Toda a lei há-de ter uma sanção. O pelourinho era um dos instrumentos para a respectiva aplicação. Constando de uma coluna de pedra, no cimo do qual, uma gaiola giratória servia para exposição dos delinquentes. Ali dariam várias voltas sempre de cara para o público, para maior vergonha e confusão, além do castigo que, por seus actos, houvessem a receber. Fraudes, furtos e outros crimes menores ali tinham punição A pena máxima era na forca. «O delinquente, no primeiro delito, recebia 20 açoites com baraço e pregão; pela segunda vez 50 açoites também com baraço e pregão; e pela terceira vez seria publicamente açoitado pelas ruas e travessas igualmente com baraço e pregão.» (Mons. Pinheiro Marques).
Velhos monumentos da autonomia dos concelhos medievos, os pelourinhos fossem lugares da aplicação da justiça, da publicação de leis ou somente padrões da independência local, são hoje um património histórico que pertence aos antigos, aos de agora e aos vindouros.
Forninhos não tem Pelourinho, mas poderá ter um testemunho da aplicação da justiça - a Forca que, segundo diz o povo foi ali "onde matavam os judeus" e para completar ou "decorar" a forca, teria de ser construída a trave onde levaria a corda "fatal".
Por se assemelhar a uma lagareta, há entendidos que consideram esta pedra um lagar destinado ao fabrico do vinho, mas numa visita feita ao local, em 1931, o Sr. Arqueólogo José Coelho de Viseu no seu caderno de apontamentos desenhou e escreveu que era um "penedo de sacrifícios" e o penedo, em Forninhos, continua a chamar-se pelo nome de Forca, pela sua localização ou pela história do sítio medieval de S. Pedro - Forninhos.
Se impressionante é o tema pelo seu registo histórico na feitura de leis primordiais e suas aplicações, agora à distância bárbara e sem complacência, mas recuando e vivendo nesses tempos, talvez o julgamento fosse menos cáustico.
ResponderEliminarOutros tempos, os quais não defendo.
Defendo sim, o interesse que já remonta a épocas milenares e ancestrais, provadas em vestígios ainda hoje visíveis e patentes à observação humana.
E quem dera a estudos de estudiosos interessados e competentes, que penso este país ter ajudado a formar.
Forninhos tem o incalculável em termos de riqueza arqueológico, digno de estudo face ao nível da riqueza e origens, de qualquer país!
Não será por acaso que aqui se dá destaque a este tema, porventura algo polémico pelo que ao tempo significava, mas revelador dos tempos ilimitados em que a nossa terra já estava absorvida por tantos povos longínquos que dominavam e tentavam culturar o mundo.
Já sinal da sua importância.
E esse sinal do que representou antigamente e o respeito merecido, serão porventura o seu melhor Pelourinho.
Tem interesse haver tantas similaridades, nos municipios vizinhos na nossa regiao. Na freguesia de Sobral Pichorro, no municipio de Fornos de Algodres, existe uma casa com varios cruciformes e com portais em angulo de 45 graus, que tudo indicia ter sido propriedade de judeus, que intitulam por "casa da forca", e que o povo diz que; "foi ai que mataram os judeus"!
ResponderEliminarUm abraco de amizade.
Em forninhos, creio que não há vestígios deste povo disperso por muitos seculos, e que deixaram muitas marcas na nossa região. Nem mesmo em documentos escritos, se sabe da sua presença aqui, pelo menos que eu conheça, claro.
EliminarJá em Dornelas, localidade aqui bem perto, sim, e houve até aos nossos tempos. Eu mesmo, quando jovem, conheci um senhor que eu respeitava muito e era meu amigo, embora a sua maneira austera não agradasse a muita gente.
Um grande abraço amigo Al. Cardoso.
Paula,
ResponderEliminarAcho que nos dias atuais, a "forca", só mudou de nome.
Deu até arrepio ao ler da forma que eram castigados em público.
Eu também confio na sabedoria dos antigos. Se deram esse nome, é porque algo desse tipo, realmente acontecia por lá.
Um lindo dia! Beijos
Pois é Lucinha, mas agora vêm os novos entendidos em arqueologia dizer que é um "lagar"! Então e o que nos foi transmitido ao longo de gerações de muitos séculos?
EliminarEu gosto muito de recordar estas matérias que, aliás, é uma das minhas preferidas e dá imenso prazer pensar como as coisas aconteciam. Acho que por detrás de toda a mitologia da "nossa Serra" há muita verdade. Mas às vezes hesito em publicar estes textos: parece que afugento as pessoas...não sei.
Beijo, Beijo.
Interessante o que acontecia e fez parte da história. Um lugar, certamente, marcante! beijos já de volta,chica
ResponderEliminarNão sei se por aqui passaram judeus, não se encontram, pelo menos visíveis, vestígios deste povo que foi expulso das suas terras em 135 dC e, por muitos lugares deixaram a sua marca.
ResponderEliminarPor outro lado, este monumento que é da idade media, seria mesmo um local de enforcamento? Lembramos que, bem perto do santuário da Sra. dos Verdes há outro muito parecido com este, e têm dos lados os encaixes para a prensa.
E os regos escavados para que serviam? Ainda se fosse guilhotina! Compreendia-se.
Mas o povo a que sabe, pois… chamamos-lhe forca.
Sr. Eduardo,
EliminarSe calhar é caso para dizermos que nem tudo o que parece é...
Se visitar o sítio da Câmara Municipal de Aguiar da Beira - Freguesia de Forninhos – vai ler que esta freguesia além das marcas deixadas pelos nossos antepassados: Cadeira da Raínha, Marco Geodésico, Forca, os Lagarinhos e as Dornas...possui também várias alminhas, cruzeiros...moínhos, marcas cruciformes em ombreiras de portas. Há 1 ano procurei pelos moínhos e por estas marcas e como não as descobri, o que achei estranho, falei com Presidente da Junta sobre…
Foi-me dito que leu algures isso, mas que já não devia haver quaisquer cruzes. Portanto, por mais que se queira dizer que em Forninhos os Judeus não deixaram marcas, há pelo menos o registo no sítio da Câmara.
Mas a minha dúvida persiste, porquê então o povo chama a este monumento “a forca” e lagarinho/lagariço ao monumento perto da S. dos Verdes?
P.S: Em Agosto de 2010, o Sr. Eduardo escreveu sobre esta curiosa rocha, a que chamam de forca. Dizia "que se encontra a sul e junto do local do antigo povoado, e que, pela forma como foi trabalhada, não se parece nada com os outros Lagarinhos encontrados por perto."
EliminarE perguntou:
"Teria sido por ventura, um local de sacrifícios? Quem sabe!".
etc...
Agora já acha a sua forma parecida com a que está perto da S. dos Verdes.
Aceito que as pessoas mudem de opinião, já não aceito é que "chutem para canto" as nossas tradições, conforme lhes dá jeito!
Um abraço,
Boa tarde Paula, isto das forcas, penas de morte, sempre me fez muita impressão embora como diz e bem a Lucinha a forca actualmente só mudou de nome! No respeito a esse lugar a história é história e há que dar o verdadeiro nome às coisas, porque os factos terão acontecido. Por vezes trata-se de tentar camuflar certos acontecimentos. Será o caso? Beijinhos e bom fim de semana. Ailime
ResponderEliminarPaula, quero rectificar "no que respeita a esse lugar";))! Bjs Ailime
ResponderEliminarEu havia entendido Ailime.
EliminarAlguma morte ali deve ter acontecido, já que anda na tradição que ali é a forca, mas se não é, já não sei...se calhar até bastou ali terem enforcado um judeu para o lugar ficar com o nome de forca e que era ali que matavam os judeus.
Beijinhos.
Não sou experientes em fotos, mas na minha terra existe um lugar chamado de Garganta do Diabo; não gosto não. O seu blog é cultura. Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarAprendo sempre que aqui venho, Paula.
ResponderEliminarSaudade!
Tenha um ótimo final de semana.
Gilson.
Seguramente que o nome não surgiu por acaso!
ResponderEliminarUma boa semana.
Obrigada pelos comentários.
ResponderEliminarEm Forninhos ninguém se preocupa em saber porque o nome "forca" surgiu, mas é por isso que o blog dos forninhenses existe, para construir e escrever a nossa história, mesmo sem apoio documental.
Um abraço a todos, Paula.
Excelente fotografia de belo Património....
ResponderEliminarCumprimentos
Boa tarde.
ResponderEliminarDepois de dois dias consecutivos de árduo, mas festivo e alegre trabalho das vindimas, resolvemos anteontem, meia dúzia de pessoas, revisitar a meio da tarde o mítico S. Pedro.
Este Post havia despertado a curiosidade sobre o termo "Forca" e havia que ser apreciado in loco com vagar e atenção, coisas que as caminhadas não proporcionam. E lá está a lage milenar, reluzente e austera, atestando que ali algo existiu de importante. Se era local de castigo e instrumento de morte, o local face à sua localização e visibilidade seria perfeito e a exposição pública dos condenados, exposta aos olhos de todos, seria intimidatória.
Apenas pergunto: se as pessoas se apegam tanto a lendas fantasiadas de mouras e as perpetuam, qual a razão para não acreditar que aqui se "fazia justiça"?
Tantos povos e variados credos por aqui passaram e queiram ou não o nome "Forca" perdura. Arranjem arqueólogos que façam jus ao nome e talvez se descubra alguma coisa do que esta serra tem para mostrar.
Há que ser optimista no que o futuro reserva, atendendo ao que os novos ventos podem trazer.
Transcrevo um parágrafo da mensagem eleitoral da candidata eleita à Junta de Freguesia de Forninhos:
"...
Temos elementos na nossa equipa de Forninhos e Valagotes, que tudo farão para a nossa freguesia continue no caminho do progresso."
Sublinho a parte final: "... a nossa freguesia continue no caminho do progresso...".
Que "caminho" afinal é esse que ainda ontem de lá vim e não o encontrei?
Convenhamos que se tanto assumidamente há para fazer, é sinal de que pouco foi feito!