Normalmente é Dezembro o mês de eleição para a vareja em Forninhos, mas pode prolongar-se por Janeiro, variando em função do tempo e do estado de maturação da azeitona.
Este ano fomos à apanha da azeitona, apesar da intempérie madrasta que pouco tem ajudado, aqui deixo o registo da vareja dos pais da Paula:
A apanha consiste em varejá-la. E, varejar faz-se com uma vara batendo cadenciadamente nos ramos onde há azeitona para que esta caia nos toldos, já não de serapilheira como antigamente, agora substituídos pelos de "nylon". Varejar tem o seu saber, pois há que não "magoar" a oliveira, ou seja, não partir os ramos que prometem nova colheita no ano seguinte e ficam mais sensíveis com a geada.
Este é um ano de excepcional abundância de azeitona, com as oliveiras carregadinhas e, face à carestia de mão-de-obra e o seu custo, houve que recorrer a novas tecnologias, varejadoras mecânicas, mais rápidas, eficazes e que preservam as árvores.
É este instrumento que personifica "a revolução industrial" que chegou a Forninhos: a varejadora mecânica funciona a bateria e faz num dia o que poderia levar uma semana. Num ápice e com jeito da parte de quem a manobra, no caso aqui retratado do David, rapidamente os toldos ficam cobertos de azeitonas.
E todos gostam de colaborar na tarefa, com muita tagarelice entre as mulheres que, por norma, são quem apanham a azeitona do chão. Reparem no ar feliz da Paula, indiferente ao frio!
Depois de apanhada é ensacada e transportada para casa, afim de ser limpa da folhagem.
Aqui outra inovação! Dantes a azeitona era atirada ao ar com pás, afim do vento levar as folhas e esta ficar limpa. Agora a erguedeira mecânica num processo rápido, simples e eficaz, limpa toda a azeitona. Entra com folhagem por um lado e limpa e pronta a guardar, pelo outro:
Embora quase sempre de máquina fotográfica na mão, este ano eu fui à azeitona. Esta já está transformada em azeite, aquele que em Forninhos se diz de pleno direito, ser do melhor do mundo!
rssssssss...Agora vai dar confusão,rs O azeite da família do meu marido na Itália, se diz o melhor do mundo também! mas não vamos brigar, podemos ter os melhores juntos,né? Lindas fotos, bela tarefa essa!Adorei! abração, tudo de bom! Estou indoi pra praia,mas sempre que der, apareço! chica
ResponderEliminarAcredite, marido da Chica, que embora pouco, temos o melhor azeite do mundo!
EliminarPara mim, o sabor, cheiro e cor do azeitinho de Forninhos é do melhor!
Beijos e boa praia.
Chica, para ti:
Eliminarrssssss, vamos arnar a confusão, rs, traz o teu marido com uma garrafa de azeiite italiano e vinho.
Comparamos ambos com os de Forninhos.
Que Deus tenha piedade...levam para contar! Brincadeira.
Abraço para os dois.
Olá Paula,
ResponderEliminarBonitas imagens da apanha da azeitona. Sei bem o que isso é, mas foi há mais de seis décadas.Também gostei de ver o seu "know how" nesta especialidade... que fica para a posteridade.
Meu abraço,
Manuel Tomaz
Sr. Tomaz, apesar do pouco tempo que vivi em Forninhos, fui habituada a fazer algumas coisas no campo (na altura refilava a valer), mas hoje até gosto de fazer alguns trabalhos agrícolas, como apanhar azeitona. Afinal, sem azeite, a vida é mais triste e menos saborosa!
EliminarAquele Abraço.
Olá, tudo bem?
ResponderEliminarRepresento o Portal Teia e gostaria de lhe fazer um convite:
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ResponderEliminarOlá, Xico e Paula! Belo post, gosto de ver coisas assim: Oliveiras, Azeitona, Azeite, Apanha/Colheita... Fotos boas e rever a Paula sempre é muito bom!
Frio?! Hum, a temperatura mínima que já peguei foi em Curitiba/PR, -1º!... Quero conhecer Portugal no tempo de calor, na Primavera ou Verão... Risos...
Abraços p vocês...
Então venha, até porque a azeitona só "para o ano" é que volta. Lol.
EliminarBeijos &Abraço.
Os tempos são outros. Como podemos ver, o progresso também chegou a Forninhos, pois, verdade seja dita, quem hoje não tiver a ajuda da família ou amigos, sai muito caro fazer a apanha da azeitona, daí que começa a ser normal ver os poucos agricultores adaptarem-se às novas maquinarias.
ResponderEliminarO tempo é que não ajudou. Mas é uma tarefa que se faz sempre no Inverno e para ter bom azeite tem de se apanhar a azeitona.
Gostei de ir à vareja e gostei das fotos e texto. Parabéns e obrigada Xico.
"No amanhecer da noite mal dormida, não apenas pelo corpo dorido do cansaço, mas pela falta de tempo, lá vinham os homens e mulheres "ao ganho" de mais um dia de vareja. à de fulano tal, não faltavam ano nenhum, eram bem tratados...".
ResponderEliminarEste excerto escrevi em finais de Novembro noutro espaço, dedicado à vareja antiga. Agora as diferenças são muitas, a começar pela mecanização e falta de mão-de-obra, as cantorias são substituídas pelo roncar dos tractores, esses que substituiram os carros de bois no acarreto das sacas da azeitona.
Mas ainda perdura algum espírito comunitário, como o ritual da fogueira acesa no meio do olival para aquecer as mãos mais madrugadoras enregeladas pelo frio. As pessoas "ao ganho" quase não existem, em contrapartida, como me foi dado ver no emblemático lugar dos Olivais (faz jus ao nome), abundavam famílias, aqui e ali aos magotes. Tinham vindo passar o Natal e ajudavam na tarefa com alegria, mesmo sob o baptismo de chuvas diluvianas.
Afinal, encantos ainda de Forninhos.
É verdade, hoje como ontem Forninhos tem encanto!
EliminarE, não sei se reparaste, num rancho de gente, de Penaverde, a apanhar a azeitona, entre os Olivais e a Gândara!
Quando se vê tanta azeitona nas oliveiras e chão e ninguém a apanha é muito bom haver ainda estes ranchos. Faz lembrar também o antigamente. Hoje vêm e vão de automóvel. Antes faziam quilómetros a pé.
Olá queridos amigos, que delicia essa colheita, que saudade, aqui a nossa família não planta mais nada, só cria gado. Outro dia estava pensando em fazer uma plantação de oliveira aqui em casa.Vendo essa lindas imagens me voltou a mente a minha ideia já esquecida. A modernidade por aqui acabou com essa festa e entrosamento entre as pessoas. Esses momentos são inesquecíveis.
ResponderEliminarXico outro dia pensei em ti, fui pescar com Alfredo, ele me leva par apegar as iscas, muito esperto esse rapaz. Pegamos uma arraia chita, não sei se dá esse peixe por ai, fizemos uma festa; Salgamos uma metade e a outra fizemos frito para aperitivar, uma boa pedida para o calor que está fazendo por aqui.Imagina o tamanho do peixe, era da largura da camionete, hahaha não é história de pescador. Quando quiseres uma farta pescaria venha aqui em nosso litoral gaúcho, rapaz o peixe esse ano está em abundância. Depois te mostro a foto da arraia.
Bjos meus amigos, desejo a vocês e suas famílias a um excelente 2014 com muito amor, paz, saúde, realizações, alegria, prosperidade e muitas felicidades.
Anajá, se puderes e o clima aí permitir, planta oliveira, mais não seja para embelezar. Vale a pena, garanto!
EliminarQuanto às pescarias do Alfredo, deixo o convite, ele que experimente entrar num barco de pesca desportiva às cinco da manhã em Peniche e pescar junto às Berlengas. Com este mar forte e frio sempre se apanham belos sargos que depois de regados com este belo azeite de Forninhos, os deuses reclamam seus!
Abraços e planta as oliveiras!
Disseste "frango do campo"?
ResponderEliminarMalvado!
Não há petisco melhor!
beijinhos
Agora a malvadez é minha.
EliminarUm refogado deste frango simplesmente com este azeite de Forninhos.
Fecha os olhos e saboreia.
Ah, divino!
Mais que evidente, esta azeitona neste clima faz milagres.
Beijos.
Teria sido mais fácil aqui vir com lembranças do passado aonde abundam histórias.
ResponderEliminarSimplesmente a história vai-se fazendo passo a passo, ano a ano. Ou seja, agora recordamos tempos de avós e pais, os vindouros recordarão debruçados sobre o que felizmente aqui se vai gravando, para novas e outras gerações que virão, sem a sorte de tal terem vivido de perto, apenas ouvindo quem tal viu.
Claro que não irão saborear uma fatia de pão com aquele azeite quente acabado de sair das entranhas do lagar, ao acordar num canto do mesmo, enrolados nuns sacos de serapilheira, fazendo vigília, depois os pais negociando a maquia, até o azeite repousar em pias de pedra, tais como algumas que se viam nas vinhas, para misturar o "remédio" para a cura, ou em potes de almude feitos de folha (lata).
Esses lagares tiveram o seu auge e agora são meros testemunhos esquecidos de tempos passados, abandonados à indiferença da importância de outrora. Esquecidos até num simples obrigado.
Agora a luta é conseguir "um lugar" para fazer a azeitona nos vários lagares modernos de alguma freguesias mais ou menos próximas, ou distantes.
Mais que compreensível, afinal olhando para trás, lá diz o ditado, tristezas não pagam dívidas, mas caramba, sem tristeza, mas com muito orgulho, será que estes tempos de sacrifício num pós-guerra e por incrível que pareça, sempre numa luta contínua ,não serão meritórios da nossa homenagem e registo em que a comunidade em comunhão fazia ao sorrir e cantar, a verdadeira alma forninhense?
Que as candeias de azeite ao contrário de antigamente não sejam sinónimo de velar os mortos, mas sim uma luz de vida, fé e esperança.
É verdade. Até é aceitável que em épocas recuadas a azeitona e o azeite não merecessem registo, mas já custa aceitar, que nos dias de hoje, se ignore este pedacinho da nossa história. Em Forninhos, por exemplo, havia lagares de azeite que, em dois ou três meses, funcionavam e eram a ocupação de cinco ou seis pessoas, pelo menos. No entanto, nem os lagareiros, nem o lagar mais antigo, o da Eira, digamos, sequer mereceram menção na Mini-Monografia de Forninhos!
EliminarDá que pensar...e eu já pensei que trabalhar num lagar de azeite não era bem uma profissão...uma arte...um ofício, mas que durante aqueles dois ou três meses de Inverno havia lagareiros em Forninhos, havia! E era um trabalho duro e de esforço!
Adoro azeitonas , o azeite estou me habituando a usar, é muito
ResponderEliminarbom.
bjs
http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/
Em Forninhos, Simone, o azeite é uma gordura que acompanha toda a vida da pessoa:
ResponderEliminar- com azeite temperamos a comida;
- com azeite se conservam e fritam os enchidos;
- etc. etc..
- e, claro, a própria azeitona, como fruto, é um bom condimento.
Bjs.
Horas bem passadas essas na vareja , a chuva a que não me deixou senão tinha acabado com ela o Xico, eu so quero é toldos estendidos à minha frente loll, é um trabalho que eu não gosto muito de fazer , mas com essa nova vara andava motivado , quanto ao azeite, não sei se hà melhor nunca provei outro nem tenho intenção de o fazer , nada chega o nosso azeitinho lolll , bom fim de semana a todos .
ResponderEliminarAzeite e azeitonas coisa muito boa ,mas a vareja e trabalho que nao gostava de fazer .Ainda me lembra quando tínhamos de apanhar azeitona e o chão cheio de geada muito frio se apanhava nas maos e nos pés.
ResponderEliminarE não é que mesmo com chuva e frio, o pessoal andava num corropio na apanha da azeitona?
ResponderEliminarDiziam que tinha de ser, senão caía toda, ou então com vergonha de a apanha ficar para trás...Certo é que a aldeia ficava deserta e os mais "mandriões", como o meu caso, nem encontravam com quem conversar.
Ou se andava à azeitona ou se ficava em casa à lareira.
Volta e meia, lá me escapulia ao café do Zé Coelho, já uma obrigação diária e perguntava;
- Então Zé, sózinho?
- Que queres meu caraças, anda toda a gente nela (azeitona). Nem temos parceiros para um chincalhão, olha, bebemos um copo!
E entre um copo ou outro e dois dedos de conversa, lá íamos apeguilhando umas azeitonas curtidas e um pedaço de chouriça.
Meteu mais uma cavaca para arder na salamandra, e por ali ficamos, vendo os tractores a passar vindos da faina e com jigos cheios da dita-cuja!
Afinal estávamos dentro do espírito da vareja!
Boa tarde Paula, que experiência tão interessante participar dessa tão nobre arte da apanha da azeitona que, apesar de mecanizada, não deixa de ser um momento tão significativo nas aldeias e nas famílias!
ResponderEliminarGostei muito das fotos;)) e fez-me lembrar velhos tempos em que tudo ainda era manual, mas os termos e a forma eram exactamente como minha terra!
Então como a colheita foi boa que esse azeite continue a iluminar o espírito fraterno e de amor que existe na vossa aldeia e Família.
Um beijinho,
Ailime
E pronto, está no fim a vareja, ontem o tempo limpo e ensolarado ajudou os mais tardios. A seguir já não virá o tradicional "rebusco" de tempos idos, ainda bem, já não há necessidade.
ResponderEliminarNós que aqui continuámos a "vareja" com a vara da palavra escrita, mesmo condicionados com a distância da nossa aldeia, nas idas fazemos registos de conversas e uma ou outra fotográfica, para colmatar a escassez do baú das relíquias que ao longo de mais de quatro anos tanto tem dado para todos nós, sem excepção.
O telefone ajuda para saber as "novidades".
Os caçadores andam descontentes com a pouca abundância dos tordos e em contrapartida elogiam a qualidade dos mesmos; esta ave este ano tiveram papo cheio, tal a abundância de azeitona, eles gulosos por esta iguaria. Andam gordinhos e bem-não partem, já fizeram a sua vareja.
O azeite, segundo dizem, também" fundiu", apesar da ruindade do tempo!
Agora chega o tempo de lavar os toldos, limpar a maquinaria, arrumar as varas e porque não? fritar uma chouriça no azeite novo.
Para o ano haverá mais!
A vareja ou a apanha da azeitona, tarefa que se perde nos tempos, mas mesmo com as maquinarias pouco se alterou, sei que existem umas máquinas que ja fazem quase tudo, mas o varejar à moda antiga hoje até tem a sua graça, até esta vara mecanizada que o David tem na mão quase emita o antigamente, a diferença é não andar a espancar a oliveira para a azeitona tombe no pano, esta tarefa que é gratificada com o puro, dourado e saboroso azeite.
ResponderEliminarXico, este fim de semana esti e em Forninhos e pela primeira vez fui visitar o que resta do velho lagar, que nenhuns dos Forninhenses ainda vivo de lembra de ver trabalhar, abandonado à sua sorte, pouco conseguiu resistir ao passar do tempo em que a mãe natureza tenta apagar, mesmo do pouco que dele resta ainda consegue de mostrar um pouco como teria sido, recolhi fotos do local, espero vir a fazer um post com elas, uma vez que estamos na ltura da vareja.