Tendo em conta que os utensílios/artefactos nos ajudam a compreender melhor como viviam os nossos antepassados nas últimas décadas, voltamos com mais coisas nossas:
Eram as garrafas térmicas de outros tempos e que duravam uma vida. Térmicas, pois a bebida mantinha-se numa boa temperatura. Toda a gente tinha pelo menos uma botelha em casa. Hoje são raras de ver, por isso destacamos hoje estes belos exemplares.
Foice com lâmina de ferro, curva, quase sempre serrilhada, para ceifar cereais, erva, etc., manobrava-se com uma das mãos, enquanto a outra segurava o que era para cortar, que seguidamente se juntava, formando a gabela. Um utensílio muito simples, mas que tão útil foi à humanidade enquanto a tecnologia não pôs ao seu dispôr a máquina ceifeira dos nossos dias.
Vasilha de lata que tem atravessado um cabo de madeira comprido. Servia para tirar água de tanques, valados, poços ou de poças, para um rego de água.
Antiga medida para cereais, de madeira, bem conhecida em Portugal, desde os seus princípios, porém com grandes diferenças nas comarcas e concelhos, por isso, variável de terra para terra.
Olá!!!
ResponderEliminarPor aqui tambem tínhamos estes utensílios, as cabaças ainda são usadas, pouco, mas se vê ainda alguns lavradores que a usam. A fisga, chamamos aqui de "estilingue", não se vê mais, mas meus filhos quando pequenos brincaram muito com isso, o caçula ainda guarda o seu, que foi carinhosamente feito pelo avô paterno .A seitoura, é chamada simplesmente de ferro.Os outros ultimos utensílios não vi ainda, mas vou mostrar depois para o marido que entende mais que eu
Amei a postagem, gosto demais de ver as semelhanças que temos com voces...meus bisavós vieram de Portugal, como os antepassados de muitas outras familias daqui, e trouxeram muito da cultura daí.
um abraço
Tina (MEU CANTINHO NA ROÇA)
Muito boa tarde a todos.
ResponderEliminarAs cabaças, também conhecidas por botelhas, eram muito utilizadas pelos agricultores, pastores e até caminhantes, para levarem o vinho, não só pela escassez do vidro, mas porque esta vasilha era muito leve e resistente devido á dureza do seu casco, para alem de manter o liquido mais fresco era muito pratica, podia-se dependurar á cintura, devido á sua divisão do bojo.
O miolo desta abóbora “cabaça” é constituído, praticamente por sementes, que depois de secas saiem facilmente por um pequeno orifício que se abre no local do pé ficando deste modo com a abertura bem feita, sem cortes.
A fisga, para além das brincadeiras aos “campeonatos” era utilizada para apanhar passarinhos, a sorte deles era que, esta arma não tinha mira, e por isso, Sá caía um depois de muitos “tiros”
Um bom fim de semana para todos.
Boa tarde.
ResponderEliminarSempre e sempre a recordar, utêncilios já bastante usados por quase todos.
Ainda tirei alguma água com o cabaço, no fundo até era divertido.
Andar "á caça dos passarinhos" com a fisga, isso era só para alguns, como o Zé Carlos Lopes, esse sim, era um bom atirador da fisga.
Por agora. Bom fim de semana a quem poder.
Algumas palavras em português são diferentes do brasileiro, mas por cá passam muitas novelas da Globo e música brasileira e o nosso ouvido está muito familiarizado com a pronúncia brasileira e com algumas palavras, como “estilingue”, a nossa fisga, que para além de ter sido um “nosso” brinquedo, também tinha a parte menos boa que era a caça aos passaritos. Não sabia que o Carlos, que por acaso até é meu vizinho era o “craque” da fisga.
ResponderEliminarPois é...enquanto coravam as cerejas, num ai as ceifas estavam à porta, picava-se a seitoura para cortar bem, logo a seguir preparava-se o mangual para a malha na lage, regava-se a velga dos feijões a cabaço, ouvia-se o chiadouro dos picanços, viam-se as cabaças ou botelhas nas hortas, tiravam-se as batatas com a enxada, escanava-se e secava-se o milho que depois seria medido com o alqueire, etc, etc, etc…
Era assim que há cerca de menos de meio século o povo forninhense vivia, baseando a sua actividade na agricultura e com as suas próprias actividades.
P.S. Botelhas/Cabaças; Fisga, Seitoura (cortesia do Sr. Eduardo/ed santos).
P.S.S. Cabaço e Alqueire foram pertença do nosso já saudoso tio António Carau (cortesia do João Seguro/J SEGURO).
Bom lazer para os que estão de fim de semana e bom trabalho para quem está a trabalhar.
A seitoira, ainda há quem a utiliza hoje para pequenos trabalhos como, cortar erva e milho.
ResponderEliminarA que se vê na foto, já ninguém usa, porque esta é de ceifar centeio, diferencia-se pelo tamanho e pela pega, como se pode ver, tem um encaixe na ponta, que servia para que a mão não escorregasse devido ao suor; lembro, que as ceifas se faziam no mês de Junho, altura de muito calor.
Para cortar erva, são mais pequenas e não precisam de encaixe.
O cabaço servia para tirar águas para regar, mas só dava para a água de pouca profundidade e eleva-la um pouco acima. Tinha de se pôr os pés na água e não se podia elevar acima do peito, para não correr o risco de, em vez de despejar o líquido no rego acima, despeja-lo na cabeça.
De salientar o nome quase igual com cabaça, quando estes dois utensílios são tão diferentes, tanto no formato como os fins a que se destinam.
O alqueire, também conhecido no nosso meio por medida.
ResponderEliminarDizia-se das medidas pagas pelos arrendatários ao senhorio, pagava-se x de alqueires ou x de medidas pelo arrendamento das terras de cultivo.
Também se pagava um alqueire de milho ou centeio ao barbeiro para cortar o cabelo e a barba durante um ano.
O alqueire era sempre acompanhado pela rasoira, enchia-se e passava-se a rasoira por cima para tirar o excesso.
Acontecia por vezes, que em anos maus para a agricultura, o cereal mal chegava para pagar a renda ao proprietário.
Sr. Eduardo,
ResponderEliminarSabe que a maior parta da juventude de hoje desconhece que muita gente vivia de terras de renda, porque as próprias não chegavam, na verdade, poucas eram as famílias que tinham a sua propriedade rústica, e se tinham, esta era pequena, mas isto é história de Forninhos e da sua gente. Recordo dizer-se que traziam esta ou aquela terra de terças, querendo isto dizer, acho, que por cada ano pagava-se um terço da produção anual, corrija-me se estiver enganada.
Já houve em Forninhos também cultura do linho, quem hoje ainda se lembra conta, as várias operações deste processo, desde a sementeira até ser fiado. Isto também dava uma excelente história. Fica a ideia para um futuro post. Se alguém tiver fotos de uma roca, fuso e outros utensílios usados, conhecimento das medidas do linho, etc., podemos ainda melhor dar a conhecer aos mais novos o passado da nossa terra.
Fala da cabaça e do cabaço, palavras quase iguais e ao mesmo tempo bem diferentes na forma como no fim a que se destinam, talvez a semelhança esteja na palavra “vasilha”. A cabaça é uma vasilha apta para levar a pinga. O cabaço é uma vasilha apta a levar àgua, para o rego. É o que me parece…
Boa tarde a todos.
ResponderEliminarBem, quanto a trazerem terras de terças, não tenho conhecimento, já quanto á renda, como sabemos, a maioria das terras eram pertença das famílias fidalgas.
Os lavradores mais abastados, tinham, e cultivavam as suas próprias terras, os menos abastados, cultivavam as das famílias mais ricas a troco de uma renda pré-establecida que se cifrava em medidas (alqueires) que era entregue após a colheita, por alturas do S. Miguel.
Era também normal, os pequenos lavradores terem vacas ou bois ao ganho, isto é, os que tinham mais dinheiro compravam e o outro alimentavam-nos durante algum tempo, depois vendiam com ganho que era dividido pelos dois.
Quanto ao linho, é um assunto com muito para se falar. Desde a sementeira até ao tear, muita volta o linho tem de dar.
Obrigada pela "lição" caro ed santos...venho aqui e fico sempre a saber coisas novas.
ResponderEliminarEscrever sobre o nosso povo e a nossa gente não se pode dizer que é fácil, as fontes não abundam, por isso não resisto em destacar os pormenores que tão bem conta e nos fixam em “determinado mundo”.
Parafraseando ed santos: “…quanto a trazerem terras de terças, não tenho conhecimento…”. Se não estou enganada, ainda hoje é hábito apanhar-se a azeitona de “terças” ou de “meias”. Estas palavras devem vir de “determinada época”. De qualquer forma penso que o facto de se pagar um terço ou metade da produção anual estava sempre inter-ligada com as medidas (alqueires), pelo menos as culturas de cereais.
Se os alqueires falassem teriam milhentas histórias para contar. Diriam que viram muita gente preocupada e provavelmente também muito cansada…
Boa noite.
ResponderEliminarCaros amigos, fala-se em medidaas, o alqueir; pois já se disse, que esta medida sempre serviu para medir as colheitas, estas que eram produzidas com grande esforço, suor e lágrimas, pelo SENHOR POVO, os mais pobres, que tendo em conta, aravam, semeavam e cuidavam do fruto até que este se encontra-se em óptimas condições de colher.
Trabalho árduo, para cuidar da terra que nem sequer pertencia a quém dela cuidava, mas a necessidade assim os obrigava.
Depois vinham o senhores ricos, que se vangloriavam, de uma boa colheita, " á custa de outros", para assim encherem os seus celeiros; E os que trabalhavam a terra, ficavam sem nada.
Ainda hoje, se passa algo parecido. Na apanha da azeitona, os senhores que nada querem fazer, ejigem mais de metade daquilo que as pessoas que trabalham tiram para elas.
Boa continuação.
No caso das vacas ou bois ao ganho, não tenho a certeza se assim era, mas no ganho havia diferenças, se fossem animais de trabalho era dividido pelos dois, caso fossem somente animais para engorda, aquele que comprava ganhava menos de metade.
ResponderEliminarEu adoro estas coisas nossas, mas sinto algum receio em publicar a minha opinião, porque há coisas que conheço outras não.
Conhecia o uso da seitoura nas ceifas, mas desconhecia que esta seitoura é diferente da seitoura de cortar milho.
A história do cultivo das terras e pagamento da “renda” em medidas (alqueires) conhecia, mas desconhecia que se pagava 1 alqueire (no nosso concelho correspondia a 17 litros de cereais, não sei se ainda é), ao barbeiro, por 1 ano de corte, barba e cabelo. Havia algum regulamento, documento emitido pela comarca que fixava esta medida? Isto era aplicável a todo o país ou variava de terra para terra?
O alqueire e rasoiro são objectos que conheço bem, pois embora hoje não seja utilizado para pagamento de renda ainda há quem recorra ao alqueire para medição do milho e feijão. Mas reparei que este alqueire na parte de cima tem um revestimento em lata, parece, isto era para evitar o desgaste da madeira quando passava o rasoiro?
Boa tarde a todos.
ResponderEliminarEstes trabalhos a terças, ainda se praticam hoje em forninhos na apanha da azeitona.
Verifica-se, e ainda bem, que actualmente, nestas aldeias já não há grande distinção entre ricos e pobres, o que acontece é que, alguns proprietários de oliveiras estão envelhecidos e a idade já não ajuda, e pagar a quem faça, neste caso, a apanha da azeitona não dá para pagar, entre os vários motivos, está a época, os dias são frios, chuvosos e pequenos, o trabalho não rende e as jornas são caras. Um trabalhador não consegue render o que ganha. Por isso se dá a azeitona a quem a queira apanhar a terças, ou seja, uma parte para o proprietário e duas para quem a apanha. Mesmo assim, é normal em tempo da apanha, ficar muita azeitona nas oliveiras por não haver quem a queira apanhar.
Na nossa terra ainda se faz este trabalho á moda antiga, talvez por isso, o trabalho renda menos.
O modo de vida nas aldeias mudou muito desde algum tempo para cá. Hoje não se pagam rendas aos proprietários nem se cultiva como outrora, mais dos terrenos estão de pouso por não haver quem os cultive.
Por hoje já me alonguei, no próximo falarei sobre as rendas e gado ao ganho.
Um abraço para todos que nos visitam.
Olá boa tarde a todos, estes objectos que agora se apresentam, fazem trazer algumas memórias de tempos idos, quantos destes objectos não causaram autenticas canseiras causadas pelo seu manuseamento, no meu caso era quase uma diversão pois era de tempos a tempos que os utilizava e quando era, era por pouco tempo, era mais por curiosidade sobre o seu desempenho do que por trabalho. Quanto à fisga isso já era puro divertimento porque era eu próprio que as fazia, e quem pagava eram alguns pássaros, latas e por vezes algum cão. Ceitoura na minha terra é conhecida por foice, quanto ao resto é igual, Paula, já agora aproveito para informar de que o alqueire o seu rebordo não tem qualquer chapa, é mesmo só madeira que de ser usado muitas vezes parece que está protegido por uma chapa.
ResponderEliminarA apanha da azeitona por ser feita no Inverno é um trabalho ruim, mas a nossa terra até é bem abrigada e nem é dos lugares mais frios, o problema da apanha da azeitona é o mesmo das sementeiras. A população forninhense é uma população envelhecida e em Forninhos já vai faltando gente.
ResponderEliminarTivemos notícia que faleceu ontem o Sr. Horácio, genro do tio Luís Moreira. Tenho o Sr. Horácio como uma pessoa trabalhadora, gostava de trabalhar a terra, proprietário de um Quinta bem arranjada…fui lá algumas vezes apanhar boas cerejas.
Para a família enlutada os nossos sentidos pêsames.
É curioso o rebordo do alqueire que de tão usado parece mesmo que tem 1 chapa, são imagens como esta, que ainda mais valorizam o trabalho árduo dos nossos antepassados.
ResponderEliminarPara muitos de nós já não foi assim,por exemplo, tirar água a cabaço era pura diversão, porque há muitos anos os motores de rega substituíram a tarefa de elevar a água para rega dos campos e o que se regava a cabaço era meia dúzia de regos, que não requeria muita força nos braços.
Boa noite a todos.
ResponderEliminarCaros amigos, não foi com qualquer intençao de denegrir a imagem das nossas gentes que falei sobre a apanha da azeitona, nesta Aldeia.
Mas bem sei e outras pessoas sabem o quam é árduo a apanha deste pequeno fruto, mais que na época do Inverno, faz frio, o chão está cheio de gêlo, é preciso apanhar a azeitona que cai nesse meio.
Sei por experiência própria que é bastante dolorso.
Com isto não não quero deixar de falar no cabaço, se alguns tiravam a água por desporto, outros houve que eram obrigados, não, que bem cá no fundo até não fosse divertido, mas cançativo..
Olá caro serip,
ResponderEliminarDe certeza que as tuas palavras não denegriram as nossas gentes, gente de trabalho, sabemos que os mais novos não o viveram, mas todos bem conhecemos que antigamente o poder era exercido pelos ricos, que aproveitavam para subjugar e explorar a pobreza, a miséria. Também é verdade que ainda hoje há comportamentos que não desapareceram totalmente. Portanto, recordar é um direito e dever que devemos mostrar aos mais novos porque só assim têm conhecimento de como era a vida dos seus avós e bisavós.
Parece que estou a ficar velha, já recordo o tempo noutro tempo ;)
Vamos agora às cabaças que a azeitona só para o final do ano é que volta e se fôr como diz o rifão: ano sim, ano não, este ano dará menos trabalho.
ResponderEliminarO Sr. Eduardo deixou-nos uma explicação sobre as cabaças muito oportuna, pois de certeza que nem todos sabíamos que o miolo desta abóbora é constituído praticamente por sementes que saem facilmente pelo orifício que se abre junto ao pé.
As cabaças/botelhas deixaram de acompanhar os trabalhadores quando? Finais dos anos 60, princípios de 70?
É que eu só me lembro de ver os garrafões de vidro empalhados e sempre vi estas botelhas já como adorno.
Boa tarde a todos.
ResponderEliminarEu julgo que estas cabaças/botelhas foram usadas até á primeira metade do século passado. Eu lembro-me ainda de ver algumas, mas poucas, quando ainda criança, (tenho 67 anos) estas vasilhas foram substituídas realmente como diz aluap, por garrafões empalhados, estes garrafões tinham vários tamanhos, de 1-2-3-4-5-10-15 e 20 litros, eu ainda tenho alguns exemplares destas vasilhas que são de vidro empalhado, diz-se empalhado mas na realidade são revestidos com vime. Mais tarde apareceu o plástico que ainda se usa hoje para revestir estes garrafões, mas só os de 5 litros, mesmo este método está a ser substituído.
Os hábitos que outrora duravam séculos, hoje, com o avanço rápido das tecnologias, também se mudam mais rapidamente os modos de vida.
É verdade o que diz ed santos…Lembram-se do post “Memórias: Fonte da Lameira”? Não sei se, se aperceberam, mas nessa foto estava um utensílio de corte agrícola, uma sofisticada máquina mecânica de ceifar feno, que pertenceu ao Samuel, do tio Abel. Esta alfaia veio substituir a gadanha, foice, isto, na década de 80. No entanto, hoje comparada com uma moderna ceifeira, já é considerada uma relíquia, digna de museu.
ResponderEliminarQuanto à fisga, na linguagem popular até se dizia de quem andava aos pássaros que andava com a “atiradeira” aos pássaros.
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