Esta pedra com uma cavidade, está numa casa de pedra construída em forma de juntouros que representa as primeiras casas que deram origem ao povoado de Forninhos. Nesta casa viveu a tia Cleta, mãe da tia Isaura.
Os autores da monografia de Forninhos (página 44), referem que esta pedra rectangular provavelmente terá vindo do Lugar de S. Pedro, onde outrora existiu uma comunidade medieval; mede 127 x 44 cm e o encavo: 81 x 6 cm; é definida como sendo uma "Vara/Medida Padrão de Forninhos" e que devido ao encavo insere-se nas unidades de medida linear.
Todos sabemos que medidas de pedra serão provavelmente medievais, embora seja difícil identificá-las no tempo ou no local de origem, uma vez que tiveram larga utilização ao longo de séculos.
Os autores da monografia de Forninhos (página 44), referem que esta pedra rectangular provavelmente terá vindo do Lugar de S. Pedro, onde outrora existiu uma comunidade medieval; mede 127 x 44 cm e o encavo: 81 x 6 cm; é definida como sendo uma "Vara/Medida Padrão de Forninhos" e que devido ao encavo insere-se nas unidades de medida linear.
Todos sabemos que medidas de pedra serão provavelmente medievais, embora seja difícil identificá-las no tempo ou no local de origem, uma vez que tiveram larga utilização ao longo de séculos.
E não quero ser do contra, mas as dimensões de comprimento (se bem a mediram) não são de uma vara!
Segundo o "Dicionário de História de Portugal" a vara correspondia a cerca de 1,10 cm e a medida (da vara) seria em geral invariável. Pode ser meia-vara? Mas a meia-vara tinha de medir 0,55 cm.
Segundo o "Dicionário de História de Portugal" a vara correspondia a cerca de 1,10 cm e a medida (da vara) seria em geral invariável. Pode ser meia-vara? Mas a meia-vara tinha de medir 0,55 cm.
Pode tratar-se de outra medida medieval? É capaz.
O côvado, também é uma medida de comprimento usada por diversas civilizações antigas. Media 0,66 cm, mas podia apresentar ligeiras variações locais. Era baseado no cumprimento do antebraço, da ponta do dedo médio até o cotovelo.
Com erros ou sem erros, justificações plausíveis ou não, estes foram os números que chegaram aos nossos dias. Não é preciso inventar nada!
Portanto, creio que esta gravação (se bem a mediram, repito) aproxima-se mais do côvado do que da vara ou até da meia-vara. Côvados há-os de todos os tamanhos e podem variar mais de 20 cm entre si.
Existia também outra medida: a braça, mas esta medida, segundo alguns autores, teria cerca de 184 cm, outros, defendem que seria o dobro da vara, ou seja, mediria 220 cm. A braça tinha também um sbmúltiplo: a meia-braça.
Com erros ou sem erros, justificações plausíveis ou não, estes foram os números que chegaram aos nossos dias. Não é preciso inventar nada!
Portanto, creio que esta gravação (se bem a mediram, repito) aproxima-se mais do côvado do que da vara ou até da meia-vara. Côvados há-os de todos os tamanhos e podem variar mais de 20 cm entre si.
Existia também outra medida: a braça, mas esta medida, segundo alguns autores, teria cerca de 184 cm, outros, defendem que seria o dobro da vara, ou seja, mediria 220 cm. A braça tinha também um sbmúltiplo: a meia-braça.
Talvez os leitores do blog saibam mais sobre este assunto e possam dar mais achegas, porque - tirando as medidas da pedra - a descrição que os autores da monografia de Forninhos fazem sobre as medidas-padrão lineares é o que consta na «net» ou seja: as gravações das medidas-padrão aparecem geralmente em locais/edifícios: igrejas, portas de amuralhamentos urbanos medievais ou castelos. Por elas se aferiam as medidas que traziam os comerciantes e feirantes de panos, fitas e linhas. A maior parte destas medidas desenvolveram-se no reinado de D. Dinis...
Esta pedra que está na parede duma casa rural, terá vindo de onde?
Não creio que terá vindo da igreja de S. Pedro, pois o pequeno templo desmoronou-se mais tarde e só depois é que os de Forninhos trouxeram para a povoação as melhores pedras. O Pe. Luís Lemos no Livro de Penaverde refere que "os de Forninhos, aplicaram a boa pedra da capela na construção do cemitério e reparação da igreja". Ora, é sabido, que isto foi nos anos 40 e 50 do Séc. 20.
Não creio que terá vindo da igreja de S. Pedro, pois o pequeno templo desmoronou-se mais tarde e só depois é que os de Forninhos trouxeram para a povoação as melhores pedras. O Pe. Luís Lemos no Livro de Penaverde refere que "os de Forninhos, aplicaram a boa pedra da capela na construção do cemitério e reparação da igreja". Ora, é sabido, que isto foi nos anos 40 e 50 do Séc. 20.
Acredito mais que esta pedra pode ter vindo da Igreja de Forninhos, do templo anterior a 1797, pois já aqui publicamos um documento que sugere que a actual igreja foi construída de raíz. Em vez de na horizontal estaria na vertical e era aqui que o povo ia tirar as medidas; ou, então, terá vindo de alguma muralha do nosso Castelo.
Medidas medievais de comprimento
O sistema de medidas de comprimento utilizado em Portugal na Idade Média baseava-se no palmo, que correspondia a 22 cm.
Com referência ao palmo, existiam dois múltiplos principais:
O côvado, por vezes conhecido como alna, correspondia a três palmos;
A vara, que correspondia a cinco palmos.
Cada uma destas medidas tinha um submúltiplo com metade do seu tamanho:
O meio côvado e a meia vara.
A medida da braça não era baseada no palmo. Como acima disse, segundo alguns autores teria cerca de 184 cm. Outros, defendem que mediria 220 cm (o dobro da vara).
A braça tinha também um submúltiplo: a meia braça.
http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/2182.pdf
http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/2182.pdf
Já agora não deixe de visualizar o post: "Pesos e Medidas" AQUI Obrigada.
Que interessante3.Quantas coisas que desconhecia! Bom ler! bjsm de volta,chica
ResponderEliminarEstamos sempre a aprender.
EliminarBeijinhos.
São estes assuntos que elevam este blog a um patamar muito
ResponderEliminarmuito alto.
A minha admiração
Abr
MG
Obrigada pelo apreço.
EliminarEu gosto muito destas matérias e dá-me imenso prazer pensar como as coisas aconteciam na época medieval e já que a maioria não se preocupa em saber porque o nome "vara" surgiu, trouxe as medidas medievais de comprimento para melhor entendimento...
Abraço.
Confesso que admiro a autora do texto pelo seu espírito de sacrifício em prol do rigor histórico na contínua busca da verdade das coisas.
ResponderEliminarNem me alongo no que foi escrito na "Coisa" sobre o assunto, pois devaneios atrás de outros, podem revelar uma preocupante insanidade e tal de forma perigosa, propagar.
Uma coisa é certa, vestígios antiquíssimos na nossa aldeia, existem. Vontades em os estudar, não existem. Vontades em os aproveitar, em abundância, tal como dinheiros - pelos vistos.
Proponho que aproveitem este texto e tal levem o assunto a exposição televisiva e outros que por aqui abundam no verdadeiro significar da terra.
Confesso que para mim que gosto mais de prosa, esta coisa de estudos aprofundados e históricos que te encanta, me deixam na obrigação de também ir em busca de algo mais.
Afinal um dever por ti, por mim e acima de tudo pelas nossas gentes!
Pena que os visigodos, romanos, lusitanos, árabes e outros que
tais, já não possam trazer os seus testemunhos.
Parabéns pelo teu arrojo!!!
As obras grandes da nossa freguesia, como Castro, Igreja e Capela, são importantes porque nos ajudam a compreender e a situar uma parte da história, mas existem outro tipo de obras na povoação, de outro estrato social, que também são legados importantes e que, para a história de Forninhos, deviam ser tidas em conta. Poucos dão atenção a este legado. É pena.
EliminarO que se conhece da casa e da rua da tia Cleta?
Houve ou menos interesse em conhecer a sua idade?
Não houve, pois não?
É mais fácil dizer que a pedra veio de São Pedro.
E não podia vir do antigo templo de Santa Marinha de Forninhos porquê?
E quem irá trazer as respostas, pergunto eu?
EliminarTentaram fazer de Forninhos uma aldeia mediática quando afinal constroem a casa pelo telhado, ainda por cima numa aldeia reconhecida desde o outrora por mestres pedreiros aos quais estas medidas não seriam desconhecidas. Agora qualquer um é mestre de obras e mais grave ainda, tentam varrer uma cultura ancestral por uma formação a modos de enjeitados que se tentam afirmar na fraqueza dos outros.
Não merece porventura a tia Cleta, ser lembrada com o mesmo respeito que os abonados da altura, afinal este símbolo está cravado na sua antiga casa?
Tanta frieza vai na cabeça de certas pessoas e não vai ser a insensibilidade que trará de volta, tirando festejos propositados, a raça e orgulho dos nossos mais velhos.
Achas que a Eon e Cp.ª em momento algum quiseram saber da memória e história local de Forninhos?
EliminarDos pedreiros, dos alfaiates ou da tia Cleta...?
Só não vê quem não quer que, a real preocupação do grupo era o estudo interdisciplinar de comunidades alto medievais (séculos V a XI) do território de Viseu, financiando pela Fundação Calouste Gulbenkian que o estenderam a Forninhos, somente para justificar o dinheiro que a freguesia lhes pagou!
Quem quiser pode ver a equipa de investigadores em:
http://projecto-iem.wix.com/eicam#!equipa/cnb6
Já agora, não para ti que sei que já viste, mas para outros forninhenses que nos lêem: vejam os nomes que estão nos agradecimentos; estão lá mais de vinte por ordem alfabética, mas vejam se os nomes dos investigadores não são os mesmos?!
A verba (dinheiro público) veio para a Junta elaborar um livro sobre a Historia e Memória Local de Forninhos e tudo aquilo que se prende com a identidade da nossa terra, com as pessoas e suas memórias, mas acabou por ir parar às mãos desse grupo de investigadores que assim puderam elaborar um catálogo de modo a candidatar-se aos prémios APOM.
Isto é só mais um assunto para o Ministério Público investigar, mas a bem de Forninhos fico-me por aqui.
Começo a pensar que temos dado mais "tempo de antena" a algo que pouco merece. Se fosse uma discussão baseada em factos reais, digamos assim, vivências de caminhos secularmente pisados,a nossa história, tudo bem, mas cada vez que se dobra uma folha de papel da "Coisa", cópias que além de mentirosas, violentam as nossas memórias.
EliminarFosse tal afronta em terras democráticas, algo mudaria, mas somos poucos os ainda resistentes a este "Deus Dará". Continuemos a mostrar que centímetros não são metros, que a dignidade não conjuga com a mentira e que nesta luta constante que mantemos pelo nosso povo, a sacra palavra Liberdade nos permite chamar os "bois pelos nomes", incompetentes, gananciosos, falsos...ladrões!
Afinal o que trouxe de valor acrescido para esta "seita", postos de trabalho, melhoria de vida: zero!
Não trouxe, mas deu...aos outros, o que pertence a todos os nativos da aldeia, o nome Fornnhos para brilharem e arrecadarem um prémio pago que apenas se vislumbrou no imediato nas portas das tabernas.
O antigo Forninhos ficou para trás, a léguas de distância.
Saudosa vara...
Enquanto houver componente humana para notar as contradições, as mentiras, temos de falar. Já basta as memórias paroquiais, que não há ninguém para comprovar o que é verdade e o que é mentira.
EliminarE, atenção, não arrecadaram nenhum prémio, levaram para casa uma "menção honrosa" pela participação.
Mas esta candidatura, melhor, estas candidaturas, dão pano para mangas, há nelas matéria para o Ministério Público investigar (incluindo a "doação").
Boa noite Paula,
ResponderEliminarGostei muito do seu artigo pois desconhecia completamente estas medidas. A pedra de que fala e se vê na foto tem um valor incalculável dado o tempo que tem e a função para que era utilizada.
Forninhos é uma freguesia muito rica em apontamentos históricos que vos deve orgulhar muito.
Já os pesos e medidas referidos em 2013 são do meu conhecimento, pois também se usavam na minha freguesia quando eu era criança.
Espero que tenham passado um bom feriado.
Beijinhos e continuação de boa semana.
Ailime
Orgulho-me do passado, porque do presente vejo tudo mal aproveitado Ailime!
EliminarTirei a foto a esta pedra, mas não a medi, mas um amigo meu já me disse que tem 60 e tal cm, não chega a 70 cm. Os autores da monografia referem 81 e já nem sei o que dizer mais...é que se tiraram mal a medida a monografia de Forninhos é um caso de estudo!
Um dia volto a passar nesta rua munida de uma fita métrica ;-)
Beijinhos.
Desconhecia e gostei de saber sobre o assunto!!!bj
ResponderEliminarPara saber mais pode consultar o documento(pdf):
Eliminarhttp://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/2182.pdf
O artigo inclui um inventário das gravações conhecidas de Norte a Sul do país, com indicação das respectivas medidas em cm.
De Forninhos «nada», mas vale a pena ler. Bjo.
Um post com medidas bem pesquisadas e documentadas. Detalhes de muita importância, Paula!...
ResponderEliminarForninhos, um lugar amado por muitos!!!
Beijo
Só que a alguns não dá muito jeito estas nossas pesquisas, mas penso que a situação se vai inverter. O amor tem dessas coisas, quando a gente menos espera...
EliminarBeijos.
Muito interessante. Eu desconhecia totalmente essas medidas medievais.
ResponderEliminarUm abraço
Eu sempre me perguntei de onde veio esta pedra, mas quando vi a foto na "monografia de Forninhos" como sendo uma medida-padrão, ocorreu-me (dada tanta falha) que podia não ser a conhecida por "vara" (como não é).
EliminarDepois procurei saber a função e cheguei a este assunto: às medidas medievais de comprimento.
Abr./bom fds.
Um trabalho muito interessante que me deu a conhecer as medidas medievais que desconhecia por completo.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Quando andarilhar por aí repare, pois aparecem muitas vezes nas portas de entrada de povoações muradas e também em portas de igrejas.
EliminarBom fds.
Muito interessante! Apesar de, enquanto criança e adolescente, ter passado as minhas férias entre a Matela e Forninhos, não me lembro de alguma vez ter visto essa pedra. O seu texto despertou-me a curiosidade e o interesse em conhecer melhor a terra das minhas origens.
ResponderEliminarJá agora, mais uma achega sobre medidas Medievais neste Link, para quem interessar.
http://www.academia.edu/439017/Medidas-Padr%C3%A3o_Medievais_Portuguesas
Cumprimentos e bom fim-de-semana
Obrigada. É isso que se pretende também, que os netos de Forninhos se interessem pelas suas origens.
EliminarQuem percorre os caminhos das nossas aldeias, sempre descobre no casario pormenores interessantes.
Em Forninhos é possível observar motivos cruciformes nas ombreiras de algumas portas. Quando se procedeu à inventariação desse património no concelho de Aguiar da Beira, entre os anos de 2002 e 2004, esse trabalho deu a conhecer a existência também em Forninhos desses sinais em forma de cruz.
Pena o artigo do Prof. M. J. Barroca aqui apresentado, que inclui um inventário das gravações conhecidas de Norte a Sul do país, não incluir a medida-padrão de Forninhos.
Mas repare, não sei se reparou, mas numa Nota Final o Prof. mencionou as medidas gravadas numa Igreja bem perto de nós (a Matriz de Algodres).
Um abraço, bom fim de semana.
Desconhecia por completo essa medida, já valeu apena saber um pouco da história, gostei imenso.
ResponderEliminarBj e bom fim de semana.
Ainda bem que o diz, pois assim posso acrescentar que se a maioria não conhece a metrologia medieval, só pode ser por desconhecimento também que os Forninhos não notam o erro da página 44. Pelo menos para a maioria dos residentes não existem erros! Mas os erros estão a vista cada vez que se vira uma página.
EliminarBj, bom domingo.
Já aprendi umas coisinhas por aqui!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Todos aprendemos!
EliminarBom domingo Isa.
Desconhecia essas medidas medievais. Uma bela lição que aprendi. Enquanto houver mundo, vai-se sempre aprendendo. Boa semana e beijos com carinho
ResponderEliminarVivendo e aprendendo.
EliminarBjo e obrigada pela visita comentada.
Oi Paula, não conhecia essas medidas, que interessante... e como se aprende fazendo pesquisa, né? Parabéns pela matéria.
ResponderEliminarBeijos.
Bem-haja e um abraço de sincera amizade.
EliminarEstes últimos 8 anos (2009-2017) foram para mim um enriquecimento.