozinho mas que punha respeito por dentro da sua bata. Tal qual um homem dos remedios ou doutor dos animais. Era mais ou menos assim, acreditem, pois por entre a pressa de um animal ou de um homem alquebrado na mesma agonia mas com respeitos, a coisa pouco mediava. Era o bater da bota e a sorte do cangalheiro...Ele!
Porventura rudes estas palavras, mas foram o que foram e ninguem me desengana. Da Caixa Vermelha dos Correios, vinham mortes e vidas. Noticias retardadas do Ultramar...
Saltavam dentes arrancados pelo alicate embebido em aguardente, tiras de rendas medidas por detras do balcao, ao metro, mezinhas daqueles frascos emparedados por de cima das prateleiras que nem a gente sabia o que eram...tinha tudo, o Senhor Ze Bernardo.
Se o Senhor Antoninho Matela tinha mais para o dia a dia, este era a medicina.
Complemento, penso eu!
No Ano Novo, sabe bem recordar...os jogos de Matrecos, escondidos por detras das Vendas, com medo da Guarda.
E dass perdizes que eles traziam, autuadas, para encher a barriga nas capelinhas da terra!
Porta fechada!
Da Caixa Vermelha com a inscrição "CTT" vinham mortes e vidas, pois se era dali que Forninhos se ligava ao mundo.
EliminarE sê sabe bem recordar os matraquilhos!
Ficaram os bancos de pedra encostados à venda do Ti Augusto Marques e do Zé Bernardo onde as mulheres ainda se sentam ao soalheiro ou à sombra, respectivamente, para pôr a conserva em dia.
Paula, de repente fizeste-me lembrar a loja do meu avô materno, do início do século passado, lá na Candelária, em S. Miguel, nos Açores, de que já só me restam memórias avivadas pelo que a minha mãe nos contava. Ainda hoje tenho rendas, fitas e linhas de lá.
ResponderEliminarMuito interessante o teu post.
Feliz Ano Novo!
Beijinhos
Feliz Ano Novo, Teresinha!
EliminarOs meus avós maternos também tinham uma venda, venda que vendia algumas guloseimas, bacalhau, mercearia e variadas especiarias. O cheiro a cominhos, por exemplo, traz-me sempre a lembrança da venda da minha avó Jesus.
Beijinhos.
Recordar é este espaço é um belo recomeço de algo que fazia parte da vida de uma aldeia!
ResponderEliminarAqui eram duas e hoje não há nenhuma devifo ao excesso de burocracia!
Feliz Ano Novo!
...devido
EliminarTambém penso que muitas fecharam portas devido ao excesso de burocracia, mas que eram lugares de vida, eram! Faziam parte da vida e da ALMA das nossas aldeias!
EliminarBjs/Feliz Ano Novo!
No largo da Telha, existia uma venda assim nos anos 50. Morreu como quase tudo naquele largo que foi cheio de história, por onde se passearam Reis, pois era à feitoria da Telha, que pertenciam os estaleiros onde foram feitas grande parte das caravelas dos descobrimentos.
ResponderEliminarUm abraço e um 2016 tão feliz quanto o desejem
Muito interessante o seu comentário, Elvira.
EliminarForninhos não teve fidalgos de casas reais, governadores-civis, ilustres escritores ou homens com papel importante na política republicana, mas teve gente importante que deixaram marca nesta aldeia: vendeiros/taberneiros, carpinteiros, sapateiros, pedreiros-canteiros ou simples lavradores, todos muitíssimo ilustres no seu tempo e que nós cada vez mais queremos homenagear.
A venda de Augusto Marques ficava também no centro do largo da aldeia e vendia vários apetrechos para a lavoura, etc., um pouco acima, havia outra venda, a do Zé Matela, com telefone e retrosaria, e mais abaixo outra, com farmácia e correio, a do Zé Bernardo.
Estas e outras pessoas que fizeram parte da infância de todos os forninhenses já partiram, assim é a lei da vida, mas com elas parte um pouco da história de uma freguesia; com algumas desapareceram mesmo espaços que foram importantes na vida da nossa comunidade local, estou a referi-me às vendas, claro, onde havia de tudo.
Estas vendas se ainda existissem eram mais uma referência para a aldeia, mas não existem...hoje o largo está mais fidalgo e há por lá uns "Cafés", chamados assim, a meu ver, somente por se poder lá beber café.
Boa noite Paula, excelentes recordações dessas vendas que na minha aldeia se chamavam lojas. Nelas, já compartimentadas, vendiam-se produtos alimentares, tecidos e o vinho numa parte que servia de taberna. Havia uma só de mercearia e tecidos que tinha o correio e o telégrafo e uma outra onde se compravam alguns produtos farmacêuticos. Enfim, tempos passados e pelo que tenho vindo a observar era comum no nosso País. Neste momento ainda existem algumas transformadas em mini mercados e existe uma ou outra loja de pronto a vestir. Nessa época já não era habitual deixar o burro à porta. Penso que tem a ver com a situação geográfica que no vosso caso talvez as pessoas se deslocassem de longe para fazer os aviamentos.
ResponderEliminarExcelente artigo para iniciar o ano e desculpe por ter regressado de novo às minhas memórias.
Beijinhos e feliz 2016!
Bom fim de semana.
Ailime
A Paula fala acima que eram locais com vida e alma e é bem verdade. Lembro-me que na hora das radionovelas a pretexto de um cântaro de água da fonte lá ia um grupo de senhoras ouvir nos Grundings antigos das lojas a novela da moda. À noite era a vez dos homens depois das fainas agrícolas juntarem-se para confraternizar bebendo um copo entre um jogo de cartas. Com o tempo tudo mudou e até as pessoas que agora já quase nem se vêem nas ruas. Bjs
EliminarAilime,
EliminarEsses lugares de vida que faziam parte da alma das nossas aldeias, eram um centro de vida social e cultural, eram onde pequenos fomos conhecendo o mundo através, no meu caso, da televisão.
Esses tempos deixam-nos e trazem-nos saudades.
Do que me lembro, o balcão das nossas vendas também era dividido, de um lado a mercearia, retrosaria, papelaria, etc.; do outro aviavam os copos e jogavam às cartas.
Quanto às argolas, tem razão, das redondezas vinham bastantes clientes e os moleiros também; de longe vinha sobretudo as padeiras com mulas carregadas de pão que era distribuído pelas vendas e na argola da venda prendiam os animais.
É pena o tempo tudo levar...
bjs/bom domingo.
Muito interessante, infelizmente nas cidades desapareceu estes pontos de venda as tabernas onde se juntava e conviva alguma da população.
ResponderEliminarDesejo à minha amiga e sua família um excelente ano de 2016.
Nesse tempo não havia ASAE, Francisco, não que não seja precisa, mas porque foi esta polícia que fechou muitas vendas e acabou com muitos petiscos.
EliminarFelizmente em Forninhos ainda existe uma, é minúscula, mas mui genuína, e a sua proprietária - a tia Graça - que é pessoa muito conversadora e com boa memória ainda serve aos seus clientes uma saborosa punheta de bacalhau, Muitos homens gostam de frequentar a sua taberna.
Que tenha saúde, força e bons motivos, para continuar a abrir a porta por mais uns anos, é o que desejo à tia Graça.
Para si e todos os seus: BOM ANO 2016.
Ah Paula fizeste-me lembrar a venda dos meus tios, num monte alentejano, uma casa enorme, no Alentejo. Lá se iam abastecer as pessoas de outros montes ao redor. Bebiam um copo e abasteciam-se de bens essenciais, como açúcar, café, azeite, petróleo para os candeeiros... Mas não tinha telefone, nem essas argolas para prender os animais.
ResponderEliminarOutros tempos. O tempo da minha infância que recordo com tanta saudade.
Foi muito bom recordar!
xx Paula! Bom fim de semana.
Como já disse anteriormente, esses tempos deixam-nos e trazem-nos saudades.
EliminarArgolas&Telefone nem todas tinham!
A do tio Augusto Marques, talvez por se situar no largo da aldeia, tinha; e a dos meus avós maternos também tinha uma, acho que porque o um meu bisavô tinha um cavalo e comprava e vendia nas feiras tecidos em fazenda.
Telefone, só uma o tinha: a do Zé Matela. Quando vim para Lisboa ainda fiz algumas chamadas para lá para falar com a minha mãe, mas na altura - anos 90 - já eram outros que estavam à frente da venda até que fechou portas.
Bom domingo Laura (aqui está de chuva molha-tolos).
Bem...vindos a 2016 !!
ResponderEliminar" Vendas ": a história , a saudade , o país , outros tempos,
outros modelos , outros estilos , outras modas !!
De saco com pão ás costas , beco acima da " venda" do meu
tio, aprendi aquilo que ainda hoje observo no meu a dia
a dia : dignidade ,a pontualidade ,a satisfação do cliente !! Valeu a pena tio . Não estive contigo , nem estou desde
2007 , sabes bem porquê ??
Bom Ano para todos !
AMG
Olá António.
EliminarComo cada um lê lá o que em cada momento lhe parece, pelo menos comigo é assim, uma vez que fala de dignidade, pontualidade e satisfação do cliente, presumo que trabalhou na venda do seu tio. Se acertei peço que leia o artigo "Pesos e Medidas"
http://onovoblogdosforninhenses.blogspot.pt/2013/05/pesos-e-medidas.html
Obrigada.
Na " venda " do meu tio, dos 13 aos 18, aprendi as medidas , da grama ao 1/4 litro , os trocos ,
Eliminarque meu tio descontava no ordenado , caso me enganasse . Mas tinha as gorjetas . Da D Vera , do Barrinhos , do ex pide , velhote , que me dava um segundo pq almoço......
Andava na escola , rendia as férias do empregado do meu tio Mario , agora com 80 anos !!
Os clientes gostavam de mim porque levava-lhes o pão
mais cedo pelas oito da manhã.!!!
A D Madalena , os Pereiras....
Uma verdadeira escola !! Vendia o pão porta a porta no Beco dos Reis , hoje , Rua Adelino Amaro da Costa...na Peróla do Atlântico .
Depois em 83 publiquei a primeira crónica de futebol , no Jornal da Madeira, deixei o 1/4 litro para "apaixonar-me" pelas letras ...
Não entro em jornalimo em 1990/91 e inicio a minha fulminante carreira comercial, em Lisboa, com tudo o que o meu tio me ensinou !! Obrigado tio.
Hoje conservo uma listagem de 3000 clientes , com esse tal rigor e disciplina !!!!!
Obr Paula , pela simpática abrangência daquilo
que o nosso povo gosta !!!
Abr
MG
Grande comentário, António.
EliminarUm abraço e bom trabalho.
Adorei o post.
ResponderEliminarA primeira vez que ouvi falar na "venda", foi quando vim de Luanda e fiquei a trabalhar em Hombres/São Pedro de Alva.
Precisei de fósforos e disseram-me que havia na venda. Foram mostrar-me onde ficava e ao pedir fósforos perguntaram se queria "lumes".
Obrigada por me fazeres vasculhar o meu baú de boas recordações.
Beijinhos.
Tenho lembrança de para acender tabaco falarem em "lumes" em vez de "fósforos".
EliminarMas em Forninhos a vida era muito difícil, as pessoas sequer tinham 3 tostões para comprar uma simples caixa de fósforos, de maneira que pediam brasas umas às outras para acender o lume.
Isqueiro também poucos deviam ter, porque em Portugal entre 1937 e 1970, qualquer cidadão que usasse um isqueiro tinha que ter uma licença.
Beijinhos.
Feliz Ano 2016.
ResponderEliminarBeijinhos.
Post muito cultural, Paula! Na cidade em que nasci e cresci/Recife também encontrávamos a venda... Hoje já chamam de mercado. Fui muito na minha infância comprar alguma coisa que se precisava repentinamente...
ResponderEliminarGostei da foto e da sua narração.
Um 2016 superfeliz p vc e família. Que bom que voltou!
A força da fotografia antiga faz olhar para trás...e assim se consegue escrever mais um post, na esperança que as memórias perdurem por mais algum tempo e que não desapareçam com aqueles que os anos vão levando.
EliminarBeijinhos e tudo de bom.
Trago apenas por respeito estas palavras, agora pela calada da noite, mas sem medos, os mesmos que se removiam nosngritos de gentes fortes. Dos Valagotes!
ResponderEliminarAli havia uma Venda, farta e que nao se esqueca. Do Senhor Graciano e esposa, Dona Augusta que pertencendo a Forninhos, o Lugar por Freguesia, por todos era, como hoje adorada.
Gente, muito boa que tinha a Venda nas altitudes da serra.
Vi agora como de costume o Olindo, engenheiro e amigo depois da missa do Natal. Tal pormenor trago por saber que gostas de ler, por aqui...
Um dia e se puderes ajudar, trarei um pouco aqui, da historia do teu pai, com a camioneta, das feiras... Um Senhor tal como Senhora mae, que vendia aquilo que tinha, sem nada enganar.
Pois era, havia a venda e a camioneta das feiras, do Ti Graciano dos Valagotes.
EliminarAlém do negócio da venda, o Ti Graciano fazia transporte de pessoas e animais para as feiras.
Eram pessoas simpáticas o Ti Graciano e a sua mulher.
Não me lembro do interior da venda. Recordo a muita multidão ao longo do balcão no dia da Festa do Santo António dos Valagotes.
Naquele tempo. Em tempo ou época muito remotos.
ResponderEliminarPorventura quase oitenta anos atras,tal dito por coisas apalavradas de memorias...coisas que nao se esquecem e medram tal sendo regadas. Por gentes da nossa aldeia e aqui reside o gosto, aquele cheiro menino dos ramalhetes da serra...
Seria pecado, confesso, esquecer aquela venda de outrora, sem pensar que um dia seria nascido. Que nem sequer conheci!
A Venda do tio Antoninho do Anibal, pai do meu "odiado" guarda rios.
Agora, tirem duas miseras decadas e apanham um centenario, no local onde se encontra o outrora faustoso Armazem do Amaral, compadre do antigo regime. O ministro Santos Costa que um dia mostrou o primeiro negro em Forninhos, mas adiante, pois certo foi que por ali morou antes, uma Venda, tipo Ze Matela que com comidas e muitas mais bebidas, servia boas latas de conservas de sardinha, mais destas que o atum era caro e bacalhau ao domingo...
Mesmo no Largo da Lameira, quem diria?
As coisas que a gente descobre.