Os queijos foram durante vários seculos, a principal fonte de receita da nossa região. Basta recordar, que já Columero (oficial romano nascido na península ibérica) se referia a este produto. Também na idade média, Gil Vicente lhe prestou homenagem.
Há vários tipos de queijo artesanal, mas o mais famoso e chamado queijo da serra, agora "queijo serra da estrela," é o queijo feito exclusivamente com leite de ovelha de raça bordaleira.
Na década de 90, por imposição comunitária, procedeu-se a alterações no seu fabrico e manuseamento, e lá se foi a tradição que lhe deu fama, e com isso a principal fonte de receita das gentes das aldeias.
Note-se que não era só quem tinha rebanhos que ganhava, normalmente, os pequenos rendeiros que no verão cultivavam as suas terras e a maior parte da colheita era entregue ao senhorio, restava-lhe o arrendamento dos pastos aos pastores.
Antes do mais um muito obrigada ao Colaborador ed santos pelo artigo e divulgação de mais um produto endógeno que foi uma fonte de riqueza de muitos agricultores da nossa região.
ResponderEliminarPor não comer qualquer tipo de queijo, não irei escrever sobre o seu paladar, só sei que o queijo tem séculos de história e a história também se faz na nossa terra, que foi em tempos terra de muito gado caprino e ovino, rodeada de nabais, hortas, lameiros, etc. É certo que quase sempre os lameiros eram de propriedade privada e no Inverno se destinavam à pastagem, mas havia muito montes (baldios) que eram do pastor, onde era comum ver os seus rebanhos, que todas as manhãs saíam dos currais e guiados pelo pastor, subiam as encostas da serra, na procura da sua subsistência.
Em Forninhos já não há rebanho, nem pastores, mas muito próximo de nós ainda perdura no tempo, uma uma das feiras mais antigas do queijo da serra, a Feira e Festa do Pastor e do Queijo da Serra de Penaverde, que deve estar para breve (???). A de Penalva já está divulgada na página da Câmara, realizar-se-á dia 05.FEV.2010…na página da CM AGB nada se encontra :(( (como é useiro e vezeiro)!
Boa Noite e Um Queijo da Serra :((
ai os queijos, ai os queijos,gosto de todos mas o queijo da Serra é delicioso!
ResponderEliminarSó não comprendo porque tem de se intitular o queijo da Serra por "Queijo da Serra da Estrela" (?!)
Normalmente quando se fala deste produto, ninguem incluiu o nome completo pois não há necessidade porque ele é conhecido por queijo da Serra.
O que acham sobre esta questão?
Boa questão!
ResponderEliminarNão sei se é tarde ou não e se vale a pena, mudar o nome que identifica o queijo, mas temos o exemplo do Queijo Limiano, que no fundo é um queijo do tipo flamengo e lembram-se da guerra que o concelho de Ponte de Lima fez por causa do nome do queijo?
No nosso concelho, Aguiar da Beira, o queijo ainda vai sendo um negócio, mas para ganhar dinheiro e pouco ou nada se preocuparem com a qualidade, porque se analisarmos bem, qual é a aldeia do nosso concelho que vive do turismo baseado no queijo? A verdade é que os autarcas camarários nunca se preocuparam em apoiar os pastores,nunca incentivaram que se investisse neste tipo de turismo!Estou a falar do tradicional e não do industrial, pois quem o produz artesanalmente, além de querer ganhar o seu, tem brio em produzir o que de bom dá a terra,já quem o produz industrialmente apenas quer obter lucro a curto prazo. E agora pergunto:
Não foram esses industriais de lacticínios que acabaram com muitos verdadeiros produtores de queijo da serra, que em nada ajudaram os pastores, antes pelo contrário arruinaram muitos deles?
Eu que nem gosto de queijo, acho que este tema além de ser muito interessante "dá pano para mangas".
Olá a todos.
ResponderEliminarAté á década de 90, era, como atrás já se disse, o “queijo da serra,” a arte de fabrico deste produto, foi transmitido de gerações em gerações ao longo de muitos séculos, e como sabemos, este produto tinha uma qualidade requintada. Entretanto com as novas tecnologias, “sempre as novas tecnologias” vieram alterar, ou melhor, acabar com esta tradição. Eu aceitaria se o produto melhorasse, mas não, vieram uns técnicos, que aprenderam nos livros, como se fazia o queijo e quiseram ensinar (impor) ás mulheres das aldeias o que elas aprenderam durante largos anos da sua vida, e lá diz o ditado: quem pode manda, e quem não pode obedece, e assim se acaba com uma tradição que era o principal sustento de muitas famílias.
Eu não sou contra os industriais, há espaço para todos, mas quando os poderes instalados apoiam a indústria em detrimento destas tradições, aí já muda a minha maneira de ver.
Houve alguns pastores, que tentaram resistir, mas as dificuldades na comercialização desencoraja qualquer, mesmo o mais resistente.
A diferença que há entre um “queijo serra da estrela”, é que tem um selo de certificação que é pago e o queijo da serra, pura e simplesmente não existe, também lhe extinguiram o nome, o que é de todo lamentável.
Eu conheço um pouco de todos este processo, estou á vontade para responder a dúvidas sobre este assunto, podem perguntar
Pelo que sei, hoje o denominado Queijo da Serra da Estrela abrange uma série de concelhos que se situam “para os lados da Serra da Estrela” (se calhar ao escolherem o nome tiveram em conta alguma aula básica de geografia), pois eu sempre achei que o Queijo da Serra era produzido nos concelhos de Fornos de Algodres, Celorico da Beira, Gouveia e em algumas freguesias de Aguiar da Beira e Penalva do Castelo. Agora se é também produzido n´outros concelhos, como Arganil, Tondela, se calhar anda por aí muita gente a comprar "gato por lebre" e que muitas dessas feiras que se fazem por aí de Queijo da Serra, genuíno, só têm mesmo nome!
ResponderEliminarAgora o que eu penso é que se deveria defender e promover o ainda que pouco genuíno queijo que se produz na nossa região, divulgá-lo, pois ainda é dos produtos regionais que podem fazer a diferença, mas o problema parece é que os nossos autarcas comem muito queijo, se calhar às colheradas, e por esse motivo perdem a memória e fazem desaparecer os antigos costumes gastronómicos.É o que dá meter a política em tudo.
O Sr. Eduardo por certo está mais dentro deste assunto do que eu e por isso saberá melhor do que falo, mas a ideia que eu tenho é que nessa década de 90 houve quem incentivasse o pequeno e desapoiado produtor a vender o leite para as indústrias de lacticínios (Fábricas) e depois muitas dessas fábricas fecharam. Mas o pastor, o pequeno produtor, aquele que anda atrás do “cu da ovelha”, esse continuou e continua sem qualquer apoio do poder local!
Eu já provei muita variedade de queijos, franceses, suiços, mas o nosso queijo da serra aquele que é produzido à boa maneira de antigamente é o melhor e eu vou continuar a chama-lo de queijo da serra e que se lixem os engenhocas e as suas ideias que só sabem baralhar.
ResponderEliminarMesmo os produtores que vendem o leite para as fábricas já se queixam porque vendem o leite ao mesmo preço há anos.E como não dão apoios a estes produtores nem incentivos a quem quer iniciar esta actividade mais abandono vai haver.
ResponderEliminarOlá a todos!
ResponderEliminarAqui temos um tema muito bom que nos vem lembrar tempos antigos, alguns anos atrás, não foi assim há tanto tempo, que a tradição do nosso queijo era uma forma de sobrevivência das famílias da nossa Aldeia. Eu ainda fiz bastante queijo, e tenho saudades desse tempo, em cada época do ano era diferente, se estivesse frio era melhor, se estivesse calor já não era igual, mas infelizmente tudo isto acabou.
Actualmente, o queijo da serra fabricado pelas máquinas, veio substituir o saboroso queijo da serra artesanal, que hoje em dia se encontra pouco.
Um Abraço
Iracema
Olá a todos.
ResponderEliminarEm 1995 (DL 42/95) foi criada a Região Demarcada do “queijo serra da estrela”e com este Decreto Regulamentar lá se foi o nome de queijo da serra, como atrás já foi dito.
Esta região abrange os concelhos de: Celorico da Beira; Fornos de Algodres; Gouveia; Seia; Mangualde; Penalva do Castelo; Nelas; Manteigas; Carregal do Sal e Oliveira do Hospital, e parte dos concelhos de Aguiar da Beira; Guarda; Trancoso; Viseu; Tondela; Covilhã; Tábua e Arganil.
Como se nota, a principal região é a norte da serra da estrela, posso acrescentar que, os principais concelhos que produziam a melhor quantidade/qualidade era Celorico da beira e Fornos de Algodres e o Município que mais tem contribuído para promover este produto, é Penalva do Castelo, isto, quanto a mim, claro.
Já agora quero acrescentar que fico muito triste quando vejo alguém que chega de um passeio á serra da estrela, e trás de lá um queijo convencido que é genuíno, quando este é industrial.
Isto é realmente, comprar gato por lebre.
Queria também corrigir o meu comentário anterior: onde se lê (impor) ás mulheres das aldeias o que elas aprenderam, deve ler – o contrário do que aprenderam
Olá a todos:
ResponderEliminarEntão, resumindo, pelo que me é dado a conhecer, é o seguinte:
O verdadeiro, genuíno, Queijo da Serra, é o produzido nos concelhos, de Celorico da Beira, Fornos de Algodres, algumas freguesias de Penalva do Castelo e de Aguiar da Beira, feito pelas mãos das mulheres das aldeias. E, com a introdução desse Dec. Lei de 95 passou-se a designar de "Queijo da Serra da Estrela" e passou a abranger os concelhos mencionados no comentário supra. Os tais concelhos que ficam "lá para os lados da Serra da Estrela"!!
Este queijo agora certificado, é produzido somente em fábricas ou também existem produtores, particulares, que o vendem no mercado?
Ou,pelo contrário, quem quiser comprar e saborear o verdadeiro Queijo da Serra vai à casa do pastor, produtor?
Outra questão: Em termos de paladar há diferença? Ou independentemente do nome que lhe é dado, continua a ser um queijo que se pode recomendar?
Mais...na altura, 1995, o que foi feito pelos autarcas de Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Penalva do Castelo e Aguiar da Beira? Aceitaram de bom grado esta alteração?
Olá a todos
ResponderEliminarA região demarcada do “Queijo Serra da Estrela” consta do anexo 1 do DR 42/95 e abrange alguns concelhos na sua totalidade e algumas freguesias de outros.
Eu não me manifesto contra a região demarcada, mas sim, contra o critério seguido como por exemplo: acabar com o nome de queijo da serra.
Era normal ver-se exposto nas montras das mercearias dos grandes centro urbanos como Lisboa e porto, principalmente nesta época do ano, o queijo da serra, hoje não se vê, o nome foi extinto, ou se vê “Queijo Serra da Estrela” ou queijo de ovelha.
O “queijo serra da estrela”, para ostentar este nome tem de passar por um processo de certificação que trás custos e muitas rejeições, (um queijo rachado não passa) e a maioria dos pastores não estão para isso, preferem vender o seu queijo, como queijo de ovelha. E como as unidades industriais também podem fabricar queijo de ovelha, fica assim tudo misturado, sendo distinguido, apenas por quem anda por dentro destas questões.
Uma trapalhada que só beneficia os mais “espertos” em prejuízo dos mais honestos.
Um outro produto inimitável também muito conhecido, para além do emblemático queijo, é o Requeijão de ovelha, obtido a partir do soro que escoa da francela (talvez a nossa querida colcaborada Iracema também tenha confeccionado alguns :D) Usava-se antigamente uns pequenos cestos de verga fina para lhes dar forma, provavelmente hoje foram subsituídos por outros de material mais higienizável(??). Ao requeijão também se associam outros produtos de combinação, como o doce de abóbora, o mel, a marmelada.
ResponderEliminarPena é que apoiar e incentivar os produtores que se identificam com os princípios genuínos dos nossos produtos endógenos, como:
o mel;
os enchidos;
o vinho;
e naturalmente o melhor “Queijo Serra”da Estrela feito com o leite de ovelha cru, da raça Bordaleira, coalhado pela flor do cardo, planta nativa da região e sal, e com a ajuda da temperatura fria da nossa serra, não seja uma PRIORIDADE!
Se todos defendermos os produtos endógenos das nossas terras estaremos dar o devido valor à nossa cultura e às nossas raízes.
O segredo de um bom queijo de fabrico artesanal passa sobretudo pela qualidade do leite o que muito tem a ver com o tipo de pastagem e fazer bom queijo (e requeijão) tem os seus segredos que só mãos experientes podem desvendar, mas a verdade é que quando nos sentamos na mesa de um restaurante ou das nossas casas e saboreamos um bom queijo não se pensa na quantidade de voltas que ele deu para chegar a ter esse sabor de qualidade.
ResponderEliminarOlá a todos.
ResponderEliminarJá escrevi bastante neste post, e sem querer abusar por excesso, não queria deixar Passar este reparo.
Por casualidade, ontem ao arrumar uns livros escolares que foram dos meus filhos, reparei num capítulo referente á Beira Alta e chamou-me a atenção de um texto alusivo aos pastores da serra da estrela.
Neste texto lê-se: “as ovelhas são de raça chamada de bordeleira, pouco corpulentas, cabeça nua e curta, sem hastes e velo grosseiro e claro”quem conhece estas ovelhas sabe que está tudo errado, principalmente quanto ás suas hastes (chifres ou cornos) têm e são grandes.
Mais, quando referencia os cães da serra da estrela diz:”cortam-lhe as orelhas” também não é verdade.
Este texto é de 1913, mas foi transcrito para um livro escolar em 1992.
Sem comentários
Um abraço.
Padrão da Raça Bordaleira:
ResponderEliminarAspecto geral - estatura mediana, esqueleto bem desenvolvido, regularmente musculado, de cor branca ou preta, com aptidão predominantemente leiteira.
Peso vivo adulto - fêmeas 50 a 55 kg, machos 80 a 100 kg.
Pele, velo e lã - pele fina, elástica e untuosa, branca e com reduzida pigmentação nas extremidades, ou preta. Velo branco ou preto, pouco extenso não abrangendo a cabeça, a barriga e os membros; pouco tochado de madeixa cilíndrica ou pontiaguda; pelos cábrios mais abundantes na parte dorsal (posterior) do animal. Lã de tipo cruzada fina, pouco ondulado, toque suave ou ligeiramente áspero.
Cabeça - mediana de forma piramidal, deslanada, fronte estreita e plana, arcadas orbitárias salientes, olhos grandes, face comprida e estreita de forma triangular, chanfro convexo e liso, boca rasgada de lábios grossos; cornos em ambos os sexos, de comprimento variável, de forma espiralada, rugosos, fortes na base, finos e mais claros na ponta.
Pescoço - comprido, delgado, de forma tronco cónica, sem barbela, garrote largo e pouco destacado, espáduas oblíquas compridas e estreitas, costado bem arqueado.
Tronco - dorso e lombo compridos e largos, garupa comprida e de regular largura; ventre volumoso.
Úbere - de forma globosa desenvolvido com sulco mediano evidente; tetos grandes e bem implantados.
Fonte: Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Serra da Estrela