Neste Sábado, dia 2, deve ter sido o dia em que mais cachos se cortaram e pisaram em Forninhos, o dia esteve bom e, por ser Sábado, as famílias de Forninhos, já um pouco cansadas, tiveram a prestimosa ajuda de familiares e amigos que trabalham fora. Este ano a produção é muito boa e abundante, por isso se vê o sorriso nos rostos das pessoas.
As cepas velhinhas estavam carregadas
As uvas são sãs e bonitas
Os pés dos mais velhos ainda pisam com calma e sabedoria
O mosto em alguns lagares já ferve
A dorna já espera o canganho, uma vez que já não serve para o transporte das uvas
O alambique aguarda para fazer a aguardente
E por fim o bicho descansa à sombra da couve-galega
Como estamos no tempo das vindimas, logo as pisas estão também na ordem do dia. Nos lagares ainda se mantém a tradição de pisar as uvas e como a 3.ª foto o demonstra, os pisadores estão bem compenetrados, o que vai dar de certeza uma bela pinga :))
ResponderEliminarEste blog já aqui trouxe uma exposição de ferramentas de carpintaria (etiqueta: “artes antigas”). Aproveitando o tema das vindimas (e tudo a elas ligado) e porque a maior parte da juventude de hoje desconhece, queria fazer destaque à arte da tanoaria que na nossa freguesia já foi uma arte de grande procura, sobretudo nos meses de Agosto e Setembro, onde os agricultores procuravam o carpinteiro, que nesta altura era o tanoeiro da aldeia, para reparar as suas pipas e dornas e mesmo para fazer encomendas para pipas novas, conforme a colheita que iriam ter e, assim, se preparava tudo para receber o mosto que ira escorrer dos lagares.
Embora todos os artífices de todas as áreas mereçam a maior consideração, certo é que são pouco lembrados. Não me lembro, por exemplo, na nossa aldeia alguma vez ter sido homenageado um Carpinteiro, um Pedreiro, um Sapateiro, um Resineiro, etc…pelo reconhecimento do seu trabalho, que foi de grande utilidade para a região e muito se lhes deve.
“Uma couve crescia, crescia…”
Não há terra como a nossa, até no alcatrão cresce a couve-galega. M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O!!!!!!!!!!!!
Serão tempos de esperança?
É verdade, quando se fazia as vindimas já os pipos, pipas ou tonéis, assim chamados conforme o seu tamanho, deviam estar consertados e lavados. Nesta altura viam-se os pipos ou pipas mais pequenas na rua fora das adegas, com água nos tampos e de onde emanava um agradável odor a sarro (crosta que adere ao longo dos anos á parede interior da vasilha.
ResponderEliminarQuanto aos artífices, também estou plenamente de acordo com aluap quando diz: são pouco lembrados, eu diria mesmo, nada se tem feito para que as memórias dos nossos artesãos se mantenha viva.
Hoje poderíamos registar estas artes, não só com as ferramentas usadas pelos artífices, como ainda o seu testemunho vivo das pessoas as usaram. Amanhã, vai acontecer o mesmo que aconteceu em povoados como o da gralheira, que á falta de registo, só nos resta o imaginário.
Para mais tárde recordar , finalmente alguem se lembra de mostrar as beldades da nossa bonita e amada aldeia.
ResponderEliminarJosé Melo
Olá Zé António. Bem Vindo! Este espaço, como já deves ter percebido, é de partilha. Espero que também possas ajudá-lo a enriquecer com as tuas memórias, ok?
ResponderEliminarE depois dos pipos serem enchidos de vinho novo é altura de juntar o canganho e fazer-se a aguardente de bagaço que era feita nestes alambiques artesanais de cobre. Era com esta aguardente caseira que muitos homens matavam o bicho logo pela manhã, no Inverno.
A aguardente, se pensarmos bem, era um líquido que tinha muita utilidade em tempos recuados, servindo de mata-bicho, de desinfectante em substituição do álcool, para alívio de dor de dentes, de digestivo após as refeições e era também remédio contra gripes e constipações. Se não me engano, fazia-se um “xarope” com limão, mel e aguardente.
De referir também que, se todas as famílias faziam esta aguardente de bagaço, para uso doméstico e dar aos amigos e familiares (principalmente aos que residiam fora), certo é que, só algumas pessoas possuíam estes alambiques. Recordo-me em alguns pátios ver os alambiques, que normalmente funcionavam à noite, embora não me recorde bem como se obtinha a aguardente. Lembro-me que a fogueira que não podia ter uma chama forte e tenho uma vaga ideia de que se mudava a água e substituía-se o canganho e ía-se provando a aguardente.
Para memória futura e para que elas continuem vivas nas nossas memórias, é urgente que se registe estas vivências e tradições que foram passando de geração em geração, senão qualquer dia apenas resta às futuras gerações de forninhenses ler os livros de escritores que se inspiraram nestas vivências, estou a lembrar-me, por exemplo, de Miguel Torga in Vindima.
Olá Forninhenses, esta é a1ª vez que faço um comentário, é verdade estamos em época de vindimas, época essa como outras ente as quais Páscoa , Natal e o bom periodo das férias, nos faz voltar à nossa (vossa) terra para o matar das saudades, o convivio e o participar nas actividades que ao longo do ano vão decorrendo, mas as vindimas é daquelas que mais aprecio porque é das que mais foge á rotina e que no fim nos dá o prazer de ver o esforço de um ano de trabalho, espero continuar a comentar mais vezes.
ResponderEliminarOlá a todos
ResponderEliminarBem-vindos ao blog, Zé António e J Seguro. Espero também, ver muitos comentários vossos neste espaço que é de todos, e em especial, de todos os que gostam de Forninhos.
Em relação á questão levantada por aluap; é verdade, o canganho era colocado nestes potes de cobre, depois de colocado um pouco de palha no fundo para que não agarrar. Em cima saía um tubo também de cobre que passava por um tambor cheio de água fria, em forma de serpentina por onde saía o vapor emanado do aquecimento do canganho e transformado em líquido (aguardente) ao passar pela água fria.
O lume era brando, para que saísse lentamente.
Depois destes métodos artesanais, já apareceu outro mais moderno que fazia a aguardente muito mais rápido, havia um em forninhos, isto, se não estou errado, apareceu na década de 70, mas também este já foi ultrapassado, e confesso, não sei como a fazem hoje.
Um abraço amigo a todos.
Como diz o povo “quem corre por gosto não cansa” e eu sei bem que tu João é com grande satisfação que ajudas nesta tarefa anual. E também sei que não será um sacrifício colaborares neste espaço que é de todos e como diz o Sr. Eduardo "..., em especial, de todos os que gostam de Forninhos.", portanto, cabe a todos, se assim o entenderem, enchê-lo de história.
ResponderEliminarObrigada, mais uma vez, pelas belas fotografias que me enviaste da vindima do tio Carau, que me fizeram reviver saudosas memórias da minha infância.
Ainda as vindimas...
Na parte final do comentário, o João refere que: “…no fim nos dá o prazer de ver o esforço de um ano de trabalho..”
Pois é…depois da vindima, a vinha fica em descanso durante a época das chuvas e perde as folhas, mas ainda é na época do frio que começa de novo a faina: cortam-se as pontas para facilitar a poda e, assim, o trabalho ao podador e até à vindima há muito trabalho a fazer. A escava, o atar, o enxofrar, sulfatar ou curar, desfolhar. Não sei se estou a usar os termos correctos e a ordem, pois sei que hoje as técnicas e os químicos são outros, mas de certeza que continua a ser um trabalho árduo, mais a mais, numa aldeia onde as pessoas, como diz o Sr. Eduardo no intróito deste post, estão já cansadas e têm de contar com a prestimosa ajuda de familiares e amigos que trabalham fora.
Em relação à forma como antigamente era feita a aguardente, ainda há quem utilize o alambique artesanal de cobre, mas a maior parte acho que recorre às Cooperativas, mas vou confirmar, pois não tenho a certeza.
É verdade os tempos mudaram e a maior parte das pessoas faz a aguardente nas coperativas.
ResponderEliminarÉ pena que numa aldeia como a nossa onde há casas de turismo rural elas não terem nenhum apoio da nossa autarquia para se promover a vindima principalmente o pisar das uvas para os turistas participarem.Pois vê-se muitas vezes na televisão os turistas a pisar e a cantar e vê-se que gostam bastante.
Será que as casas pediram algum apoio? ou tiveram alguma iniciativa que podemos registar nesta época e que não teve apoio? a lopes parece estar por dentro do pedido de apoios ... ou então é só para criticar...
ResponderEliminarEm relação à forma como presentemente é feita pela maioria das pessoas a aguardente de bagaço, confirma-se que é nas Cooperativas da zona, designadamente, em Sezures e Rãs.
ResponderEliminarEm relação ao apoio, ou melhor, falta de apoio, às Casas de Turismo “Fonte da Lameira” e “Camélias da Beira”, por parte da autarquia, onde os proprietários das mesmas tiveram vontade e coragem de investir, concordo que era bom que para sobreviverem houvesse apoio de promoção, não só em altura de vindimas, mas também em qualquer outra altura. Mas também é um assunto que não domino bem e que nem sequer consigo entender bem, na medida em que, pelo menos, houve uma Quinta que este ano beneficiou de promoção. Talvez “Z.” desconheça (ou não), mas aquando da Caminhada da Natureza deste ano, promovida conjuntamente pela CM de AGB e JF de Forninhos, um dos “Pontos de Interesse” foi a “QUINTA DE SANTA MARIA – Herdade privada de produção vinícula e frutícola. Propriedade actual da família Pires, continua a ser um local de tradição na produção do Vinho Dão nesta freguesia.”
Será que esta Quinta pediu algum apoio? Ou terá sido a família Pires que sugeriu à Câmara e Junta que no percurso pedestre fosse incluída a sua Quinta? Tal como “Z.” também tenho dúvidas…ou então o apoio e promoção existem só para amigos…
O QUE JÁ VAI PARA AQUI!!
ResponderEliminarSerá que nesta terra se não entende, que só a união faz a força?
Casas de turismo, quintas como a que é mencionada, e rentabilizada como foi, só podem e devem servir como exemplo, e indicar o caminho às gerações activas de uma aldeia do interior como é forninhos e servir de cartaz para divulgação.
Ainda há muito para fazer, e pode ser feito. E quem sabe enviar “farpas” também saberá dar as suas opiniões construtivas, disso não tenho dúvidas.
A nova autarquia ainda não teve tempo suficiente para unir e fazer o que, com certeza se propôs, mas eu estou ciente, que fará juntamente com a autarquia municipal, com que esta terra, que apesar de tudo, ainda mantém os bons costumes das gentes beirãs, para desenvolver a única saída que resta a estas aldeias típicas, que é o desenvolvimento turístico, uma vez que tem excelentes condições para isso. Basta querer.
Olá,
ResponderEliminarComo fazemos parte da região vinícola do Dão, o vinho ainda é uma das culturas mais marcantes, e como prova de tal facto este ano, foi um excelente ano para as vindimas; tivemos bom tempo, uvas com qualidade e uma boa produção !
O dia das vindimas continua a ser um convívio alegre para todos os habitantes forninhenses.
Um abraço a todos os participantes do blog
Iracema
Respondendo á aulap, a escolha quinta de santa maria e outros locais da caminhada deverá ser feita aos membros da junta e á câmara, nãó é isso que queria dizer. apenas não devemos carregar sempre sobre os organismos publicos farpas, pois muito da evolução dos negocios dependem da vontade e trabalho dos privados. todos juntos funcionam melhor e não me parece haver culpados mas sim oportunidades.
ResponderEliminarPrezados Senhores e Senhoras,
ResponderEliminarEstou com uma pequena vinha de 1Ha em Aguieira, Nelas, Viseu e ainda não vindimei este ano no meu terreno. Estou de mudança mas ainda não moro na região e só estarei em Aguieira no início de outubro, lá pelo dia 6.
Procuro desenvolver no meu terreno de 5Ha. em Aguieira (Freguesia de Aguieira e Carvalhal Redondo), uma produção biológica ou biodinâmica de vinho, sem venenos, sem usar fertilizantes convencionais e sem mesmo sulfatar (ou com uma mínima dosagem de sulfataçao).
Procuro fazer nessa safra uma produção puramente de vinho biológico, e, por enquanto, não tenho lagar nem adega para tal, pois adquiri o terreno há pouco tempo e logo em seguida tive que viajar. Eu nem sequer conheço produtores que trabalhem com vitinicultura biologica na Região Demarcada do Dão. Sei que existe pelo menos um, mas, nos preparativos da viagem, perdi o contato dele.
A pergunta que vos faço é um pedido de ajuda e de solidariedade para com um luso-brasileiro iniciante no ramo: Alguém pode me ajudar a fazer todas as etapas para a produção do meu vinho?: escolher e colher as melhores uvas, transportá-las para um lagar, vindimar, colocá-las nas pipas/barris de carvalho ou tonéis de aço inox para envelhecimento e fazer o bagaço no alambique de cobre? Eu posso até comprar o material que se fizer necessário, mas este ano eu ainda não tenho um lugar para produzir e deixar repousar/envelhecer o maravilhoso vinho produzido aí no Dão (Biológico).
Peço-lhes vossa ajuda, pelo menos para salvar a safra deste ano. Pois no ano que vem, se Deus quiser, já terei tudo organizado e só precisarei de ajuda - e também oferecerei ajuda - para a vindima.
Nas cooperativas que visitei, já me informaram que, por falta de capacidade par fazer diferente, vão misturar as minhas uvas e o meu vinho biológicos com com uvas e vinhos não-biológicos - os que ainda são produzidos pela maioria dos produtores locais, regionais e nacionais - e, desta forma, eu seria imensamente prejudicado, não apenas pela quantidade inferior de uvas/vinho que eu produzi ( O que refletiria no custo da produção e do preço final do vinho), mas, ainda, pela inquestionável perda da qualidade do meu vinho biológico, que é inclusive mais saudável para o consumidor. E isso eu não quero me dar ao descaso de fazer.
Alguém pode me ajudar nesse sentido? É só um hectare de vinha. Eu não tenho um trator, mas tenho uma carrinha de 9 lugares para transportar as uvas para o lagar que vocês quiserem. (Se necessário peço um trator emprestado com um vizinho ou alugo um para o efeito) Aí veríamos como poderíamos dividir a minha produção ou de que forma eu poderia recompensar-vos pela vossa enorme ajuda.
Por favor, preciso de conselhos, orientação e de outras formas de ajuda efetiva. Vou ficar na Aguieira tentivamente entre os dias 6 e 13 de Outubro, ou seja, por não mais do que uma semana.
Aguardo a vossa resposta
Com o meus melhores cumprimentos,
Erivan Santiago França Filho
erivansantiago@hotmail.com