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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O GUARDA RIOS

Havia medos das autoridades que quase meio século atrás cirandavam por Forninhos e aldeias circunvizinhas, imponentes nas suas fardas. Tais tinham por personagens (como muita gente ainda se lembra), a GNR e os Guarda Rios. Em comum, as multas a torto e a direito.
A doutrina, o cercear a liberdade, sendo que os primeiros levavam os tostões aos cofres do estado novo pelos animais que vagueavam pelas ruas (sempre assim fora), os segundos por tomar como  assassinos a miudagem que ia pescar ao rio e ribeiras, proibidos de pensar que tinham filhos da mesma idade...

(ribeira de Cabreira)

A  garotada da minha idade, tinha as suas obrigações, a escola, ajuda nos campos e pastar os rebanhos e mal feito fora, pescar no rio Dão ou nas ribeiras e ribeiros. Tal mereciam, convenhamos.
A tal Guarda não nos metia medo, eram coisas de adultos, dos nossos pais, mas aquele homem de verde descolorido, o guarda rios, esse sim...
Andava por ali de bicicleta até onde podia e binóculos. Arma poderosa!
E o poder! 
Era o senhor Herculano da Matela, pessoa de respeito pela farda e convenhamos bom homem. 
Tinha eu, tal como os da nossa tribo, por arma um pequena vara de amieiro e um fio de cozer a roupa e um anzol, sendo que o isco a gente apanhava desde minhocas até gafanhotos.
Um dia fui pescado por ele, estava por detrás do arvoredo, fugi e fingi que não vi, mas ficou sempre aquela angustia e ansiedade.
O tempo foi passando e pensei que a coisa fora esquecida, até...
Vinha da missa e ao passar pela casa do senhor Alfredinho sitio do Lugar, ele amigo do meu pai e com o mesmo nome que até se chamavam de Xará, compadres, la estava ele, com os seus oculinhos, ditando que eu tinha de ser castigado.
Fugi, claro.
Mais tarde vim a saber que as coisas ficaram arrumadas na taberna do senhor Antoninho Bernardo, entre uns doces secos e uns tintos.
Antes do jantar e depois da missa.
A partir desse momento, passei a pescar na ribeira de Cabreira...  

35 comentários:

  1. Xico,

    Que menino arisco! Risos.
    Guarda Rios, nunca havia ouvido falar. Que interessante.
    Ainda bem que tudo acabava bem no final.
    Fiquei com vontade de pescar na ribeira da Cabreira. Amei a foto.
    Abraços

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    1. Ainda bem que acabou bem para o meu pai...pois por mim continuava a fugir, eu e outros como eu.
      beijo, Lucinha.

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  2. Que coisa! Esse menino era danadinho e ,como a Lucinha, não conhecia essa função de guarda rios! Até seria válido hoje em dia! abraços,chica

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    1. A gente sabia que andavam escondidos, onde era enigma.
      O jogo do gato e do rato, pena que fosse na procura da multa pois jamais meia duzia de garotos iam desequilibrar o ecossistema.
      O que deviam ver nas suas obrigacoes, nada.
      Abraco, Chica.

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  3. Foto muito bonita e o texto nos proporciona muitos pensares... Gostei de saber do guarda de rios! Eles vigiados são mais "fluentes"!
    Uma boa 5a feira, Xico...
    Abraços

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    1. Esta foto tiramos vai fazer um ano, por altura da Pascoa, entre outras que guardamos, sendo que este recanto tem memorias familiares importantes.
      Em Agosto, por ali voltei com a cana de pesca e ...nem vestigios de peixe. Tudo conspurcado, aguas paradas e a correr para nauseabundas. Dizem que mataram os peixes com venenos proprios, mas estas coisas tais como outras, ficam no silencio...

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  4. Olá Xico
    Pois na minha terra também havia o guarda rios, e ainda o guarda florestal, para guardar os pinhais as vinhas e coisas que tais!!!
    Personagens que deixaram de existir também pelo Ribatejo.

    Lídia

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    1. Sendo que, Lidia, havia um grande contraste entre o Ribatejo, Alentejo e as Beiras.
      Os "ratinhos" tinham de descer das suas serranias para ganhar mais algum...
      Cada qual, por aqui, tinha a sua courela e um bocado de pinhal, uma riqueza pelo dividendo da "bica" que rendia algum dinheiro da resina e a lenha para o inverno e estrume de giestas e carumas para o estrume.
      Aqui, o guarda florestal era o proprietario, embora mediano...
      Beijinho.

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  5. Anónimo2/19/2015

    Olá meus amigos.

    Parabéns pelo belo trabalho neste seu site.
    Já tornei-me vosso seguidor. Aproveitamos a oportunidade
    Para compartilhar também com vocês o nosso blog.
    Ficaremos felizes por vossa visita e mais ainda se seguir-nos.

    Atenciosamente

    Josiel Dias
    http://josiel-dias.blogspot.com
    Rio de Janeiro
    Brazil

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    1. Grato pelo reconhecimento e na esperanca que o vosso trabalho traga os frutos desejados.
      Cumprimentos.

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  6. Uma introdução muito bem feita, sobre essas figuras sinistras que tiravam, às vezes apenas pela sua presença, a paz às populações.
    Bem me lembro em criança, do medo que pairava no ar, quando se avistavam ao longe dois guardas a cavalo. Eu nem percebia porquê, mas sentia o desconforto geral.
    Quanto aos guarda-rios, só conhecia mesmo os pássaros...:-) Onde vivi , só existiam canais e uma pequena ribeira que secava no Verão... Mas gostei de ler sobre esse encontro- desencontro com o guarda-rios, embora nem tivesse percebido muito bem porque é que teria de ser castigado...por pescar?!...
    Felizmente o castigo não aconteceu...:-)
    xx

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    1. Tentei de modo quase juvenil, por mais leve, trazer aqui um pouco e como muito bem diz, a caricatura dessas "figuras sinistras" e deixe que diga, ainda hoje reverenciadas. Mas deixaram sequelas na estrutura psiquica de criancas e disso ninguem pede desculpas...
      No tempo do obscurantismo e dos medos, fazer "mesa" com alguma autoridade, era o passaporte para o respeito.
      As maiores "comezainas" tinham por comensais as fardas e os mais abonados.
      Um dia escreverei sobre tal e vai doer...
      Escrever uma carta em nome de quem nao sabia ler, era um favor...
      Tratar de algo com o Regedor, era um favor...
      Encomendar um funeral, era um favor...para as horas que a familia podia.
      Ainda hoje nos advertem para termos cuidado sob forma de falar da familia A, B ou C. Seculo Vinte e Um. Como se houvesse benemeritos desprendidos...
      Fala a Laura de ainda "ver" dois guardas a cavalo.
      Eu apenas lembro as mulheres em alvoroco, descendo as ladeiras de lenco na cabeca e avental quase rasgado pelas maos em desespero, "andava ca na aldeia a Guarda", havia que recolher as galinhas, animais vacinados, etc.. e quando se iam, AS MULTAS ERAM CONTADAS EM LAGRIMAS, A PESO DE OURO!!!
      Deixe que repouse um bocado Laura, pois mexe comigo...

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    2. O Xico está muito melhor informado do que eu, e deve ter assistido a muita coisa que não assisti...felizmente, digo eu.
      São coisas que marcam!
      xx

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  7. Que guri medonho. Parece que vejo meus irmãos na mesma ação. ahahah O tempo bom. Parece que as coisas proibidas tinha um maior valor. Vejo com estranheza a proibição de pesca nos rios, pois antigamente tudo era liberado. Vejo que a proteção ao meio ambiente começou cedo por ai.
    Assim seguimos apreciando o mar e a pescaria.
    Tenha um ótimo fim de semana.

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    1. Outro planeta o seu, Anaja....
      O da liberdade!
      Claro que sempre fomos criancas felizes, simplesmente por temos conquistado esse estatuto por nos proprios na nossa rebeldia!
      Tinhamos um mundo aparte e esse era o nosso feudo que defendiamos com unhas e dentes.
      Deixe que diga, talvez por isso mais saboroso.
      Danados sim e por tal ainda continuo aqui a pescar com letras, sendo que "o meio ambiente" Tem o nome de cofre... do estado.
      Inte!

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  8. Ouvi os meus pais falarem nos "Guarda- Rios".

    O fruto proibido é o mais apetecido.

    Mais um relato maravilhoso.

    A foto é um sonho!

    Beijinhos.

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    1. As fotos vamos tirando quase nas ingenuidades de crianca.
      Como os antigos diziam ( tao bonito, vamos tiramos um retrato...).
      E tal, aquando no ir a Forninhos, vamos guardando umas coisitas para misturar mais tarde com palavras, tais como inumeros episodios que no linguajar caseiro, dariam pano paras mangas!
      Bem hajas.

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  9. O que vou dizer se calhar é muito mau:
    Seria bom haver outra vez Guarda-Rios, podia ser que assim os rios e margens voltassem a ser limpos, porque na altura as multas não eram só para quem pescava, também os proprietários dos terrenos junto ao rio que não limpavam as margens eram multados!
    Os Regedores, a autoridade policial das freguesias, bem podiam também voltar, pelo menos, para impedir a roubalheira nos baldios. Em Forninhos se uma pessoa cortava um pinheiro no baldio, o Regedor via/sabia e multava! Hoje quem os substituiu tudo autoriza!
    Um tema bem a propósito Xico, pois terminado o Inverno, é tempo de regressar ao arranjo dos caminhos rurais, limpezas dos baldios e dos ribeiros...à pesca.
    Quanto ao que narras, eu que só ouvi falar do Guarda-Rios (nunca vi um), não me lembro ouvir alguém de Forninhos dizer "fulano" foi um "bom Guarda".

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    1. Ah, quando dizes "Antes do jantar e depois da missa.", significa antes do almoço e depois da missa, certo?
      Naquele tempo o jantar era o almoço de hoje.

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    2. Se responder o que me vai na alma, porventura havera incomodidades, mas la vai...
      Vamos conjugar meio seculo atras com os tempos actuais e vemos que a diferenca reside apenas na maneira de vestir o antigo de forma moderna. Menos a forma genuina de pensar no orgulho e honradez.
      Os Guardas (Rios e Republicanos), eram a face visivel do facismo, seus representantes de capas de terror e medos, sendo que alguns ali andavam na labuta do dia a dia em prol dos seus. A esses uma venia e meus respeitos sinceros pois muitos houve.
      Mas houve gente reles e ordinaria que na cobardia das fardas se apresentavam como importantes, afinal uns coitados que mal sabiam ler e escrever, mas tinham a vestimenta que nao cheirava a estreme nem a cebolas.
      Ainda hoje se vai vendo um ou outro com esse cheirinho, o mesmo que algumas donzelas queriam para maridos e Salazar por padrinho, adiante...
      Indo ao encontro do que dizes, permite que acrescente que as limpezas obrigadas aos mais abonados, eram gratuitas, pois as auditorias eram pagas entre o bom vinho e perdizes e lebres e os dez mil reis das multas dos pobres que na clandestinidade andavam ao estrume nos baldios.
      Essa mentalidades de outrora, rejuvenescem ainda agora, fruto da manipulacao de resteas de modos de viver antigos e aos quais vao buscar o argumento de que preservam a historia de uma aldeia.
      Multas, actualmente nao conheco, mas vislumbro o porque. Nada foi sendo feito para transgredir o que quer que seja, mesmo sem maldade.
      Tomaram os responsaveis autarquicos que houvesse transgressoes, pois assim os caminhos rurais estariam limpos e tantas outras coisas que mesmo sem coisas dariam jeito, tal como nos Valagotes em que pinheiros de bica ja foram, sem custo para a Junta. Disponham, a reforma agraria chegou a Forninhos!
      Andaram no verao a limpar algumas margens ribeirinhas e nem sei a quem agradecer e o caminho que levaram as arvores abatidas, coisas sonegadas na transparencia para os cidadaos, mas nao quero pensar que o caminho foi o mesmo que os pinheiros dos baldios dos Valagotes que antes de serem de alguem, ja o eram...
      Agora, as "comezainas" sao mais sofisticadas...
      Apenas uma deixa, nesta terra de tanta festa e festanca, ja perdi o timing dos banquetes!

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    3. Não posso deixar de fazer uma referência às condições económicas que as pessoas tinham na altura, comparadas com os tempos actuais. Na altura as pessoas cortavam um pinheiro e estrume no baldio por necessidade, será que hoje quem corta pinheiros e "pesca" o que não lhes pertence é por necessidade e têm como preocupação o castigo?
      O corte é o mesmo, a postura dos actuais responsáveis é que não é a mais correcta, autorizam o corte aos mais abastados e a amigos ou simplesmente fecham os olhos, mas não quero com isto dizer que no passado a postura dum Guarda-Rios ou dum Regedor era a mais correcta, nem 8, nem 80!
      Essa das donzelas os quererem para maridos e Salazar por padrinho, para mim, parece algo irreal, e do outro mundo, mas nas aldeias rurais ainda, hoje, tudo é possível.
      Seja como for, a nossa história não é feita apenas de situações agradáveis. As desagradáveis também fazem parte dela e por isso, o episódio que narras e outros tantos deve haver...fazem parte da nossa história colectiva.

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    4. Nao me alongo, apenas pego no teu ultimo paragrafo e no modo como a historia colectiva se faz e acrescento, se vai podendo fazer felizmente, se bem que a muito custo e muitos...riscos!
      As coisas agradaveis, deviam ser as normais do dia a dia numa comunidade pacata que passava dias a trabalhar e noites em claro, a pensar no dia seguinte e sem relogio que lhes berrasse que esse dia ja tinha chegado.
      Eram as crias, o ganau, o meter as vacas ao carro. Os medos por necessidade ou descuido, "roubarem" um bocado de estrume nos baldios, pois havia que chegar primeiro que os outros, ainda noite cerrada e por tal denunciados aos Guardas, por despeito. Guarda cujo nome os incomodava ainda mais que aquando gritavam ao fogo.
      "La vinham os gajos mamar...".(falo em liberdade, Salazar foi...).
      Mas ainda hoje um ou outro se lembre destas coisas e com eles lambeu a boca, pena que ainda pensem que estao nesses filmes pela educacao que deram aos filhos!
      Ainda andam por aqui, mas nao metem medo...

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  10. Oi Xico!
    Uma recordação do tempo de criança, onde o medo se misturava as aventuras e tudo se tornava um fato marcante, eu fui muito levada também e guardo boas aventuras, rsrs. Mas concordo com a Paula, seria bom ter guarda rios, para que eles fossem preservados, como também a própria natureza em si, que anda tão abandonada e à mercê de tudo quanto é exploração.
    Beijos!

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    1. Nao sou contra a entidades que preservem a fauna, plo contrarioi, era o que faltava, mas preferia que em vez da ainda procura da multa, esses empregados do estado fossem educados e formados para sensibilizar as populacoes. Formadores!
      Guardo tambem recordacoes de coracao na boca, naquela ansiedade de crianca que desafiava na aventura, tudo e todos, mas agora tais coisas vistas decadas atras, ainda me questiono se havia direito a tal despotismo, sendo que o que mais me indigna, era a arrogancia com que ostentavam o simbolo do poder, ate perante conhecidos ou proximos e pior, quando um ou outro desfardado em casa(vestia o avental...).
      Beijoi.

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  11. Xico...eu não vivi estes tempo...e é com algum espanto que vou tendo conhecimento de situações de opressão e de sofrimento do nosso povo!
    Até aos 18 anos vivi em Angola...e sendo filha de pais que não ligavam nenhuma à política...acabei por ter contacto com esta...nos bancos da escola!
    Saudações amigas

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    1. Agora e na distancia do tempo, fica mais facil analisar a historia, alias esta mesma se faz das coisas relevantes dos tempos.
      Um dia houve em que se pode dizer uma palavra de nome liberdade e essa amarra solta, libertou coisas guardadas e escondidas.
      Fosse nessa altura em que ainda apanhei em crianca estas autoridades e pusesse, tal como outros, estas coisas por escrito...estava preso!
      Se ainda hoje nos olham de lado...
      Um abraco.

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  12. Boa tarde, vivi o tempo dos guardas rios, seu trabalho era de enorme importância, hoje quem fiscaliza é o departamento do ambiente da GNR, sem querer criticar os guardas do ambiente, hoje existe mais poluição nos rios com danos terríveis para o equilibro do ecossistema.
    AG
    AG

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    1. "Aos guarda rios, dantes, tocava-lhes a tudo: desde a fiscalização da extracção clandestina das areias dos rios (que fez por aí a fortuna da alguns...), a questão da pesca clandestina, cortes de árvores, situações de despejos/poluição, etc., o que lhes trazia muitos dissabores, pois muitas vezes ou topavam com pessoas conhecidas, outras com tipos agressivos, enfim, um rol de problemas que estes homens tinham de resolver como podiam e que tinham que apresentar resultados aos seus chefes".
      Esta descricao recolhi em coisas lidas vao uns tempos, de memorias e vivencias de gentes de Torre de Moncorvo.
      Muita responsabilidade, concordo, mas olhados por outros como de segunda categoria...
      Ainda hoje, ha fardas e fardas!
      Cumprimentos.


      .

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  13. Boa tarde Xico, que belíssima foto a dessa Ribeira!
    Um lugar paradisíaco que à distância quase dá para esquecer que existiram esses guarda-rios que eram uns marotos “mandatários” do estado novo.
    (Agora existem outros "guarda rios" que quase me fazem pensar se já não será pior do que nesses tempos de má memória)!
    Desculpe este meu parêntesis, mas como sempre adorei esta sua narrativa, tão ao seu estilo sempre gratificante, das suas memórias de Forninhos.
    Beijinhos e bom fim de semana.
    Ailime

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    1. Esta foto tem tambem a assinatura da Paula, honra lhe seja feita.
      Temos felizmente paisagens belas de Forninhos na sua simplicidade rural que podem dar fundo a muito trabalho a colocar escrito.
      Basta o querer partilhar estes pequenos paraisos serranos e nas pesquisas que fazemos, o intuito passa por isso.
      Pelas minhas pesquisas sobre o tema, pouca abundancia de elementos, quase todos se cingem a lugares mais populosos que uma simples aldeia alcantorada por serranias e meia escondida no vale.
      Nao disse nem digo algo que melindre aqui o "nosso" guarda rios, nem tal porventura merece, mas as fardas...
      Eram uma casta privilegiada para aqueles relacionamentos restritivos!
      Estavam como que por conta propria, donos e senhores , sendo que os "senhores" de posses, logo os levavam para o seu circulo caseiro de comezainas e honrarias a Baco, pois aquelas coisas de sociedade restritiva que metia guardanapos e mais que um copo ou talher, era a outra "democracia".
      Mas mesmo assim, aqueles que eramos filhos de agricultores tradicionais, eramos vistos como inferiores aos filhos das fardas. Desde a escola, ate ao modo como eram tratados pelos aldeoes, os mesmos que enchiam por medos, as despensas dos senhores guardas com vinho, azeite e quando nao um presunto escondido...
      Como se uns tamancos nao valessem mais, muito mais que umas botas emprestadas...
      Beijinho, Ailime.

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    2. Penso que as pessoas mais sacrificadas pelos Guarda Rios, eram aquelas que precisavam de tirar água do rio para regar as suas terras. Era preciso uma licença para isso. Era como a Guarda Republicana a fiscalizar os carros de bois, se tinha a chapa da licença, as bicicletas e os isqueiros a gasolina e já agora, as galinhas que andavam à solta. Hoje faze-se coisas bem piores e fecha-se os olhos. Nem oito nem oitenta.

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  14. O dia a dia das pessoas estava mesmo condicionado!
    Pagar para tirar água do rio era mesmo uma medida absurda, para não dizer uma autêntica roubalheira aos magros bolsos de muitos agricultores portugueses!
    A licença para ter e usar 1 isqueiro ainda +ou- compreendo, como forma de contenção da prática dos fogos, pois acho que só era emitida a quem comprovasse ser suficientemente responsável para manejar tal instrumento.
    Todos sabem que hoje, em Forninhos, fecha-se os olhos a coisas bem piores, mas vamos ver até quando...a questão da venda dos baldios e corte de pinheiros não está esquecida e sejam filhos de agricultores ou filhos das fardas e até de ministros, vão ter de responder por tais actos!
    Acho eu que não se vão safar como o Xico se safou...com uns doces secos e uns tintos.
    Só por curiosidade, o Sr. Alfredinho foi Regedor e o Sr. Herculano "da Matela" era filho de um outro Regedor, conhecido como Toninho do Aníbal.

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  15. Caro senhor Xico Almeida et al. Tenho lido estes comentários todos, indecisa quanto a dizer alguma cisa ou ficar calada, quando são referidos comentários pouco verdadeiros sobre o carácter dos Regedores e Guarda Rios, sendo que, sou neta de um Regedor, o meu avô Antoninho Bernardo filho de Aníbal Bernardo (Toninho Bernardo, era o primo do meu avô) e o Guarda Rios, Herculano Bernardo, meu tio, que sempre foram pessoas correctas e de respeito.
    Não sei se sabem que o Regedor era nomeado pelo Governo e não podia recusar essa Função, sob pena de ser considerado anti-regime, ao contrário da figura de Presidente da Junta que agora é, felizmente, eleita pelos fregueses.
    Sei que o carácter do meu Avô e do meu tio, não se enquadram nessas descrições de venda da sua honra por uns míseros doces e uns tintos... Graças a Deus, eram coisas que tinham com fartura lá em casa.
    Tenho muito orgulho da minha família paterna, da minha avó Srª D. Olimpia Vaz (nunca ouvi ninguém chamar-lhe tia Olimpia), teve, para a altura, a educação esmerada que se dava às meninas, sabia costurar, bordar e tratar da casa, e era das poucas que tinha a instrução primária, por isso, lia e escrevia cartas às pessoas que não sabiam ler, coisa que presenciei várias vezes e que retenho como um acto louvável, sinceramente, não entendi a insinuação do senhor Xico Almeida, sobre as pessoas que o faziam… do meu avô Sr. Antoninho, do meu pai Tibério Bernardo e dos meus tios e tias, duas delas, professoras e afilhadas do Sr. Cabral e esposa.
    Os meus pais vieram para Lisboa quando casaram, por isso, não nasci nem em Forninhos, nem na Matela, terra da minha mãe, mas as minhas raízes são essas. Não gosto de ler insinuações que mancham a memória dos meus, principalmente, porque, tanto a minha avó como o meu avô, já não estão entre nós para se defenderem, mas o meu tio Herculano, felizmente, está vivo, talvez ele o possa esclarecer se o “perdão “ ou apenas a reprimenda pela sua inofensiva traquinice de pescar peixe no rio, foi paga com bolinhos e tintos…

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    1. Cara senhora Maria Bernardo. antes demais boa noite.
      Confesso ter ficado surpreso por este seu surgimento inesperado, mas feliz por o caminho traçado por este espaço livre ha mais de meia duzia de anos, continuar de modo afoito a despertar sentimentos...
      Grato lhe fico por despertar parte de mim de aquando era garoto e como sabe, as memorias da infancia, ficam para toda a vida e por tal nada retirar ao que escrevi acerca daquilo que me tocou, sem ofender a honra de ninguem.
      Reli o texto, comentarios e repostas e nada tal salienta, antes pelo contrario.
      Temos por lema a transparencia e integridade e se fosse dissecar cada uma das suas linhas, ficaria aqui por bom tempo, pois neste Blog e independentemente da sua dimensao, antes de se escrever tem que se pesquisar nas origens e tal se faz.
      Deixe que lhe diga e recorrendo ao tempo que menciona da Sra. Dona Olimpia, nem seria bem assim, pois outras apesar de chamadas de tias, nao de Tias, aprenderam a ler e escrever, cozinhavam e mal dormiam e mesmo assim ainda faziam as roupas para os filhos...esmeradas sim, pela dignidade, perfil de gente serrana que nao temia a geada.
      Pareceu-me sentir em si um certo melindre acerca dos Regedores. Tal querendo, pode ler o aqui publicado http://onovoblogdosforninhenses.blogspot.pt/2013/06/a-figura-do-regedor.html
      Eu tambem, alem de ter o privilegio de ter nascido em Forninhos, o de ter tido e continuar a ter, um orgulho enorme pela minha familia, quer do lado da mae, quer do pai, este que enquanto andava a lavrar com a sua junta de vacas para os filhos poderem estudar, outros andavam por Lisboa, motoristas de ministros de Salazar.
      Insinuaçoes?!!!
      Quanto ao seu tio Herculano, pergunte-lhe se recorda trinta e tal anos atras um incendio violento que assolou Forninhos e ele para os lados de Valongo, propriamente Castiçal, estava rodeado pelas chamas, sem oculos e alguem dali o retirou. Pergunte, pois eu nao preciso, ainda tenho uma marca.
      Os sentimentos...
      Boa noite, minha senhora.

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  16. Caro senhor Xico Almeida et al. Tenho lido estes comentários todos, indecisa quanto a dizer alguma cisa ou ficar calada, quando são referidos comentários pouco verdadeiros sobre o carácter dos Regedores e Guarda Rios, sendo que, sou neta de um Regedor, o meu avô Antoninho Bernardo filho de Aníbal Bernardo (Toninho Bernardo, era o primo do meu avô) e o Guarda Rios, Herculano Bernardo, meu tio, que sempre foram pessoas correctas e de respeito.
    Não sei se sabem que o Regedor era nomeado pelo Governo e não podia recusar essa Função, sob pena de ser considerado anti-regime, ao contrário da figura de Presidente da Junta que agora é, felizmente, eleita pelos fregueses.
    Sei que o carácter do meu Avô e do meu tio, não se enquadram nessas descrições de venda da sua honra por uns míseros doces e uns tintos... Graças a Deus, eram coisas que tinham com fartura lá em casa.
    Tenho muito orgulho da minha família paterna, da minha avó Srª D. Olimpia Vaz (nunca ouvi ninguém chamar-lhe tia Olimpia), teve, para a altura, a educação esmerada que se dava às meninas, sabia costurar, bordar e tratar da casa, e era das poucas que tinha a instrução primária, por isso, lia e escrevia cartas às pessoas que não sabiam ler, coisa que presenciei várias vezes e que retenho como um acto louvável, sinceramente, não entendi a insinuação do senhor Xico Almeida, sobre as pessoas que o faziam… do meu avô Sr. Antoninho, do meu pai Tibério Bernardo e dos meus tios e tias, duas delas, professoras e afilhadas do Sr. Cabral e esposa.
    Os meus pais vieram para Lisboa quando casaram, por isso, não nasci nem em Forninhos, nem na Matela, terra da minha mãe, mas as minhas raízes são essas. Não gosto de ler insinuações que mancham a memória dos meus, principalmente, porque, tanto a minha avó como o meu avô, já não estão entre nós para se defenderem, mas o meu tio Herculano, felizmente, está vivo, talvez ele o possa esclarecer se o “perdão “ ou apenas a reprimenda pela sua inofensiva traquinice de pescar peixe no rio, foi paga com bolinhos e tintos…

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