Seguidores

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Ao redor de Forninhos...


Quando aqui publicamos os mestres pedreiros de Forninhos que construiram esta ermida, ficou o propósito de tal visitarmos. Valeu a pena o "cumprir" da promessa.
Linda, encaixada no seu mundo e estilo barroco nos lugares de Fonte Fria, quase colada com a faustosa Santa Eufémia, carregada de natureza com o cheiro a resina e giestas...e flores.
E mais longe, a serra da Estrela...


A gente assenta no remanso das mesas de granito que ali foram colocadas, vazias, mas cheias  de um bocadinho de orgulho dos nossos mestres depois da obra terminada. Quase parece que conversamos com eles nessa mesa antiga, em volta da Capela de S. Miguel que foi obra de gentes nossas e por tal um sentimento diferente. Faz parte!


No curto passeio, searas de centeio que ondulavam por debaixo de uma algazarra de andorinhas que o vento levava. Pensava que tal havia acabado, mas não.


Um homem com uma gadanha!


Ganhei o dia, gritei!
Quem vem da Matança para a Matela, tem uma curva apertada chamada das feitiçeiras, pela simples razão de os acidentes de outrora serem provocados pelas bebedeiras de quem vinha da feira de Fornos e o grito foi o vislumbrar alguém de no modo antigo, andar a ceifar.


Ficaram apavorados quando desci a ravina ao seu encontro e convenhamos que eu também no reluzir da gadanha afiada com que cortava as ervas, arma de ataque para mim, defesa para o Senhor José.
Nestas coisas, nada como nos apresentarmos. Boa tarde, sou dali e filho de tal...depois deixar correr o rosário, se conheci o seu pai, bom homem e bla, bla, mas com sentimento e sinceridade.


E ceifava no mesmo ritmo que recordo em garoto. A mesma mestria ancestral que a gente e os doutores não conseguem explicar. Eu, leigo, chamo apenas um dom.


O Ruben, o único nome autorizado. A mãe pensava ser jornalista e teve receio de aparecer tal como a outra senhora que fazia as bonecas, ou seja, com a própria erva, faziam como que uma cabeça de boneca, mas para guardar as sementes.

20 comentários:

  1. Já há muito tempo que não via uma seara com alguma dimensão e realmente é um belo quadro, assim como gadanhar o feno é um espectáculo belo e digno de ser visto!
    Sobre a belíssima capelinha de São Miguel o que chamou mais a minha atenção foi as extremidades das cruzes com rosáceas iguais ao cruzeiro do Porto (Forninhos); fiquei a pensar que este cruzeiro pode ter sido feito pelos mestres pedreiros de Forninhos, António Ferreira e António Esteves, no mesmo século em que construíram a Capela de S. Miguel.
    Adorei e com as mais fotografias que ficaram na "gaveta" havemos de fazer outro dia um novo post.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Por tal porventura disse ao redor...
      Infelizmente, temos de procurar por fora aquilo que nos moldaram, tal como o feno e a mestria dos "mestres" jamais referenciados nos anais de Forninhos e conjugar as suas artes fecundadas na historia. Muitos "cantam" o que fazem, sendo que nada fizeram, ha que ir para o terreno na procura, tal como a gente fez e conotar a possibilidade estes mestres serem os mesmos.
      Foi um principio ao menos...

      Eliminar
    2. Ora, é que 'eles' não estavam a fazer um livro de ficção literária, mas sim um livro de História da terra dos nossos avós (assim reza o título). E, quando deixam escrito que o Cruzeiro é do séc. XIX-XX é apenas teoria 'deles', mas eu digo com clareza (porque é real) que as cruzes da Capela de S. Miguel são iguais às do Cruzeiro do Porto, portanto, a minha teoria é simples: podem ter sido os mestres de Forninhos referidos a fazer o Cruzeiro.
      'Eles' que expliquem porque fizeram tábua-rasa aos mestres pedreiros de Forninhos que tão importantes foram para a região!

      Eliminar
  2. Olá!
    Gosto da ermidas mesmo quando estão abandonadas pelo acaso...
    Passeio por aqui com gosto!
    Abraço fraternal

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Boa noite Roselia.
      Esta ermida, parecendo abandonada, tal nao acontece, pelo facto de a primavera se casar com o verao...ano invulgar!
      Digamos que foi embelezada de modo natural!
      Abraço.

      Eliminar
  3. Olá, Xico e Paula...
    Lindo post, com trabalho, dedicação no campo e paisagens admiráveis! Gostei de ver também o garotinho acompanhando os passos por ali... A Igreja/ermida também, muito bonita!!
    Um bom e feliz sábado... Bjs

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Anete amiga...
      Pudera a gente enviar os cheiros!
      Sabe, mesmo que a gente queira partilhar, falta sempre alguma coisita...o olhar fica curto, a garganta mais seca, e a gente um pouco triste.
      Saudade?

      Eliminar
  4. .....
    Estou a imaginar Forninhos quente , seco ,dias longos , por estes meses...de árduo trabalho !
    Num dia,longe nos anos fui á apanha da batata,longe da aldeia
    valeu o poço de água fresca e " saborosa" !
    Mas ficou-me na memória ! Lá para os lados de Dornelas.Será ?

    Abr
    MG

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Era a altura que agora se mostrava pelo assomar do calor o principio do verao.
      As gentes tinham de antemao tudo pronto para as primeiras colheitas...de tantas coisas que depois podem ser aqui colocadas.
      Da sua memoria, fico infelizmente aquem sem conseguir localizar o local, afinal pouco andei pela minha terra...
      Agora, vou recuperando memorias, simplesmente por gosto e acima de tudo, dever. Do retorno de algo do tanto que me deu.
      Da apanha da batata, podia ser por tantos lados...sinceramente nao sei!
      Abraço!

      Eliminar
    2. .......
      O Xico tem toda a razão..
      A nossa terra dá-nos tudo ( a Vida ! ) e muitas vezes a vida, íngrata , não nos deixa retribuir...

      Se o faz, caro Xico,deve ter orgulho nisso e continuo a divulgar ! Meio milhão de visitas daqui a pouco neste blog é algo que vos deve orgulhar !!

      Parabéns !
      MG

      Eliminar
  5. Sem dúvida que quem vive na aldeia tem privilégios que mais ninguém tem.

    A Ermida é magnífica!

    Beijinhos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Comungo com a Elisa esse extrapolar de sentimento que nos acometem, por vezes quase repentinos, melhor, de impulsos e partimos, fazendo contas no regresso.
      a gente fica longe da aldeia, centenas, muitas de quilometros...
      Mas vale a pena e sentir nesta Ermida, e tal digo com orgulho, o sentir ao tal olhar, um toque da nossa terra.
      Viagem paga!
      Beijo.

      Eliminar
  6. Por aqui não se vê a seara e gosto imenso pois proporciona sempre belos registos!
    O trabalho no campo é bem duro!
    Adoro essa ermida...bj

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A beleza da seara, "casa" com a pobreza das serranias, seus ventos fortes e agrestes que a enfeitam num ondular de "cabelos"... e cheiros.
      Trabalho duro?
      Mas bonito!
      Bj.

      Eliminar
  7. São atividades que eu, bicho da cidade, desconheço, com pena!
    Belas imagens!
    Beijo

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu, bicho da cidade ha tanto tempo, relembro com tanta alegria e saudade...
      Por tal e quando posso, procuro!
      Beijo.

      Eliminar
  8. Boa tarde Xico e Paula,
    Que linda ermida!
    Adorei as fotos que estão fantásticas (a fazer lembrar José Malhoa) assim como o seu excelente relato.
    Parece que o estou a ver a "saltar" para junto do ceifeiro para captar tão belas imagens.
    Eu quase que senti o aroma da aveia a ser ceifada. "Cheiros" que ficam para a vida.
    Daqui concluo se é que tivesse dúvidas que Forninhos tem uns arredores maravilhosos, com a Serra a espreitar...Magníficas paisagens que rodeiam a vossa aldeia.
    Beijinhos a ambos e boa semana.
    Ailime

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Boa noite, Ailime.
      Por vezes os dois, esmorecemos.
      Vamos acabar com "Isto"?
      Mas depois, seria um defraudar um compromisso, pertinho de meio milhao de visualizacoes, sendo que o numero nada conta em termos pessoais, mas o sentir que demos a conhecer a tanta gente a nossa terra, que fomos desnudando nos seus pecados e acarinhando e promovendo aqui que nos move. O respeito pela nossa terra e a sua historia. Coisas que os tempos e interesses modernos incomodam.
      Li algures que uma aldeia pequena, vira um inferno...verdade pelas mentiras que alimentam o dia-a-dia a belo prazer.
      Temos na terra pouco que vai restando desta vida campestre e penso que o mundo nao vem abaixo por tais procurar nas terras vizinhas, afins em muitos aspectos.
      Soube bem, ver e escutar e acima de tudo (coisa que incomoda) apalpar a historia das nossas gentes.
      In Loco!
      Beijinho nosso, Ailime.

      Eliminar
  9. Muito interessante este relato Aos anos que não vejo ninguém ceifar assim.
    Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tambem desde garoto, Elvira e quase sempre ausente, foi para mim um regalo, coisas de saudade e por tal me atrevi e parti feliz.
      Abraço.

      Eliminar

Não guardes só para ti a tua opinião. Partilha-a com todos.