Aquele Outono de outrora
Ai... vai perecendo.
É o celebrar das colheitas
Cantadas por tantas eiras
De receitas para maleitas
Alívio da pequenada
Aquelas mezinhas caseiras
De ervas do quase de nada
Enfim... coisas que só vendo
Que mais quero e não entendo.
Calmo o frenesim do verão
Folguedos e romarias
Entre coisas para regar
Beldades para catar
Depois da escanada
Que um dia dariam vidas
Não houvera um senão
Pois outras dariam nada.
E já lavados os cestos
Aguardente para fazer
Pouco havia para ir
Nem ajudar o vizinho
Panelas tinham os testos,
Já limpos e areados
Para aquilo que provir
Arrumado estava o vinho
Pendurados os arados
E maus olhados.
O malandro do Outono
Tinha duas meias cores
Uma com restos de vida
Outra que não tinha dono
Para os mais velhos com dores
Tinha a morte apetecida
Era falsa esta medida
E as duas tão tamanhas
Vendiam a alma ao diabo
Por meia dúzia de castanhas.
Inédito, Outono de 2015, XicoAlmeida.
Lembranças lindas dos outonos em bela poesia! abração,chica
ResponderEliminarE quem de nos nao teve Outonos, Chica amiga...
EliminarQue venham muitos!
Abraco.
Gosto muito do outono, adorei o poema e valeu a pena voltar a ver a árvore que estava entre as oliveiras da Lameira, que aquando das obras da Lameira (que ainda estão por concluir!) poucos se aperceberam que foi cortada. Gostei de ver, pela cor da folhagem, mas achei bem o corte desta árvore, pois nunca gostei de ver no meio das oliveiras uma árvore de qualidade diferente!
ResponderEliminarSendo assim, aproveito para, novamente, chamar a atenção da Junta de Freguesia de Forninhos para ter ter algum cuidado quando planta uma árvore, pensar bem a sua localização e na qualidade da mesma, para que depois de crescida não se ter de cortar!
Quanto ao poema, fizeste um apanhado perfeito daquele Outono de outrora. É o fim do ciclo natural, mas nas nossas aldeias ficamos com a dispensa a abarrotar de mantimentos e os pipos (agora cubas de inox) atestados. Muito bom! :-))
Bom Outono p todos!
Como te percebo e va la que nao calhou ser uma oliveira, pois porventura se lembraram que entre os discipulos de Cristo havia um Judas que nela se enforcou, mas nada admira pois ao lado junto a antigos galinheiros foi projetado um parque infantil. "Engenheiros" que tentam de modo aberrante ficar na historia no custo de apagar memorias, pois tanta arvore autotone ali poderia ser enquadrada, mas teimam em devaneios.
EliminarEste tipo de "poemas" surgem do nada e quando digo nada, do pouco que vai restando e resistindo ao que vai sendo apagado por interesses.
Mas esse e este Outono coloca a vida em linha vermelha, tipo purgatorio.
Para tras fica o ceu do verao e na frente o inferno do inverno.
O tempo ira dizer para que lado tombam as coisas. Arcas vazias ou pipas cheias, pois a folia tem tempo marcado e o rigor do inverno nao se compadece com devaneios nem coloridos matizantes de cores de folhas caducas tombadas...
Tal como o povo cada vez mais envelhecido da nossa terra e porventura por tal ali plantaram esta arvore como sinal da morte anunciada.
Beijo
Outonos de outras eras onde reinava a alegria...a união...em recantos lindos do nosso país! Bom domingo!
ResponderEliminarTempo de fazer contas a vida.
EliminarAmores e desamores, colheitas bem sucedidas esperando calmamente o impiedoso inverno ou por outro lado os temores do mesmo.
Mal se inicia, o rogo vai para que corra depressa por cima do frio e regresse a primavera.
Mas nas primeiras castanhas sabe bem lembrar as aindas frescas noites de verao em lugares singulares das nossas terras.
Abraco.
Belo Texto , Bela Foto...
ResponderEliminarParabéns !!!! No dia da Mudança ??
Abr Xico ( sr. )
MG
Sentimentos pura e simplesmente, amigo Gouveia.
EliminarCada qual sente a sua terra a seu modo e porventura todos ou quase, com a mesma intensidade.
Obrigada e um abraco.
Este comentário foi removido pelo autor.
EliminarO que será de Forninhos daqui a 100 anos ???
EliminarE todo o interior de Portugal ??
Multiplicai , estimado amigo, esse vosso carinho pela terra Mãe ,
não abdiqueis e corrigir a História , de emendar o passado e
abrir " frescura de pensamento " para o futuro !!
Mesmo que isso abra feridas...com os " pides " do sítio......???
Viseu , não sendo a vosssa capital de distrito, está entre os lugares onde melhor se vive em Portugal..!!
O Interior não pode morrer...
Com a minha querida Mãe percorri Forninhos , Aguiar , Trancoso , Almeida ,Freixo de Espada á Cinta , Torres de Moncorvo, Mogadouro , Bragança ( entrámos em Montesinho ) , retornámos a Forninhos pela Régua , Vila Real , São João da Pesqueira , Aguiar e Forninhos ....1994 , já tinha nascido o primeiro bisneto do Ti António " Grilo " ....ainda vivo na altura .....( paz á sua Alma .!!!!.....)
Bebemos do bom vinho , da cevada quente e bom pão , presunto e enchidos , algures , num Outono , talvez Outono ...não sei !!?? Mas a. " vossa" indubitável BELEZA......marcou-me. para sempre !!!
Infelizmente nunca mais fiz o mesmo percurso.....
O Interior não pode morrer ...!!!!!
Força Forninhos !!
PS. Na minha terra ninguém (???) sabe o que foi , e , para que serviu o Pilar de Banger ...mas têm três equipas sustentados com dinheiros públicos na I Liga de futebol ??!!! Como vê o país tem ignorante de lés a lés ...
Abr
MG
Texto poético com muita história! O Outono que deixou saudades...
ResponderEliminarAbraços neste domingo...
Amiga Anete...em breve chega o inverno que apaga (ou guarda) pegadas das saudades e com ele o refletir calmo e dolente na beira da fogueira.
EliminarTempo de carregar baterias mesmo olhando para tras quando necessario. Mas o Outono embaraca!
Afinal a vida e uma viagem para a outra margem...
Beijinho
Texto muito bom! Poético e cheio de referências.
ResponderEliminarGostei!
Bem haja por ter vindo.
EliminarSera sempre bem acolhido nestes cantinhos de memorias e actualidades da nossa aldeia.
Um abraco.
Texto muito poético "pintando" maravilhosamente bem o Outono.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana.
"Pintado" amigo Francisco com saudades de outrora, inquietudes de agora e ansiedade futura.
EliminarPara mim continua a ser um pouco como que um conto em que os "ladroes" pilhavam o tesouro, neste caso da terra e depois por esta altura dividiam os "quinhoes", mais para quem para tal havia lutado.
Mas que o Outono tem uma magia intrigante, la isso tem!
Um abraco para si
O Outono é a estação mais inspiradora para os poetas. E um regalo para os fotógrafos.
ResponderEliminarEu tenho mala pata com o outono mas o poema é muito bonito.
Um abraço e uma boa semana
Tem magia de facto.
EliminarMas um pouco na "ressaca" dos excessos, como que calmante natural.
Temos um povo lindo que de norte a sul se transforma de maneira singular e propria em cada estacao.
E acho que ninguem resiste a uma rima, solta ou calada.
Um abraco e obrigado, Elvira.
Um belo poema de Outono, inspirado em tantos Outonos que se foram.
ResponderEliminarE parece que o Outono que tinha duas cores, continua e continuará
a ter essas duas cores, muito bem explicitadas nos versos finais.
Gostei muito, Xico. desse ambiente de colheitas, das ervas para as mezinhas, do vinho e das panelas com testos, tudo arrumadinho, e da aguardente ainda por fazer.
xx
Ola Laura.
EliminarAdoro o Outono por nos colocar pontos de interrogacao, tipo retiro do que fica e do que vem a seguir.
Com ele traz coisas fugazes, tipo passarada, miscaros e castanhas, mas tambem o rsto das vindimas e sementeiras de couves tardias e nabos, nozes secando ao sol.
Por mim que trouxe da terra, tenho a despensa composta de variedades de pimentos assados e guardados uns em azeite outros em vinagre para acomodar o inverno. Ainda sobra tempo para geleias, compotas e um ou outro licor.
tem esta magia o Outono, compor a tempo a pauta musical gulosa que ira daqui a dias em noites frias, acompanhar o crepitar das brasas.
E traz uma certa melancolia...
beijinho Laura.
Ah que bom, Xico, esses pimentos já preparados e guardados para serem utilizados durante o Inverno.
Eliminarxx
Boa noite Xico,
ResponderEliminarUma poesia muito emotiva e bem vibrante sobre outros Outonos, outros tempos!
Tempos de trabalhos árduos, mas também e principalmente de espírito de família e união, apesar dos reveses.
Parabéns por tão belo poema e pela lindíssima foto a ilustrar.
Beijinhos,
Ailime
Belo poema...Espectacular....
ResponderEliminarUm abraço
Gosto muio do outono, estação colorida e indefinida. Gostei do teu olhar. Beijo
ResponderEliminarCá ao sul da linha do Equador a primavera não poupa flores para o bem de paisagens tão poéticas.
ResponderEliminarCadinho RoCo
Oi Xico!
ResponderEliminarO outono me encanta, apesar de não ter essa estação aqui no nordeste, mas ele é inspirador com o seu colorido próprio e quem é poeta assim como você tem mil motivos para descrever a magia do outono, adorei o seu poema.
Beijos!
Amigo Xico, lindo poema sobre o outono!
ResponderEliminarBonitas palavras e linda foto!
Estou em falta... pois já devia ter aparecido aqui neste belo espaço. Já li o que estava por ler e gostei. Gosto dos temas rurais, talvez por ter sido criada como "menina da cidade"! Mas, em pequena, adorava ir passar uns dias com as primas que viviam na terra da minha mãe, na Candelária, lá nas ilhas dos Açores, em S. Miguel. Na altura das ceifas saltávamos do muro e quase desaparecíamos por entre o monte de palha. Mas eu tinha medo das galinhas... e fugia da matança do porco!
Bem! Não é aqui que devo dizer isto, mas o tema puxou-me estas memórias!
São as que tenho mais vivas do outono... de cores e temperaturas amenas! Boa época para viajar e conhecer bem o nosso lindo país!
Um beijinho