As minhas memórias de infância estão povoadas de imagens de ruralidade. Mais nos outros do que em mim. Dos carros de bois, das enxadas ao ombro, molhos de erva ou de couves às costas ou à cabeça (mulheres), ancinhos, forquilhas, foices, seitouras, de espantalhos deixados no campo para as aves não comerem as sementes acabadas de atirar à terra, dos “molhinhos” de cebolinho que seriam “dispostos” na terra para virar cebolas, dos machados de rachar lenha, das tesouras da poda e da piteira, ráfia. Dos foles de enxofre para deitar nos rebentos das videiras. Das ceifas, do mangual, da palha...tradições que se vão perdendo com as modernidades...utensílios antigos que enquanto ainda existem ninguém lhes dá valor, vêem-se nas feiras de artesanato e exposições e sorte a dos que nascem "agora" e ainda os conhecem! Daqui a uns tempos dizem-nos os que nascem, que são invenções nossas, lendas, coisa de velhos (nós)!
Fotografia, Cortesia da Família Lopes.
Olá a todos.
ResponderEliminarEsta viatura (carro de bois) já é muito moderna, tendo em conta as suas rodas. As rodas eram feitas, normalmente de carvalho, com dois buracos em forma de meia-lua e com o piso de ferro cravado com cavilhas, e o eixo era sempre feito de freixo.
Como diz a Paula, e muito bem, os netos de hoje, amanhã não tem uma ideia sequer de, como foi a vida de seus avós para contar aos filhos
Compete aos poderes locais, e espero sinceramente que os novos autarcas tenham sensibilidade para estas questões, e venham a ponderar seriamente em museulisar estes e outros objectos antes que se percam de vez.
Um abraço atodos
Com a criação de um museu rural, não só a freguesia ficava a ganhar, como também o concelho!
ResponderEliminarPor coincidência ou não, quando finalizei este Post deixei a ideia no ar para que um dia Forninhos possa ter um espaço dedicado ao museu rural, é bom saber que estamos em sintonia Sr. Eduardo :))
Forninhos possui alguns imóveis que se encontram devolutos, onde não existe qualquer tipo de actividade, pelo menos, até esta data, e eu gostava muito que aqueles que representam os forninhenses tomassem já neste novo ano, 2010, medidas no sentido de isso ser possível, de darem utilidade a esses imóveis.
Porque Forninhos é também passado e o futuro não se pode desligar do passado nem sequer apagá-lo. Há que progredir, mas esse progresso tem de estar de acordo com aquilo que somos!
Já aqui dissemos que as gentes de Forninhos são pessoas generosas, portanto, os habitantes poderão doar as alfaias agrícolas, talvez algumas tenham de ser restauradas, mas tudo se há-de arranjar, o mais importante é adoptar este tipo de políticas:
1.Temos uma escola que encerrou, onde o mobiliário da mesma está amontoado (ao que se sabe) num barracão!!! Porque não o expôr aos Domingos e dias Feriados? Seria uma forma de não só os habitantes visitarem a exposição, como os turistas que nos visitam, quer ainda todo o concelho e concelhos limítrofes!!
2.E quanto à Caminhada? Penso que seria importante acrescentar algo de novo, não só o percurso, mas também mostrar aquilo que nos diferencia, porque não arranjar, nesse dia, um espaço ao ar livre onde se pudesse expôr as alfaias agrícolas, tais como os arados, as grades, os carros de bois e outras ferramentas de trabalho?
Parece-me é que estão mais preocupados em fazerem figura na Feira de Actividades da Vila, “só para inglês ver” do que o fazerem na sua própria terra – Forninhos!
E muito mais haveria a dizer sobre este assunto, mas já me alonguei e por ora fico-me por aqui.
Vejo que a Paulinha sabe o que é um ancinho e dá valor ás suas raizes e origens o que nem sempre acontece aqueles que saem da sua aldeia.
ResponderEliminarUm espaço rural será com toda a certeza uma mais valia e um pólo de atracção para qualquer freguesia e para os seus habitantes e visitantes e se querem evitar que a nova geração fique arredada da memória da antiga lavoura e do valor das suas tecnicas e tecnologias rudimentares,tem de se criar um museu rural.
Cumprimentos a todos
Bom…penso que não há forninhense que não esteja ligado à agricultura na sua terra,por isso deveriam pensar bem neste assunto para guardar a memória da antiga lavoura junto das novas gerações porque é patrimonio que vai desaparecer.
ResponderEliminarOlá a todos.
ResponderEliminarÉ verdade Paula, um museu rural a par de um percurso pedestre muito bem delineado, já que temos muito boas condições para ser inserido na natureza e na história da serra. E porque não, com a agricultura tradicional que ainda se vai praticando nesta terra? Poderia muito bem ser os primeiros passos para fazer da aldeia de forninhos uma aldeia turística de elevado interesse.
Se recuperarem algumas das muitas “casinhas”e as colocarem ao dispor dos visitantes, a par das casas de turismo de habitação existentes, seria, quanto a mim também, o caminho certo.
Já agora quero acrescentar, que não me move qualquer intenção, e creio que á Paula também não, interferir nas orientações do executivo autárquico, muito pelo contrário, queremos só, e apenas contribuir na divulgação das potencialidades destas terras do interior onde ainda a natureza está viva e se dá os bons-dias ás pessoas, e seja transmitida ás gerações vindouras o que fomos e o que somos, já que as novas tecnologias estão a ofuscar o passado recente e amanhã os nossos netos não consigam contar aos filhos, como foi a vida dos avós.
Quando iniciei este blog (vidé 1.º Post, de 09.11.2009), escrevi:
ResponderEliminar"Há quem diga que para compreender o presente é preciso primeiro conhecer o passado. Ciente desta premissa, o objectivo deste blog é dar a conhecer a todos os forninhenses (naturais, residentes, não residentes, aos que sentem Forninhos no coração, que sentem esta aldeia como sua, todos no geral) esta aldeia da beira, desde a publicação de fotos antigas que relatem a aldeia de Forninhos de antigamente, documentos antigos e também dar destaque ao nosso património, desde:
Arqueológico e Religioso: Castro, Pontes, Igreja, Capela, Cruzeiros, Alminhas
Arquitectónico: ex-escola primária (por exemplo)
...
...
...
Gastronomia
Ditados, Modos e Modismos etc e tal ...
No fundo é tentar através deste cantinho no mundo virtual, conhecer melhor as nossas raízes, a nossa cultura, as nossas referências, de modo a que fique registado para que as futuras gerações de forninhenses possam conhecer o passado, a história da sua terra - Forninhos!”
É pois isto o que me move, é por isso que luto!
Quanto aos novos autarcas eu desejo que comunguem das mesmas ideias e que façam de Forninhos uma aldeia turística. Que centrem as suas políticas nas crianças, nos jovens e nos menos jovens. Eu há anos que passo a maior parte das minhas férias em Forninhos e tenho amigos que me dizem como posso passar tanto tempo numa terra onde não existe NADA para fazer!! É verdade, não há nada, não há sequer uma piscina natural, isto para não falar numa praia fluvial, não se faz uma exposição, não há um espaço de Internet conjugado com uma Biblioteca (ainda que fosse pequena), etc. – é disto que Forninhos precisa, não é de requalificação de Largos (veja-se o que fizeram com a Fonte do Lugar e zona envolvente, onde se misturou mobiliário urbano com uma Fonte antiga). É este Forninhos com Futuro que queremos? E o nosso passado? Enterra-se? Apaga-se com um simples clik?
Acho até muito preocupante os jovens de hoje terem uma total ausência de ideias, dando-se mais importância às novas tecnologias, às redes sociais do que aquilo que realmente somos.
Não quero de todo interferir no trabalho da JF, mas sem conceder, penso que há que adoptar outro tipo de políticas numa aldeia rural como a nossa.
Rever fotos antigas trás sempre memórias de lugares e memórias e dos trabalhos agrícolas que sempre eram feitos arduamente pela mão humana, mas hoje as ferramentas são outras, mecânicas e eléctricas.
ResponderEliminarÉ verdade, hoje os carros de bois foram substituídos pelos tractores, muitas ferramentas de trabalho deram lugar a máquinas que fazem o trabalho que antes tinha de ser feito por meia dúzia de homens ou mais. Desde os rachadores de lenha, os semeadores de batata, os esmagadores das uvas e muitos outros.
ResponderEliminarValorizar as alfaias agrícolas e o trabalho manual realizado por muitas gerações de forninhenses seria uma forma de homenagem a esses seres humanos que já não estão entre nós, que também eles (tal como nós hoje) tinham muitos sonhos, alguns dos quais não conseguiram realizar.
Forninhos com futuro não pode esquecer o passado; misturando material antigo com material moderno.
ResponderEliminarA casa que se vê nesta foto era antiga casa da tia Ana Catarina, aonde a maior parte da rapaziada se ia ensaiar pelo carnaval e aonde se comiam algumas galinhas que eram desviadas.
No sitio dessa antiga casa hoje esta construído o meu lar. Tenho muitas saudades das pessoas que se encontram nesta foto.
O MEU AVÔ JOSE CARAU
A MINHA TIA ARMINDA
O TIO DOMINGOS
Que boas recordações Tónio :))
ResponderEliminarEu com a minha prima Cila também nos ensaiamos nessa Casa, com a ajuda da tua mãe, para correr o entrudo - Eram momentos de muita alegria, a escolha das roupas, o cuidado para que ninguém nos conhecesse, tudo...
Acho que o Bairro do Outeiro tem muitas histórias para contar...Quantos serões passados nos balcões do Outeiro, o balcão das tias brasileiras, da tia Felisbela e outros. Ía-se "apanhar a fresca" depois dos árduos trabalhos do campo e à noite era um sem número de histórias.
Lembro-me também fazer-se no Outeiro escanádas do milho,à noite, cantava-se cantigas, ria-se, quando se encontrava uma espiga "preta" era uma alegria não só para quem a encontrava, mas para todo o grupo.
Este é um retrato de Forninhos e das suas gentes humildes, solidárias e muito trabalhadoras.
Recordar é Viver!
Na região do Sabugal existe uma aldeia chamada Sortelha que foi grande parte recuperada e nas ruas podem ver algumas carroças de madeira antigas muito bonitas.É imperdivel uma visita a Sortelha,Sabugal,Guarda.
ResponderEliminarE os carros de bois que no carnaval metiamos na lameira e na estrada? Alguns carregados com os fogueiros a segurar estrume hehehe nessa altura havia tantoooossss e se calhar hoje já não há nenhum.
ResponderEliminarEu não conheço a aldeia de Sortelha, a não ser pelo anúncio das Sopas Knorr, onde se dizia: “meu povo dizem que chegou aí uma sopa tão boa como a nossa” e depois de provarem a sopa, diziam: “não é má”; “eu gosto”. E porque será que a Knorr escolheu esta aldeia para este anúncio?
ResponderEliminarÉ certo que a aldeia de Forninhos não é uma aldeia medieval e histórica como Sortelha, mas com a ajuda do poder local, JF e CM, poderia ser recuperada, pois também é uma aldeia aonde predomina o sossego, a tradição, a calma, a ruralidade e algumas ruas e casas ainda são genuínas. Existem algumas “casinhas” em pedra do mais simples possível, sem qualquer decoração arquitectónica, mas que cada uma conta uma história de gentes que encheram a aldeia de alegria e de muita vida.
Que saudades, meu Deus que saudades.
ResponderEliminarDeve ser da minha idade.
E de noutros tempos ter vivido.
A tecnologia não perdoa.
Nem olha a quem magoa.
Por não ver o seu “culto” protegido.
Eduardo Santos
Este post é um pequeno exemplo do verdadeiro espírito forninhense. É disto que temos orgulho e é por isto que temos de lutar!
ResponderEliminarUm abraço forninhense a todos :))