O ninho deste pássaro já foi apresentado no ano passado neste blog, porém o meu irmão David ao encontrá-lo novamente não pôde deixar de acompanhar o seu ciclo de criação e fotografá-lo. Trata-se de um pássaro que vive junto do homem, adora as sombras das árvores e o primeiro assobio que se ouve pela manhã e ao final do dia é porventura o "ximximxim" do melro.
Então como estamos na altura de homenagear as mães e os filhos, pois sem eles as mães não existiam, sabiam que estas aves ajudam os filhos e até dão a vida por eles, se necessário fôr, mas quando chega a altura de saírem do ninho, têm de governar-se sozinhos?
O melro faz um ninho caprichoso, seguro e confortável.
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Se calhar por o melro ser desconfiado é que quando alguém anda a "cheirar" o que não deve por determinados lugares se ouve, no sentido talvez depreciativo, "cuidado...anda aí o melro!".
É bonito o melro, na sua escura penugem.
Adorei os ninha, a relação com as mães e as fotos maravilhosas! Sempre um prazer aqui chegar! beijos,chica
ResponderEliminarObrigadadinha, chica.
EliminarHá da minha parte também um outro prazer: o de ver aqui chegar pessoas como você.
Beijinhos.
Quando os meus avós tinham uns terrenos em Cabreira, para regar os arretos, havia uma poça que regava a sementeira de batata, cebola, milho, couves, etc.
ResponderEliminarNo arreto cimeiro havia uma poça sobre a qual se inclinava uma pequena figueira, pequena mas já velhota, de figos brancos.
Todos os anos tinha no mesmo ramo um ninho de melros. Gostaram do sítio e na semelhança das fotos mas, apenas com registo de pedaços da infância, fazia a romaria e entre um figo ou outro mais lamparo, deliciava-me com o prodígio da natureza.
Madrugadores, cantam exaustinados e pouco afinados, nao aprendendo com o compasso do relogio da igreja no toque das suas ave marias.
Mas fazem parte da aldeia e do seu quotidiano com os primeiros ninhos da primavera.
Como registou em verso o grande Miguel Torga.
"Oico todos os dias,
De manhãzinha,
Um bonito poema
Cantado por um melro
Madrugador.
Um poema de amor
Singelo e desprendido,
Que me deixa no ouvido
Envergonhado
A lição virginal
Do natural,
Que é sempre o mesmo, e sempre variado".
Um bom domingo!
Este ninho acho que também foi feito no arbusto do ano passado. Sinal de que talvez permaneceram por ali, seu território, durante todo o ano (?).
EliminarEsse poema de Miguel Torga é do seu livro "Bichos"?
Li esse livro na escola primária, para aí na 3.ª ou 4.ª Classe. Gostei muito, mas devo tê-lo emprestado (como era hábito na altura) e fiquei sem ele.
Se alguém o tiver que se acuse. A sério. Gostava muito que mo devolvessem. Obrigada.
Oi Paula,
ResponderEliminarum pássaro encantador, o ninho é sim muito bem feito e como mãe ela com seu instinto sabe fazer o certo, cuidar e proteger até a altua certa, depois deixa ele voar literalmente, nós humanos as vezes deixamos passar a hora de cortar o cordão umbilical, rsrs.
Beijos!
Pois é, mas também no meio da passarada, segundo sei os melros são das poucas aves que conseguem sobreviver perfeitamente mesmo se não forem soltos tardiamente.
EliminarBeijos!
O melro do campo e o melro da cidade.
ResponderEliminarSe calhar podia falar de mim, mas nao vale a pena ter de ouvir o constante "saiste um bom melro...".
Os melros, aquelas aves, sao praticamente iguais em todo o lado. Ladinos, espantados e desconfiados e ja que estamos em "ados", desafinados, mal sabem cantar, tipo musica pimba "Xinxim, xinxim" e por ai fora.
Acordam a gente na cidade de madrugada, basta uma arvore e bocado de relva e por ali andam a saltitar e voar para um galho.
Parecendo lobos transformados em caes amestrados. Perderam graciosidade e misturam se entre os pombos citadinos. Ate os de bico amarelo vao escasseando...
Valentes eram aqueles que a gente apanhava na aldeia!
Nao levem a mal escrever realidades, pois se iamos aos passaros, era para comer e agora na distancia faziamos bem, pois os melros nao estao catalogados como especie em vias de extincao.
Por vezes e ainda, uma praga, as cerejeiras que o digam.
Podia fazer um comentareio do genero "os ninhos, ovinhos, coitadinhos, passarinhos...".
Nao, sou assim, ou era!
A miudagem de Forninhos, nao ia aos ninhos dos melros, gloria para quem tais encontrava, para escrever poemas ou fazer reunioes de escuteiros. Ia marcar o seu territorio, achei e sera meu e a gente respeitava, era o ninho de fulano e que cada um achasse o seu. Depois ou tirava os ovos e levava para casa, ou ja crescidos e antes que voassem, coisa comum, iam servir de comida na mesa, coisa que nossos pais e avos, agradeciam com gulodice.
Mais tarde viriam os custilos com a formiga de asa, nas sombras das mimosas ou por debaixo das figueiras, com as courelas frescas e a miudagem esperava ansiosa.
"Se apanhar algum melro, ganhei o dia". Tinha mais valor que uma duzia de tralhoes ou meia duzia de piscos e flosas. Era o melro, sagaz, gordinho e anafado que tinha sido apanhado.
Alguns de nos iam de fisga no bolso, mas pouco valia, pressentiam e ainda ralhavam ao voar de escarnio. No gozo.
Ainda apanhei alguns...
Nem sei qual o acto mais cruel: se tirar os ovos e levá-los para casa; se o acto de apanhá-los com a fisga ou custilo! Todavia eram momentos de camaradagem e emoção que marcaram a infância de muitos "melros" (rapazes).
Eliminar
ResponderEliminarOlá amiga,vim retribuir sua carinhosa visita ao meu cantinho.
Fiquei feliz por seguir-me!!!
Obrigada,volte sempre e pegue o meu selinho de agradecimento!
Beijos Marie.
Olá Paula, é admirável como as aves e neste caso concreto o melro faz o seu ninho e com que desvelo cuida dos seus filhotes, preparando-os para os seus voos! Um exemplo e uma ternura! Belíssimas fotos. Adoro ver os biquinhos dos passarinhos a receberem o alimento dos pais!!! Belo "post"! Beijinhos, Ailime
ResponderEliminarOlá Ailime, dada a agitação as fotos do fim não ficaram como gostaria, mas dado o gesto resolvi inseri-las porque achei graça ser o pai a levar o alimento aos filhos e não a mãe. Digo que é o pai, porque segundo sei a fêmea e juvenis são de côr castanha e o macho adulto é que é preto.
EliminarBeijinhos**
Paula, emocionante e bonito post! Gosto demais dos pássaros e dos seus "segredinhos" de vida...
ResponderEliminarAh, amanhã terei "uma grande emoção/alegria"... Na 4ª feira compartilharei por lá... Certamente, você vibrará comigo!
Uma boa semana... Beijos
Cá fico à espera...
EliminarBeijos e boa semana tb.
Que belas fotos e que belo ninho. Dêem-me passarada!
ResponderEliminarNão sabia que o melro era uma ave desconfiada...talvez o seja por ser tão protectora em relação à sua prole, e terá as suas razões.
Calculei logo que o Xico também tivesse ido aos pássaros, quem ia à fruta geralmente também iria aos pássaros. O meu irmão e o meu primo andavam sempre com as suas fisgas. Eu apanhava púcaras, eles apanhavam pássaros, que comíamos. Onde vivi era normal que assim fosse.
xx
E a Laura nunca encontrou um ninho?
EliminarNos meus tempos de garota quando eu e os meus irmãos (2), primas e primos encontrava-mos um, mesmo sem ovos era uma alegria.
Caçá-los à fisga ou ao custilo já era mais coisa de rapazes, mas quando chegava a hora do petisco também todos comíamos.
BJ**
Ah! Diz-se que são desconfiados porque muitas vezes basta o casal de melros desconfiar que o ninho deles foi descoberto que eles matam as crias com um veneno.
EliminarEstes pássaros, pelos vistos, agradecem a nossa distracção e, se calhar, até foi bom não fotografar bem o melro-pai.
Encontrar nunca encontrei, eles é que me chamavam para ir vê-los, nem sei se virá daí também o meu fascínio pelas aves...
EliminarSim, se calhar foi bom não aproximar muito do melro-pai. Não é por acaso que os observadores de aves têm potentes objectivas para poder fotografá-los sem perturbá-los.
Agora essa de matarem os filhos com um veneno se notam ou suspeitam que o ninho possa ter sido ameaçado também não sabia, e que estranho...mas os animais têm comportamentos surpreendentes.
xx
Logo ampliei as fotos e é de impressionar, a feitura do ninho, o aconchego no ninho e o cuidado dos pais com seus filhotes, até que adquiram autonomia...Tudo isso, é de encantar! Aprendi sobre a psicologia do melro, quanto à sua desconfiança com a aproximação do humano.
ResponderEliminarUm abraço, Paula, ótima semana.
Bem-haja.
EliminarA vida deste pássaro, que vive junto do homem, é muito interessante. Nas traseiras do meu prédio há um jardim e já lá tenho visto melros e para mim não são nada desconfiados, já que até me deixam chegar perto, mas ao mesmo tempo viram costas! Por esse motivo são difíceis de fotografar. Mas eu também, diga-se, nunca consegui fotografar um pássaro, seja melro, pardal, pintassilgo,...todos eles fogem de mim.
Gosto tanto de ver ninhos assim, que fofinho os bichinhos ali todos confortáveis, ele gostou do lugar ,pois fez novamente ninho ali.
ResponderEliminarbeijinhos
http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/
Teoricamente a wikipédia, a enciclopédia livre, diz-nos que tanto os machos como as fêmeas podem permanecer no seu território durante todo o ano, desde que o clima seja suficientemente temperado e haja alimento disponível durante o inverno.
EliminarPor outro lado, o XicoAlmeida no seu 1.º comentário praticamente diz-nos que no ramo duma figueira, todos os anos, encontrava um ninho de melros.
Pelo que é bem possível, que os pássaros que foram apresentados anteriormente tenham permanecido no mesmo lugar já que fizeram ninho no mesmo arbusto.
Beijinhos.
Claro que o melro, tem quase qualquer coisa de especial.
ResponderEliminarInspirou fabulas, contos e estorias. Levou os lavradores ate a exaustao, por roubalheiro de na sua esperteza bem os enganar.
Mas claro, tem algo diferente, fica sempre ao nosso lado e feliz, talvez por isso nao se va embora e tenha poemas a seu favoe e cantigas, como esta que vos deixo.
EU TENHO UM MELRO
"os Deolinda".
Eu tenho um melro
que é um achado.
De dia dorme,
à noite come
e canta o fado.
E, lá no prédio,
ouvem cantar...
E já desconfiam
que escondo alguém
para não mostrar.
Eu tenho um melro,
lá no meu quarto.
Não anda à solta,
porque, se ele voa,
cai sobre os gatos.
Cortei-lhe as asas
para não voar.
E ele faz das penas
lindos poemas
para me embalar.
Melro, melrinho,
e se acaso alguém te agarrar,
diz que não andas sozinho
que és esperado no teu lar.
Melro, melrinho
e se, por acaso, alguém te prender,
não cantes mais o fadinho,
não me queiras ver sofrer.
E não voltes mais,
que estas janelas não as abro nunca mais.
Eu tenho um melro
que é um prodígio.
Não faz a barba,
não faz a cama,
descuida o ninho...
Mas canta o fado
como ninguém.
Até me gabo
que tenho um melro
que ninguém tem.
Eu tenho um melro...
(-Que é um homem!)
Não é um homem...
(-E quem há-de ser?!)
É das canoras aves
aquela que mais me quer.
(-Deve ser homem!)
Ah, pois que não!
(Então mulher?)
Há de lá ser!?
É só um melro
com quem dá gosto adormecer.
Melro, melrinho...[refrão]
E não voltes mais,
que a tua gaiola serve a outros animais.
Procurem a musica que vale bem a pena...
Xico, que fotos mais ternurentas! Até embirro um bocadinho com os melros que me vandalizam as plantações, mas os bebés, ah!, os bebés são deliciosos.
ResponderEliminarBeijo
Nina
P.S. Esparregado de favas? Conta, Xico! Como se faz?
Pergunta à mãe!
Obrigada
Paula,achei linda demais essa história do melro e as fotos ficaram incriveis! bjs e ótima semana,
ResponderEliminarObrigada Anne. Estas fotos nem foram tiradas no lugar de Forninhos, mas podiam ter sido, porque ainda há por lá muita passarada a moldar a aldeia, inclusivé, melros, o que para mim quer dizer das duas uma: para as aves a nossa terra continua a ser o que era antes; ou devido aos incêndios de Agosto último das redondezas, toda a passarada concentrou-se em Forninhos, que é hoje o "oásis" para os animais selvagens.
ResponderEliminarBjs e cont. de uma boa semana.
É sempre um enormeee prazer vir aqui, Paula ! Esses trabalhos eram-me tão familiares ao passar por eles na minha aldeia e senti um nostalgia incrível! Mais. Fiquei triste de tantas saudades daquela gente boa sempre com gargalhadas a acompanhar o trabalho. Depois o merlo. Meu Deus como amo esse bicho! Que fazem tudo para salvar os filhotes fazem: há uns tempos, numa tarde quente, vi num arbusto um ninho e quando fui ver de perto, saltou um dos "velhos" com tal velocidade que me amedrontou. O cantar deles e impagável. E o dos piscos que nos acompanham também...
ResponderEliminarBeijinhos para si e para o Xicoooo!
Na poda da oliveira em Outubro encontramos um ninho de melro. A minha questão é, os melros reutilizar estes ninhos de um ano para o outro? Alguém me pode esclarecer por favor? Obrigada
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