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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Festa na Vinha

Este 'Post' é sobre uma actividade sazonal muito importante na nossa aldeia: as vindimas. A família e os amigos são os grandes vindimadores de cada casa. A 'coisa' decorre mais ou menos assim: 

No dia aprazado, aparece a família, os amigos e alguns vizinhos,  cada um com o seu instrumento de trabalho, a tesoura e o balde,  e os donos das vinhas põem os 'jigos' todos ao serviço, já que hoje já não se usam os cestos de verga, mas os actuais 'cestos' de plástico para transportar os cachos para o esmagador ou directamente para o lagar. 















Vamos agora à piqueta, por volta das 10 e tal da manhã:  
uma refeição intermédia, ligeira, saborosa e doce



  Voltemos à faina na vinha:



Depois o almoço...e lá mais para a tardinha...


com os pés descalços há que fazer a pisa.


Antes de ferver, se o dono quiser, tira uns cântaros do mosto para fazer a saborosa jeropiga para a noite do magusto, melhor: para os dias que se assam castanhas à lareira, já que em Forninhos não há magusto só num dia (11 de Novembro, dia de S. Martinho). Que saborosas essas também! Depois de pisados os cachos, ficam uns três dias a ferver e então já é vinho.

Fotos de: XicoAlmeida e aluap.

23 comentários:

  1. Caramba!
    Tão bom... tão genuíno como as fotos documentam. Estou a escrever este meu comentário com o corpo dorido, nem sei se do esforço ou da felicidade sentida.
    A "festa" começa antes do dia e aquele formigueiro que se vai sentindo é único. FESTA NA VINHA.! Não é qualquer um que participa, por norma, e passando de avós, filhos e netos e amigos mais chegados, parece outro Natal.
    Havia chovido uma semana, mas sexta-feira e sábado, fomos abençoados e lá partimos, não em trabalho mas em festa, assim nem custa trabalhar, nem os "jigos" parecem estar cheios de cachos,Bom, mesmo o convívio entre o depenicar de mais um cacho, a crítica mordaz e brejeira ao gosto e quando se dá conta, uma vinha já foi, vindimada.
    A "piqueta", meia hora ou mais (ficávamos a manhã toda) petiscando junto a pinheiros, figueiras ainda carregadas e macieiras, nem o tempo contava...
    Cantigas e anedotas que nem a passarada ofuscava. Tractores ao serviço carregando o produto do futuro néctar para o lagar, o esmagar no triturador reservado aos "fortes" e a seguir o almoço. Tradicional destes dias, feijoada ou massa com frango e anteontem carne de porco à portuguesa, depois o relaxar na companhia de um café e para quem quer um digestivo.
    No final do dia um dos rituais mais aguardados, a "pisa"! Descalços e de calção esmagar as uvas com os pés, entre uma cantiguita ou outra.
    Empolgado já me estou a alongar na escrita, desculpem mas foi tão bom.
    Afinal ainda temos a felicidade de termos isto quando gente boa se junta com gente de bem, ainda por cima em Forninhos.
    Para mim, uma felicidade como penso ter sido na mesma dimensão para todos os que por aqui andamos.
    Venha a próxima e cá estaremos.

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  2. Por acaso... na Sexta e Sábado a chuva não caiu e tivemos umas belas manhãs de sol para que as vindimas que ocorrem nesta altura se façam ainda com mais prazer. Só peço desculpa pelas fotos dentro do lagar, que não apresentam muita qualidade, mas eu sou uma amadora, limito-me a apontar e disparar. De qualquer modo, o que importa é apresentar esta festa da família e dos amigos.
    Espero, pelo menos, que gostem do assunto e que quem é de Forninhos possa reviver saudosas memórias do tempo que também andavam de tesoura/navalha e balde na mão.

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  3. Festa na vinha,é isso mesmo as vindimas entre a familia e amigos é sempre festa desde demanhã até à noite,jà là vão uns anitos a minha ultima vindima,nunca gostei muito de vindimar preferia levar os gigos ou então estar no esmagador apesar de ser o trabalho mais duro lembrome quando era miudo as mulheres mandavam nos apanhar os bagos que caiam, eu então malandro como era esmagava os e enterrava os, como eu penso que muitos o fizeram. Participei a vàrias vindimas, mas esta do tio CARAU era especial,a volta era sempre a mesma, começava na moradia com as videiras ainda cheias de orvalhada depois direção às androas ali era um besta vias a malta jà sabia que era na cerca a etapa principal, uns no trator outros a pé là ia a tropa toda alegre e ali se passava mais um bom momento a comer e a beber, ainda estou a ver aquelas batatas albardadas com o bacalhau e as azeitoninhas que bem que sabiam , bom com a cerca vindimada toca a ir despejar o lagar , depois jà so se levavam 2 ou 3 bidons para a ultima vinha que era a pardamaia era assim a vindima que eu fazia tudo para não faltar. Serà que a volta ainda foi esta? Prabéns pelas fotos, a do tio Zé Coelho com o tio Profirio foi tirada demanhã, ele està tão aprumadinho, quanto aos do lagar parece que estão com pouca vontade , se calhar ninguem tratou deles.

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  4. Paula, obrigada pelos Parabéns...
    Ah, lindo o seu post e como gosto de uva e de um gostoso vinho!
    Linda festa! O vinho na Bíblia representa a Alegria do Espírito Santo! Gosto de lembrar também que Jesus é a Videira Verdadeira (João 15.1)...

    Um Beijo...

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  5. Boa tarde Paula,
    Que lindo seu post!
    Senti aqui em minha casa, no Brasil, o cheirinho do vinho. Quanta saudade....
    - Do tempo que era criança na casa de meus avós, no Minho. _- quando os ajudava a colher as uvas do pé.
    uma linda semana para você, coberta por muita alegria e paz!
    abraço amigo!
    Maria Alice

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    1. Que bom que esta festa na vinha a fez reviver saudosas lembranças lá do Minho, na casa dos seus avós.
      Penso que todos nós vivemos de recordações, daí ser um prazer receber comentários de pessoas que comungam das mesmas emoções.
      Obrigada Maria Alice e um abraço meu.

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  6. Olá David.
    É bom, muito bom, sentir expressadas recordações como aquelas que aqui deixas As tropelias e "maluqueiras" sempre fizeram parte da festa.
    Tenho a noção perfeita de que cada frase aqui escrita, chega felizmente a gente de todo o mundo, daí não me entenderem mal por pessoalizar o teu nome. São gente amiga!
    Para essa gente amiga que comenta e/ou visualizam a história da nossa aldeia
    fica aqui postado, digamos que o " roteiro" das vindimas. nas primeiras fotos, a vindima da minha mãe, na vinha da Sra. dos Verdes, Forra e Zé Coelho no melhor de alegria e camaradagem. Era cedo, mas continuar assim todo o dia, caso contrário seria demais. Nem havia festa.
    Gente boa, que Forninhos ainda tem e já começam a faltar.
    Sábado, vindima dos "Caraus" . Só quem lá esteve, sabe o que é alegria, coisa do outro mundo.
    Conto:
    Início da manhã de sábado, mais pontuais e algo ensonados e remelados, pés a caminho para a Moradia, lugar já pertença ( para quem não sabe) de outra freguesia e concelho. Havia o orvalho da manhã e as videiras todas molhadas e como não ia preparado, ainda espirro enquanto escrevo agora..
    A vindima começou aqui, seguiu para a Pardamaia já com céu limpo e calor e a pensar na "piqueta". Para quem não sabe, esta refeição intermédia é um manjar dos deuses: comida de virtudes e pecados, ao gosto de cada um...
    Foi nas Andrôas, mesa farta e animada, quase faltava uma sesta.
    Mais uvas para o lagar e vir à Cerca, custou um pouco e clarificando os que não não conhecem, vindimar "cordões" é algo difícil, uvas entre silvas e barrocas
    de difícil acesso, mas era quase o fim e o alívio do trabalho que já se anunciava, com a quimera confirmada do almoço, valia a pena.
    Bonito, Para ti David que apesar de novo, felizmente conheces isto, foi nas Androas, na casota, ainda beber a seguir à "piqueta" um cheirinho de bagaço vindo da garrafa e no copo de lata do tio e amigo António Carau.Tradição e ritual que se mantém entre pinheiros e vinhedos.
    Homenagem simples ali guardada de ano para ano. Bonito!
    E tudo soube tão bem...
    Abraço.

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  7. Reviver isso é maravilhoso, mostrar pra nós, adorável. Muito legal ver e meu marido viveu isso com seus parentes na Itália!

    Lindas fotos!
    beijos,linda semana!

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  8. Tudo muito bonito: pura cultura!
    O "onovoblogdosforninhenses" é imperdìvel, entre tantas coisas pelo profundo da simplecidade que nos mostra.
    Grande abraço.
    Gilson.

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    1. Obrigada Gilson.
      Este espaço, "onovoblogdosforninhenses", é sim, Sr., pura cultura! E temos noção que durante 4 anos motivou outros no empenho e desenvolvimento intelectual...ainda bem!
      E, optámos por publicar, de novo, a tarefa das vindimas, porque é um tema que sempre nos remete para tempos antigos e faz-nos respirar o “odor” de um tempo que já passou.
      Abraço.

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  9. Bonitas fotos das vindimas .Boas lembranças eu tenho das vindimas em Forninhos ,dias maravilhosos entre familia e amigos .Recordome como se fosse hoje , mas ja la vao muitos anos e tenho muitas saudades desses bons momentos .

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  10. Boa tarde Paula, que momento memorável! Que lindo manter essa tradição da vindima e pisa das uvas! Quero realçar as magníficas fotos! Todas lindíssimas, mas os cestos com as uvas pretas e cachos dourados em cima, maravilhosas! E depois a panorâmica do local para mim um paraíso! É de lugares assim bem verdinhos, sem poluição, longe dos ruídos que aprecio e ficava tempos em fim para absorver todos os aromas que quase senti:))!…Adorei o seu "post" que me trouxe gratas recordações do meu querido avô materno. Beijinhos Ailime

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  11. Felizmente a vindima, não aquela profissional, mas esta de festa em família e amigos, reencontro a mitigar saudades e tradições reforçando a confiança, me faz transcrever um poema do mestre Miguel Torga:

    CONFIANÇA

    O que é bonito neste mundo, e anima,
    É ver que na vindima
    De cada sonho
    Fica a cepa a sonhar outra aventura…
    E que a doçura
    Que se não prova
    Se transfigura
    Numa doçura
    Muito mais pura
    E muito mais nova…

    Miguel Torga

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  12. Como podemos ver a vindima além de trabalhosa é uma festa, no final já nem podia com dores nas costas de andar baixa a apanhar as uvas, como diz o Xico a moradia foi a primeira vinha a ser vindimada como a vinha estava muito orvalhada, saímos de lá todos molhados o que me custou uma constipação, mas valeu a pena gostei muito de andar de trator da hora da piqueta e de ter passado o dia com a família e amigos.

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  13. A alegria das vindimas, como se pode ver aqui, é contagiante, não só porque é um trabalho que está ao alcance de todos, como pela união das pessoas.
    Neste caso, as vindimas com destino ao fabrico do vinho caseiro de modo artesanal: as pessoas têm necessidade de se unir, porque ao contrário de muitos dos trabalhos agrícolas, as vindimas têm de feitas de uma só vez.
    As uvas devem entrar no lagar, pisadas e fermentar, tudo ao mesmo tempo, caso contrário nunca podia sair bom vinho.
    Algumas constipações pelo meio, julgo ser efeito da "estufa" das cidades.

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  14. Desculpem mas adoro isto!, sem desprimor para ninguém, antes pelo contrário, este comentário vai um pouquinho para a Maria.
    Na sexta-feira, vindima da minha mãe, tirei a foto às "meninas" no adro da Senhora dos Verdes, pois era a última vinha da vindima. Havia que agradecer a sua Benção pela boa colheita dos cachos já maduros. Nem rezaram, apenas cantaram pois isso também é agradecimento, genuíno e sem beatice.
    Sábado, vindima das "Carôas", a tal que esquece os calos e canseira, pois a alegria a tudo suplanta. Começamos na Moradia, mas não era para ser, a culpa foi minha e do Ismael, mais dele que queria pôr à prova a sua "chaimite" voadora logo pela manhã, como que desafiando a robustez do tractor do Samuel, vosso tio.
    Certo é que o minorca do carro passava e entrava por todo o lado, alguns mais novos que ele. O tradicional era ali começar e foi o que pensamos, daí não termos ouvido que como as videiras estariam encharcadas, se começaria noutro lado e depois da piqueta ali se iria. mas a máquina voadora estava imparável e todos vós tiveram de se direccionar para ali.
    Quando chegaram, já estávamos com o balde cheio de cachos, eu com o dedo indicador cortado à primeira tesourada (nabo) e um lago de água dentro dos ténis, aonde nadavam os pés.
    Até me sinto culpado pelas constipações de quem as apanhou e agora acho que a "maligna" não apanhou parte de nós, porque cumprindo a tradição, nas Andrôas, a seguir à piqueta tão farta e boa, se bebeu (os que tal fizeram...) aquela aguardente guardada na casota e vinda da garrafa do teu pai e amigo tio António, ainda por cima no púcaro de lata, coisas que lá ficam até à próxima vindima.
    Sabedoria popular que afasta constipações e outras maleitas.
    Um conselho, um bom copo de aguardente quente com mel, daquela de Forninhos, ao deitar.
    Remédio santo, Maria.
    Beijos.

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  15. PARABÉNS PELA REPORTAGEM

    ESTÁ LINDAMENTE DESENVOLVIDA, NEM A ADIAFA FESTEJADA NA MESA FALTOU!!!

    LÍDIA

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  16. Paula,confesso só ter visto essa festa da colheita da uva em filmes. Achei muito interessante, um trabalho exaustivo mas deve trazer grande diversão tb! Bjs,

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  17. Está no fim a festa das vindima...,pena!
    Adegas há em que os cestos já foram lavados, vinho acomodado nas cubas e o canganho acomodado na dorna, aconchegado pela terra e folhas de videira e figueira, bem calcado, para o não deixar respirar e e dali sair aguardente única. Sim, aquela que no frio de inverno, lareira acesa logo pela madrugada, ao "mata-bicho" irá acompanhar meia dúzia de figos secos, já na lage a secar num toldo, e cheirados pelas abelhas. Sinal de doçura.
    A amiga Lídia fala na "adiafa", aquela refeição servida aos vindimadores no finalda vindima; tradição do seu Ribatejo. Aqui em Forninhos, nesta festa amiga e familiar, perde-se a conta: comer e beber ao meio da manhã, no fim o almoço (antes chamado jantar). Nem foi bem o fim pois que acabada a "pisa", já noite, ainda vem a ceia. Parece que se quer estender o tempo e alegria. Caramba, ainda falta um ano para a próxima...
    Quanto à amiga Anne, venha cá ver in loco o que aqui partilhamos. Mestre de cinema algum consegue captar não digo as imagens, mas o sentimento e alegria.
    E felicidade!
    Abraços.

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  18. Obrigada a todos os que comentaram esta alegre reportagem. Particularidades do outono em Forninhos, que trás todos os anos saborosas recordações.
    É sempre assim, começa-se por marcar o dia e depois, logo de manhã, começa a festa da vindima, como se pode ver.
    Nesta reportagen não conseguimos mostrar outras particularidades do Outono...os tortulhos. Parece que chegaram um semana depois. Às vezes é assim...anda-se um dia para avistar um, mas esse momento mágico para nós, os que vivemos longe da terra, só chega no ano seguinte.
    Paciência...vamos aguardar que cheguem os míscaros.

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  19. Obrigado a ti, nós que por aqui passamos, por esta partilha de alegria e boa disposição tão saudável.
    Começa a findar o calor do clima estival, mas o da camaradagem em volta daquilo que o campo nos oferece e veneramos, continua na mesma nos dias que se seguem. Com estas tardes ainda quentes de Outono e depois de uma semana de chuva,vieram em força os tortulhos, que se rápido chegam, céleres se vão.
    Mas antes dos míscaros, aí estão elas " quentinhas e boas ", as castanhas, ouriços a rir, oferecendo-se ao vento ou a uma vara, para, quais crianças se rebolarem pelo chão, até pedirem para serem apanhadas, já tremelicas de frio e aquecerem no assador, no forno ou num qualquer magusto.
    Na vaidade de serem quentinhas...e boas!
    De escárnio lhes deve gritar a água-pé e jeropiga:" Sem nós, quem vós serieis?" Secavam qualquer garganta.
    Afinal, depois do Verão, no Outono continua a camaradagem. Entre a natureza e as pessoas.
    Que venham então a seguir, os míscaros, que a gente espera!

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  20. Boa noite, só agora consegui de me juntar ao blog, pois a minha vindima prossegue um pouco mais para além, demora quase uma semana, isto porque depois de apanhar a uva e de as pisar no lagar, existe depois um outro trabalho em que se tem mandar a balsa a baixo, quando este começa a ferver, tarefa esta realizada três vezes ao dia, durante quatro a cinco dias, até que a fervura chegue ao ponto ideal é então prensada para que só o liquido vá para os depósitos, sendo então encerrada a vindima, agora resta esperar que o vinha atinja o seu grau de maturação, que se verificará lá para fevereiro ou março.

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  21. Em nome da família CARAU, aos amigos e familiares aqui deixo o meu agradecimento pela ajuda que nos foi prestada.
    Um abraço.

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