Há alguns anos atrás, quando quase ninguém na nossa região sabia o que eram empregos, esta era uma ocupação que complementava a agricultura de subsistência. Trabalho árduo, mas rentável para os resineiros e para os donos dos pinhais.
Por aqui e por ali, nos nossos pinhais, lá andavam os resineiros, madrugadores por necessidade e proveito, a palmilhar terrenos difíceis de lata às costas, o ferro e a espátula na mão. O almoço, ou melhor, a bucha, essa vinha presa a cintura num pequeno saco de pano e o bidon do ácido preso no cinto ou presilha das calças.
As mulheres levavam as latas à cabeça para despejar nos bidons estrategicamente colocados nos pinhais e de madrugada, ainda noite, ouviam-se chiar os carros de bois nas serras, para carregar os bidons, iluminados por candeeiros de petróleo, bidons esses que eram trazidos para junto da casa do Sr. Amaral e que o Sr. Virgílio levava na camioneta para a fábrica da Bodiosa.
O pagamento das “bicas” era feito normalmente na taberna do Augusto Marques ou Zé Matela e regado com o belo tinto.
Contributo, Foto e Texto: XICOALMEIDA
Por aqui e por ali, nos nossos pinhais, lá andavam os resineiros, madrugadores por necessidade e proveito, a palmilhar terrenos difíceis de lata às costas, o ferro e a espátula na mão. O almoço, ou melhor, a bucha, essa vinha presa a cintura num pequeno saco de pano e o bidon do ácido preso no cinto ou presilha das calças.
As mulheres levavam as latas à cabeça para despejar nos bidons estrategicamente colocados nos pinhais e de madrugada, ainda noite, ouviam-se chiar os carros de bois nas serras, para carregar os bidons, iluminados por candeeiros de petróleo, bidons esses que eram trazidos para junto da casa do Sr. Amaral e que o Sr. Virgílio levava na camioneta para a fábrica da Bodiosa.
O pagamento das “bicas” era feito normalmente na taberna do Augusto Marques ou Zé Matela e regado com o belo tinto.
Contributo, Foto e Texto: XICOALMEIDA
Neste trabalho por nós realizado, há uma recolha de tudo que estava a cair no esquecimento e em desuso como é também o caso desta tarefa feita por homens que se dedicaram à extracção da resina – os Resineiros.
ResponderEliminarCom este artigo tenho a certeza que ficaremos a compreender um pouco melhor o nosso passado, que não foi assim há tantos anos, pois eu ainda recordo o meu tio Abel e filhos, depois o Ernesto e outros rapazes da minha geração e ainda algumas mulheres que também colaboravam na colha.
Hoje duvido que alguma vez voltem a ser sangrados pinheiros na nossa aldeia ou que alguém se dedique a este tipo de trabalho, por isso, será importante a colaboração de todos, para melhor conhecer esta arte antiga e já desaparecida na nossa região.
Como muitos já devem ter reparado, mudou-se um pouco a aparência do blog e outras coisas irão mudar, como por exemplo, a quantidade de membros do blog, visto que dos muitos que se prontificaram a ser colaboradores, apenas uma minoria chegou a participar de facto no blog. Assim, até ao dia 09.11.2010 vão ser retirados os nomes dos participantes “fantasmas”, a não ser que participem até lá.
Saudações forninhenses
Paula Albuquerque
Recordo que ha varios anos fui por curiosodade acompanhar o Ernesto na resina (se calhar ja nao se lembra, vao uns anitos...), mas eu lembro e sinto o cheiro da resina e do acido que queimava as maos e os olhos, o perfume da esteva das giestas e fetos, a gulodice das putigas,etc.(e uns cachos roubados para refrescar).Era o pulsar da natureza em todo o seu esplendor, que fortalecia a alma a estes bravos trabalhadores.
ResponderEliminarHouve uma altura em que o meu pai tambem acarretou bidons de resina para o Sr. Virgilio, com as vacas.
Normalmente acompanhava-o a ele e minha mae, que era para segurar os animais enquanto subiam os bidons para o carro de bois.
Partiamos ainda noite, por causa do calor que se avizinhava e as vacas nao ficarem impacientes com a picada dos moscardos.
Numa dessas madrugadas, tinhamos acabado de chegar ao Castiçal, lua cheia que transformqava as sombras em fantasmas.
De repente numa clareira a poucos metros surge uma loba , para, olha, fareja; as vacas ficam impacientes e o meu pai tenta acalma-las.
Nota-se nervosismo na loba que solta um uivo e de imediato, em fila indiana, surgem tres lobinhos que se juntam a mae e qual procissao, seguem rumo as suas vidas.
Foi bonito!
Esta foi uma arte que nunca pratiquei, mas lembro-me muito bem das carradas de resina que eram levadas para bodiosa-viseu, e moselos (alvaro pinto) também nos arredores de Viseu.
ResponderEliminarEra uma actividade, que, pela sua natureza, trazia proveito a todos. Quase toda a gente tinha, mais ou menos pinheiros, e cada pinheiro tinha uma, duas e até três bicas como nos mostra a foto, e eram pagas á bica, não ao pinheiro.
Ganhava o proprietário, ganhava o contratante da exploração e o pessoal contratado para a recolha, e assim, todo o produto da exploração ficava na aldeia.
Um abraço a todos
esta é uma actividade quase desaparecida das nossas florestas.os resineiros foram no meu concelho (PEDROGÃO GRANDE) uma das mais importantes fontes de rendimento.
ResponderEliminarcumprimentos a todos
Os resineiros também fazem parte da minha memória e talvez há uns 20 anos ainda se viam nas matas os canecos que eles colocavam e quando estavam cheios faziam a colha com a espatula para as latas. As latas eram carregadas á cabeça quase sempre pelas mulheres e era um trabalho dificil porque os caminhos não eram sempre direitos e as latas cheias pesavam muito.Mas em Dornelas inda se faz este trabalho.
ResponderEliminarEsta é uma das muitas profissões que com o passar do tempo se vai extiguindo, por acaso nunca vi como essa actividade era feita, porque na minha terra não era uso a exploraçõa resineira, mas pelo que me contaram e pelo que ainda vou ouvindo, devia ser uma actividade um tanto ao quanto pesada, nos meus passeios pelos pinhais junto de Forninhos ainda é possivel ver em alguns pinheiros, vestigios dessa actividade assim como alguns canecos em barro e outros já mais modernos feitos em plástico, espalhados um pouco pelos pinhais, lembrando esses tempos.
ResponderEliminarÉ verdade João. Havia esses canecos de barro avermelhados e depois os de plástico pretos. Na Vigaira, junto a um balado, o meu pai tinha lá sempre um desses canecos de barro e dizia para não o tirarmos dali, pois era para os resineiros poderem beber água. Depois, se não me engano, os canecos de resina chegaram a ser substituídos por sacos de plástico.
ResponderEliminarO trabalho era árduo e ainda mais porque feito no tempo quente, aliás, a extracção da resina era feita no Verão e quando o Verão era quente mais rendia, de qualquer forma, foi uma actividade importante para muitos jovens, pois ganhavam mais num dia na colha, do que dar um "dia para fora" ou a trabalhar nas obras de construção civil, mas muitos, homens e mulheres, acabaram por emigrar.
Boas tardes a todos.
ResponderEliminarParece-me que o pessoal esta pouco partilhante no Blog, da crise nao acredito, basta ir ao bau das recordaçoes e no meio de tanta coisa, encontra-se tambem alegria.
O Sao Martinho esta proximo, mas para animar as hostes, aqui vai uma cançao:
Resineiro engraçado, engraçado no falar,
Resineiro engraçado, engraçado no falar,
O i oai, eu hei-de ir a terra dele,
O i oai, se ele me la quiser levar.
Ja tenho papel e tinta, caneta e mata-borrao,
Ja tenho papel e tinta, caneta e mata-borrao,
O i oai, p'ra escrever ao resineiro,
O i oai, que trago no coraçao.
Resineiro e casado, e casado e tem mulher,
Resineiro e casado, e casado e tem mulher,
O i oai, vou escrever ao resineiro,
O i oai, quantas vezes eu quiser.
Agora todos juntos a cantar:
Resineiro engraçado...
...engraçado no falar,
ResponderEliminarO i oai, eu hei-de ir a terra dele,
O i oai, se ele me lá quiser levar.
Só tu Xico para animares este dia chuvoso. Esta cantiga ilustra bem a figura do resineiro que, segundo diziam, eram uns namoradores e românticos.
Boa tarde
ResponderEliminarEm Forninhos ainda existem esses canecos de barro na taberna da Tia Graça ,sempre que vou a forninhos mais uns amigos bebemos pelo caneco acopanhados pela ponheta de bacalhau que só a tia Graça faz .Paula os sacos plásticos não vieram substituir os canecos porque a resina dos canecos sempre foi feita para as latas ,nos sacos colocavamos a raspa que é sempre feita primeiro que a colha ,tenho saudades desse tempo tempo duro onde se tabalhava muito mas no final havia sempre umas almoçaradas .
Um abraço
Fernando
Obrigada pelo esclarecimento. O teu comentário revela saudade, o que só as lembranças das coisas boas desperta.
ResponderEliminarO trabalho de resineiro(a) como dizes era duro, pois não era fácil palmilhar terrenos difíceis de lata, ferro e espátula na mão, a alimentarem-se de seco, muitas vezes acusados de roubarem alguma "sobremesa", nas macieiras, pereiras ou videiras, o que era normal quando se deslocavam às nascentes para saciarem a sua sede. As mulheres de lata à cabeça, tendo como único apoio a rodilha,para ajudar a suportar o peso das latas cheias. A rodilha era um tipo de almofada, de forma circular, abertas ao centro, feita com trapos.
Temos de facto muitas palavras relativas à resina, palavras que também estão a um passo de irem para um museu.
Um bom fim-de-semana a todos
Olá a todos.
ResponderEliminarEsta arte de resineiro, já extinta como aliás, a maioria das artes praticadas nas nossas aldeias, podem ainda ser contadas e testemunhadas pelas pessoas que as praticaram, como parece ser o nosso comentador Fernando, que embora não saibamos quem é, parece conhecer bem esta arte, por isso eu gostava de fazer uma pergunta: como se chama aquela ferramenta que o resineiro da foto usa em cima do caneco? Sabemos, e isso dá para perceber, que serve para que as corcódeas não caiam na resina que porventura já está dentro do caneco, mas não sei o nome.
Quanto aos sacos de plástico usados pelos resineiros, talvez em forninhos não tenham sido usados, mas em algumas localidades, já se usavam uns saquitos próprios colados ao pinheiro, para onde a resina escorria. Como já disse, não estou muito á vontade para falar desta arte, mas lembro-me de ver em algum lado estes sacos.
Pois não lhe tiro a razão SR.ed santos,por acaso numca vi esses sacos, mas posso lhe dizer que a farramenta usada para cobrir o caneco tinha o nome de raquete,era feita mais um pouco maior que o caneco para assim se poder efectuar outros trabalhos mantendo a resina limpa.
ResponderEliminarFernando
Olá
ResponderEliminarGostaria que me informassem,onde existe um museu do Resineiro,ou se ainda existem por ai pessoas no activo,ou idosos que o fizeram, pela seguinte razão:ando a fazer uma recolha Video sobre essa profissão,desaparcida.
Desde já um muito obrigado,e os meus parabéns pelo vosso trabalho.
O meu Email é: vmmbrito@sapo.pt
Os meus cumprimentos
Vitor Brito
SEIA
era a bela epoca e pena nao ter continuado
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