Estamos em Maio, altura de n´outros tempos também se pegar na gadanha e ceifar com desembaraço o feno (erva criada nos lameiros), que depois de ceifado se juntava às braçadas, fachos, que eram colocados na vertical, com a espiga bem juntinha e atada, para a semente não se perder, ficando com aspecto de "bonecas" dispostas no lameiro durante alguns dias para amarelecer e secar melhor, e depois eram então levadas para as lages/eiras onde o feno era bem sacudido para a semente cair:
Usava-se o ancinho para gavelar o feno e para ajudar a remover as palhas
O feno ficava estendido, traziam-se os bincelhos feitos de palha de centeio e era, então, enfaixado e carregado com as forquilhas no carro de bois ou tractor, preparado com os fogueiros para segurar bem a carrada, e no fim apertava-se melhor com uma corda e lá seguia para a palheira para servir de alimento para o gado todo o ano.
A vida do campo há décadas atrás era assim.
Boa tarde a todos.
ResponderEliminarA particularidade desta palha a que damos o nome de feno, é que não é preciso malha-la com o mangual, basta sacudir e a semente cai, depois é só limpar alguns restos de palha que cai junta e atar em molhos como aluap diz e muito bem.
Hoje, ainda se vê algumas “bonecas” espalhadas nos lameiros, chamamos lameiros às terras de cultivo mais húmidas, normalmente nas margens dos ribeiros onde a erva cresce mais e dá tempo para se criar a semente por serem lavradas mais tarde.
Os carros de bois, esses, já se não vêem, foram substituídos pelos tractores mas estes não usam os fueiros, ou estadulhos como em algumas localidades também são conhecidos.
Todos lavradores tinham dois conjuntos de oito fueiros, quatro de cada lado que normalmente eram de carvalho por ser um pau mau duro; um conjunto de tamanho normal, mais ou menos metro e meio, e outro com dois metros e tal que servia só para transportar a palha eo feno.
Também tinham como acessório as sebes, que serviam para transportar o estrume para as terras
Tudo isto já desaparecido, praticamente já só existe na memória dos mais velhos.
Um abraço a todos.
Felizmente (ou não) tudo isto já não existe. Digo (felizmente ou não), porque os tempos que aqui recordamos eram difíceis, tanto para as pessoas, como para os animais. A ceifa do feno à gadanha era um trabalho que exigia do trabalhador muito jeito e esforço físico; os caminhos eram ruins e bastava um descuido para se virar a carrada.
ResponderEliminarUma vez que sempre me lembro o meu pai ter tractor, sei que ele usava fogueiros (digo fogueiros, pois acho que era este o nome usado em Forninhos), principalmente, nas carradas de feno. Ainda recordo, quando se descarregava o feno para ser arrumado na palheira na Vigaira, cair/brincar entre os molhos (fachos).
Boas lembranças.
Boa Noite.
ResponderEliminarPois é, já o disse e torno a dizer, as fotos são uma janela para o tempo passado, que nos trás à memória antigas maneiras e costumes de outros tempos, as bonecas a que se referemeram são também conhecidas por feiticeiras, ainda cheguei a tempo a essa bela aldeia e poder participar em algumas dessas actividades, e é sempre com algum saudosismo que ao ver estas fotos que a nossa amiga Paula vai publicando, me faz recordar.
Boa noite.
ResponderEliminarMais um Post, presentiado por "aluap", que tráz á memória o crescimento da erva, que durante uns meses servia de alimento aos animais, ovelhas dentro dos seu cercados, " grades feitas em madeira, pinheiros novos", outra era seifada, e transportada em molhos ou feixes no carrinho de mão, construido em madeira e com uma roda tambem de madeira, revestida em todo o seu diametro com uma tira de borracha, para não se gastar o seu " rasto".
Erva esta que após alguns meses, se deixava crescer, até ganhar espiga, sendo nesta altura?... cortada ´´a gadanha e depois atada em pequenos molhos " as bonecas", para mais tarde, como demonstram as fotos, as sementes servirem para nova sementeira do ano seguinte ou até para comercealizar.
Continuando...
ResponderEliminarMuito havia a dizer, sobre o feno.
Mas quém teve o previlégio de o conhecer desde o semear ao colher, digo, foi e não me emportava de voltar a trabalhar essa bem dita erva.
Caso algumas pessoas não saibam, duvido, que era na altura desta erva que os animais andavam bem tratados e davam o melhor leite para a produção caseira dos nossos queigitos, bem saborosos, diga-se a verdade.
Para o J. Seguro, só é pena que tenhas chegado um pouco tarde, tempos foram os de trabalho mas que em todos havia um toque saudável e de brincadeira.
Até á próxima.
Só este pequeno reparo!
ResponderEliminarGostei de voltar a ver estes Senhores, "BRANCOS"? com todo o respeito, e bons amigos.
Paula,
ResponderEliminarAs imagens são preciosas. Fico imaginando as pessoas que viveram ou vivem nesse lugar, que agora podem recordar vendos as fotos através de seu blog. É maravilhoso.
Tenha um lindo dia.
Beijos
São imagens destas para relembrar o passado e dar a conhecer aos mais novos as tradições da nossa terra que mais gosto de publicar (embora muitos não o mereçam), somente o faço porque acho que vale a pena puxar pelas memórias da nossa autenticidade rústica, que nos levam para realidades bem mais profundas do que certas “tricas” do dia-a-dia que nada dizem para as tradições e costumes de Forninhos. Este blog continuará a privilegiar a memória das pessoas e dos lugares, para todos os que quiserem não esquecer, ou, saber como era.
ResponderEliminarHoje estas tarefas nas lages estão totalmente em desuso, mas os nossos pais (e muitos de nós) ainda conservam na memória os trabalhos que se faziam nos campos e nas lages/eiras. O pessoal mais cosmopolita se calhar estranha alguns pormenores, mas a vida do campo era mesmo assim. E, quanto ao vocabulário usado, devemos ter orgulho, porque isto é que nos distingue dos meios urbanos e não devemos "fazer pouco" da forma (a meu ver, correcta) como fala a nossa gente mais idosa. Reparem: “Fazer pouco” de alguém significa gozar, escarnecer, fazer troça da pessoa, e é praticamente a única forma que as pessoas mais antigas usam para designar essa atitude. Na verdade, que outra coisa não é troçar de uma pessoa senão rebaixá-la, pretender diminuir a sua dignidade?
Mais uma:
"Gadanha". Em algumas regiões do país uma gadanha é apenas uma foice de cabo comprido que serve para ceifar, cortar ervas e fenos em grandes quantidades, mas na nossa terra ganhada também é uma concha para tirar sopa. E está correctíssimo! No Grande Dicionário da Língua Portuguesa, Tomo V, pág. 332, lê-se: “Gadanha – Grande colher para tirar sopa; concha. / espécie de fouce/…acção de gadanhar."(Gadanhar é cortar feno com a gadanha).
Não queria alongar-me, mas as conversas, isto é, os comentários, são como as cerejas...
Boa tarde.
ResponderEliminarMuitas vezes ia com a minha mãe e os meus avós cortar o feno para uma propriedade que se chama São Pedro, íamos no carro de bois levava-se sempre duas gadanhas e a pedra para poder a fiar as gadanhas, a pedra de afiar era guardada sempre dentro de um corno de boi com água, quem cortava o feno era o meu avô, a minha mãe juntava em montes pequenos eu e a minha avó clementina fazíamos as bonecas , ficavam ali alguns dias para secarem, quando estavam secas então levavam nas para a laje para se poder bater e sair a semente. Era muito divertido nós os miúdos íamos para a laje dançar com as bonecas.
Interessante e encantador!!!!
ResponderEliminarImagens lindas e doces
abç
Tina (MEU CANTINHO NA ROÇA)
Boas!
ResponderEliminarPenso não estar enganada ao dizer que o corno com a pedra de afiar dentro tinha na extremidade mais larga um arame para se dependurar no cinto dos gadanheiros, parte de trás, e que a razão porque levavam água era porque a pedra húmida afiava melhor.
Notinha:
Aos usuários do blog que estão com problemas em publicar comentários, peço paciência, mas o problema que está a impedir o login e publicação de comentários está a ser resolvido.
Boa tarde a todos.
ResponderEliminarComo diz J.SEGURO, e muito bem, estas fotos devolvem-nos ao passado, passado recente, diga-se, mas que já não existe e só lhe sabe dar o valor merecido quem o viveu, e compete-nos a nós, transmiti-lo às novas gerações, uma vez que este período, este modo de vida não volta, e é na realidade o que a Paula com esta iniciativa tenta transmitir às novas gerações assim elas o queiram entender.
O vocabulário que muitas vezes utilizamos para chamar pelo nome os vários utensílios que usamos no dia a dia nas nossa aldeias, poderá parecer estranho, algumas vezes conhecemos dois objectos diferentes pelo mesmo nome, como diz aluap (gadanha de cortar feno e gadanha de tirar o caldo (lá estou eu também a usar um termo popular) mas era assim mesmo a nossa maneira de ser e falar, e não é por isso que a cultura popular deixa de ser rica. Não creio que hoje haja alguém que faça pouco, isso, muitas vezes era a arma dos ignorantes.
P.S. Já a algum tempo que ando a tentar meter esta comentário, vamos ver se é desta.
Eduardo santos
Os usuários que utilizam o Internet Explorer estão impedidos de comentar desde o dia 24, mas isto deve-se a razões técnicas, a que sou alheia, mas temos de compreender que as tecnologias modernas também precisam de “restauro”. Eu como utilizo o Google Chrome consigo entrar no painel e página actual.
ResponderEliminarVoltando às falas dos antigos e menos antigos, que são lições de tradição, no fim da Primavera era a ceifa da erva da semente nas terras de cultivo, que depois de ceifada se faziam as “bonecas", fachos colocados na vertical que em Forninhos chamavam de “pinoucos”. Além deste feno, ceifava-se também o feno pousio ou feno bravo. Este feno que crescia em terras de pouso era também ceifado à gadanha e ficava estendido no terreno uns dias e se ficasse basto era virado para secar bem dos dois lados, quando seco era de imediato atado com os bincelhos húmidos feitos de palha de centeio do ano anterior e carrejado como já descrito.
Saudações tradicionalistas
Boa tarde para todos.
ResponderEliminarOlá Paula, estou a ver que apesar de ainda jovem e teres passado a maior parte do tempo fora da nossa aldeia, ainda sabes e conheces como se processam estas coisas da agricultura.
O feno tanto pode ser criado em lameiros (terras cultivadas) como em lenteiros (terras de pouso) mas os lenteiros, por chamarmos terras de pouso, não quer dizer que não sejam tratadas, são-no, e bem tratados, principalmente com os cuidados da agua, só que estão reservadas para este tipo de erva que não é semeada como a dos lameiros.
Há quem goste mais deste feno, o gado come-o melhor.
Hoje, este feno, como não se tira a semente, e já não é ceifado á gadanha, não vai para a laje, é cortado com a ceifeira mecanizada, fica espalhado no terreno e quando está seco passa a enfardadora, já não são necessários os bincelhos.
Eduardo santos.
Sr. Eduardo, apesar do pouco tempo que vivi em Forninhos, presenciei muita coisa e fui habituada a fazer algumas coisas no campo, refilava a valer, mas hoje gosto de me descrever como uma rapariga rústica.
ResponderEliminarNas margens dos rios e, particularmente, a do ribeiro dos Monções que atravessava a aldeia, ainda hoje me transporta à tradição rústica da acção dos gadanheiros e das muitas “bonecas” dispostas naqueles lameiros afora.
Nos "montes" que possuíam as próprias lages, como a Cerca, Estracada, Cabreira, Santa Maria, “as bonecas” ficavam aí dispostas e aí eram sacudidas, não sendo transportadas para as lages comunitárias da povoação.
Na última foto está a Sra. D. Deolinda a varrer a lage, descalça. Hoje não passa de uma memória, mas há algumas décadas este era um cenário habitual, mulheres e homens nos campos e lages, descalços.
Olá Bloguistas,
ResponderEliminarO blog parou alguns dias devido ao facto do problema do login ainda não estar resolvido. Em alternativa, de modo a que possam "iniciar sessão" neste espaço, através do IE (Internet Explorer), no IE vão a “ferramentas”, “privacidade”, “sites”, escrevam www.blogger.com e depois “permitir”. Fechem o navegador e voltem a reabrir tudo e penso que funciona. Experimentem. Amanhã publicarei novo post.
As minhas desculpas,
Paula Albuquerque