Pensava eu em menino que era o sítio mais alto de Portugal.
Na primária, ensinavam os nomes dos rios e serras...e as linhas de comboio que nunca tínhamos visto.
Afinal a nossa serra deslumbrante, que sempre fervilhou de passarada, cantada pelo uivar dos lobos, pelo assobio dos lavradores, pelas ceifeiras madrigais do mês de Junho cantando a desgarrada...e os pastores gritando: "acudam que é lobo..."!
O Henrique trouxe estas fotos, bem lindas por sinal e com elas sentimentos quase infantis, aquando a garotada ia procurar aventuras por estas serranias e sabia tão bem...
Para a esquerda, os Cuvos, terra pobre que pouco mais dava que uns bons chícharos e um milho miúdo.
Para a direita, S. Pedro, terra de bom centeio e pinheiros fortes de bicas que chegavam a ter quatro canecos de resina. Lameiros de bom feno e ranchos de gente feliz, como fomos.
Dizem que se chama marco geodésico, mas para mim continua a ser os olhos do mundo. Do meu!
Olá Xico!
ResponderEliminarFotos bonitas mesmo!...
Duas expressões se destacaram bastante para mim: " Ranchos de gente feliz" e "Os olhos do mundo. Do meu!"
Abraços imensos p você e Paula...
Ainda persiste este cheiro da resina dos pinheiros, Anete.
EliminarEntranha a alma como por magia e a gente de olhos fechados, sente um pouco da vida. do pouco que vai restando das sombras da serra.
O balir de uma ovelha parida, o piar da coruja e do mocho..Bonita a "minha"serra,, pois claro.
Lindo os olhos do TEU mundo e com o olhar infantil! Lindas fotos e lembranças! bjs, chica
ResponderEliminarOlhos de cobra!
EliminarTal dizem e porventura com alguma razao por terem abrindo nos caminhos destas serranias, no carro de bois que por entre fragas e calhaus, se compunha a vida dos nossos pais.
Achava eu e outros que ali no alto do Castelo, eramos os maiores do mundo, mais altos e perto do infinito, quando afinal a altitude estava mais perto do mar do que do Ceu...
Ficam os olhos e na proxima semana, vou ali olhar. Com os meus olhos!
Era uma das maiores atracções distantes da nossa meninice, não há dúvidas!
ResponderEliminarMarca o ponto mais elevado de Forninhos e, como se pode ver, dele se avista uma paisagem agradável de ver (obrigada e parabéns pelas fotos, Henrique). Quando fui lá em Agosto de 2011 perguntei “ao guia” se sabia quem o tinha construído e quando?
- Foi construído com areia das Dornas, que populares transportaram lá de baixo.
Interessante, pensei para mim. Tirei umas fotos também.
Descobri depois que o talefe (melhor: o talegre) foi construído em Junho de 1938, por dois soldados, mas que lá esteve outro, mas ninguém já se lembra dele.
Não tem nada de coisa muito antiga, portanto, e faz apenas parte de uma rede geodésica que servia para, através de determinados cálculos, obter um levantamento topográfico bastante rigoroso para a época que os serviços cadastrais oficiais instalaram estas marcas. Mas ainda hoje é uma atracção visual, permanentemente a chamar a nossa atenção quando vamos a Forninhos.
E para um miúdo da Primária, o talefe era um mito infantil, era dele e só dele. É isso que entendo nas linhas que leio.
Muito bonito o sítio.
ResponderEliminarUm abraço
Por aqui andei pintando castelos
ResponderEliminarPorventura dos mais belos
Que a meninice ditava
E nos credos de uma mae
Que tinha o coracao ao colo
No "raios partam" a grarotada
Que fizeram um quase nada, mas
Faltava a paz no consolo
De trabalho e derreada
Enfim, era a mae...
Por onde andariam eles
Porventura perdidos
Nas lojas da Barroqueira
(e o pai gritava, mulher, nao venhas com a maluqueira...) .
E a gente por ali brincava
Perdidos com o muito do nada
Ou do nada muito mais, pois...
Espraiando o olhar
O verde parece mar
No ondular dos pinheiros
Brejeiros no namorar
Convidando casamento
A casais de resineiros.
(Inedito Xicoalmeida 2015)
A foto já tem uns anitos, 22 de Outubro 2007 18h44, assim me diz o registo digital da máquina. Posterior a isto o talegre já recebeu uma pintura nova, ficou mais visível. Depois de tirar as fotos, subi para a aba superior onde estive cerca de vinte minutos a observar os 360º de bela paisagem que nos oferece. Na zona, não há melhor miradouro que este, não fosse ele o ponto mais alto da zona. Para quem não sabe, estes marcos geodésicos, são imprescindíveis para a topografia. Para se fazer o levantamento topográfico de qualquer obra que se faça na região, é necessário a máquina registar o ponto destes marcos.
ResponderEliminarTambém é muito utilizado pelos GPS,s para orientação dos trek,s. No fundo, são pontos estratégicos para serviços cartográficos e de orientação.
Numa pesquisa, soube que se chamam marcos, talefes, talegres ou pinocos. Em pequeno, sempre ouvi dizer talegres, mas no novo acordo ortográfico a palavra aparece sublinhada a vermelho. Existir ou não, em várias regiões se utiliza a palavra talegre. Quem tiver possibilidade de aqui subir, aproveite, vale a pena, quase todas as viaturas chegam perto, cerca de 100m mas faz-se bem a pé. Boa vista, boa paisagem.
Bem me parecia que a foto tinha uns anitos, porque quando lá subi, em 2011, a pintura pareceu-me recente, foi pintado para aí no ano de 2008 ou 2009. Tem as cores da bandeira nacional.
EliminarAo talegre até se sobe bem, mas e à “Cadeira do Rei” que se encontra num pedregulho enorme? Quem lá se senta, diz que é muito confortável independentemente de ser mais ou menos gordo, porque parece talhada à medida de cada um, mas o acesso à “cadeira” acho que não é nada fácil (mas se calhar sou só eu que acho).
Por isso é que quando em Dez/2009 fiz o 'post': Miradouro "Cabeço do Gato" disse que em relação ao miradouro ..."...sou de parecer que Forninhos tem todas as condições para a edificação de outros miradouros, podendo criar-se outros.".
E por sinal um belíssimo olhar!!! Bj
ResponderEliminarBoa noite Paula,
ResponderEliminarMais logo tenho que ir à província e virei aqui ler o vosso artigo à noite quando do chegar.
Sobre as férias desejo-lhe que tenha dias excelentes de descanso e bem divertidos de preferência! Desfrute muito!
(A partir do dia 10 também vou estar ausente da Net e só regressarei em Setembro;)! Vai chegar para férias o meu filho que trabalha no estrangeiro e vamos também passar uns dias fora,))!
Beijinhos e tudo a correr bem.
Abraço ao Xico.
Ailime
São realmente duas belas fotografias um autentico poema geológico.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana.
Olá Xico, um texto maravilhoso!
ResponderEliminarE a avaliar pelas fotos e pela descrição deve ser um local maravilhoso com uma panorâmica majestosa!
Claro que vai ser sempre os seus "olhos do Mundo"!
Um beijinho e boas férias.
Ailime
Xico e Paula,
ResponderEliminarSenti falta das histórias de Forninhos.
Sempre tem algo interessante e novo pra aprender.
Uma linda e abençoada semana pra vocês! Abraços
Muito aprendo por aqui.
ResponderEliminarDesconhecia totalmente esta maravilha da natureza!
Beijinhos.
O marco geodésico está perto do Castro de S. Pedro e deve ter sido há milhares de anos um posto de vigilância.
ResponderEliminarO Sr. Pe. Luís de Lemos escreveu no seu Livro isto:
«Fronteiro ao castro, do lado poente, está um pico montanhoso, no cimo do qual se ergue actualmente um marco geodésico. Inacessível pelo lado de Forninhos, tem na encosta de nascente vários degraus em anfiteatro, suportados por muros de pedra que fazem pensar em fortificações também de guerra. (...) Foram profanados e deformados tais muros e socalcos por um "Caterpillar" que por lá andou a abrir caminhos (para quê?!!!).».
Nós queremos mostrar o que de melhor temos, até as pedras que fizeram companhia aos pastores e aos resineiros porque a beleza está no olhar de quem a vê, mas é triste ler o que o Pe. Lemos diz de Forninhos e o seu povo. O que o Sr. Pe. diz em relação ao marco geodésico sobre a existência de muros de pedra que foram profanados e deformados por um caterpillar que por ali andou abrir caminhos é a verdade. Foram os de Forninhos que abriram caminhos e tudo destruíram e a nossa maior tristeza é saber disto!
Pena que a esses "vendilhoes do templo" ninguem lhes pede contas...
EliminarFoi um fartar vilanagem ao ponto de ate em propriedades particulares como o Castro de S. Pedro, levarem carradas de pedra dos seus muros historicos.
Agora parece que a "coisa" parou, porventura por medo.
Durante as ultimas férias subi ao talegre da minha aldeia. Olhei para Leste na tentativa de lobrigar o de Forninhos. Nada a fazer. Tive vontade de gritar: Paula... Francisco... Sabia que do outro lado todo o que poderia ouvir seria: Nao se ouve cà nada. Diziam outrora que de cada um desses marcos era possível ver outros sete. Do "nosso" podíamos avistar o das Romãs sede da freguesia, outro situado na freguesia de Ferreira d'Aves. Desta vez, mesmo com os binóculos nada vi e tive pena. Espero que todos tenham passado boas férias.
ResponderEliminarE contando entre muros e montanhas que de permeio punham numa altivez dominadora os outros sete, os reconditos das ribeiras e carrascos que por milagre sobreviveram aos fogos, compreendo a demora dos gritos. Porventura o fumegar renitente dos toros dos pinheiros, ou o "ai" dos agricultores no "Deus nos valha", dias passados.
EliminarMas chegou, o olhar do seu talegre, no encontro de encontrar o nosso, o da nossa terra, porventura irmanadas no mesmo sentir de coisas que nos nasceram e acolhem.
Sem penas e na altura, a olho nu, faremos uma visita de um, para os outros sete "castelos"
Um abraco.
As férias foram boas, passaram rápido, mas também é bom estar de volta :-))
EliminarAcho que do nosso talegre hoje se avistam mais povos e terrenos do que antigamente, isto "graças ao fogo". Sabemos que os incêndios são uma calamidade, porque destroem tudo por onde passam, árvores velhas e novas, fauna existente, etc...,mas se hoje podemos apreciar esta bela paisagem foi devido ao fogo.
Um abraço meu tb.