O termo "pilheira" significa em Forninhos, a parte da retaguarda da lareira onde se depositam as cinzas sobrantes do último lume, que seria menosprezada, não fora que ainda hoje nos meios rurais protege as culturas da geada.
A propósito de cinzas: já ouviu falar em "ollas"? Eu não. Mas as "ollas" eram o equivalente às urnas cinerárias, normalmente feitas de barro, mas também de chumbo e de pedra onde depositavam as cinzas mortuárias, sendo guardadas no próprio chão das sepulturas ou mesmo na própria casa. E, o termo "pilheira", no tocante aos ritos cinerários, significava o espaço onde se guardam as ollas.
É minha convicção que o termo pilheira poderá remontar a esse tempo em que as cinzas eram guardadas em casa, no lar...nesse tempo longínquo em que os nossos antepassados cremavam os corpos e quiçá guardavam, cada um, as cinzas dos seus.
Desculpem levar a conversa para algo triste, mas tudo faz parte da nossa história, mesmo quando falamos da morte. Já as nossas avós diziam aquela lengalenga que começa assim: "à morte ninguém escapa, nem o rei, nem o papa...".
Desculpem levar a conversa para algo triste, mas tudo faz parte da nossa história, mesmo quando falamos da morte. Já as nossas avós diziam aquela lengalenga que começa assim: "à morte ninguém escapa, nem o rei, nem o papa...".
Cozinha antiga com pilheira. Uma relíquia do passado!
Nunca tinha ouvido falar nesse termo. Interessante, mais uma vez! bjs,chica
ResponderEliminarNós forninhenses muitas vezes o ouvimos e às vezes ainda usamos este e outros termos de Forninhos, mas a palavra "pilheira"consta do Grande Dicionário da Língua Portuguesa!
EliminarBeijos**
Paulinhamiga
ResponderEliminarEm Forninhos acontece cada uma que, cada duas é um par. Dito que a minha Avó Maria (da parte da minha Mãe) também usava. E já agora falar de urnas de cinzas dos mortos leva-me a citar mais uma vez a digna Senhora: Pagar e morrer quanto mais longe melhor...
Essa da pilheira nunca me passara pela cabeça; mas porque estamos todos os dias a aprender agora já passa,,,
Qjs
Pois...como me disse no outro dia: "Um dia em que não aprenda não é dia nem é nada...".
EliminarBeij/Paula.
As coisas que eu aprendo neste blogue!
ResponderEliminarNão conhecia o termo "pilheira",também não conhecia a lengalenga.
Beijinhos e boa semana.
A lengalenga que começa: "à morte ninguém escapa, nem o rei, nem o papa..." eu associo-a à lareira também, pois segue: "Mas escapo eu/Compro uma panela/Custa-me um vintém, meto-me dentro dela/E tapo-me muito bem.
EliminarAlém de que, era à volta da lareira com a fogueirinha viva ou apagando-se conforme a hora da noite, que se jogava ao burro e às adivinhas, contava-se estórias aos filhos e netos, lendas e lengalengas que passaram de geração em geração e agora já não passam, pois os serões agora são a ver televisão ou na Internet. Também as lareiras agora são outras... com outros estilos... outro material...
Paula,
ResponderEliminarPrimeira vez que ouco essa palavra "ollas", e muito menos sabia o significado. pilheira, já imaginei logo uma pilha de lenha. Rs Como se aprende nesse blog!
A morte é um assunto que não gostamos de falar, mas não temos pra onde correr. Como as àvos diziam, ninguém escapa.
Obrigada pelo carinho no caso da Lalá. É complicado, mas temos fé na cura.
Uma linda semana! Beijos
Encontrei a palavra "ollas" por acaso, num artigo sobre as sepulturas escadas nas rochas, em que que elas (sepulturas) serviriam para expôr o cadáver e honrá-lo antes da cremação - uma espécie de velório, ao tempo. Seriam, assim, camas ou campas expositórias.
EliminarO autor desse artigo, colocava ainda a hipótese de algumas das poças que abundam pelas serras, outrora povoados, poderem ter servido de "urnas cinerárias"; para o efeito bastaria uma simples lasca a servir de tampa aos despojos fúnebres incinerados e aí colocados.
Eu até sou daquelas que não acredito em tudo o que vejo publicado na net…mas tal chamou a minha atenção, porque em Forninhos próximo duma sepultura escavada numa rocha está um quadrado escavado noutra rocha, que mede 20x20 cm de lado e 12 cm de fundo.
Embora a Lucinha não conheça, fica o esclarecimento.
Paula, Boa 2ª feira...
ResponderEliminarPost superinstrutivo... Vivendo e aprendendo... Termos e costumes novos hoje vejo por aqui... Obrigada por nos trazer mais e mais de Forninhos!
Um abraço...
Nem de propósito, Anete, também se diz:
Eliminar"Aprender até morrer". Penso que um e outro querem dizer mesma coisa (Vivendo e aprendendo/Aprender até morrer).
Um abraço meu tb.
Os teus post são uma verdadeira relíquia.
ResponderEliminaraqui aprendo os usos e costumes, mais antigos.
Nunca tinha ouvido os termos "pilheira e ollas".
Obrigada pela partilha.
Beijinhos.
Obrigada Mona Lisa.
EliminarQuando ligo o termo pilheira às cinzas que eram guardadas em "ollas"...é porque ainda hoje no que respeita a assuntos sérios e importantes, as gentes juram "Pelas cinzas do meu pai/ Pelas cinzas do meu homem!".
Se no tocante a funerais, só há lembrança de enterramentos, porquê dessa expressão?
Dá que pensar...
Bem...estou "pasma" pois não imaginava tanto história com suas estórias...numa bela povoação como a vossa!!!
ResponderEliminarUm dia destes vou conhecê-la!!!
Bj amigo
Para valorizar este património que são - as pilheiras - era preciso este tipo de post, Graça. E, porque entendo que não é demais falar destas relíquias do passado.
EliminarBj amigo tb.
Tambem "pasmei" com este Post.
ResponderEliminarJá nem lembrava a pilheira, afinal de a lareira ser o coração da casa de Forninhos, anos recuados.
Em salpicos de recordação, ainda vislumbro coisas desses tempos, chão de pedra para a lareira quantas vezes sem chaminé, que em tacanho espaço, tanta coisa reunia. A lareira, a um canto uns tições, um amontoado de de cinza a um lado, na pilheira, as panelas de ferro com três pés, a grande para a vianda, as outras para o caldo e batatas. E a maceira (despensa). Quase esquecia a vassoura de giestas e a tenaz...
Esta, a pilheira, guardava a cinza milagrosa que iria acalmar e fazer durar as as brasas vivas depois de por cima delas espalhada. Iria também servir, juntamente com as borras de azeite, à feitura do sabão caseiro e ao fertilizante e purgante das hortas, principalmente das favas.
No seu calor e fumegar, ajudavam a curtir o fumeiro dos enchidos e presuntos.
E sabe bem recordar aquelas "nossas" velhotas, meio alquebradas, carregando às costas ou à cabeça, molhos de cavacos e pinhas secas, amparadas por mãos magras e compridas, lenço negro apertado no queixo, quando não de roupas arremendadas. Amorosas, até mesmo quando zangadas, arremetiam nos nossos desvarios de quando chegavamos sujos e soltavam o pregão "alma do diabo, parece que vens da pilheira".
Era bonito, e como tal deve ser preservado.
Excelente lembrança a tua, Xico! Com cinzas e borras de azeite faziam o sabão caseiro!
EliminarFalha minha.
No que respeita à lareira e serões de Inverno - agora que a hora mudou - vê o que nos diz o Sr. Pe. Luís Lemos, em "Penaverde, Sua Vila e Termo":
"No Verão, noites pequenas, e excesso de trabalho, nem sempre se reza, ou não se reza tanto. Mas no Inverno, em todas ou quase todas as casas, observa-se o piedoso costume. Momentos de paz e de ternura esses, em que a nossa fé de criança nos faz imaginar os santos, àquela mesma hora de mãos postas em seus altares, pedindo a Deus para nós o que nós pedimos, e o rumor do vento ou das panelas a ferver nos lembra o mar em luta contra náugrafos e navegantes para quem se pediu porto, ou o cortejo dos finados nos caminhos da Eternidade.".
Gosto do Livro deste Sr. Pe., porque escreveu o que era a ruralidade, o viver e o sentir das pessoas da sua terra e do seu tempo. Etc...
Nunca tinha ouvido falar do termo "pilheira", e nem sabia que a cinza é ainda hoje utilizada para proteger as plantas da geada. Tal como nunca tinha ouvido falar de "ollas", e achei muito interessante a relação feita entre a pilheira as ollas.
ResponderEliminarAquela cozinha é de facto bem antiga!
Falar da morte e dos seus ritos é essencial para compreender a própria vida.
Gostei do provérbio. Realmente à morte ninguém escapa, e na morte somos todos iguais.
Gostei muito do post. Sobretudo porque aprendi alguma coisa.
Boa semana, Paula!
xx
O que me disseram é que a cinza utilizada na terra, tem por fim evitar que os pássaros comam as sementes, por exemplo, do cebolo, já que assim têm mais dificuldade em vê-las e serve também para aquecer a terra. Presumo que da geada!
EliminarQuanto à cozinha, como se vê tem as paredes negras do fumo, o que quer dizer que foi bastante usada, mas hoje está em ruínas e já ninguém vive neste tipo de casinha/casa rasteira. Mas há outras iguais em Forninhos, pois a preocupação do homem antigo não era a grandeza da casa, mas a fartura das terras. Há até um ditado que diz: “casa em que caibas e terra que não saibas”.
Boa semana, Laura!
Interessante, saber como eram os ritos funerários antigamente, apesar de morrer de medo desse assunto é importante saber como eram. Adoro vir aqui sempre saio mais rica em conhecimento. Também vejo muita semelhança em nosso passado.
ResponderEliminarBjos tenha uma ótima semana.
Já deu para perceber que tem receios deste tipo de assunto, mas trouxe agora esta temática porque dentro de dias é "Dia de Finados", um dia para recordar com muita saudade os que partiram e que ficaram na nossa memória.
EliminarAo longo dos tempos, em todas as regiões, os ritos funerários sofreram mudanças. Dantes existia a crença, por exemplo, de que as almas dos mortos desciam à terra nos locais de nascimento no dia 31 de Outubro, hoje, em muitos lugares, festeja-se o dia das bruxas ou o Halloween.
Bjos. Cont. de boa semana.
Boa noite Paula, hoje foi tudo novidade para mim!
ResponderEliminarComo já tenho dito a vossa aldeia é riquíssima em património que devia ser preservado!
Na minha aldeia a cinza era colocada ao lado da lareira, mas levada para fora para junto dos excrementos dos animais para produzir um bom adubo para as sementeiras , se é que não estou em erro!
Muito bom vir aqui e aprender sempre mais!
Beijinhos e boa semana.
Ailime
Bem vistas as coisas, Ailime, a cinza guardada na pilheira tinha e tem bastante utilidade. No fundo, servia como estrume, fertilizante caseiro e é facto que hoje a cinza da lareira ainda enriquece a terra. Claro que falamos da cinza proveniente do material usado de lenha de pinho, oliveira e até das vides da videira, etc...
EliminarAs cinzas dos mortos ou cinzas mortuárias depositavam-se em "ollas", feitas de barro, de chumbo e de pedra sendo guardadas no próprio chão das sepulturas ou mesmo na própria casa. Isto antes do Cristianismo proibir a incineração, pois segunda a História a Igreja logo nos primeiros tempos do Cristianismo condenou e proibiu, entre os seus fiéis, a prática da cremação dos cadáveres.
Fiz este 'post' convicta que existem ainda alguns resquícios que nos vêm desse tempo longínquo. O termo pilheira, por exemplo.
Só que fica sempre a incerteza, claro está, dada a falta documentação e falta de investigação do passado longínquo de Forninhos.
Beijinhos.
Oi Paula!
ResponderEliminarConfesso que não conhecia essas palavras: Olla e pilheira e gostei de aprender, mas lengalenga já conhecia e ouvia minha vó dizer, à morte ninguém escapa, nem o rei, nem o papa e minha mãe vez ou outra ainda fala isso.
Paula, adorei o post, dei uma olhadinha também nas postagens anteriores e gostei muito também.
Beijos!
Obrigada Fátima e eu, apesar da já quase nenhuma vontade de postar, cá vou continuando a pesquisar e a colocar assuntos que interessem, afinal o saber não ocupa lugar!
EliminarBeijos.
Sempre interessantes os temas que aqui trazem!
ResponderEliminarProvavelmente esse termo "pilheira" ate sera algum regionalismo!
O tema da morte ate vem a proposito, pois e ja daqui a dias, o dia dos "Fieis Defuntos!
E olhem que e dia 2 de Novembro, nao dia 1, esse e o "Dia de Todos os Santos, um feriado que este governo extinguiu!
Um abraco de amizade.
Mas não foi só este governo, foi também a Igreja, porque o feriado do "Dia de Todos os Santos" era um feriado religioso!
EliminarÉ para ser festejado no Domingo seguinte, que este ano até calha no dia dos Finados ou dos Fiéis Defuntos, dia 2 de Novembro.
Quanto à "pilheira" pode até ser um regionalismo, não sei. O que sei é que é um termo antigo que faz também parte da história das casas de um tempo e tal como outros deviam ter sido registados (para bom entendedor...).
Retribuo o abraço.