Nestes últimos dias, tentei dar uma arrumadela nas minhas fotos e aproveitei para organizar em pastas algumas fotos que fazem o favor de me enviar, para ilustrar as minhas postagens. Da autoria de dois amigos de Forninhos que se assinam como ed santos e J SEGURO, as fotos que se seguem são de palheiras/casas de arrumos/currais de gado/moínhos a água, todas em pedra, melhor ou pior aparelhada, algumas já sem cobertura, outras, com cobertura em telha canal e em telha “marselha”, vestígios do nosso passado colectivo que está em risco de desaparecer:
Infelizmente por toda a nossa Beira granitica, podemos ver muitos exemplos como os que apresenta.
ResponderEliminarPor vezes podiam ser recuperadas mas os proprietarioas por vezes preferem fazer novas em tijolo e cimento mesmo ao lado e nao recuperam as antigas.
Nao parece ser o caso que apresenta mas no entanto aqui fica o desabafo!
Um abraco de amizade dalgodrense.
O meu pensamento também vai por aí, mas sou de opinião que os proprietários que ao lado fazem uma construção nova, parece-me que o fazem com toda a legitimidade e não lhes é, nem pode, ser exigido que façam cópias da arquitectura antiga, até porque todas as épocas têm a sua estética. O que eu acho que é importante fazer-se, por um lado, é que deveria haver normas que obrigasse a respeitar o que existe, pelo menos o aspecto exterior, e não ficar ao critério de cada um; e, por outro lado, deveria haver zonas onde fossem autorizadas então as construções novas (não sei se me fiz entender).
ResponderEliminarAcho que tudo depende da política seguida pelos vários municípios de querer preservar ou não esta arquitectura tradicional, senão cabe unicamente aos proprietários optar pela reconstrução destas casas não habitacionais, mantendo a traça original e até modernizá-las com algumas alterações, por exemplo, de dimensões (a casa da 1.ª foto do post abaixo, “Colheita e Vinificação em Vinho”, propriedade da família Melo é um bom exemplo), mas também em todas as épocas houve ampliações; ou, optar por as substituir por outras completamente diferentes; ou, por vários motivos, outros proprietários acabam por as abandonar ou optar por construir novas mesmo ao lado.
Cumprimentos
Estou encantada com este blog!Estou tentando ve-lo ao todo, devagarinho...postagem após postagem...tudo lindo! Parabéns!
ResponderEliminarum grande abraço
Tina 9 MEU CANTINHO NA ROÇA)
Nada melhor de que este texto aqui reproduzido pela Paula, de Aquilino Ribeiro, um escritor nascido na nossa região, talvez por isso, o melhor interpretador do significado da vida rural das gentes beiras da sua geração.
ResponderEliminarEstas casinhas espalhadas em redor da povoação de forninhos, e que são bastantes, são um testemunho ainda vivo que devia ser preservado.
Estas casas não eram a residência da noite, mas era onde as famílias passavam a maior parte dos dias, desde o nascer do sol até as estrelas aparecerem no céu. Aqui guardava-se o gado, aqui se confeccionavam as refeições, aqui se passava a sesta para aliviar a canseira de uma labuta árdua do dia-a-dia. Em redor destas casas, muitas crianças brincaram e cresceram, muitas delas nunca frequentaram uma escola, mas frequentaram a universidade da vida por muitos e longos anos, e posso-vos garantir que, os homens e mulheres que construíram e viveram nestas casas, tinham muito para ensinar, desde que os quisessem ouvir.
Um agradecimento a Tina, pelo elogio, interesse e participação no nosso blog.
Um abraço amigo para todos.
Olhe Paula, eu nao sou contrario a construcao de casas novas, porque se-lo teria que ser contra mim proprio que construi uma.
ResponderEliminarPena tenho de nao ter tido uma casa antiga para puder recuperar. Tambem creio que em novas expancoes das casas antigas nada ha de errado que elas sejam com arquitectura moderna sempre preservando as partes antidas da mesma.
Para isso teria que haver uma educacao civica e tradicional, para mostrar aos proprietarios o valor dessas antigas construcoes, porque e mais que sabido que por vezes uma construcao nova e mais barata que uma reconstrucao!
O que me da pena e aos poucos estarmos a ficar todos iguais e, deixar-mos cair patrimonio tao antigo e importante!
Renovo o abraco de amizade.
Compreendi, desde logo, o seu raciocínio al cardoso, assim como estou certa que compreendeu o meu. A verdade é que os proprietários destas construções muitas vezes não têm a percepção que ao construírem uma casa nova mesmo ao lado de uma em granito, estão com isso a contribuir para que a identidade mais antiga das nossas aldeias se perca e que paralelamente há espaços onde podem ser edificadas construções novas. Mas por isso é que estamos aqui, com o propósito de discutir como a arquitectura antiga pode ser adaptada à actual e ao mesmo tempo com o propósito de chegar a quem nos lê, que podem ser jovens (netos ou bisnetos) que há muitos anos nem sequer visitam aldeias como Forninhos, bem como assim sensibilizar os nossos autarcas, municipais e locais, de que é preciso incentivar, apoiar, a recuperação destas casinhas, antes que desapareçam de vez.
ResponderEliminar"Alcança quem não cansa".
Um abraço de amizade
De notar que estamos a falar de casas não habitacionais, porque em relação às casas habitacionais muitas têm sido recuperadas, mantendo a traça original e inclusive houve algumas que estavam pintadas e foram picadas ficando a pedra a descoberto, isto porque se calhar houve quem fizesse perceber que copiar modelos que viam por França, Suíça, Alemanha ou Brasil, não era o melhor e que a melhor solução era não demolir ou esconder a casa de granito, mas sim recuperá-la, adaptando-a a todas as condições de habitabilidade. Certo é que, pouco a pouco, se têm recuperado muita casa de granito.
ResponderEliminarEm relação a estas casas não habitacionais é diferente. Aquelas com mais proximidade ao povo/aldeia, algumas até acabam por ser recuperadas para habitação, porque é possível chegar lá a água canalizada e electricidade, mas as mais longínquas, acabam por ser abandonadas. Isto porquê? A meu ver, por uma questão de funcionalidade, que sempre houve, antes & hoje:
I- Antes - população que sempre viveu da agricultura, era nos campos onde passavam a maior parte do dia. Na altura a condução era feita com carros de bois, por caminhos agrícolas que nada têm a ver com os de hoje, para evitar estes incómodos e perda de tempo, aí faziam uma pequena casa, algumas até com fins habitacionais, estou a lembrar-me de algumas que se situam junto a propriedades com água, onde algumas famílias aí fixaram a sua residência, pois sendo custosa a condução de lenha, estrumes para os currais e depois destes para as terras, aí encontram vantagens, como de terem ao pé da porta, água, lenha, hortaliça, gado, aves e animais domésticos, estrumes e sem o incómodo de todos os dias caminharem para a aldeia, o que interessava era um abrigo onde a funcionalidade superasse a comodidade.
II- Hoje, a população também ainda vive da agricultura, mas não passa o dia no campo, mas sim na sua residência e a prioridade é a sua comodidade. Ninguém quer, por exemplo, a presença de animais no piso térreo da sua casa de habitação. Então, a solução passou por construir, próximo do povo, casas/barracões em tijolos, blocos de cimento, telhados em chapa de zinco e outros materiais, que deformam, é certo, a beleza natural, mas que foi o rumo seguido e continuará a sê-lo, caso não sejam sensibilizados para construir, sim, mas com qualidade arquitectónica.
É triste ver as coisas assim ao abandono e destruidas,mas como cada vez há menos pessoas nas aldeias muitos campos tambem foram abandonados e as pessoas desinteressaram-se por estas casitas.
ResponderEliminarÉ com alguma tristeza que vou assistindo ao degradar deste tipo de habitação, que no passado teve uma relevante importancia, porque era neste tipo de habitação, que muitas familias tiravam o seu sustento, por exemplo os moinhos de água, é certo que no presente estes metodos arcaicos já não conseguem competir com as novas fábricas onde se moem os cereais, este tipo de habitaçao podia muito bem ser aproveitado ao ser integrado numa nova habitação, ou seja reconstruida com a mesma traça mas no interior proporcionar uma bela e confortavél casa moderna, mas aqui o problema é estas construções se situarem bem fora das localidades.
ResponderEliminarEm minha opinião, os donos destas casinhas não são tolos, claro, que não as vão restaurar, a não ser que precisem delas, porque o campo, tal como as casas, foram abandonados, e, alguns que ainda são cultivados são-no só pelo braço dos mais velhos e já cansados, salvo raras excepções, claro, como ainda há algumas em forninhos. Mas não devem ser destruídas, porque marcam uma época, tal como hoje ainda vemos alguns vestígios de castros, amanhã também poderão ver estas casas em locais onde outrora, os terrenos em sua volta foram cultivados.
ResponderEliminarJá quanto às casinhas do povoado, tenho opinião diferente, estas devem ser protegidas e se possível restauradas, mantendo a traça original. A zona urbana pode e deve expandir-se com as habitações modernas, embora respeitando o estilo regional, o que já vem acontecendo.
Cabe às autarquias locais, proteger a zona histórica, porque qualquer que seja o tamanho de uma aldeia, mesmo sendo pequena, tem sempre uma zona histórica, e esta sim, pode e deve ser preservada, com o empenho dos seus habitantes, mas principalmente pelas entidades autárquicas.
Forninhos tem na sua história, diferentes exemplos de construções de todas as épocas, desde as cavernas de S. Pedro, na Gralheira, às construções tipo dolménico, casas rasteiras, casas de baixos e altos, até à casa de cimento. Vale ou não a pena salvaguardar este tipo de património, arquitectónico, arqueológico, paisagístico, cultural?
ResponderEliminarModéstia à parte, acho que nós aqui (ainda que sejamos só meia dúzia) já o estamos a fazer, porque uma das formas de preservar o património, seja ele qual fôr, é divulgá-lo,é dá-lo a conhecer. Portanto, vamos continuar a nossa caminhada...
Provavelmente muitos de vós não conseguem situar todas estas casinhas, mas a última foto é do lugar do “Poço do Carro”. Este lugar, por exemplo, tem uma história. Conta-se que um lavrador se deixou afogar ali, para onde os bois junguidos ao CARRO, se precipitaram, levados pela sede e picados pelas moscas, desaparecendo tudo no turbilhão das águas. Então o Bombo, arquiavô do último moleiro, que era bom nadador, correu em auxílio do náufrago, mas de nada lhe valeu os seus esforços e sumiu também, no mistério das águas.
Quantas histórias haverá por contar ligadas a estas casinhas, campos de cultivo e às nossas gentes?
Ola
ResponderEliminarEstas casinhas em granito ainda se encontram muitas na nossa Aldeia,algumas distantes da povoação outras mesmo no centro,na rua do outeiro está uma dessas casinhas que serviu para habitação,mas não se encontra nestas fotografias foi nessa casa que eu dormia com uma tia velhinha,quando eu era criança,não tinha janelas só se via luz do dia entre os buracos que existiam nas paredes e pelas telhas que deixavam passar os raios do sol,quando no inverno nevava era preciso retirarem a neve do lado de fora para podermos saír.Como tudo mudou mas a casa ficou, agora com o telhado caído à espera que alguém se lembre de a reconstruir.
Um abraço
Iracema
Se não me engano essa casinha situada na R. do Outeiro que a Iracema refere já aqui foi publicada no Post "Casinhas também são Relíquias". Vidé, Etiqueta "Casinhas de Forninhos", última foto.
ResponderEliminarEste tipo de casinhas rasteiras geralmente são de pequenas dimensões, tanto no cumprimento como na largura, talvez não ultrapassem, atinjam os 3 metros de altura. Normalmente têm só 1 porta, é sem janelas, têm, quando muito, 1 janelo na cozinha, para deixar sair o fumo. E eram assim, em Forninhos, algumas casas há 50 anos!
Iracema,
ResponderEliminarEssa tia velhinha, nao era tambem minha tia?
A casa nao era em frente a casa dos teus pais, meus tios?
Agora percebo a razao de quando ia a tua casa "arrear-te " a vassourada, a ti e a tua irma Fiquita, tu fugias e desaparecias como se fosses engolida por uma buraco.
Eras danada, mas eu era tao mauzinho.
Um beijo para ti, batoteira!
Esta ultima foto tenho a certeza de ser o antigo moinho dos valagotes.
ResponderEliminarQuando vou a Forninhos, raramente deixo de visitar este local, para mim um pouco de retiro espiritual.
Desde miudo que adoro este sitio, caita de pesca no carro, apanhar umas bogas, merender o silencio,a quietude da paz e uma bebedeira de felicidade.
O peixito pica, mas o olhar esta no moinho, como retorno a minha infancia.
Fecho os olhos ao som do ralhar do milhafre em direçao a Sta. Eufemia, vejo o Ti Moleiro, com a burra ajougada de sacas de trigo, vinda de Forninhos, para moer para as morcelas da matança do reco. Trigo era luxo.
Costumava dar castanhas piladas, duras que nem cornos, mas que duravam mais que pastilhas elasticas e alimentavam.
Com o regresso da chuva, o canal que leva agua ao moinho, voltou a correr e faz girar a mo debaixo da qual surge o po branco que cobre de alvura as paredes e as teias de aranha; ate mesmo o saco das castanhas.
A farinha mais fina escapa ao reservatorio e salta para os nossos olhos, cara e recordaçoes.
O milhafre ainda planeia , agora em silencio, em respeito pelo Ti Moleiro e por aquele po com que se pintam as lembranças e as asas dos anjos.