Há simples petiscos, fruto da tradição popular, que são verdadeiras iguarias. Temos o exemplo no aproveitamento da chamada carne gorda, que hoje tanto se despreza e se envia para o lixo, por se considerar susceptível de criar ou agravar doenças. Mas nos tempos da miséria, não havia lugar a essas preocupações...
Após a matação do porco, agarrado sobre o banco pelo matador e seus ajudantes, o animal era limpo e pendurado, ficando então a carne a "enxugar". A seguir era a desmancha, tendo cada pedaço de carne o seu destino: os quadris e as pás destinavam-se à salgadeira para presuntos; a fêvera e alguma gordura eram para o enchimento das chouriças; o toucinho, agarrado ao couro, era salgado, etc...Tudo tinha um destino definido, porque o porquito havia de dar para todo o ano.
Também toda a gordura tinha aproveitamento. Os pedaços de gordura eram colocados numa caldeira de ferro, que se aproximava do lume, assente na trempe, onde derretiam, a nadar em gordura, havendo apenas que lhe adicionar uma pitada de sal. Quando prontos, os torresmos saíam para fora da caldeira, colocando-se numa travessa e indo assim à mesa. Acompanhavam com pão centeio e vinho tinto, ou então com alguma farinhenta batata cozida. Estes eram os torresmos da matação, sendo muitíssimo apreciados.
Olá a todos.
ResponderEliminarJá agora vou acrescentar outra iguaria aos derivados do “cevado”, como era designado o porco destinado á matação, que são as morcelas.
Para quem não conhece as morcelas da nossa região, principalmente as de forninhos, convido a experimentar, de certeza que não se vai arrepender.
As morcelas são feitas com a mistura da sangria do animal com pão de trigo, que não deve ser fresco, e misturado na ocasião da matação. Leva depois os temperos, que consiste em, bem regadas com azeite da terra, cominhos e gorduras do porco.
Já agora, é tradição na nossa terra, para aqueles que ainda “matam”este dia é dia santo para todos os que participam. Os homens, depois de pendurado o porco vão beber uns copos e jogar o xincalão, para as mulheres, é um dia muito
Que apetitoso
ResponderEliminarSó de olhar já me abre o apetite ...
"Perdoa se o mal que faz pelo bem que sabe "gosto muito de comer torresmos ,mas não dispenso uma morcela bem torradinha na brasa,acompanhada com grelos e batata cozida.
A nossa região em termos de sabores e de paladar tem dos melhores enchidos,desde a morcela, à farinheira, passando pela chouriça dos bofes e da carne… gostaria ainda de acrescentar, de modo a enriquecer mais este tema e uma vez que a Augustinha também isso menciona, que os enchidos fizeram durante anos e anos parte da ementa daqueles que se dedicaram exclusivamente à pastorícia e que, assim, passavam muitos dias fora de casa. Então, impunha-se que levassem com eles produtos de fácil transporte e confecção: os enchidos ou os torresmos. Depois foram surgindo os acompanhamentos, os grelos de nabo, batatas, tudo regado com um bom azeite.
ResponderEliminarPara terminar, lanço um desafio a qualquer um dos Colaboradores para que façam um Post sobre os Queijos da nossa região. Quem me conhece bem, sabe que não gosto de queijo, por esse motivo, não me sinto muito à vontade para fazer um artigo sobre...mas acredito que qualquer um de Vós está à altura de fazer um belo artigo sobre Queijos - FORÇA!
E quando passava o inverno e disso houvesse necessidade,a dona de casa ia á arca salgadeira e de la retirava um pedaço de toucinho que era cortado e colocado dentro de uma sertã de ferro que era assente sobre o borralho vivo.Que saudades desses torresminhos de antigamente,acompanhados de pão caseiro.
ResponderEliminarPaulinha fico á espera de provar a morcela da sua terra.
Cumprimentos
António Tavares
Torresmos...nham nham tão boooommmss!!!!
ResponderEliminarOlá a todos.
ResponderEliminarTambém queria acrescentar mais um pormenor.
A seguir á matação, logo se começava a tratar do próximo. O porco de ceva era tratado com muita dedicação durante todo o ano, a sua alimentação era á base de legumes e cereais cozinhados em grandes panelas de ferro.
Normalmente quando as pessoas tinham um porco grande e gordo, gostavam de o deitar fora (deixavam-no sair do curral para a rua) para mostrar que tinham um porco “valente”
Associada a cada estação do ano vão-se cumprindo algumas das tradições populares centenárias, cada vez menos, é certo, mas algumas sempre vão resistindo mais que outras.
ResponderEliminarAssociadas ao Inverno e ao frio, temos pois uma das tradições mais populares e também importantes – a matação do porco de ceva.
Já lá vão os anos, em que cada casa de família das aldeias tinha, pelo menos, um porco para a matança, mas com o despovoamento das aldeias, com o envelhecimento das populações rurais, com as dietas médicas que apontam a carne de porco e em especial os enchidos, como "inimigos", hoje em dia, as matações são mais escassas e deixaram de fazer parte dos afazeres comuns dos dias frios de Inverno.
A minha família teve desde sempre uma grande relação com a matança do porco, não só por ser um acto doméstico praticado em casa, mas sobretudo porque houve sempre na família um matador. Lembro-me, primeiro, o meu avô Antoninho e agora o meu tio Luís.
Mas…e no futuro, daqui a 10/20 anos, como será?
Para completar, há que salientar a importância da lareira como peça fundamental da cozinha, da família. Antigamente era feita de grandes lages de pedra, onde se dispunham as panelas de ferro de 3 pernas e onde, para a confecção dos torresmos era assente a trempe.
ResponderEliminarNesses tempos era à volta da lareira com a fogueirinha viva ou apagando-se conforme a hora da noite, onde todos comiam, que se jogava também às cartas ou às adivinhas, contava-se histórias de vida aos filhos, aos netos, lendas, contos, que passaram de geração em geração e agora já não passam.
Os serões agora são a ver televisão ou na internet.As lareiras agora são outras, com outros estilos, outro material, de canto, de parede. Nas casas modernas já não se faz fumeiro.
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